quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Revista Veja







22 de agosto de 2009

Caro leitor, aqui estão os destaques de VEJA desta semana.

VEJA.com - veja@abril.com.br



Edição da semana (n° 2127 - 26 de agosto de 2009)


Especial
Denunciado, desmascarado, encarcerado
Amigo de famosos, respeitado na medicina, Roger Abdelmassih, mais conhecido especialista em reprodução assistida do país, tem registro suspenso e vai parar na cadeia sob acusação de abusar de pacientes.

• Índice da edição




Brasil
Lula, o criador, empalhou as criaturas de seu partido, o PT
Senado
Os bastidores da operação que poupou o senador José Sarney





Entrevista
Investidor americano Jim Rogers diz que a riqueza virá do campo
Especial
A Coreia do Norte é o país mais fechado - e estranho - do mundo





Caso Receita
Mantega também falou com Lina Vieira
Ele teve informações mas não fez pedidos incabíveis. Imprensa
Alerta da Associação Nacional de Jornais
Juízes fazem ressurgir o fantasma da censura.




Artes e espetáculos
Livro mostra que dinheiro também pode ser cultura
Esportes
O jamaicano Usain Bolt pode superar todos limites do homem





Educação
Conheça os cursos de graduação a distância
Acreditem: eles podem oferecer ensino de alto nível. Guia
Executivo: aprenda a fazer a mala de bordo
É ótima opção para quem faz muitas viagens curtas.




Polícia
A vida mansa de Hosmany Ramos na cadeia
O ex-cirurgião está numa prisão modelo da Islândia. Cinema
O filme Anticristo merece toda a polêmica
É sádico, mas também uma obra de coragem heroica.




Lya Luft
O Alzheimer e a luz da alma
Roberto Pompeu de Toledo
O poder do pijama







Assista aos comentários de Carlos Graieb

Clique na imagem para assistir ao vídeo

Destaques on-line
VEJA Música
Vídeo com Claudia Leitte


Quem é Quem
• Coreia do Norte e Coreia do Sul Infográfico
• Como Usain Bolt corre os 100m


Reportagem e teste
• Cachorros e gatos ficam doentes.
Você sabe identificar? Reportagem
• Windows 7
Usuários testam e comentam


Galerias de fotos
• Imagens da semana
• Imagens da Coreia do Norte Trailer dos filmes
• O Anticristo
• A Onda




O BRASIL QUE QUEREMOS SER

Hora de discutir a democracia no Brasil
Nesta semana o painel de VEJA 40 anos discute a profissionalização da gestão pública brasileira. Envie sua proposta.

Participe e ajude a Mata Atlântica
Cada proposta ou comentário publicado no projeto VEJA 40 anos contribuirá para o plantio de uma muda de árvore nativa pela Fundação SOS Mata Atlântica.
www.veja.com.br/40anos/democracia
Colunistas
Blog
Reinaldo Azevedo
Nem a crise do mensalão causou tanto reboliço


"Sarney tem Lula e o PT nas mãos. E Renan Calheiros é seu instrumento."

Radar on-line
Lauro Jardim
Mick Jagger contra Edir Macedo


"Rolling Stone não quer que antigo cinema de Londres vire templo da Igreja Universal"



Coluna
Augusto Nunes
Zé Dirceu será coordenador da campanha de Dilma


"A mãe do PAC e o filho adotivo de Fidel nasceram um para o outro"

Genética
Mayana Zatz
Conheça mais sobre a diferenciação celular


De Paris
Antonio Ribeiro
O senhor 200.000 Bolt


"O super-homem não respeita fronteiras: quebrar limites é parte mais genuína da sua natureza"

Sustentável é pouco
Denis Russo
Duas cidades fantasma


"Dubai e Las Vegas são duas cidades absurdas, dois desvairios erguidos sobre a areia."

Em VEJA
Diogo Mainardi
Diogo Rimbaud




Cenas Urbanas
Tony Bellotto
Gambás, baleias e macacos


VEJA 40 anos
Lucila Soares
Megacidadaes: desafio global, solução local


"A cidades são os fóruns onde nascem as soluções. Enviem suas propostas."

Consultório Sentimental
Betty Milan
O desespero


"Aprendendo a se escutar, você chega onde quer. Nós não somos educados para a escuta."

Chegada
Renato Dutra
A intensidade certa para tirar o melhor do exercicio




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Reforma Agrária

21/08/2009 18:27
Apoio à mudança de índice para a reforma agrária

Por Zé Dirceu
O ministro da Agricultura e Pecuária, Reinhold Stephanes, pode ficar tranquilo e não deve se impressionar com a pressão recebida dos ruralistas para não assinar a portaria interministeral que, dentro de 15 dias, muda os índices de avaliação se uma propriedade rural é produtiva ou não para ser desapropriada com fins de reforma agrária.

A principal resistência dos ruralistas se origina não tanto na mudança, mas no fato de o governo decidir adotá-la depois de receber reivindicação nesse sentido das lideranças de trabalhadores rurais brasileiros, dentre as quais, de integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST).

Tranquilo, ministro! Esteja certo de que o apoio dos mais diversos setores da sociedade à mudança do índice - velho, vigente no país há nada menos que três décadas e meia - é muito maior do que a resistência a ela. A sociedade brasileira está consciente de que é um absurdo a manutenção de um índice de produtividade fixado em 1975.

Afinal, há 35 anos nossa agricultura era outra e nem sonhava com o nível tecnológico e de capitalização que temos hoje. Muito menos com os novos métodos de plantio ou com as novas variedades de sementes. A resistência à mudança é liderada pela presidenta da CNA - Confederação Nacional da Agricultura, senadora Kátia Abreu (DEM-TO) e pelo líder da bancada de de seu partido na Câmara, deputado Ronaldo Caiado (GO).

Todos Cometeram Crimes

TODOS COMETERAM CRIMES" - TODOS QUEM CARA PÁLIDA?

Laerte Braga

Em abril de 1964 militares comandados pelo general Vernon Walthers e subordinados no todo ao embaixador dos EUA no Brasil, Lincoln Gordon, com apoio da IV Frota daquele país, em águas territoriais brasileiras, depuseram o presidente constitucional do Brasil João Goulart e tomaram de assalto o poder. Iniciava-se um período de vinte anos de ditadura cruel e sanguinária, num processo de transformação do Brasil em colônia de interesses dos grandes grupos econômicos que controlam o mundo a partir de Washington e Wall Street.

O Brasil foi um dos muitos países latino-americanos onde os EUA compraram parte expressiva das forças armadas para sustentar ditaduras de extrema-direita. Esse tipo de ação aconteceu na África e na Ásia e obedecia à chamada doutrina de segurança nacional formulada numa comissão conhecida como Tri-lateral (AAA - América, África e Ásia). Da comissão, entre agências do governo dos EUA, faziam parte fundações como a FORD e a ROCKFELLER, representando interesses de grupos privados. A Fundação FORD hoje tenta controlar a Conferência Nacional de Comunicação convocado no Brasil para dezembro.

Quer ajudar a manter o monopólio da mentira, a chamada grande mídia.

Um ano após o golpe militar eleições para governador de dois dos maiores estados brasileiros, Minas e o antigo estado da Guanabara, mostraram que os ditadores não conseguiriam manter a farsa democrática que revestiu o golpe e foram extintos partidos políticos, imposto o bi-partidarismo, as eleições indiretas para governos estaduais, criados mecanismos para o controle do Parlamento e de assembléias legislativas e acelerado o processo que montou um impressionante aparelho repressivo, sem o qual a ditadura não teria conseguido sobreviver.

Milhares de resistentes foram presos, outros se buscaram asilo em países mundo afora e muitos torturados, estuprados e assassinados em prisões brasileiras. São Paulo , Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador e Recife eram os principais centros de tortura.

O aparelho repressivo foi montado numa espécie de complexo entre militares, policiais estaduais sob controle de Brasília e empresa privada. Um deles, a OBAN - OPERAÇÃO BANDEIRANTES - teve a participação de empresas como a Mercedes Benz, a Supergasbras, jornais como a FOLHA DE SÃO PAULO (emprestava seus veículos para o transporte de presos torturados e que eram assassinados e desovados em partes da capital paulista e do seu entorno).

O DOI/CODI, departamento e centro de operações repressivas, que juntava todo o conjunto das forças ditatoriais na área, mais tarde, sob a coordenação do governo dos Estados Unidos, somou-se a aparatos semelhantes de países do chamado CONE SUL (BRASIL, ARGENTINA, URUGUAI e incluía também CHILE e PARAGUAI, todos sob ditaduras militares) na OPERAÇÃO CONDOR.

Líderes de oposição eram presos e assassinados, um deles em New York (Orlando Le tel ier, consultor da ONU e ex-chanceler do governo deposto de Salvador Allende, no Chile). Outros eram presos, torturados e entregues em seus países de origem, caso do major Joaquim Cerveira. Preso na Argentina, levado para o Uruguai e entregue ao DOI/CODI de São Paulo , então comandado pelo coronel Brilhante Ulstra, um dos mais covardes e sanguinários torturadores brasileiros. Cerveira oficialmente foi morto no Rio de Janeiro.

Dan Mitrione, que chegou a virar nome de rua no Brasil (não é mais), foi um dos agentes enviados pelos EUA para treinar e instruir torturadores no Brasil, no Chile, na Argentina e no Uruguai. Foi capturado por forças resistentes em Montevidéu, julgado e executado.

A anistia concebida e formulada pelo regime militar tinha um objetivo principal, já que percebida a repulsa do povo ao governo ditatorial e a impossibilidade mantê-lo por um tempo maior. O de evitar, no caso do Brasil, a prisão e o julgamento de torturadores, caso do próprio Brilhante Ulstra, ou de figuras consideradas dentro da caserna, sob controle dos golpistas, como "patriotas" e "democratas" .

Se na Argentina, no Chile e no Uruguai os principais agentes da repressão foram presos e julgados, o próprio Pinochet foi preso no exterior e em seu país, no Brasil permanecem impunes. E escondidos. A história da repressão, da boçalidade do regime militar, do caráter abjeto dessas figuras, entre nós, tem sido revelada em pingos de conta gotas, arrancada a fórceps diante da intransigência de boa parte dos militares de deixar vir a público os documentos oficiais desse período.

E da obstinação que compromete a própria instituição forças armadas, em manter impunes os responsáveis por essa fase sombria e repugnante da história do Brasil.

Casos como o da estilista Zuzu Angel, morta em condições misteriosas depois de denunciar ao mundo o caráter despótico e sanguinário do regime (seu filho Stuart Angel foi preso, torturado e assassinado pelos militares) chegaram a virar filme e a comover a opinião pública do País. Ou o do jornalista Wladimir Herzog, do operário Fiel Filho, mortos já no chamado período de distensão, nas dependências do DOI/CODI de São Paulo .

O que, aparentemente, era um instrumento legal destinado a permitir a volta de brasileiros que estavam no exílio, ou o fim dos crimes contra a "segurança nacional", numa pressuposta condição de "maturidade do povo brasileiro", para tomar em suas mãos o seu destino através de uma nova constituição, eleições diretas para presidente e governos estaduais, fim da censura da imprensa, ou do caráter de imprensa oficial da ditadura, REDE GLOBO, era e continua sendo uma forma de garantir a impunidade de torturadores.

A expressão "todos cometeram crimes" não tem sentido e implica na admissão de crimes por parte da ditadura militar. Se o regime foi oriundo de um golpe contra instituições em pleno funcionamento, contra um governo legal, a resistência não se constitui crime e nem pode. A tortura, à luz do direito internacional, é crime hediondo e imprescritível.

E até porque a repressão começa no próprio golpe, no dia do golpe, com as prisões das principais lideranças de oposição, lideranças populares, e muitas vezes meros desafetos, em fatos que revelaram de imediato a natureza e os propósitos do golpe. As cassações em massa. Deputados, senadores, professor es, cientistas de renome internacional, figuras como Celso Furtado, Oscar Niemeyer, foram postos à margem da "lei" da estupidez e da boçalidade dos que tomaram o poder.

