sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Filme


Música “Um Brinde” é trilha sonora de filme sobre alcoolismo

Estudantes utilizam rap como trilha sonora de curta-metragem sobre prostituição e alcoolismo

Ilhéus, BA - Inspirado pelo cotidiano no morro onde vive, na cidade de Ilhéus, na Bahia, o estudante Tiago Casaes Santos, 20 anos, conhecido como Pato resolveu abordar o alcoolismo e a prostituição no filme “2 Lados da Moeda 2: Sem País das Maravilhas”.

A união da realidade com a ficção é embalada, musicalmente pela música “Um Brinde”, que fala sobre a indústria do álcool, os “senhores do engenho” e a degradação social, causada pela bebida e foi lançada recentemente no álbum Mudança, pelo grupo Inquérito.

No papel de um alcoólatra, ele conta que pretende estudar cinema e se especializar na profissão, contudo, revela que foi o rap que o levou a fazer filmes. “Em 2007 eu ouvi, num CD arranhado do meu irmão, pela primeira vez a música ‘Menino do Morro’  do Facção Central e desde então passei a curtir”, revela.

O curta-metragem de 24 minutos deve concorrer, no próximo ano, ao Festival Baiano de Cinema e neste recebeu trofeus do Governo Estadual o prêmio de melhor filme e melhor trilha sonora.

Além da canção central, outros raps foram usados na trilha do material, produzido para a nota da disciplina de história no Colégio Estadual Antonio Sá Pereira, como “Um gole de veneno” do grupo Facção Central também foram usadas no “background” de algumas cenas, bem como as canções “Até os gladiador chorou”, “Quando o tiro do fuzil disparar” e “Ao menos uma vez” do grupo Realidade Cruel.

Outras músicas como “Amor e Ódio” e “Prova de Fogo” da já falecida Dina Di também fazem parte da trilha, bem como “Quem nunca Errou”, do Poetas Modernas, A286: Enquanto houver motivo. Na parte da prostituição, as canções “Estupradores Malditos” do grupo Disparo legal e “O final quem escreve é você” de Gustavo Bina foram utilizadas.

A partir do próximo ano o filme deve ser exibido em outras unidades educacionais e casas de recuperação para dependentes químicos.

Esta é a segunda obra audiovisual que traz a música “Um Brinde” como temática. O grupo tem o lançamento do videoclipe previsto para o início de 2011, que foi filmado na região interiorana de São Paulo pelo diretor Vras77, conhecido no universo do hip-hop por revolucionar a maneira de fazer clipes na periferia.

[+] Links no youtube: http://www.youtube.com/watch?v=2d2jcu4WzBA
[+] Link para baixar a música: www.4shared.com/audio/Eni5q04-/Inqurito-_Um_brinde.htm


--
Postado por Hip-Hop de Fato no [ Portal Hip Hop de Fato ] em 2/03/2011 01:00:00 PM
__._,_.___

Biblioteca Digital


Já está disponível na Internet, através do site  www.wdl.org
 
Reúne mapas, textos, fotos, gravações e filmes de todos os tempos e
explica em sete idiomas as jóias e relíquias culturais de todas as
bibliotecas do planeta.
 
Tem, sobretudo, caráter patrimonial" , antecipou em LA NACION
Abdelaziz Abid, coordenador do projecto impulsionado pela UNESCO e
outras 32 instituições. A BDM não oferecerá documentos correntes, a
não ser "com valor de  patrimônio, que permitirão apreciar e conhecer
melhor as culturas do mundo em idiomas diferentes:árabe, chinês,
inglês, francês, russo, espanhol e português. Mas há documentos em
linha em mais de 50 idiomas".
O acesso é gratuito e os usuários podem ingressar directamente pela
Web , sem necessidade de se registrarem.
 
