Compas,

     Enquanto Dilma continua fazendo seus acordos espúrios com os setores mais asquerosamente conservadores da política nacional (a indicação de Crivella para o ministério da pesca é apenas a ponta mais saliente deste fétido iceberg) e o governo do  PT/PCdoB não mede esforços (ataques à laicidade do Estado, abandono das bandeiras históricas da luta contra opressão e da defesa do aborto, por exemplo) para emplacar seu candidato em São Paulo e, por isso mesmo, não quer nem "ouvir falar" ou lembrar o "kit anti-homofobia", jovens como o estudante capixaba continuam a mercê da homofobia, nome correto para aquilo que a matéria chama de "bullying". E, lamentavelmente, sabemos que não são poucos os que como Roliver se veem sem saida. Contudo, lamentar mais esta morte "sem sentido" não pode ser nossa única reação.

     Esta triste comprovação de que o suicídio provocado por homofobia é uma das principais causas da morte de adolescentes não pode só causar indignação. Nossa revolta diante de mais esta morte de "um dos nossos", que, com certeza, mal conseguiu sentir o que é a vida, tem que ecoar como um grito de protesto. Um grito para intensificar a luta pelo PLC 122, que fica cada vez mais distante dos planos do governo na medida em que a negociata eleitoral se intensifica. Uma sonora reafirmação da necessidade do "kit" (e, se antecipando ao governo, a imediata aplicação daqueles que vêm sendo criados pelo movimento).

     Como também, não é possível que não apontemos todos os responsáveis por mais esta tragédia. Dos seus carrascos e algozes ao sistema escolar que nada ou muito pouco faz para combater a homofobia (o que só geralmente ocorre quando os profissionais da educação tomam a tarefa em suas mãos). Dos meios de comunicação que "ensinam" as crianças a hostilizar os gays e todos os que não se enquadram no seu padrão (branco-hétero-sarado e suas poucas variantes), aos fundamentalistas religiosos de todas as matizes, mas particularmente as cristãs, que transformaram os pulpitos e templos em palanques para disseminar o ódio e o preconceito. Do Estado brasileiro àqueles que hoje o gerenciam, com Dilma a frente do pelotão. Todos tem sua parcela de culpa pela morte de Roliver.

     E o mínimo que devemos a ele, seus familiares e  amigos, é fazer com a dor que o levou a um ato de tamanho desespero não seja esquecida. Pelo contrário. Que era se transforme em revolta, em ações, em protesto. Esta é a melhor forma de homenageá-lo, e a única para fazer com que outros tantos não sigam pelo mesmo caminho que ele viu como a única saída.

     Wilson
     Quilombo Raça e Classe
    

02/03/201212h59

Estudante de 12 anos comete suicídio em Vitória após sofrer bullying na escola

Do UOL*, em São Paulo 
Um menino de 12 anos se suicidou em Vitória, no Espírito Santo, após ser alvo de bullying na escola. Segundo relatos, o aluno era humilhado, empurrado e xingado de "gay", "bicha" e "gordinho" pelos colegas. As informações são da Folha Vitória.
O delegado Josemar Antonio Sperandio, da Delegacia de Homicídios de Vitória, disse que a polícia não confirma se a motivação do suicídio foi mesmo bullying, uma vez que o caso ainda está sendo investigado.

O suicídio aconteceu no dia 17 de fevereiro. De acordo com um aluno da escola, as crianças fizeram uma roda ao redor de Roliver de Jesus dos Santos e começaram a hostilizar o garoto. Quando voltou para casa, o estudante se enforcou com o cinto da mãe. Ele foi encontrado desacordado pelo pai, chegou a ser socorrido, mas não resistiu.

Os pais do garoto já haviam pedido transferência de escola para ele e os outros dois filhos, porém a mãe não efetuou a troca, pois a secretaria de educação disponibilizou uma unidade escolar diferente para cada um.

Segundo informações da Folha Vitória, Roliver deixou uma carta pedindo desculpas pelo ato e disse que não entendia por que era alvo de tantas humilhações.

(*Com informações da Folha Vitória)