A história não contada da guerrilha do Araguaia e da execução de guerrilheiros a sangue frio e depois de incontáveis sessões de tortura e todo o regime de horror montado contra populações da área na sanha repressiva dos homens e instrumentos da ditadura.

A anistia foi um a conquista da luta como um todo e os golpistas no poder trataram de estendê-la aos seus carrascos. De torná-la ampla, geral e irrestrita, palavras que na verdade, antes de se referirem a resistentes políticos, opositores, garantiam a impunidade a figuras da repressão em todo o processo.

Os trinta anos da lei da anistia nos remetem à necessidade de rediscutir esse período da nossa história. Trazer a público toda a inteira dimensão da violência que foi o golpe de 1964 e levar ao banco dos réus os torturadores.

Não como ação de vingança ou revanche, rótulos que esses "patriotas" costumam usar para esconder as práticas covardes e desumanas. Mas como exigência de algo maior, a História. Para que toda a prática estúpida e golpista dos militares responsáveis por 1964 seja pública. Para que não se repitam anos de horror e crueldade, para que se puna o crime da tortura em todos os seus espectros, origem e conseqüência, já que, em si, descaracteriza o ser humano como espécie racional.

A reação e a resistência ao golpe militar foi uma conseqüência legítima e uma luta de bravura, dada até a correlação de forças, como agora em Honduras, onde saem das catacumbas os "célebres" generais do patriotismo canalha atrelado a interesses de grupos econômicos.

Os trinta anos da lei de anistia sinalizam na necessidade de ruptura com o passado golpista e ditatorial e essa ruptura passa por revelar toda a inconseqüência bestial do regime. Do contrário permanecem impunes assassinos, estupradores, escondidos sob o manto de uma lei que não pode permitir que um período de barbárie vivido por uma Nação permaneça oculto e seja desconhecido de boa parte do seu povo.

A expressão "todos cometeram crimes" é cínica, covarde e revela o inteiro teor dos golpistas.

Todos quem cara pálida? Desde quando resistir a golpes de estados, a violência e a boçalidade de regimes totalitários, é crime?

Existe ainda um longo caminho a ser trilhado na luta popular. Para que se conheça esse rio de sangue de milhares de brasileiros vítimas de 1964 e que permanece com seu curso oculto e escondido na costumeira covardia que é marca registrada de golpistas em qualquer lugar do mundo. Como desaparecidos, portanto ocultos, estão os corpos de brasileiros que tombaram na luta contra a ditadura. E órfãs as suas famílias. E a história do Brasil, logo, o povo brasileiro.

Essa história não pode ficar insepulta. Muitos dos seus protagonistas, do lado da ditadura, estão vivos e ativos, Fernando Henrique Cardoso e o falso preso político, cabo Anselmo com "patente" de general Anselmo e continuam causando males ao Brasil e aos brasileiros.

=====================================================================================================

----- Original Message -----
From: Maurice Politi

Tarso diz que torturadores da ditadura precisam ser levados aos tribunais
Flávia Villela
Da Agência Brasil

Julgar os torturadores que agiram durante o regime militar não é revanchismo, mas um ato de justiça e respeito aos direitos humanos, disse hoje (22) o ministro da Justiça, Tarso Genro, durante a comemoração dos 30 anos da Lei de Anistia no Brasil.

"Tortura é crime imprescritível e inanistiável. Julgar esses casos representa a continuidade do processo de democratização do país", disse o ministro em evento realizado no Arquivo Nacional, no Centro do Rio.

Segundo o ministro, levar os torturadores aos tribunais é fundamental para que, aos poucos, os direitos fundamentais e a dignidade humana sejam internalizados pelas instituições e pela sociedade brasileira. "Para que nunca mais haja tortura no país, seja contra presos políticos, seja contra presos comuns que ainda são torturados no Brasil".

Para Tarso Genro, o Supremo Tribunal Federal (STF) deve considerar procedente a ação [Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental - ADPF 153] que foi apresentada pelo Ministério Público para responsabilizar civil e penalmente as pessoas que cometeram tortura durante a ditadura.

"Aqueles que alegam que o governo exige o julgamento dos responsáveis por crimes de tortura na época da ditadura no Brasil para desmoralizar o Exército são os mesmos que estiveram a serviço da tortura nesse período", declarou o ministro sob aplausos de pé de centenas de pessoas que participaram do evento.

A ação contesta a validade do primeiro artigo da Lei da Anistia (6.683/79), que considera como conexos e igualmente perdoados os crimes "de qualquer natureza" relacionados aos crimes comuns praticados por motivação política no período de 2 de setembro de 1961 a 15 de agosto de 1979.

Para o advogado Modesto da Silveira, um dos homenageados por Tarso Genro no evento, crimes de tortura não se enquandram no artigo primeiro da Lei de Anistia. "Tortura não é crime político. Estupro não é crime político nem crime conexo. O que há é uma má interpretação da lei", acredita.


-----Anexo incorporado-----


_______________________________________________
Cartaoberro mailing list
Cartaoberro@serverlinux.revistaoberro.com.br
http://serverlinux.revistaoberro.com.br/mailman/listinfo/cartaoberro

Todos Cometeram Crimes

TODOS COMETERAM CRIMES" - TODOS QUEM CARA PÁLIDA?

Laerte Braga

Em abril de 1964 militares comandados pelo general Vernon Walthers e subordinados no todo ao embaixador dos EUA no Brasil, Lincoln Gordon, com apoio da IV Frota daquele país, em águas territoriais brasileiras, depuseram o presidente constitucional do Brasil João Goulart e tomaram de assalto o poder. Iniciava-se um período de vinte anos de ditadura cruel e sanguinária, num processo de transformação do Brasil em colônia de interesses dos grandes grupos econômicos que controlam o mundo a partir de Washington e Wall Street.

O Brasil foi um dos muitos países latino-americanos onde os EUA compraram parte expressiva das forças armadas para sustentar ditaduras de extrema-direita. Esse tipo de ação aconteceu na África e na Ásia e obedecia à chamada doutrina de segurança nacional formulada numa comissão conhecida como Tri-lateral (AAA - América, África e Ásia). Da comissão, entre agências do governo dos EUA, faziam parte fundações como a FORD e a ROCKFELLER, representando interesses de grupos privados. A Fundação FORD hoje tenta controlar a Conferência Nacional de Comunicação convocado no Brasil para dezembro.

Quer ajudar a manter o monopólio da mentira, a chamada grande mídia.

Um ano após o golpe militar eleições para governador de dois dos maiores estados brasileiros, Minas e o antigo estado da Guanabara, mostraram que os ditadores não conseguiriam manter a farsa democrática que revestiu o golpe e foram extintos partidos políticos, imposto o bi-partidarismo, as eleições indiretas para governos estaduais, criados mecanismos para o controle do Parlamento e de assembléias legislativas e acelerado o processo que montou um impressionante aparelho repressivo, sem o qual a ditadura não teria conseguido sobreviver.

Milhares de resistentes foram presos, outros se buscaram asilo em países mundo afora e muitos torturados, estuprados e assassinados em prisões brasileiras. São Paulo , Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador e Recife eram os principais centros de tortura.

O aparelho repressivo foi montado numa espécie de complexo entre militares, policiais estaduais sob controle de Brasília e empresa privada. Um deles, a OBAN - OPERAÇÃO BANDEIRANTES - teve a participação de empresas como a Mercedes Benz, a Supergasbras, jornais como a FOLHA DE SÃO PAULO (emprestava seus veículos para o transporte de presos torturados e que eram assassinados e desovados em partes da capital paulista e do seu entorno).

O DOI/CODI, departamento e centro de operações repressivas, que juntava todo o conjunto das forças ditatoriais na área, mais tarde, sob a coordenação do governo dos Estados Unidos, somou-se a aparatos semelhantes de países do chamado CONE SUL (BRASIL, ARGENTINA, URUGUAI e incluía também CHILE e PARAGUAI, todos sob ditaduras militares) na OPERAÇÃO CONDOR.

Líderes de oposição eram presos e assassinados, um deles em New York (Orlando Le tel ier, consultor da ONU e ex-chanceler do governo deposto de Salvador Allende, no Chile). Outros eram presos, torturados e entregues em seus países de origem, caso do major Joaquim Cerveira. Preso na Argentina, levado para o Uruguai e entregue ao DOI/CODI de São Paulo , então comandado pelo coronel Brilhante Ulstra, um dos mais covardes e sanguinários torturadores brasileiros. Cerveira oficialmente foi morto no Rio de Janeiro.

Dan Mitrione, que chegou a virar nome de rua no Brasil (não é mais), foi um dos agentes enviados pelos EUA para treinar e instruir torturadores no Brasil, no Chile, na Argentina e no Uruguai. Foi capturado por forças resistentes em Montevidéu, julgado e executado.

A anistia concebida e formulada pelo regime militar tinha um objetivo principal, já que percebida a repulsa do povo ao governo ditatorial e a impossibilidade mantê-lo por um tempo maior. O de evitar, no caso do Brasil, a prisão e o julgamento de torturadores, caso do próprio Brilhante Ulstra, ou de figuras consideradas dentro da caserna, sob controle dos golpistas, como "patriotas" e "democratas" .

Se na Argentina, no Chile e no Uruguai os principais agentes da repressão foram presos e julgados, o próprio Pinochet foi preso no exterior e em seu país, no Brasil permanecem impunes. E escondidos. A história da repressão, da boçalidade do regime militar, do caráter abjeto dessas figuras, entre nós, tem sido revelada em pingos de conta gotas, arrancada a fórceps diante da intransigência de boa parte dos militares de deixar vir a público os documentos oficiais desse período.

E da obstinação que compromete a própria instituição forças armadas, em manter impunes os responsáveis por essa fase sombria e repugnante da história do Brasil.

Casos como o da estilista Zuzu Angel, morta em condições misteriosas depois de denunciar ao mundo o caráter despótico e sanguinário do regime (seu filho Stuart Angel foi preso, torturado e assassinado pelos militares) chegaram a virar filme e a comover a opinião pública do País. Ou o do jornalista Wladimir Herzog, do operário Fiel Filho, mortos já no chamado período de distensão, nas dependências do DOI/CODI de São Paulo .

O que, aparentemente, era um instrumento legal destinado a permitir a volta de brasileiros que estavam no exílio, ou o fim dos crimes contra a "segurança nacional", numa pressuposta condição de "maturidade do povo brasileiro", para tomar em suas mãos o seu destino através de uma nova constituição, eleições diretas para presidente e governos estaduais, fim da censura da imprensa, ou do caráter de imprensa oficial da ditadura, REDE GLOBO, era e continua sendo uma forma de garantir a impunidade de torturadores.

A expressão "todos cometeram crimes" não tem sentido e implica na admissão de crimes por parte da ditadura militar. Se o regime foi oriundo de um golpe contra instituições em pleno funcionamento, contra um governo legal, a resistência não se constitui crime e nem pode. A tortura, à luz do direito internacional, é crime hediondo e imprescritível.

E até porque a repressão começa no próprio golpe, no dia do golpe, com as prisões das principais lideranças de oposição, lideranças populares, e muitas vezes meros desafetos, em fatos que revelaram de imediato a natureza e os propósitos do golpe. As cassações em massa. Deputados, senadores, professor es, cientistas de renome internacional, figuras como Celso Furtado, Oscar Niemeyer, foram postos à margem da "lei" da estupidez e da boçalidade dos que tomaram o poder.

A história não contada da guerrilha do Araguaia e da execução de guerrilheiros a sangue frio e depois de incontáveis sessões de tortura e todo o regime de horror montado contra populações da área na sanha repressiva dos homens e instrumentos da ditadura.

A anistia foi um a conquista da luta como um todo e os golpistas no poder trataram de estendê-la aos seus carrascos. De torná-la ampla, geral e irrestrita, palavras que na verdade, antes de se referirem a resistentes políticos, opositores, garantiam a impunidade a figuras da repressão em todo o processo.

Os trinta anos da lei da anistia nos remetem à necessidade de rediscutir esse período da nossa história. Trazer a público toda a inteira dimensão da violência que foi o golpe de 1964 e levar ao banco dos réus os torturadores.