Permite ao internauta orientar a sua busca por épocas, zonas
geográficas, tipo de documento e instituição. O sistema propõe as
explicações em sete idiomas (árabe, chinês, inglês, francês, russo,
espanhol e português), embora os originas existam na sua língua
original.
Duas regiões do mundo estão particularmente bem representadas:
 
América Latina e Médio Oriente. Isso deve-se à activa participação da
Biblioteca Nacional do Brasil, à biblioteca de Alexandria no Egipto e
à Universidade Rei Abdulá da Arábia Saudita.
 
A estrutura da BDM foi decalcada do projecto de digitalização da
Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, que começou em 1991 e
atualmente contém 11 milhões de documentos em linha.
 
Os seus responsáveis afirmam que a BDM está sobretudo destinada a
investigadores, professores e alunos. Mas a importância que reveste
esse sítio vai muito além da incitação ao estudo das novas gerações
que vivem num mundo audio-visual.

Via fatimapires90@hotmail.com
 
josé ricardo

 
__._,_.___

África

África, o continente de todos

Grande parte da humanidade olha para a África como quem oha pela janela (de um hotel de 5 estrelas) e não como quem olha para o espelho. No entanto, toda a história mundial tem seu espelho na Africa. Todos os outros continentes - América, Ásia - foram espoliados para que a Europa pudesse trilhar as chamadas revoluções comercial e industrial, no processo de acumulação primitiva. Mas nenhum continente sofreu, além da dilapidação dos seus recursos naturais, da opressão das suas culturas e dos seus povos, a escravidão nas proporções de genocídio que ela assumiu na Africa.



Praticamente toda a população adulta da Africa foi submetida à degradante situação de serem levados como gado para trabalhar como escravos, como seres inferiores, para produzir riquezas para a elite branca europeia. O destino da África ficou comprometido pelo colonialismo, pela escravidão e pelas diversas formas de imperialismo. Foi também vítima privilegiada do racismo, da discriminação contra os negros, disseminada pela elite branca por todo o mundo.



A África do Sul, o país economicamente mais desenvolvido do continente, até pouco tempo ainda sofria o apartheid. Mas as elites brancas do mundo consideram a África um caso de continente vítima de si mesma: do tribalismo, do atraso, dos conflitos étnicos, dos massacres, das epidemias, das catástrofes. Tentam fazer a África vítima da natureza e não vítima da história - da colonização, da escravidão, do imperialismo. Um caso perdido, para as potências imperiais. Um caso de opressão, exploração, discriminação.



Hoje a África tornou-se abastecedor de matérias primas para as potências da globalização, que continuam a extrair os recursos naturais por meio de grandes corporações ou diretamente de governos. As mesmas potências que, na Conferência de 1890 concluíram a repartição do continente entre eles, fatiando-o com regra e compasso, hoje disputam entre si os recursos que alimentam seus processos de industrialização e de consumismo exacerbado.



Os colonizadores e os imperialistas não consideram que sejam devedores da África, que devam contemplar como continente privilegiado no apoio dos outros, por tudo ao que submeteram os países e os povos africanos.



Podemos julgar a política externa de cada governo e a visão de cada povo do mundo pela atitude que têm com a África. Ao invés de continente marginal, deveria ocupar o lugar central nas relações internacionais contemporâneas. Toda politica externa que não privilegia a Africa, está errada.





