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quarta-feira, 14 de novembro de 2012
Inter
Angola Trinta Anos Depois
Angola trinta e sete anos depois
Alfredo Prado
11/11/2012 18:15
Levar por diante o projeto de independência, com desenvolvimento económico, progresso e justiça social era o sonho da maioria dos libertadores – sinceros, despojados e generosos - que os angolanos da nova geração precisam levar por diante.
Há trinta e sete anos, quando passavam poucos minutos depois do início do dia 11 de novembro, estava na Praça 1. de Maio, em Luanda, à entrada do bairro Vila Alice. Um bairro em que as ruas adotavam os nomes de poetas e escritores portugueses, como Cesário Verde ou Eugénio de Castro, mas nenhum angolano. E havia poetas e escritores nascidos em terras angolanas.
A data é uma das poucas que não esqueço. Muitas vezes, sou apanhado em falta por não lembrar aniversários de pessoas que são muito importantes na minha vida, mas, curiosamente, essa data já distante, o dia 11 de novembro de 1975, a memória faz-me o favor de a fazer presente.
Estava claro para mim que testemunhava um momento particularmente importante, cujo registo me acompanharia sempre. Fazia parte, nessa época, da União Nacional dos Trabalhadores Angolanos (UNTA), a central sindical ligada ao Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que assumia nesse dia o poder.
Nessa noite quente, estrelada e sem nuvens, se a memória não me trai, Agostinho Neto proclamou aos angolanos e ao mundo a independência de Angola. Era o fim de cinco séculos do colonialismo português. Filho de portugueses, eu era testemunha do fim de um império corrupto e decadente, à semelhança do que aconteceu com outros.
Abria-se para os angolanos uma janela de esperança, de sonhos e também de muitas ilusões. Angola independente dava os primeiros passos numa conjuntura internacional desfavorável. A "guerra fria" estava presente e a guerra civil, manipulada por Pretória e Washington, lançava o país num longo e trágico processo de violência e de destruição.
Mas, apesar de todas essas tragédias, Angola, a partir desse momento, tinha conquistado a sua independência, enquanto Portugal, o país colonizador, enfrentava, com a dignidade devolvida pela Revolução dos Cravos, no dia 25 de Abril de 1974, os dramas de muitos milhares de expatriados que procuravam em terras lusas, e muitos no Brasil ou na África do Sul, abrigo ou refúgio. Uns, porque não sabiam ou não queriam conviver com o fim do colonialismo; outros, fugindo das atrocidades de uma guerra civil, sangrenta, que não poupava ninguém; outros, ainda, empurrados para fora de Angola pelo radicalismo de grupos que, na véspera, conviviam harmoniosamente com o sistema colonial.
Volvidos trinta e sete anos, Angola ainda entreabre as portas do progresso, de uma vida melhor para os angolanos. A luta de libertação nacional vencedora há trinta e sete anos vive hoje uma nova etapa, a da construção do Estado democrático. A guerra civil foi derrotada e a nação procura agora conquistar as promessas tantas vezes adiadas. Nesse doloroso caminho, as elites coloniais deram lugar a elites nacionais, muitas vezes igualmente rapaces e incapazes de promover a redistribuição das riquezas do país.
Levar por diante o projeto de independência, com desenvolvimento económico, progresso e justiça social era o sonho da maioria dos libertadores – sinceros, despojados e generosos - que os angolanos da nova geração precisam levar por diante. Com mais educação, melhor saúde, mais democracia e mais ousadia. Um caminho difícil em que a luta contra a corrupção terá de ser uma bandeira nacional. Essencial.
http://www.portugaldigital.com.br/opiniao/ver/20073146-angola-trinta-e-sete-anos-depois
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Vereadora Sofia Cavedon
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Lixo
Veja que lixo!
A coluna publicada na edição desta semana do libelo da editora Abril — e que trata sobre o relacionamento dele com uma cabra e sua rejeição ao espinafre, e usa esses exemplos de sua vida pessoal como desculpa para injuriar os homossexuais — é um monumento à ignorância, ao mau gosto e ao preconceito.
Logo no início, Guzzo usa o termo “homossexualismo” e se refere à nossa orientação sexual como “estilo de vida gay”. Com relação ao primeiro, é necessário esclarecer que as orientações sexuais (seja você hétero, lésbica, gay ou bi) não são tendências ideológicas ou políticas nem doenças, de modo que não tem “ismo” nenhum. São orientações da sexualidade, por isso se fala em “homossexualidade”, “heterossexualidade” e “bissexualidade”. Não é uma opção, como alguns acreditam por falta de informação: ninguém escolhe ser homo, hétero ou bi.
O uso do sufixo “ismo”, por Guzzo, é, portanto, proposital: os homofóbicos o empregam para associar a homossexualidade à ideia de algo que pode passar de uns a outros – “contagioso” como uma doença – ou para reforçar o equívoco de que se trata de uma “opção” de vida ou de pensamento da qual se pode fazer proselitismo.
Não se trata de burrice da parte do colunista portanto, mas de má fé. Se fosse só burrice, bastaria informar a Guzzo que a orientação sexual é constitutiva da subjetividade de cada um/a e que esta não muda (Gosta-se de homem ou de mulher desde sempre e se continua gostando); e que não há um “estilo de vida gay” da mesma maneira que não há um “estilo de vida hétero”.
A má fé conjugada de desonestidade intelectual não permitiu ao colunista sequer ponderar que heterossexuais e homossexuais partilham alguns estilos de vida que nada têm a ver com suas orientações sexuais! Aliás, esse deslize lógico só não é mais constrangedor do que sua afirmação de que não se pode falar em comunidade gay e que o movimento gay não existe porque os homossexuais são distintos. E o movimento negro? E o movimento de mulheres? Todos os negros e todas as mulheres são iguais, fabricados em série?