Não como ação de vingança ou revanche, rótulos que esses "patriotas" costumam usar para esconder as práticas covardes e desumanas. Mas como exigência de algo maior, a História. Para que toda a prática estúpida e golpista dos militares responsáveis por 1964 seja pública. Para que não se repitam anos de horror e crueldade, para que se puna o crime da tortura em todos os seus espectros, origem e conseqüência, já que, em si, descaracteriza o ser humano como espécie racional.

A reação e a resistência ao golpe militar foi uma conseqüência legítima e uma luta de bravura, dada até a correlação de forças, como agora em Honduras, onde saem das catacumbas os "célebres" generais do patriotismo canalha atrelado a interesses de grupos econômicos.

Os trinta anos da lei de anistia sinalizam na necessidade de ruptura com o passado golpista e ditatorial e essa ruptura passa por revelar toda a inconseqüência bestial do regime. Do contrário permanecem impunes assassinos, estupradores, escondidos sob o manto de uma lei que não pode permitir que um período de barbárie vivido por uma Nação permaneça oculto e seja desconhecido de boa parte do seu povo.

A expressão "todos cometeram crimes" é cínica, covarde e revela o inteiro teor dos golpistas.

Todos quem cara pálida? Desde quando resistir a golpes de estados, a violência e a boçalidade de regimes totalitários, é crime?

Existe ainda um longo caminho a ser trilhado na luta popular. Para que se conheça esse rio de sangue de milhares de brasileiros vítimas de 1964 e que permanece com seu curso oculto e escondido na costumeira covardia que é marca registrada de golpistas em qualquer lugar do mundo. Como desaparecidos, portanto ocultos, estão os corpos de brasileiros que tombaram na luta contra a ditadura. E órfãs as suas famílias. E a história do Brasil, logo, o povo brasileiro.

Essa história não pode ficar insepulta. Muitos dos seus protagonistas, do lado da ditadura, estão vivos e ativos, Fernando Henrique Cardoso e o falso preso político, cabo Anselmo com "patente" de general Anselmo e continuam causando males ao Brasil e aos brasileiros.

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----- Original Message -----
From: Maurice Politi

Tarso diz que torturadores da ditadura precisam ser levados aos tribunais
Flávia Villela
Da Agência Brasil

Julgar os torturadores que agiram durante o regime militar não é revanchismo, mas um ato de justiça e respeito aos direitos humanos, disse hoje (22) o ministro da Justiça, Tarso Genro, durante a comemoração dos 30 anos da Lei de Anistia no Brasil.

"Tortura é crime imprescritível e inanistiável. Julgar esses casos representa a continuidade do processo de democratização do país", disse o ministro em evento realizado no Arquivo Nacional, no Centro do Rio.

Segundo o ministro, levar os torturadores aos tribunais é fundamental para que, aos poucos, os direitos fundamentais e a dignidade humana sejam internalizados pelas instituições e pela sociedade brasileira. "Para que nunca mais haja tortura no país, seja contra presos políticos, seja contra presos comuns que ainda são torturados no Brasil".

Para Tarso Genro, o Supremo Tribunal Federal (STF) deve considerar procedente a ação [Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental - ADPF 153] que foi apresentada pelo Ministério Público para responsabilizar civil e penalmente as pessoas que cometeram tortura durante a ditadura.

"Aqueles que alegam que o governo exige o julgamento dos responsáveis por crimes de tortura na época da ditadura no Brasil para desmoralizar o Exército são os mesmos que estiveram a serviço da tortura nesse período", declarou o ministro sob aplausos de pé de centenas de pessoas que participaram do evento.

A ação contesta a validade do primeiro artigo da Lei da Anistia (6.683/79), que considera como conexos e igualmente perdoados os crimes "de qualquer natureza" relacionados aos crimes comuns praticados por motivação política no período de 2 de setembro de 1961 a 15 de agosto de 1979.

Para o advogado Modesto da Silveira, um dos homenageados por Tarso Genro no evento, crimes de tortura não se enquandram no artigo primeiro da Lei de Anistia. "Tortura não é crime político. Estupro não é crime político nem crime conexo. O que há é uma má interpretação da lei", acredita.


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Presos por Tráfico

Polícia Civil prende quatro pessoas por tráfico de drogas
27/08/2009 13:30


Agentes policiais da 2ª Delegacia de Investigações do Narcotráfico (2ªDIN), do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc), realizaram diversas ações nos dias 24, 25 e 26 de agosto, prendendo quatro pessoas pelo crime de tráfico de drogas na Capital e na região Metropolitana.

Na segunda-feira (24/8), no bairro Vila Nova, em Porto Alegre, às 16h30min, um homem, de 29 anos, foi preso com sete tijolos de maconha, pesando 23,60 gramas, além de dez petecas de crack, pesando 2,5 gramas. Na terça-feira (25/8), na Av. General Osório, em Sapucaia do Sul, às 17h50min, um homem, de 30 anos, foi preso com 20 petecas de crack. Na Rua Ana Maria Andreaza, ainda em Sapucaia, às 16h30min, um homem, de 25 anos, foi preso com 37 petecas de crack, pesando 8,5 gramas.

Nessa quarta-feira (26/8), na Praça da Alfândega, no Centro de Porto Alegre, uma mulher, de 19 anos de idade, foi presa com 16 petecas de crack, pesando 1,50 gramas. Segundo o delegado Cléber Santos Lima, titular da 2ª Din, todas as pessoas foram presas em flagrante, após diversas denúncias sobre tráfico de drogas naquelas regiões. Os homens presos foram encaminhados ao Presídio Central e a mulher à Penitenciária Feminina Madre Pelletier.

Fonte: Ascom/ PC

Lei Estabelece O Passe Livre para o Idoso

Lei estabelece o passe livre para idosos no transporte urbano

Buscando cumprir a lei de autoria do vereador Leandro Lima (PMDB), desde o dia 24 de agosto, a empresa Trans-Fátima, responsável pelo transporte coletivo urbano em Vacaria, está concedendo o passe livre para pessoas com mais de 60 anos e portadores de deficiências.
Conforme o Diretor Administrativo de empresa, Leandro Jacobi os beneficiados estão apresentando a carteira de identidade, porem, já devem providenciar uma carteira especial, que está sendo fornecida pela Secretaria da Assistência Social.
Para a confecção do documento deverá ser apresentada uma cópia da carteira de identidade, uma foto três por quatro e um comprovante de residência.



Rádio Fátima AM (Jornalismo), 03/09/2009, 08h37

IPAD









Para informações mais detalhadas, por favor consulte o nosso website em:

http://www.ipad.mne.gov.pt/



Conteúdos:

Dias Europeus do Desenvolvimento – European Development Days

Acordo de Cooperação Económica com São Tomé e Príncipe

“Educação + - Dinamização do Ensino Secundário em São Tomé e Príncipe – Educação para Todos”

Assinatura do Protocolo “Saúde para Todos – Especialidades Médicas”

Visita a Região Autónoma do Princípe

Programa de Cooperação Técnica




Dias Europeus do Desenvolvimento – European Development Days



A 4ª edição das Jornadas Europeias do desenvolvimento terá lugar em Estocolmo, de 22 a 24 de Outubro, durante a P residência da Suécia em co-organização com a Comissão Europeia.

O tema da edição deste ano “Cidadania e Desenvolvimento” tem associado três outros: “Crise Económica Global , recessão e apoio aos países em desenvolvimento”, “Democracia e Desenvolvimento” e “Alterações Climáticas”. Esperam-se representantes institucionais de 125 países que irão abordar as políticas de desenvolvimento global.

Portugal estará representado, tal como em edições anteriores, com um stand da Cooperação P ortuguesa.

Para mais informações consulte o site: http://www.eudevdays.eu

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Acordo de Cooperação Económica com São Tomé e P ríncipe



No âmbito da visita a São Tomé e P ríncipe do Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, do Ministro de Estado, das Finanças, Economia e Inovação, Fernando Teixeira dos Santos, e do Secretário de Estado do Tesouro e Finanças, foi assinado no dia 28 de Julho, pelos titulares das pastas das Finanças de P ortugal e de São Tomé e P ríncipe, um Acordo de Cooperação Económica destinado a reforçar a estabilidade macroeconómica e financeira através de um regime cambial de ancoragem da Dobra ao Euro. O Acordo permitirá criar condições para o fomento das transacções comerciais e de investimentos e, consequentemente, para o desenvolvimento económico de São Tomé e P ríncipe.

Este Acordo de Cooperação Económica será apoiado por uma facilidade de crédito até 25 milhões de euros, que visa sustentar a balança de pagamentos santomense, facilitando o processo de gestão de divisas e reservas cambiais do país.

A par dos benefícios macroeconómicos e financeiros, contribuirá também para o reforço e consolidação das relações económicas entre os dois países, que se traduzirão no incremento de parcerias comerciais e de investimento.

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“Educação + - Dinamização do Ensino Secundário em São Tomé e P ríncipe – Educação para Todos”



No dia 30 de Julho teve lugar em São Tomé e P ríncipe a assinatura do P rotocolo entre o Instituto P ortuguês de Apoio ao Desenvolvimento (I P AD, I. P .), o Ministério da Educação e Cultura (MEC) da República Democrática de São Tomé e P ríncipe, e o Instituto Marquês de Valle Flôr, relativo ao P rojecto “Educação + - Dinamização do Ensino Secundário em São Tomé e P ríncipe – Educação para Todos”.

O documento “Uma Visão Estratégica para a Cooperação P ortuguesa” e a “Estratégia Nacional de Redução da P obreza de São Tomé e P ríncipe” elegem o sector da Educação como um dos eixos estratégicos para o desenvolvimento socio-económico de São Tomé e P ríncipe, através do reforço das capacidades dos recursos humanos do país. O projecto pretende ir ao encontro dessa premissa, centrando a sua acção ao nível do ensino secundário, e ambicionando reforçar o parque escolar; melhorar as competências técnicas e pedagógicas dos professores do secundário; actuar no melhoramento da capacidade de gestão e de acompanhamento do MEC, e adequar o sistema de ensino secundário às necessidades do país.

O projecto actuará ainda ao nível da ada pt ação e diversificação dos currículos escolares, disponibilização de manuais escolares, e criação de um centro de recursos e formação.

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Assinatura do P rotocolo “Saúde para Todos – Especialidades Médicas”



Foi assinado, a 30 de Julho, o P rotocolo de apoio ao P rojecto “Saúde para Todos – Especialidades Médicas” entre o Instituto P ortuguês de Apoio ao Desenvolvimento, I. P ., o Ministério da Saúde da República Democrática de São Tomé e P ríncipe e o Instituto Marquês de Valle Flôr,

À semelhança do projecto “Saúde para Todos”, este projecto traduz a Estratégia da Cooperação P ortuguesa consubstanciada no P rograma Indicativo de Cooperação 2008/2011, que aponta o sector da Saúde como uma das áreas prioritárias da sua actuação.

Pretende-se com as intervenções programadas no âmbito das especialidades médicas, contribuir para a solução de situações mais complexas no país, contrariando a necessidade de se recorrer ao diagnóstico e tratamento no estrangeiro. Tais medidas permitirão promover não apenas a redução do número de evacuações sanitárias, nomeadamente para P ortugal , como a capacitação dos médicos nacionais em diversas valências médicas.

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Visita a Região Autónoma do P ríncipe



O Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, acompanhado pelo Embaixador de P ortugal, do P residente do I P AD, e de sua delegação, deslocaram-se à Região Autónoma do P ríncipe, tendo sido recebidos pelo P residente do Governo Regional , Eng. º José Cardoso Cassandra.

Seguiu-se uma reunião com o P residente do Governo Regional, nos P aços do Concelho, onde foram revistas as linhas orientadoras da Contribuição da Cooperação P ortuguesa com aquela Região Autónoma.

A comitiva visitou o pólo do Centro Cultural P ortuguês/Instituto Camões no P ríncipe, a delegação foi recebida pelo P rofessor P edro Simões, responsável pelo Centro, e antigo P rofessor Cooperante do projecto P AES. O Ministro aproveitou a ocasião para anunciar a criação de um Consulado Honorário de P ortugal no P ríncipe.