-----Anexo incorporado-----





_______________________________________________

Cartaoberro mailing list

Cartaoberro@serverlinux.revistaoberro.com.br

http://serverlinux.revistaoberro.com.br/mailman/listinfo/cartaoberro

Afropress



repassando.gif
logo2008.jpg
titIntcolunista2.jpg
Polícia de S. Paulo enquadra seguranças na Lei da Tortura
Por: Redação - Fonte: Afropress - 4/2/2011
S. Paulo - Os seis seguranças e funcionários do Supermercado Carrefour que, em agosto de 2009, perseguiram e espancaram o vigilante da USP, Januário Alves de Santana, tomando-o por suspeito do roubo do seu próprio carro – um EcoSport – cometeram crime de tortura, previsto na Lei 9.455/97, segundo a Polícia Civil de S. Paulo. Cinco deles já foram formalmente indiciados e podem pegar, se condenados, até 8 anos de prisão.
O sexto – o ex-funcionário do Carrefour Dárcio Alves dos Santos – entrou com Habeas Corpus preventivo, na 2ª Vara Criminal de Osasco, tentando se livrar do indiciamento. A Juíza Isabel Irlanda Corrêa, ainda não decidiu.
Segundo o delegado Léo Francisco Salem Ribeiro, do 9º DP de Osasco, que preside a investigação já concluída, não há nenhuma dúvida de que crime cometeram os acusados.
“Restou cristalino que Januário Alves de Santana foi submetido a intenso sofrimento físico e mental a fim de obter sua confissão. Angustiante perceber que (o que motivou) a empreitada foi a discriminação racial", afirma no despacho em que formaliza o indiciamento, que foi juntado ao Inquérito 302/2009.
“Os algozes pretendiam humilhar e dilacerar a alma da vítima, pois diziam “cala a boca, seu neguinho (...) Nós vamos te matar de porrada”. Santana oscilou em intervalos de lucidez e perda de consciência oriundos da tortura sofrida”, acrescentou o delegado no despacho, apontando “o emprego de violência para obter informação ou confissão, em razão de discriminação racial”, conforme prevê a Lei da Tortura.
O delegado, que preside o inquérito também concluiu que os três policiais militares que atenderam a ocorrência, sob o comando do soldado José de Pina Neto, praticaram o crime de omissão de socorro, previsto no art. 135 do Código Penal brasileiro.
Defesa

Para o advogado do caso, Dojival Vieira, a decisão da Polícia Civil de S. Paulo, representa uma vitória do seu cliente na luta pela responsabilização criminal dos agressores e por Justiça. O caso foi inicialmente tratado como sendo lesão corporal dolosa.
“O acordo extra-judicial, fruto do diálogo e de negociações, em que a empresa indenizou Januário e seus familiares em condições por eles consideradas plenamente satisfatórias, foi o primeiro passo. Agora, com a conclusão da Polícia de que foi praticado o crime de tortura, é com o Poder Judiciário. Confiamos que a Justiça processe, julge e condene os que atacaram de forma covarde, e sem qualquer chance de defesa, e ainda tentaram forçar o meu cliente a confessar o roubo do seu próprio carro, por motivação racial, já que a suspeita decorreu do fato de Januário ser um negro com aparência humilde na direção de um EcoSport. Repito: Confiamos na Justiça”, afirmou.
Tortura e barbárie
O caso aconteceu no dia 07 de agosto de 2009, por volta das 22h15, na loja do Carrefour, da Avenida dos Autonomistas, e chocou o país. Santana, na direção do seu EcoSport comprado à prestações, na companhia da mulher, Maria dos Remédios Alves de Santana, de uma irmã, um cunhado e dois filhos pequenos, chegou ao supermercado para fazer compras como fazia habitualmente.
Foi tomado por suspeito de ser um puxador de carros – gíria policial para ladrões de carro em lugares públicos – por ser negro e está na direção de um veículo, cuja posse é associada a pessoas de classe média.
Perseguido, sob a mira de revólveres tentou se refugiar na loja. Foi alcançado e levado para um corredor, onde, por cerca de 30 minutos foi espancado com socos, cabeçadas, esganaduras, coronhadas pelos seguranças para que confessasse o roubo.
No despacho do indiciamento que tem data de 18 de novembro passado, o delegado Salém Ribeiro, descreve a sessão de torturas e o sofrimento físico intenso a que o vigilante foi submetido.
Em conseqüência, perdeu a prótese, arrancada a socos e teve fratura no maxilar esquerdo, sendo obrigado a passar por uma cirurgia com anestesia geral no Hospital Universitário da USP.
Januário precisou ainda de acompanhamento psicológico durante os meses que se seguiram a agressão porque disse que "tinha medo de sair à rua".
Caso inédito
Para o ex-Secretário de Justiça de S. Paulo, Hédio Silva Jr., a decisão da Polícia de indiciar os seguranças é inédita no país. "Sinaliza que as autoridades começam a reconhecer a gravidade dos casos de racismo e dar o tratamento merecido a eles. Não foi "constrangimento ilegal" nem "lesão corporal dolosa". Foi tortura. É exemplar.”, afirmou, relatando que, em 1,2 mil processos judiciais de discriminação racial analisados pelo Centro de Estados das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT), no período entre 1.997 e 2010, não há nenhum inquérito baseado na Lei 9455/97, a Lei da Tortura. “E um caso inédito e emblemático”, concluiu.