A comunidade LGBT existe em sua dispersão, composta de indivíduos que são diferentes entre si, que têm diferentes caracteres físicos, estilos de vida, ideias, convicções religiosas ou políticas, ocupações, profissões, aspirações na vida, times de futebol e preferências artísticas, mas que partilham um sentimento de pertencer a um grupo cuja base de identificação é ser vítima da injúria, da difamação e da negação de direitos! Negar que haja uma comunidade LGBT é ignorar os fatos ou a inscrição das relações afetivas, culturais, econômicas e políticas dos LGBTs nas topografias das cidades. Mesmo com nossas diferenças, partilhamos um sentimento de identificação que se materializa em espaços e representações comuns a todos. E é desse sentimento que nasce, em muitos (mas não em todas e todos, infelizmente) a vontade de agir politicamente em nome do coletivo; é dele que nasce o movimento LGBT. O movimento negro — também oriundo de uma comunidade dispersa que, ao mesmo tempo, partilha um sentimento de pertença — existe pela mesma razão que o movimento LGBT: porque há preconceitos a serem derrubados, injustiças e violências específicas contra as quais lutar e direitos a conquistar.
A luta do movimento LGBT pelo casamento civil igualitário é semelhante à que os negros tiveram que travar nos EUA para derrubar a interdição do casamento interracial, proibido até meados do século XX. E essa proibição era justificada com argumentos muito semelhantes aos que Guzzo usa contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Afirma o colunista de Veja que nós os e as homossexuais queremos “ser tratados como uma categoria diferente de cidadãos, merecedora de mais e mais direitos”, e pouco depois ele coloca como exemplo a luta pelo casamento civil igualitário. Ora, quando nós, gays e lésbicas, lutamos pelo direito ao casamento civil, o que estamos reclamando é, justamente, não sermos mais tratados como uma categoria diferente de cidadãos, mas igual aos outros cidadãos e cidadãs, com os mesmos direitos, nem mais nem menos. É tão simples! Guzzo diz que “o casamento, por lei, é a união entre um homem e uma mulher; não pode ser outra coisa”. Ora, mas é a lei que queremos mudar! Por lei, a escravidão de negros foi legal e o voto feminino foi proibido. Mas, felizmente, a sociedade avança e as leis mudam. O casamento entre pessoas do mesmo sexo já é legal em muitos países onde antes não era. E vamos conquistar também no Brasil!
Os argumentos de Guzzo contra o casamento igualitário seriam uma confissão pública de estupidez se não fosse uma peça de má fé e desonestidade intelectual a serviço do reacionarismo da revista. Ele afirma: “Um homem também não pode se casar com uma cabra, por exemplo; pode até ter uma relação estável com ela, mas não pode se casar”. Eu não sei que tipo de relação estável o senhor Guzzo tem com a sua cabra, mas duvido que alguém possa ter, com uma cabra, o tipo de relação que é possível ter com um cabra — como Riobaldo, o cabra macho que se apaixonou por Diadorim, que ele julgava ser um homem, no romance monumental de Guimarães Rosa. O que ele, Guzzo, chama de “relacionamento” com sua cabra é uma fantasia, pois falta o intersubjetivo, a reciprocidade que, no amor e no sexo, só é possível com outro ser humano adulto: duvido que a cabra dele entenda o que ele porventura faz com ela como um “relacionamento”.
Guzzo também argumenta que “se alguém diz que não gosta de gays, ou algo parecido, não está praticando crime algum – a lei, afinal, não obriga nenhum cidadão a gostar de homossexuais, ou de espinafre, ou de seja lá o que for”. Bom, nós, os gays e lésbicas, somos como o espinafre ou como as cabras. Esse é o nível do debate que a Veja propõe aos seus leitores.
Não, senhor Guzzo, a lei não pode obrigar ninguém a “gostar” de gays, lésbicas, negros, judeus, nordestinos, travestis, imigrantes ou cristãos. E ninguém propõe que essa obrigação exista. Pode-se gostar ou não gostar de quem quiser na sua intimidade (De cabra, inclusive, caro Guzzo, por mais estranho que seu gosto me pareça!). Mas não se pode injuriar, ofender, agredir, exercer violência, privar de direitos. É disso que se trata.
O colunista, em sua desonestidade intelectual, também apela para uma comparação descabida: “Pelos últimos números disponíveis, entre 250 e 300 homossexuais foram assassinados em 2010 no Brasil. Mas, num país onde se cometem 50000 homicídios por ano, parece claro que o problema não é a violência contra os gays; é a violência contra todos”. O que Guzzo não diz, de propósito (porque se trata de enganar os incautos), é que esses 300 homossexuais foram assassinados por sua orientação sexual! Essas estatísticas não incluem os gays mortos em assaltos, tiroteios, sequestros, acidentes de carro ou pela violência do tráfico, das milícias ou da polícia.
As estatísticas se referem aos LGBTs assassinados exclusivamente por conta de sua orientação sexual e/ou identidade de gênero! Negar isso é o mesmo que negar a violência racista que só se abate sobre pessoas de pele preta, como as humilhações em operações policiais, os “convites” a se dirigirem a elevadores de serviço e as mortes em “autos de resistência”.
Qual seria a reação de todas e todos nós se Veja tivesse publicado uma coluna em que comparasse negros e negras com cabras e judeus com espinafre? Eu não espero pelo dia em que os homens e mulheres concordem, mas tenho esperança de que esteja cada vez mais perto o dia em que as pessoas lerão colunas como a de Guzzo e dirão “veja que lixo!”.
Jean Wyllys
Deputado Federal (PSOL-RJ)
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