Antes do regresso a São Tomé, o Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros e toda a sua comitiva, visitaram o reabilitado e equipado Hospital do P ríncipe, Dr. Manuel Quaresma Dias da Graça, bem como o Jardim Escola de Santa Teresinha, construído pela ONGD P ortuguesa Centro Comunitário P aroquial da Ramada, com o apoio da Cooperação P ortuguesa.

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Programa de Cooperação Técnica



Encontra-se na sua fase final a implementação de um P rograma de Cooperação Técnica no contexto da C P L P para a Formulação de um P rograma de Cooperação Sul/Sul e Norte/Sul que tem por objectivo apoiar a capacitação das estruturas nacionais dos países da C P L P , com vista à definição, actualização e implementação dos respectivos P lanos de Acção Nacionais ( P AN), no âmbito dos seus compromissos face à Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação nos países afectados por seca grave e/ou desertificação, particularmente em África.

O P rograma de Cooperação Técnica entre a FAO e a C P L P , é financiado e executado pela FAO e conta com apoio financeiro de P ortugal através da conjugação de esforços entre o Instituto P ortuguês de Apoio ao Desenvolvimento, I. P ., Autoridade Nacional Florestal e Gabinete de P laneamento e P olíticas do Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das P escas.

No âmbito deste programa realizou-se em P ortugal, de 16 a 26 de Junho uma acção de formação de altos dirigentes da C P L P com vista ao cumprimento dos objectivos anteriormente referidos, nomeadamente melhorar a capacitação para a concepção e implementação dos P rogramas de Acção Nacionais para o combate à desertificação.

A referida formação, contou com a presença de representantes institucionais dos respectivos Ministérios do Ambiente e Agricultura e de representantes da sociedade civil dos Estados Membros da C P L P e dividiu-se em três fases distintas:

Visita a P rojectos de Combate à Desertificação e às Alterações Climáticas na Região da Margem Esquerda do Guadiana que incluiu visitas à Barragem do Alqueva, à Central Fotovoltaica da Amareleja, à Contenda onde foi apresentado o plano de ordenamento florestal e de uso múltiplo de áreas degradas em situações semi-áridas e à Fábrica de P ainéis Solares no P ólo Tecnológico de Moura. Com esta visita procurou-se assinalar o Dia Mundial de Combate à Desertificação, a 17 de Junho.
Seminário sobre Desenvolvimento Rural e Combate à Desertificação no qual se apresentou a experiência de P ortugal na preparação e concepção do ProDer – P rograma para o Desenvolvimento Rural que constitui o instrumento estratégico e financeiro de apoio ao desenvolvimento rural.
Curso de Formação de Estratégias Financeiras Integradas – DEFI, da responsabilidade da FAO e do Mecanismo Mundial.
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Visita à Central Fotovoltaica da Amareleja





Seminário sobre Desenvolvimento Rural e Combate à Desertificação





Curso de Formação de Estratégias Financeiras Integradas














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Comentário do Leitor

Kiko Carvalho deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Brasil de Fato":

Publiquei em www.abracocentrooeste.ning.com . ABRAÇO FORTE



Postado por Kiko Carvalho no blog Jornal Negritude em 27 de Agosto de 2009 14:03

Ditadura

PARTE II




A oposição parte para a luta armada



O que significa viver sob uma ditadura militar? É exagerado achar que a toda hora tem tanque na rua, soldados desfilando dentro das faculdades. Aparentemente não muda muita coisa, porque você vai às compras, ao dentista, à praia e ao cinema, namora e casa, vê tel evisão. A não ser o fato de que seu vizinho é oficial do Exército e você sabe que por isso ele manda aqui no prédio (e isso pode ser até bom para a vizinhança), o resto parece bem normal. Mas, se você tiver um pingo de consciência, desconfia que as coisas não vão bem. Existe um cheirinho de esquisitice: as pessoas falam baixo, há uma nuvem de mistério cobrindo o país, o estômago fica pesado demais.

Depois de 1964 ainda dava para fazer umas passeatazinhas e desafiar o regime. Depois do AI-5 (dezembro de 1968) o regime tinha fechado de vez. Passeata era dissolvida a tiros de fuzil. Em cada redação de jornal havia um imbecil da polícia federal para fazer a censura, Não poderia sair nenhuma notícia que desagradasse ao governo. Uma simples reportagem esportiva sobre o time do Internacional de Porto Alegre, com sua camisa vermelha, poderia ser encarada como “propaganda da Internacional Comunista”. Além da censura, o jornal não podia dizer que tinha sofrido a censura (isso, claro, também era censurado). O jeito foi botar receitas de bolo nos vazios deixados pelas partes retiradas pela polícia. As pessoas estavam lendo uma página sobre política nacional e, de repente, vinha aquela absurda receita para fazer uma torta de abacaxi. Os espertos sacavam logo que era um protesto. Os mais ingênuos (por conivência ou conveniência, chegavam a mandar cartas para as redações dos jornais, pois as receitas, por vezes, eram irracionais: “cinco quilos de açúcar, 100 g de farinha de trigo, dois quilos de sal, vinte tabletes de fermento, uma colher de chá de suco de laranja...” Não há receita que dê certo assim, hehehe. Claro que existem ainda hoje ingênuos ainda mais imbecis, que declaram coisas como: “naquele tempo o governo era muito melhor do que hoje. Bastava abrir os jornais, eles só tinham elogios para o governo. Aliás, também tinham receitas de bolo muito boas.”

Ninguém podia falar mal do governo. Reclamação na fila do ônibus era uma linha até à cadeia. Estudantes e professor es que conversassem sobre política poderiam ser expulsos da escola ou da faculdade, devido ao decreto-lei nº 477 (1969), Imagine o clima dentro da sala de aula. Se o professor contasse aos alunos o que você está lendo neste livro, corria o sério risco de não poder voltar mais à sala de aula. Ou mesmo para a sua própria casa...

_ O que você acha da situação atual?

_ Eu não acho nada! Tinha um amigo que achava muito e hoje ninguém acha ele! To fora!

Qualquer aluno novo que tentasse se enturmar era logo suspeito de pertencer ao SNI. Veja que coisa, a ditadura tolheu até as novas amizades! O político que fizesse oposição aguda seria logo cassado pelo AI-5. Foi o caso, por exemplo, do deputado federal Francisco Pinto (MDB), punido em 1974 porque fez no Congresso um discurso chamando de “ditador” o ditador chileno Pinochet em visita ao Brasil , o deputado Lysâneas Maciel (MDB) solicitou a criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar denúncias de corrupção no regime. Não teve CPI nenhuma e ele ainda foi cassado. É isso aí: numa ditadura, a sociedade não pode fiscalizar o governo. Os cidadãos estão enjaulados, mas a corrupção está livre.

Com tantas dificuldades, como continuar fazendo oposição ao regime? Para muitos jovens, só havia um caminho a seguir: a luta armada. Falar em guerrilha nos anos 60 arrepiava muita gente. Ela parecia ser a grande arma de libertação dos povos do Terceiro Mundo. Exemplos não faltavam. Em Cuba, Fidel Castro e Che Guevara abriram o caminho: No Vietnã, os guerrilheiros de Ho Chi (Minh derrotavam a maior máquina de guerra do planeta, a do imperialismo norte-americano. Na Argélia, os guerrilheiros dobraram as tropas francesas e conquistaram a independência do país. Na própria China, a revolução socialista foi vitoriosa depois de anos de guerrilha camponesa comandada por Mao Tsetung. No Brasil não poderia ser diferente: muitos estudantes, velhos militantes da esquerda e in tel ectuais começaram a organizar grupos guerrilheiros. Para eles, depois do AI-5 não havia mais espaço para a legalidade. Só a luta armada libertaria o Brasil.

Ao contrário do que você possa pensar, o PCB foi contra a luta armada. Os comunistas acreditavam que a luta no momento não era nem socialismo nem reformas básicas, mas pelo fim do regime autoritário. Sua estratégia era a de se unir a todos os grupos democráticos contra o regime. Atuaria, clandestino, no MDB. Muita gente da esquerda considerou esse programa covarde, reformista (um xingamento horroroso, pois isso equivaleria a não ser um revolucionário. Mas naquele momento os comunistas eram qualquer coisa, menos revolucionários...). A juventude queria a mudança logo, a todo preço. E foram esses jovens, e ainda, estudantes , intelectuais, operários e camponeses, que foram a luta armada. Um dos grandes gurus era o francês Regis Debray, que tinha sido companheiro de guerrilha de Che Guevara. Foi ele que lançou a teoria foquista: meia dúzia de combatentes criariam um foco guerrilheiro numa área rural. Primeira etapa, o treinamento militar. Depois, contato com a população. Ganham a confiança através do trabalho, da honestidade, de solidariedade. Imagine o efeito disso: o camponês jamais viu um médico e, de repente, aquelas pessoas o tratam com cuidado, curam seus filhos. Nesse processo, os guerrilheiros vão transmitindo suas idéias, mostrando que o latifúndio deveria ser confiscado, que os camponeses precisam se unir e se armar. E quando chegam os jagunços do fazendeiro, os guerrilheiros estão prontos para responder com fogo de armas de guerra, Pronto, está deflagrada a luta. Agora, junto com os camponeses que aderem ao movimento, eles se lançam para o mato. O Exército chega logo depois, quase sempre truculento: tortura moradores, incendeia barracos, molesta as meninas. O povo vê com clareza quem está do lado dele. Os guerrilheiros, por sua vez, nunca enfrentam o Exército de frente. As táticas incluem emboscadas, ações rápidas e fulminantes. Depois, a fuga veloz: sua mobilidade e ataques de surpresa são armas letais. Conhecem a região, contam com o apoio logístico dos moradores. Quase invencíveis. Mas este é um foco. A teoria foquista imaginava que surgiria outro foco ali, e mais outro adiante, e outro, e outro. Até que um dia esses focos começariam a se unir para compor um grande exército popular. Tal como ensinou Mao Tsetung, o campo cercaria a cidade. E a revolução seria vitoriosa.

Quem eram esses guerrilheiros? Não eram muitos, apenas algumas centenas. Os simpatizantes, que eventualmente podiam esconder alguém em casa ou contribuir com dinheiro, não iam além de uns mil e poucos. Apesar de sonharem com a revolução proletária, havia poucos operários ou camponeses. Os líderes geralmente eram antigos comunistas, rompidos com o Partidão porque o PCB estava contra a luta armada. Ainda tinha um grupo importante de militares desertores do Exército. Muitos guerrilheiros eram como talvez você seja, amigo leitor, com 17 ou 18 anos de idade, estudantes secundaristas ou acabando de entrar na faculdade. A maioria dos guerrilheiros foi presa antes de começar a luta armada no campo. Na verdade, a guerrilha ficou sendo urbana mesmo. A repressão do governo agia com muita eficácia e em alguns anos os grupos foram desman tel ados. No final, tinham de assaltar bancos para levantar fundos para a luta e seqüestrar embaixadores em troca da libertação de presos políticos.

A tentativa que teve mais consistência foi a Guerrilha do Araguaia. Ela se desenvolveu mais ou menos entre 1972 e 1974, organizada pelo PC do B. Lembremos que, na época, ao contrário do PCB (que era de linha soviética e contra a luta armada) o PC do B seguia o socialismo chinês (o maoísmo) e apoiava a guerrilha. Pois bem, no começo dos anos 70, grandes empresas do Sudeste e multinacionais investiram em pecuária extensiva na região do Tocantins-Araguaia. Quando chegaram lá, já havia pequenas roças na mão de camponesesposseiros (não tinham documentos legais da propriedade da terra, apesar de trabalharem nelas havia muitos anos). Nem quiseram saber, passaram a fazer grilagem das terras (tomar ilegalmente). Quando o camponês não queria abandonar a terra, os capangas da empresa iam lá, ateavam fogo no barraco, destruíam a plantação, espancavam os moradores. Como você pode perceber, as lutas de classes entre os grileiros e os posseiros eram muito fortes. O PC do B quis aproveitar esse potencial de revolta e chegou na região para montar uma base de treinamento. Foram descobertos pelo Exército, que deslocou para região milhares de soldados. Contra uns 60 guerrilheiros. Numa região isolada do país, imprensa censurada, as pessoas só sabiam alguma coisa através de boatos. Mas na região do Araguaia até hoje as pessoas humildes se recordam do que aconteceu. Muitos militares abusaram do poder e espancaram brutalmente a população para que revelasse os esconderijos dos guerrilheiros. Os prisioneiros eram torturados de forma bárbara e muitos encontraram a morte depois que o corpo virou uma massa de pedaços de carne e sangue. Os guerrilheiros mortos foram enterrados em cemitérios clandestinos e até hoje as famílias procuram seus corpos. Em 1974, a guerrilha do Araguaia estava destruída.

