quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Cooperação com África

Cooperação com África
15/08/2013 - 16:53
Tecnologia brasileira na cultura da mandioca
Técnicos africanos são treinados no Brasil em unidades da Embrapa. Nigéria é a maior produtora mundial da raiz
África produz 54,5% da mandioca consumida no mundo. Foto: David Monniaux/Wikipedia
 Commons
África produz 54,5% da mandioca consumida no mundo.
Foto: David Monniaux/Wikipedia Commons
Nos últimos anos, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa),  por intermédio do departamento de Mandioca e Fruticultura Tropical esteve muito envolvida no atendimento a demandas de países africanos, tendo seus pesquisadores participado de iniciativas de cooperação com Gana – aproveitamento integral da mandioca – e Angola – melhoramento genético.
Hoje, em vez de continuar a instalar unidades nos países africanos, a empresa tem preferido convidar técnicos dessas nações para participar de cursos e treinamentos em seus centros de excelência localizados no Brasil. O presidente da Embrapa, em entrevista recente, assegurou que a empresa continua a dar prioridade à cooperação com a África. “Mas não faz sentido a empresa dispersar sua ação num grande número de países, fragmentando recursos materiais e humanos que são sempre escassos.”
Na verdade, a empresa atua em quatro programas permanentes no continente – em Gana, Mali, Moçambique e Senegal – e conduz projetos pontuais em cerca de outros vinte países.
A mandioca é originária das Américas do Sul e Central, mas foi levada à África pelos navegadores portugueses envolvidos no tráfico de escravos. E, fato interessante, embora o Brasil continue a liderar a produção regional, hoje o principal produtor mundial da raiz tuberosa comestível é a Nigéria, com 41,5 milhões de toneladas colhidas ao ano. E a África, como um todo, responde por 54,5% da produção mundial de mandioca, que também é produzida na Ásia (27,8%).
Nos países africanos, praticamente não há indústrias dedicadas à industrialização da mandioca. O produto é vendido em feiras, mercearias e até nas propriedades rurais, consumido sem nenhum processamento (in natura).
O Brasil privilegia a industrialização. A produção brasileira de mandioca gira em torno de 25 milhões de toneladas, o equivalente a 60% da nigeriana. Em 2005, a produtividade brasileira foi de 13,6 toneladas por ha, acima da média mundial, de 10,9 toneladas por ha.
Dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) revelam que a China é o maior importador de mandioca e derivados do mundo. Nesse grupo, também aparecem países desenvolvidos, como Espanha, Japão, Estados Unidos e Holanda. Apenas 6% da produção mundial de mandioca é exportada. Tanto a União Europeia – que importa a maioria da mandioca dos países do sudeste asiático – quanto os Estados Unidos mantêm políticas protecionistas de subsídios à exportação e barreiras à importação de seus produtos agrícolas.
A mandioca sofre particularmente com essas barreiras, uma vez que é considerada um substituto direto de culturas locais, como milho, batata e trigo. Apesar dos avanços nas negociações internacionais, as dificuldades para a exportação de mandioca continuam grandes.
Para a alimentação
 Foto: Sean Hoyland/Wikipedia Commons
Africanas secam a mandioca para preparar farinha – forma comum de consumo.
Foto: Sean Hoyland/Wikipedia Commons
No Brasil, a raiz é conhecida, conforme a região, por nomes diversos, como mandioca, mandioca-brava (que é uma espécie venenosa, contendo cianeto), aipim, macaxeira, castelinha, maniva, pão-de-pobre ou caarina. A mandioca é consumida de várias formas, sendo uma das mais difundidas a farinha, obtida a partir do produto ralado, prensado e seco. Há um subproduto, que é a farinha de tapioca ou polvilha, feita com o amido fino que resulta da decantação do caldo da massa de mandioca que foi prensada para fazer farinha.
Da mandioca fermentada produz-se também a puba, uma variante do cauim consumido secularmente pelos indígenas, e que contém elevado teor etílico. Por meio de um processo de destilação produz-se uma aguardente, ou cachaça, de mandioca, a tiquira, também de elevado teor alcoólico. Essa bebida é bastante comum no Maranhão, mas praticamente desconhecida no resto do Brasil.
É importante saber qual tipo de mandioca está sendo utilizado: se a M. utilíssima ou a M. suculenta (mandioca-brava ou mandioca-amarga). A primeira, a que mais se encontra nas feiras e mercados brasileiros, contém pequena dose de cianeto, podendo ser utilizada como alimento sem preparos especiais. Já com a M. suculenta (que, felizmente, tem o gosto amargo) todo cuidado é pouco, pois por conter alto teor de cianeto, não pode ser comida frita ou cozida.  Mas há processos que dela retiram o veneno, o que permite sua utilização, em particular para farinhas.
No Pará, estado do Norte do Brasil, a mandioca-brava é matéria-prima de duas receitas típicas. Com o caldo amarelo extraído da raiz e cozido por dias é preparado o tucupi, usado para se fazer o mais famoso prato regional, o pato no tucupi. Com suas folhas e carne de porco salgada se prepara a maniçoba. Para um e outro pode-se usar a mandioca normal, mas, segundo os locais, a comida perde um pouco a graça.
Como combustível
Depois das crises do petróleo da década de 1970, o Brasil investiu pesadamente para viabilizar o etanol como combustível, em mistura ou em substituição à gasolina. No Brasil a maior parte do etanol é produzida a partir da cana-de-açúcar. Mas em algumas regiões, em particular no Norte do país, a mandioca vem sendo transformada em combustível, em menor escala.
Redação do brazilafrica.com

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