O que dizer sobre essa loucura toda? Foram rapazes e moças, muitos ainda adolescentes, que tiveram a coragem de abandonar o conforto do lar, a segurança de uma vida encaminhada, a tranqüilidade da vida de jovem de classe média, para combater um regime opressor com armas na mão. Pessoas que dão a vida pelo ideal de libertação de seu povo não podem ser consideradas criminosas. Mesmo que a gente não concorde com os caminhos trilhados. Eles mataram? Certamente. Mas nunca torturaram. Nem enterraram suas vítimas em cemitérios clandestinos. E se o tivessem feito, nada disso justificaria a tortura e o assassinato executados pelo governo. Além disso, seria mesmo inadmissível pegar em armas contra um regime antidemocrático que esmagava o povo brasileiro? Que moral uma ditadura tem para definir como deve ser combatida?



Repressão e Tortura

Como é que a ditadura conseguiu dizimar a guerrilha? A repressão foi selvagem.

Imagine que você fosse um guerrilheiro naquela época. Documento falso, revólver escondido na cintura, olhar assustado para qualquer pessoa da rua. Distante da família, dos amigos, de qualquer conhecido. Clandestino. Codinome, ou seja, nome inventado, nem os companheiros sabiam sua identidade. Se fossem presos, não poderiam te revelar. Vocês se escondem num apartamento discreto no subúrbio. E mudam de residência quase todo o mês. Esse esconderijo é chamado de “aparelho”. Um dia, você tem um ponto, ou seja, um encontro marcado com outro guerrilheiro. Ele não aparece. Provavelmente, caiu (foi preso). Em algumas horas, debaixo de paulada, pode ser que ele abra. Os meganhas logo vão chegar. É preciso desativar o aparelho rápido. De repente, chega a polícia. Tiroteio. Mortes. Se você escapar com vida, vai direto para o porão. Agora sim, você vai sentir na pele a face mais negra do regime. A tortura. Não houve guerrilheiro preso que não fosse barbaramente torturado. Ficar pendurado no pau-de-arara (um cavalete em que o sujeito fica preso pela barra que passa na dobra do joelho, com pés e mãos amarrados juntos) é um dos piores suplícios. Além disso, pontapés, queimaduras de cigarros, choques elétricos, alicates arrancando os mamilos, banhos de ácido, testículos amassados com alicate, arame em brasa introduzido pela uretra, dente arrancado a pontapés, olhos vazados com socos. Mulheres estupradas na frente dos filhos, homens castrados. A lista de atrocidades é infindável. Os torturadores são animais sádicos. Mas além da maldade pura e simples, havia a necessidade estratégica: a tortura extraía confissões em pouco tempo, dando oportunidade de prender outras pessoas, que também seriam torturadas, revelando mais coisas e assim por diante. Infelizmente, a tortura revelou-se bem eficaz. Houve muita gente, entretanto, que nada falou. Veja bem, amigo leitor, bastava contar tudo que a tortura acabaria. Essa era a diabólica proposta. Imagine-se no lugar do preso, apanhando feito um cão, nu, sangrando, com a cabeça enfiada num balde cheio de fezes e vômito dos outros. Algumas frases e você seria mandado para um hospital. No entanto, muitos não falaram. Bravamente, recusaram-se a colaborar com a repressão. Morto sob tortura tinha o caixão lacrado para ninguém ver o cadáver arrebentado. O laudo oficial do IML, emitido por médicos venais comprometidos com a ditadura dizia friamente que a morte tinha ocorrido “em tiroteio com a polícia”.

Uma geração que pagou um alto preço por seus sonhos: pagou com o próprio sangue. Por isso, amigo leitor, se hoje eu posso escrever essas linhas, se hoje você pode dizer o que pensa, saiba que entre os responsáveis por nossa liberdade estão aqueles que deram sua vida para que um dia o país não estivesse mais sob o jugo das botas da tirania.

Mas, afinal, quem eram os torturadores? Onde as pessoas eram torturadas? Ao contrário do que se possa pensar, a tortura não era feita em algum lugar escondido, uma casa de subúrbio ou uma fazenda afastada de tudo. Não, infelizmente as pessoas eram torturadas em lugares públicos, na frente de muitas testemunhas. Como Mário Alves, dirigente do PCBR, torturado até a morte nas dependências do Primeiro Batalhão de Polícia do Exército, na rua Barão de Mesquita, Tijuca, Rio de Janeiro. Reparou no local? Um quar tel do Exército! Como também aconteceu em delegacias, em bases da Marinha. Através da Operação Bandeirantes (OBAN), do DOI-CODI, dos Serviços de Informação das Forças Armadas (CENIMAR, CISA, CIEX), do DOPS e do SNI, o governo exterminou a guerrilha com brutalidade.

Claro que a maioria dos militares não teve nenhum envolvimento com a tortura. Muitos sequer sabiam que ela estava acontecendo. Mas é inegável que os torturadores ocupavam importantes posições no aparelho repressivo do Estado: eram policiais civis, PMs, agentes da polícia federal, delegados, oficiais e sargentos da Marinha, do Exército, da Aeronáutica, médicos que avaliavam a saúde da vítima e autorizavam a continuação da tortura.

Muito triste é saber que alguns desses monstros permanecem na polícia, nas Forças Armadas e que foram anistiados pelo general Figueiredo em 1979. Neste país, jamais um torturador sentou no banco dos réus.

A ditadura não se manteve só com violência física. Ela soube se valer de uma propaganda ideológica massacrante. Numa época em que todas as críticas ao governo eram censuradas, os jornais, a tevê, os rádios e revistas transmitiam a idéia de que o Brasil tinha encontrado um caminho maravilhoso de desenvolvimento e progresso. Reportagens sobre grandes obras do governo e o crescimento econômico do país convenciam a população de que vivíamos numa época incrível. Nas ruas, as pessoas cantavam: “Ninguém segura esse país.” Os guerrilheiros eram apresentados como “terroristas”, “inimigos da pátria”, “agentes subversivos”. Qualquer crítica era vista como “coisa de comunista”, de “baderneiro”. Houve até quem chegasse ao cúmulo de acusar os comunistas de responsáveis pela difusão das drogas e da pornografia! O futebol, como não poderia deixar de ser, foi utilizado como arma de propaganda ideológica. Na época, a esquerda se perguntava: “O futebol aliena os trabalhadores, é o ópio do povo?” E houve até quem torcesse para que o Brasil perdesse a Copa: como se o trabalhador brasileiro precisasse de uma derrota no jogo de futebol para realmente se sentir oprimido! Ou seja, quem estava supervalorizando o futebol: o povão ou a esquerda? De qualquer modo, meu amigo, aquela seleção brasileira de 1970 foi simplesmente o maior time de futebol que já existiu. Pelé, Tostão, Jairzinho, Gérson, Rivelino, Clodoaldo, Carlos Alberto Torres, seus craques são inesquecíveis. O tricampeonato conquistado na Copa do México encheu o país de euforia. Nas casas (pela primeira vez a Copa foi transmitida ao vivo pela tel evisão) e ruas o povo explodia de alegria e cantava: “Todos juntos, vamos / Pra frente Brasil..” Os homens do governo, claro, trataram logo de aparecer em centenas de fotos ao lado dos craques. Queriam que o país tivesse a impressão de que só tínhamos ganho a Copa graças à ditadura militar (embora as vitórias de 1958 e 1962 tivessem sido no tempo da democracia, com JK e Jango). O prefeito de São Paulo , Paulo (que não era São) Maluf, resolveu dar para cada jogador um automóvel zero quilômetro de presente. O presidente Médici, vestido com a camisa rubronegra do Flamengo, era aplaudido de pé por parte da torcida no Maracanã. Triste país, o general chutava a bola, os torturadores chutavam os presos. Além do futebol, os brasileiros conheceram uma nova paixão, o automobilismo. Até hoje, o mundo só teve um único piloto capaz de vencer na sua estréia na Fórmula 1: o nosso Émerson Fittipaldi, campeão mundial em 1972 e 1974. Nas escolas vivia-se um clima de ufanismo (exaltação da pátria). Todo mundo tinha de acreditar que o Brasil estava se tornando um país maravilhoso. Nos vidros dos carros, os adesivos diziam: “Brasil - Ame-o ou Deixe-o!” É como se os perseguidos políticos foragidos tivessem se exilado por antipatriotismo. Um pontapé na verdade. Claro que essa euforia toda no começo dos anos 70 não vinha só das vitórias esportivas e da máquina de propaganda do governo. Em realidade, o país vivia a excitação de um crescimento econômico espetacular. Era o tempo do “milagre econômico”.



Governo General Emílio Garrastazu Médici (1969 – 1974)




Costa e Silva não teve muito tempo para se alegrar com os efeitos do AI-5. um derrame o matou, em agosto de 1969. O povo não teve tempo de se alegrar; uma Junta Militar, comandada pelo general Lyra Tavares, assumiu o governo até se nomear o novo general-presidente. 0 vice de Costa e Silva, o civil Pedro Aleixo (ex-UDN), não tinha apoiado totalmente o AI5 e por isso fora jogado para escanteio. No mesmo ano, ocorreu a Emenda Constitucional nº 1, que alguns juristas consideram quase como uma nova Constituição. Ela legalizou o arbítrio e os poderes totalitários da ditadura. Todas aquelas medidas arbitrárias tipo AI-5 e 477 foram incorporadas à Constituição. Além disso, ela estabeleceu que o presidente podia baixar medidas (decretos-leis) que valeriam imediatamente. 0 Congresso disporia de 60 dias para examinar o decreto. O Congresso tinha 60 dias para votar a aprovação. Se depois desse prazo não tivesse havido votação (o Congresso poderia, por exemplo, estar fechado pelo AI-5, ou com número insuficiente de membros comparecendo às sessões), ele seria automaticamente aprovado por decurso de prazo.

Dias depois, era indicado o novo chefe supremo do país. O novo presidente era o general Emílio Garrastazu Médici. Seu governo teve dois pontos de destaque: o extermínio da guerrilha e o crescimento econômico espetacular (o “milagre”). Nenhuma época do regime militar foi tão repressora e brutal, Nunca se torturou e assassinou tanto. Nos porões do regime, as pessoas tinham suas vidas postas na marca do pênalti. E assim os órgãos de re-pressão marcaram gols, liquidando guerrilheiros como Marighella (4/11/69), Mário Alves (16/11/70) e Lamarca (17/09/71).

Na economia, o ministro Delfim Netto comandou o milagre econômico. A produção crescia e se modernizava num ritmo espetacular. A inflação, dentro dos padrões brasileiros, até que era moderada, lá na casa dos vinte e tantos por cento. Construía-se com euforia. Obras, como a ponte Rio-Niterói, a rodovia Transamazônica, a refinaria de Paulínia e a instalação da tevê em cores (1972), pareciam mostrar que a prosperidade seria eterna. A classe média comprava ações na Bolsa de Val ores e imaginava se tornar grande capitalista. Para acelerar o crescimento, ampliaram-se as empresas estatais ou criaram-se novas, principalmente na produção de aço, petróleo, eletricidade, estradas, mineração e tel ecomunicações. Os nomes delas você já ouviu falar: Petrobrás, Eletrobrás, Telebrás, Correios, Val e do Rio Doce, Companhia Siderúrgica Nacional, Usiminas e tantos outros. Crescimento e modernização que não beneficiavam as classes trabalhadoras. Pelo contrário, quanto mais o país crescia, tanto mais piorava a vida do povo. Em 1969, por exemplo, o salário mínimo só valia 42% do que representava em 1959, Em 1974, isso desceu para 36%. Os ricos foram ficando cada vez mais ricos e os pobres, cada vez mais pobres, A ditadura foi uma espécie de Robin Hood às avessas. Essa distribuição de renda ao contrário era facilitada pelo fato de que não havia nenhuma greve, nem sindicato independente, nem a oposição no Congresso tinha margem de manobra. Era uma ditadura que fazia uma coisa incrível: o país crescia como poucos no mundo e quanto mais riquezas eram produzidas, mais difícil ficava a vida dos trabalhadores.

E a Rede Globo, principal aliada da Ditadura, sempre lembrando ao povo miserável que "está tudo bem"...

Até nos países mais pobres da África, a mortalidade infantil diminuía. Nas grandes cidades brasileiras ela crescia, Quanto mais a renda per capita do Brasil aumentava, mais as crianças pobres morriam porque comiam pouco, não eram vacinadas, não tinham médico, De repente, houve uma epidemia de meningite, Doença que pode matar, É preciso que os pais estejam alerta. O que fez a ditadura? Proibiu que os jornais divulgassem qualquer notícia a respeito. O povo tinha de ser enganado pela imagem de que no Brasil a saúde pública estava sob controle, o que veio em seguida era previsível: os pais, sem saber do surto da doença, não davam muita importância para aquela febrezinha do filho, Achavam que era só uma gripe, Não levavam para o posto de saúde, Até que a criança morria, A meningite mataria milhares de meninos e meninas no Brasil, numa das mais terríveis epidemias do século, Só esse caso já mostra o quanto a ditadura era absurda, não é mesmo?

O ministro Delfim Netto dizia que era para o povo ter paciência: “temos de esperar o bolo crescer para depois distribuir os pedaços”. E até hoje o povão está esperando sua fatia. Pois é, na cara-de-pau, o general-presidente Médici dizia: “A economia vai bem, só o povo é que vai mal.” Viu? Uma coisinha à toa é que ia mal, um trocinho assim, sem importância, uma poeirinha desprezível chamada povo... Grande parte da classe média até que gostava daquilo tudo. Afinal, a ditadura, além de modernizar a indústria de base, estimulou a de bens de consumo duráveis. Maravilha das maravilhas: a família de classe média se realizava existencialmente comprando tevê em cores (desde 1972), aparelhagens de som, automóveis, eletrodomésticos. E até a classe operária foi arrastada nesse processo de crença na ascensão social baseada na aquisição do radinho de pilha ou do tênis maneiro,

A megalomania planejava as obras estatais, Assim como os cabelos eram compridos e as barras das calças eram “boca-de-sino”, as obras eram gigantescas, o governo fazia estádios de futebol em tudo quanto era canto, mas as escolas caíam aos pedaços, A rodovia Transamazônica, importante para iniciar a colonização da Amazônia, não incluiu nenhum projeto de proteção ao meio-ambiente, aos índios, aos camponeses e aos garimpeiros. A ponte Rio-Niterói (1974) foi realmente funda mental para ligar a economia do Nordeste do país ao Sudeste industrial (RJ e SP), mas ela custou uma fortuna. Certamente teria sido mais barata se as contas tivessem sido controladas democraticamente. Muita empresa construtora se deu bem fazendo essa obra encomendada pelo governo, Aliás, em quase todas essas obras faraônicas (ou seja, enormes, caras e quase inúteis, tal como as antigas pirâmides dos faraós do Egito) houve esquemas para homens do governo e firmas de engenharia civil ganharem uma boa grana por fora. Velha história: sem democracia a roubalheira rola solta porque não há imprensa livre, Congresso independente.

Um tratamento especial foi dado às empresas multinacionais (estrangeiras). Elas tiveram mais favores do governo do que as empresas nacionais! O que não é de se espantar, pois grande parte dos homens do poder eram profundamente ligados aos grupos estrangeiros e não hesitaram em usar sua influência. Ana listas como Ricardo Bueno e Moniz Bandeira chegaram a considerar os ministros Delfim Netto, Mário Henrique Simonsen (que o presidente Collor queria para seu ministro), Golbery do Couto e Silva, Roberto Campos e outros como “notórios entreguistas”, ou seja, responsáveis conscientes pelo favorecimento escancarado do governo aos monopólios estrangeiros, É claro que hoje em dia não se pode ter mais aquela visão de ódio total às multinacionais. Afinal, com a internacionalização da economia, ou seja, a ligação econômica direta entre quase todos os países e continentes, elas se tornaram peças fundamentais da economia mundial. Inclusive, porque parecem realmente ser úteis parceiras em alguns setores, já que nenhum país pode ter sozinho tecnologia e capital para produzir tudo. Todavia, é sensato esclarecer alguns pontos: por que elas são as responsáveis por grande parte da dívida externa brasileira? Será benéfico o governo pedir dinheiro emprestado aos banqueiros internacionais para fazer obras gigantescas a favor das multinacionais? Ou simplesmente para financiá-las? Será correto que elas mandem para fora lucros de bilhões de dólares, em vez de aqui reinvestir? Será interessante o seu poder de levar à falência as empresas nacionais, através de uma concorrência desleal? Será que elas realmente nos transferem tecnologia ou só mandam pacotes prontos feitos nos seus laboratórios? Será que elas não mandam dinheiro escondido "por debaixo do pano"? Será que não interferem na nossa vida interna, combatendo governos que não lhes interessam, mesmo se estes forem a favor do povo? Será saudável que produzam aqui remédios e produtos químicos proibidos em seus países de origem? Por que será que um operário da Volkswagen ou da Ford no Brasil faz o mesmo serviço, nos mesmos ritmos e níveis de tecnologia, que operários dessas empresas na Alemanha ou nos EUA e, no entanto, ganha tão menos? Tantas perguntas...

Bem, aí estava o “milagre econômico”: modernização, crescimento acelerado, inflação moderada, facilidades para o investimento estrangeiro, e também ricos mais ricos e pobres mais pobres e aumento da dívida externa. Você reparou que era um esquema parecido com o que já havia no tempo de Juscelino Kubitschek? O desenvolvimento espetacular das tel ecomunicações e da indústria de bens de consumo duráveis (automóveis, eletrodomésticos, prédios de luxo e mansões financiados pelo BNH) eram voltados principalmente para a classe média e superior. Milhões de brasileiros estavam meia por fora desse mercado. Claro, portanto, que essa festa não iria durar muito. 0 modelo se esgotava e a crise chegava mais rápido do que o Émerson Fittipaldi.

Governo do General Ernesto Geisel ( 1974 – 1979 )

O novo general-presidente, Ernesto Geisel, assumiu o governo num momento difícil da economia do Brasil e do mundo, Para alimentar o crescimento, ele pediu emprestado aos banqueiros estrangeiros e tratou de emitir papel-moeda. A inflação começou a aumentar e a engolir salários. Era o fim do “milagre econômico”. Agora, a insatisfação crescia. Isso ficava claro com o aumento de votos do MDB. Geisel percebeu que a ditadura estava chegando ao fim de sua vida útil. O jeito era acabar com o regime mas manter as coisas sob controle. Com ele, começaria a “distensão lenta e gradual”.

O ano de 1973 assinalou o inicio de um choque na economia capitalista mundial. Parecida com a de 1929, mas com efeitos bem menores para os países capitalistas desenvolvidos, que empurraram a crise para cima do Terceiro Mundo. De certa forma, os apertos econômicos dos países subdesenvolvidos, nos anos 90, foram continuação do processo de 1973. Tentaram botar a culpa nos árabes, porque eles aumentaram os preços do petróleo: Conversa fiada. O aumento foi apenas a recuperação de preços, que vinham caindo muito, desde os anos 50. Para você ter uma idéia, antes do aumento imposto pela OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) em 1973, o preço do barril de petróleo no mercado mundial era inferior ao do barril de água mineral! Claro que o aumento dos preços pegou todo mundo de surpresa, aumentou os custos, cortou os lucros, provocando inflação e desemprego. A crise do petróleo reforçou a crise geral do capitalismo em 1973. Mas com certeza a crise não foi só energética. Afinal, países exportadores de petróleo também entraram em crise! O que aconteceu foi uma crise clássica de superprodução de mercadorias, tal como ocorrera em 1929. Depois da Segunda Guerra, os EUA representavam metade da produção econômica mundial. Mas nos anos seguintes a Europa Ocidental recuperou plenamente sua economia. Surgiu também um grande competidor, o Japão. De repente, o mercado mundial ficou apertado, não havia como continuar investindo capital nos mesmos ritmos. As mercadorias começaram a ficar encalhadas e logo vieram as falências, a inflação, a recessão. Aqui no Brasil, o governo botava a culpa nos outros. Dizia que a crise era mundial. Certo. Mas por que aqui ela era tão devastadora? Porque a política econômica da ditadura nos tornava indefesos. O petróleo não representava nem 25% das nossas importações em 1975. Além disso, não só aumentou nossa produção interna, como seus preços internacionais cairiam nos anos 80. No entanto, a crise foi aumentando, ano após ano. Uma coisa tão braba que o nosso jovem leitor com certeza viveu a maior parte de sua vida sob o signo da crise econômica brasileira.

O que acontece é que o modelo econômico da ditadura era baseado no pequeno mercado interno, representado pelos ricos e pela classe média. O país estava se transformando na Belíndia, uma mistura da Bélgica com a Índia: uma quantidade razoável de pessoas (classe média e superior) com padrão de consumo de país desenvolvido, vivendo numa área com grandes centros industriais e financeiros, ou seja, a parte do Brasil parecida com a Bélgica, e a gigantesca maioria (classe média baixa e classes inferiores) com

padrão de vida muito baixo, milhões vivendo tão miseravelmente como na Índia. Tinha-se alcançado um estágio em que não dava para aumentar a produção, por falta de consumidores aqui dentro. A Bélgica da Belíndia era pequena e a Índia da Belíndia era cada vez maior. Como produzir mais automóveis se a maioria dos brasileiros não tinha dinheiro para comprá-los? Ficava claro que só havia um jeito de ampliar o mercado consumidor: distribuindo renda. Para isso, seria preciso tocar em privilégios, mexer em interesses poderosos. Então , o regime militar não faria nada disso.

O governo preferiu outro caminho. Para a economia não entrar em recessão, isto é, para a economia não regredir, o Estado começou a tomar empréstimos externos para financiar a produção. Supunham que a economia cresceria, que as exportaÇões se tornariam espetaculares e que tudo isso daria condições de pagar a dívida externa. Só que os banqueiros internacionais não são trouxas. Emprestaram dinheiro porque sabiam que o Brasil teria de devolver muito mais em forma de juros. Se fizer mos as contas direitinho no papel, vamos concluir que nos anos 70 e 80, o Brasil pagou, só de juros, muito mais do que pediu emprestado! Ou seja, já pagamos tudo, continuamos pagando e ficamos devendo mais ainda! A dívida externa funciona como uma bomba de sucção que chupa os recursos da economia do Brasil. Aliás, o problema da dívida externa é comum em todo o Terceiro Mundo. Segundo os dados insuspeitos do Banco Mundial, na década de 80 foram drenados bilhões de dólares do Terceiro Mundo para o Primeiro. Ou seja, a parte pobre, esfarrapada e faminta do planeta é que mandou dinheiro para a parte milionária! Nos anos 90, é óbvio, esse esquema continua. O mais triste é quando a gente constata que grande parte da dívida externa brasileira foi contraída financiando a vinda de multinacionais, construindo obras gigantescas só para favorecer empresas estrangeiras (estradas, hidrelétricas), sem falar construções que o governo nunca terminou, deixando as máquinas e o material serem destruídos pelo tempo. Pois é, apertado, o governo precisava de mais dinheiro ainda. Para ele, é fácil. É só fabricar, emitir papel-moeda. Aí, vem a inflação. Para evitar a inundação de dinheiro, o governo criou mercados abertos (opens markets), vendendo títulos, ou seja, papéis expedidos com a garantia do governo, que mais tarde poderiam ser resgatados (o proprietário devolveria para o governo em troca de dinheiro) por um valor superior. A idéia era "enxugar" o mercado, mas a medida deu a maior força para tudo quanto é tipo de especulação financeira, quer dizer, os empresários manobravam para negociar esses títulos com altos lucros. Eis aí um dos grandes problemas da economia brasileira a partir dali: a especulação financeira. Ela é um ganho artificial, já que não envolve nenhum investimento produtivo. No fundo, está transferindo riqueza da sociedade para o bolso de alguns espertinhos. A crise se manifestava com a queda da proporção dos lucros. Os empresários não tinham conversa: buscaram lucrar na marra, botando os preços lá em cima. Ora, é impossível que os empresários, como um todo, possam lucrar na base do simples aumento de preços. Quando alguém aumenta os preços, o outro aumenta também para compensar. Os trabalhadores querem salário maior só para compensar a perda com os aumentos gerais de preços. Os empresários aumentam os salários e, em seguida, sobem mais ainda os preços para reparar as perdas com a alfa de preços e salários. Vira um círculo vicioso. Resultado: o dinheiro vai perdendo o valor. Espiral inflacionária. E o pior é que geralmente os preços crescem mais rápido do que os salários. Portanto, quem mais perde com a inflação são os trabalhadores. Pois a inflação veio a jato, mas os salários andam a passo de cágado.

O general Ernesto Geisel era irmão do arquipoderoso general Orlando Geisel. Família unida é ditadura unida. Sua presidência ocorreu dentro desse panorama de crise econômica. Mesmo assim; Geisel se deu ao luxo de ter um ministro do Trabalho, Arnaldo Prieto, cuja mansão em Brasília, segundo o Jornal do Brasil, consumia, mensalmente, 954 kg de carne e 432 kg de manteiga, Que coisa: uma tonelada de bifes por mês, como devia ser gordo o ministro do Trabalho! Bem, com certeza os salários dos trabalhadores não eram tão gordos.

No meio da crise de energia, o Brasil teve a sorte de descobrir petróleo na bacia de Campos (RJ), em frente à cidade de Macaé. A Petrobrás pôde aumentar sua produção espetacularmente. Mas Geisel tinha também outros planos para resolver o problema energético: como não havia dinheiro no Brasil, a solução foi gastar mais dinheiro ainda. O acordo nuclear Brasil-Alemanha custou uma fortuna de bilhões de dólares. Para fazer usinas perigosíssimas num país onde 80% do potencial hidrelétrico ainda não foi aproveitado. Incrível, não? A usina de Angra dos Reis (RJ) fica exatamente entre os dois maiores centros industriais do país: São Paulo e Rio de Janeiro. Imagine se houvesse um acidente nuclear!

Na verdade, a velha Doutrina de Segurança Nacional continuava ativa. Geisel montou um acordo nuclear com a Alemanha porque acreditava que o Brasil precisava aprender a dominar a tecnologia capaz de produzir, num futuro próximo, a bomba atômica. Na mesma época, a Argentina, que vivia uma ditadura militar desde 1976, também sonhava com cogumelos nucleares. Guerra: coisa de gente que andou tomando uns cogumelos não exatamente nucleares, não é verdade?

No mesmo ano (1975), teve início o Projeto Pró-álcool. A idéia era substituir a gasolina pelo álcool combustível. Os usineiros se alegraram. As plantações de cana-de-açúcar foram ocupando tudo quanto é lugar, expulsando os camponeses moradores, acabando com as plantações de alimentos (tornando a comida mais cara) e despejando o poluente vinhoto nos rios. Nos anos 80, com a queda do preço mundial de petróleo, o Brasil ficou com uma enorme frota de carros movidos a um combustível caríssimo. Já em 1990, querendo melhores preços, os usineiros '`sumiriam" com o álcool. Na verdade, o álcool se revelou um combustível muito mais caro do que a gasolina (no posto, o álcool é mais barato porque é subsidiado, ou seja, o governo paga uma parte da conta. Mas onde arruma dinheiro para fazer essa caridade? Cobrando mais alto pela gasolina. Trocando em miúdos: quem tem carro a gasolina está ajudando a encher o tanque de quem tem carro a álcool). O que se viu nesses anos todos foi o governo emprestando milhões de dólares aos usineiros do Nordeste, do Rio de Janeiro e de São Paulo e depois perdoando as dívidas porque não suporta mais a choradeira dos produtores de álcool e açúcar. Enquanto isso, os cortadores de cana continuam passando fome.

Ora, por que não estimularam o transporte ferroviário e o fluvial, bem mais baratos, podendo, em alguns casos, usar energia elétrica? Não foi incompetência. Na verdade, desde Juscelino que uma das espinhas dorsais de nossa indústria é fabricação de automóveis e caminhões. As pressões das multinacionais desse setor forçaram o governo a abandonar outras opões de transporte. As estradas de ferro, tão importantes nos países desenvolvidos, foram relegadas a segundo plano pelo governo e as estatais deste setor tiveram seus recursos cortados.

O II PND (Segundo Plano Nacional de Desenvolvimento) - o I PND foi no governo Médici, sob a batuta do ministro Delfim Netto -, comandado pelo ministro da Fazenda, Mário Henrique Simonsen, e pelo do Planejamento, Reis Velloso, tinha como objetivo começar a substituir as importações de bens de capital (indústria de base). Para isso, o BNDE concedeu créditos generosos a empresas privadas do setor, mas principalmente as empresas estatais tiveram grande crescimento, especialmente a Eletrobrás (que comprou a multinacional Light and Power e levou adiante a construção da maior usina hidrelétrica do mundo, Itaipu, na fronteira com o Paraguai), a Embra tel ( tel efones, satélites de comunicações, tel evisão etc.), a Petrobrás e as estatais de aço. Tudo isso alimentado por uma dívida externa que aumentava sem parar. Em breve, os banqueiros viriam cobrar a dívida e os juros. Aí, a economia sentiria a fona de sucção dos interesses internacionais.

“Distensão ‘lenta, gradual e segura’ rumo à democracia”

Os resultados dos problemas econômicos foi que nas eleições para deputado federal e estadual e para o Senado, em 1974 e 1978, o MDB teve ótima votação. Um aviso claro para o pessoal da ditadura se mancar. O povo estava dizendo não ao regime.

No Alto Comando Militar, as divisões políticas se acentuaram. Uns achavam que a ditadura deveria ir afrouxando, acabando de modo lento e controlado. Talvez, para os ditadores saírem discretamente pelos fundos, sem ninguém correr atrás deles. Esses generais moderados e favoráveis ao gradual retorno à normalidade democrática eram chamados de cas tel istas, porque se sentiam continuadores de Cas tel lo Branco. Era o caso do próprio Geisel e do presidente seguinte, Figueiredo. Outros militares defendiam a “linha dura” - alguns desses eram civis -, e queriam apertar mais ainda. Costa e Silva e Médici, por exemplo, tinham sido de linha dura. Começou então um combate nos bastidores, entre os militares cas tel istas e os linha dura. E os linha dura bem que pegaram pesado.

Em outubro de 1975, o jornalista Vladimir Herzog, diretor de tel ejornalismo da TV Cultura de São Paulo , foi chamado para um interrogatório num quar tel do Exército, sede do DOI-CODI. Lá ficou, preso e incomunicável. Dias depois, a família recebeu a notícia de que ele havia “se suicidado”. Com um detalhe: teria de ser enterrado em um caixão lacrado, para que ninguém pudesse ver o estado do cadáver. Suicídio mesmo ou o corpo estava arrebentado pela tortura? No ano seguinte, o operário Manoel Fiel Filho sofreu o mesmo destino. A farsa era evidente: é óbvio que ambos tinham sido mortos por espancamento. Em homenagem a Herzog , o cardeal de São Paulo , D. Paulo Evaristo Arns, junto ao pastor James Wright e ao rabino Henri Sobel, dirigiu um culto religioso ecumênico (reunindo as religiões) em frente à catedral da Sé. Havia milhares de pessoas nesta que foi a primeira manifestação de massa desde 1968. Mostra clara de que a sociedade civil estava voltando para as ruas para protestar contra o arbítrio.

Indiretamente, Geisel reconheceu o crime. Não prendeu ninguém, mas exonerou o comandante do II Exército, responsável pelos acontecimentos. Deixava claro que não admitiria os atos violentos da linha dura. Em 1978, o Poder Judiciário daria ganho de causa à família de Herzog, botando a culpa na União. Sinal dos tempos. Claro que a esquerda não podia dar bobeira. A ditadura ainda existia. Um trágico exemplo disso foi o massacre da Lapa, quando agentes do Exército invadiram uma casa nesse bairro da capital paulista, em 1976, onde se realizava uma reunião secreta de dirigentes do PC do B. As pessoas nem puderam esboçar reação: foram exterminadas ali mesmo, covardemente. Apesar disso, Geisel apostava na distensão lenta e gradual. Para isso, teve de usar a habilidade para derrubar seus opositores de linha dura. A balança pendeu para o seu lado quando ele, num gesto fulminante, exonerou o general Sílvio Frota (1977), ministro do Exército, tido como de extrema direita e ligado à tortura.

A partir daí, a dureza do regime começou a diminuir bem devagar. Alguns militares eram favoráveis à distensão política porque realmente estavam imbuídos de convicções democráticas. Outros, não tão liberais, avaliavam que as Forças Armadas estavam começando a se desgastar ao se manter num governo que enfrentava uma crise econômica violenta. Geisel, portanto, tinha um plano claro: distensão lenta e gradual. Ou seja, abrir o regime bem devagarzinho e sem perder o comando sobre ele. Dentro deste espírito de distensão controlada, Geisel buscou evitar as vitórias eleitorais do MDB. Para isso, mudou as regras das eleições. Seu ministro da Justiça, Armando Falcão, famoso pela in tel igente proibição da transmissão, pela tevê, do balé Bolshoi de Moscou (bailarinos são presa fácil do comunismo?), inventou a tal Lei Falcão (1976), que dizia que a propaganda política na tevê só podia exibir uma foto 3X4 do candidato e seu currículo, lido por um locutor. Nada de um candidato do MDB aparecer na tel inha ou no rádio para criticar o governo e fazer propostas novas.

O natal de 1977 foi antecipado: Geisel fechou o Congresso e deu um presentinho para os brasileiros, o Pacotão de Abril. Lindas surpresas. Para começar, a cada eleição a Arena perdia mais deputados para o MDB. Em breve, o partido do governo não teria os 2/3 do Congresso necessários para mudar alguma coisa da Constituição. Então, o Pacotão determinava que a Constituição agora poderia ser modificada com apenas 50% dos votos dos congressistas mais um. Assim, a Arena (ainda maioria) garantia seu poder constitucional. No senado, o MDB também ameaçava. Resultado: o Pacotão determinou que um terço dos senadores passariam a ser biônicos, ou seja, escolhidos indiretamente pelas Assembléias Legislativas de cada Estado. Em outras palavras, a Arena já tinha garantido quase 1/3 do senado, os outros 2/3 seriam disputados com o MDB nas eleições normais, o Pacotão também alterou o quociente eleitoral, de modo que os estados do Nordeste, onde a população rural ainda era dominada pelos currais eleitorais, e portanto votava com a Arena, tivessem assegurado o direito de eleger um número maior de deputados para o Congresso. No sertão nordestino, chuva mesmo, só de deputados da Arena. O Pacotão fazia das eleições um jogo de futebol em que o dono da bola joga de um lado e, ao mesmo tempo, é juiz.

Em 1978 foi decretado o fim do AI-5, o que mostrava alguma boa vontade de Geisel com a distensão política, Mas antes de ele acabar com o ato arbitrário, usou o AI-5 para cassar diversos opositores. Mais ou menos como o pistoleiro que mata todo mundo e que, depois de acabarem as balas, resolve se arrepender do que fez. A garantia disso. tudo era a Lei de Segurança Nacional (LSN) que continuava sendo mantida.

Em política exterior, o Brasil baseou-se no chamado pragmatismo responsável: restabeleceu relações com países comunistas como a China, porque isso trazia vantagem comercial e diplomática. Em 1975, na África, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e Cabo Verde deixaram de ser colônias de Portugal. No poder, partidos de orientação marxista, apoiados por Cuba e URSS. Acontecia que o governo militar ainda seguia a visão da Doutrina de Segurança Nacional que sonhava em transformar o Brasil na grande potência que dominaria a América do Sul e o Sul da África. Por isso, o Brasil não teve conversa e apoiou os governos de esquerda em Angola e Moçambique , inclusive contrariando a vontade do governo racista da África do Sul e dos EUA. Na verdade, os EUA, do presidente Carter, andaram pressionando o governo militar brasileiro por causa da violação de direitos humanos (incluindo tortura e execução de presos políticos). Coisa de americanos: apoiaram o golpe de 64, depois mudaram de governo e passaram a criticar. Diante disso, e de olho no acordo nuclear Brasil – Alemanha, Geisel acabou rompendo um acordo militar Brasil-EUA. Isso mostra uma coisa muito importante: apesar de o regime militar brasileiro ter sido apoiado pelos EUA, tinha os olhos voltados para outros imperialismos, como o alemão, inglês, etc.

No final do seu governo, Geisel passou o bastão para o general Figueiredo. A crise continuava e as pressões populares pelas mudanças, também.

Bibliografia:

História do Brasil – Luiz Koshiba – Ed. Atual

História Crítica do Brasil – Mário Schmidt – Ed. Novos Tempos

História do Brasil – Boris Fausto – Ed. Difel



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Revista Veja

21 de março de 2009
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Caro leitor,

para ir diretamente ao índice completo da revista, o link é este: http://veja.abril.com.br/newsletter/newsletter.html


A capa de VEJA é sobre pedofilia, um dos crimes mais hediondos que as patologias mentais são capazes de planejar e executar. É monstruoso, para satisfazer um desejo, um adulto destruir psicologicamente uma vida que mal começa e subtrair dela as expectativas e as potencialidades futuras. Esse crime deveria ser punido com rigor no Brasil. Mas ocorre justamente o oposto. Essa modalidade criminosa é subnotificada nas delegacias brasileiras, e quando um caso chega ao conhecimento dos policiais raramente resulta em punição aos criminosos. A reportagem mostra que em muitas cidades do interior do Brasil a pedofilia é um esporte bárbaro a que se dedicam cidadãos poderosos, com a omissão e a submissão das pessoas de bem, que se calam por medo de atos de vingança.
http://veja.abril.com.br/250309/p_082.shtml

Uma situação em particular, a da cidade de Catanduva, no interior de São Paulo, é analisada pelos repórteres da revista. A cidade, de 100 000 habitantes, está na mira da CPI da Pedofilia e, na semana passada, foi visitada pelos senadores que investigam esses crimes. É um caso sério. O manto do silêncio caiu sobre a cidade. A delegada encarregada de investigar os crimes de pedofilia cometidos pelos poderosos locais cuidou de alertar um dos suspeitos de que o computador dele seria apreendido, dando-lhe tempo de apagar as provas de seus atos ilegais. As mães de crianças atacadas pelos predadores sexuais de Catanduva viram-se obrigadas a depor aos senadores escondidas sob capuzes para disfarçar sua identidade e, assim, tentar escapar de retaliações. Uma situação medieval de crueldade exercida por mandatários contra uma população indefesa. Em pleno século XXI. Em São Paulo, o estado mais rico, moderno e industrializado do Brasil. Ficarão impunes?

Em MEMÓRIA, a última entrevista dada a VEJA pelo estilista, apresentador de televisão e deputado federal por São Paulo Clodovil Hernandes, morto na semana passada em decorrência de um derrame cerebral. Clodovil foi uma personalidade de ampla exposição pública e sua imagem e retórica venenosa não deixavam ninguém indiferente. Ele conversou longamente com o repórter de VEJA Diego Escosteguy. Abaixo, uma amostra do que a revista publica na reportagem sobre a morte de Clodovil.
VEJA – A Câmara dos Deputados está cheia?
Clodovil – Cheia e suja. Quando entrei aqui, comprovei um monte de coisa que eu já imaginava. Na Câmara, tem muita gente trabalhando com o ordinário, com aquilo que não precisaria, vendendo o país, vendendo a si mesma. Eu estou aqui para trabalhar. A maioria está aqui para se aproveitar das benesses da posição. Para conviver com essa gente toda, eu tenho de acreditar nos poderes nos quais acredito, que são mais fortes do que as atitudes deles. Eu gostaria de consertar a Câmara, mudar Brasília. Pode ser meu legado. Não sei como alguém pode ter prazer em esconder dinheiro na cueca, em levar dinheiro em malas. Não consigo entender para quê. Sei que as minhas idéias são meio utópicas, mas é preciso sonhar. Clique aqui para ler a entrevista completa.
http://veja.abril.com.br/250309/p_092.shtml

Em diversas matérias, a presente edição de VEJA discute o estado atual da economia mundial, em especial a viabilidade do sistema capitalista depois do choque mundial provocado pelo colapso do sistema financeiro americano.


Um bom resumo do que se lerá na revista foi dado pela Carta ao Leitor:
"Desde o estouro da bolha americana, em setembro do ano passado, e a feroz crise financeira e econômica mundial que se seguiu, uma questão anda cada vez mais presente na cabeça das pessoas: afinal, a iniciativa privada e seu modo de produção, o capitalismo, baseado na perseguição individualista da riqueza, são o mal do mundo? Quatro matérias desta edição – duas reportagens, a entrevista das Páginas Amarelas com Gordon Brown, primeiro-ministro da Inglaterra, e a coluna do economista Maílson da Nóbrega – abordam essa perplexidade e, cada uma a sua maneira, dão a ela respostas realistas e satisfatórias. Brown diz com sabedoria que "os mercados devem ser livres, mas não livres dos valores éticos". Maílson lembra que toda a discussão atual visa a restituir a função essencial do capitalismo, "que é direcionar os recursos da sociedade aos fins mais produtivos".
http://veja.abril.com.br/250309/cartaleitor.shtml

Uma reportagem da editoria de Economia de VEJA (http://veja.abril.com.br/250309/p_076.shtml) fala da indignação geral com o pagamento de bônus milionários a empresas falimentares dos Estados Unidos salvas com dinheiro público e discute se a "santidade dos contratos", um dos pilares da economia de mercado, prevalece sobre a ética do senso comum, agravada nesse caso. A outra reportagem (http://veja.abril.com.br/250309/p_080.shtml) foi feita com base em uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) com membros das elites econômica, política e intelectual de países sul-americanos. Os números da pesquisa mostram que onde há estabilidade, como no Brasil, empresários e autoridades tendem a concordar no essencial, que a economia funciona bem quando os governos regulam os mercados mas é um desastre quando os querem substituir.
Ou seja, as notícias sobre a morte do capitalismo foram grandemente exageradas, como diria Mark Twain.

Meu caro leitor, fico por aqui.

Se quiser mandar-me comentários, sugestões e críticas, por favor, use o endereço
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Um forte abraço e até a próxima semana,

Eurípedes Alcântara
Diretor de Redação



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Revista Veja


21 de março de 2009



Eurípedes Alcântara

Diretor de Redação Caro leitor,

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A capa de VEJA é sobre pedofilia, um dos crimes mais hediondos que as patologias mentais são capazes de planejar e executar. É monstruoso, para satisfazer um desejo, um adulto destruir psicologicamente uma vida que mal começa e subtrair dela as expectativas e as potencialidades futuras. Esse crime deveria ser punido com rigor no Brasil. Mas ocorre justamente o oposto. Essa modalidade criminosa é subnotificada nas delegacias brasileiras, e quando um caso chega ao conhecimento dos policiais raramente resulta em punição aos criminosos. A reportagem mostra que em muitas cidades do interior do Brasil a pedofilia é um esporte bárbaro a que se dedicam cidadãos poderosos, com a omissão e a submissão das pessoas de bem, que se calam por medo de atos de vingança.
Uma situação em particular, a da cidade de Catanduva, no interior de São Paulo, é analisada pelos repórteres da revista. A cidade, de 100 000 habitantes, está na mira da CPI da Pedofilia e, na semana passada, foi visitada pelos senadores que investigam esses crimes. É um caso sério. O manto do silêncio caiu sobre a cidade. A delegada encarregada de investigar os crimes de pedofilia cometidos pelos poderosos locais cuidou de alertar um dos suspeitos de que o computador dele seria apreendido, dando-lhe tempo de apagar as provas de seus atos ilegais. As mães de crianças atacadas pelos predadores sexuais de Catanduva viram-se obrigadas a depor aos senadores escondidas sob capuzes para disfarçar sua identidade e, assim, tentar escapar de retaliações. Uma situação medieval de crueldade exercida por mandatários contra uma população indefesa. Em pleno século XXI. Em São Paulo, o estado mais rico, moderno e industrializado do Brasil. Ficarão impunes?


Em MEMÓRIA, a última entrevista dada a VEJA pelo estilista, apresentador de televisão e deputado federal por São Paulo Clodovil Hernandes, morto na semana passada em decorrência de um derrame cerebral. Clodovil foi uma personalidade de ampla exposição pública e sua imagem e retórica venenosa não deixavam ninguém indiferente. Ele conversou longamente com o repórter de VEJA Diego Escosteguy. Abaixo, uma amostra do que a revista publica na reportagem sobre a morte de Clodovil.
VEJA – A Câmara dos Deputados está cheia?
Clodovil – Cheia e suja. Quando entrei aqui, comprovei um monte de coisa que eu já imaginava. Na Câmara, tem muita gente trabalhando com o ordinário, com aquilo que não precisaria, vendendo o país, vendendo a si mesma. Eu estou aqui para trabalhar. A maioria está aqui para se aproveitar das benesses da posição. Para conviver com essa gente toda, eu tenho de acreditar nos poderes nos quais acredito, que são mais fortes do que as atitudes deles. Eu gostaria de consertar a Câmara, mudar Brasília. Pode ser meu legado. Não sei como alguém pode ter prazer em esconder dinheiro na cueca, em levar dinheiro em malas. Não consigo entender para quê. Sei que as minhas idéias são meio utópicas, mas é preciso sonhar. Clique aqui para ler a entrevista completa.

Em diversas matérias, a presente edição de VEJA discute o estado atual da economia mundial, em especial a viabilidade do sistema capitalista depois do choque mundial provocado pelo colapso do sistema financeiro americano.


Um bom resumo do que se lerá na revista foi dado pela Carta ao Leitor:
"Desde o estouro da bolha americana, em setembro do ano passado, e a feroz crise financeira e econômica mundial que se seguiu, uma questão anda cada vez mais presente na cabeça das pessoas: afinal, a iniciativa privada e seu modo de produção, o capitalismo, baseado na perseguição individualista da riqueza, são o mal do mundo? Quatro matérias desta edição – duas reportagens, a entrevista das Páginas Amarelas com Gordon Brown, primeiro-ministro da Inglaterra, e a coluna do economista Maílson da Nóbrega – abordam essa perplexidade e, cada uma a sua maneira, dão a ela respostas realistas e satisfatórias. Brown diz com sabedoria que "os mercados devem ser livres, mas não livres dos valores éticos". Maílson lembra que toda a discussão atual visa a restituir a função essencial do capitalismo, "que é direcionar os recursos da sociedade aos fins mais produtivos".


Uma reportagem da editoria de Economia de VEJA fala da indignação geral com o pagamento de bônus milionários a empresas falimentares dos Estados Unidos salvas com dinheiro público e discute se a "santidade dos contratos", um dos pilares da economia de mercado, prevalece sobre a ética do senso comum, agravada nesse caso. A outra reportagem foi feita com base em uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) com membros das elites econômica, política e intelectual de países sul-americanos. Os números da pesquisa mostram que onde há estabilidade, como no Brasil, empresários e autoridades tendem a concordar no essencial, que a economia funciona bem quando os governos regulam os mercados mas é um desastre quando os querem substituir.
Ou seja, as notícias sobre a morte do capitalismo foram grandemente exageradas, como diria Mark Twain.

Meu caro leitor, fico por aqui.

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Um forte abraço e até a próxima semana,


Eurípedes Alcântara
Diretor de Redação




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