Egito

Os dissidentes “techies” que mostraram aos egípcios como se organizar

04/02/2011  (Carlos Alberto Teixeira)

Acabo de falar por telefone com Ahmed Maher, um dos dissidentes “techies” que mostraram aos egípcios como se organizar nos protestos em andamento no Egito. Ele me atendeu no celular no meio da gritaria dos protestos na Praça Tahrir, no Cairo.
— Temos mais de 2 milhões de pessoas aqui na praça, mais 700 mil protestando em Alexandria, e mais centenas e dezenas de milhares em todas as maiores cidades do Egito. O movimento não para de crescer e esperamos derrubar Mubarak em pouco tempo — disse entusiasmado.
Continua... 
 
josé ricardo

Lei da Tortura

repassando.gif

De: Priscila
Para: afrodescendentesantos@yahoo.com.br
Enviadas: Segunda-feira, 7 de Fevereiro de 2011 18:54:38
Assunto: Re: Polícia de S. Paulo enquadra seguranças na Lei da Tortura
Parabéns por mais essa vitória !!
Dignidade e respeito,vivemos em um País onde as diversidades raciais deveriam ser respeitadas mas não são! ABRAÇOS !!

Em 7 de fevereiro de 2011 12:21, PRODUÇÃO DE CULTURA NEGRA <afrodescendente@ibest.com.br> escreveu:

logo2008.jpg
titIntcolunista2.jpg
Polícia de S. Paulo enquadra seguranças na Lei da Tortura
Por: Redação - Fonte: Afropress - 4/2/2011
S. Paulo - Os seis seguranças e funcionários do Supermercado Carrefour que, em agosto de 2009, perseguiram e espancaram o vigilante da USP, Januário Alves de Santana, tomando-o por suspeito do roubo do seu próprio carro – um EcoSport – cometeram crime de tortura, previsto na Lei 9.455/97, segundo a Polícia Civil de S. Paulo. Cinco deles já foram formalmente indiciados e podem pegar, se condenados, até 8 anos de prisão.
O sexto – o ex-funcionário do Carrefour Dárcio Alves dos Santos – entrou com Habeas Corpus preventivo, na 2ª Vara Criminal de Osasco, tentando se livrar do indiciamento. A Juíza Isabel Irlanda Corrêa, ainda não decidiu.
Segundo o delegado Léo Francisco Salem Ribeiro, do 9º DP de Osasco, que preside a investigação já concluída, não há nenhuma dúvida de que crime cometeram os acusados.
“Restou cristalino que Januário Alves de Santana foi submetido a intenso sofrimento físico e mental a fim de obter sua confissão. Angustiante perceber que (o que motivou) a empreitada foi a discriminação racial", afirma no despacho em que formaliza o indiciamento, que foi juntado ao Inquérito 302/2009.
“Os algozes pretendiam humilhar e dilacerar a alma da vítima, pois diziam “cala a boca, seu neguinho (...) Nós vamos te matar de porrada”. Santana oscilou em intervalos de lucidez e perda de consciência oriundos da tortura sofrida”, acrescentou o delegado no despacho, apontando “o emprego de violência para obter informação ou confissão, em razão de discriminação racial”, conforme prevê a Lei da Tortura.
O delegado, que preside o inquérito também concluiu que os três policiais militares que atenderam a ocorrência, sob o comando do soldado José de Pina Neto, praticaram o crime de omissão de socorro, previsto no art. 135 do Código Penal brasileiro.
Defesa

Para o advogado do caso, Dojival Vieira, a decisão da Polícia Civil de S. Paulo, representa uma vitória do seu cliente na luta pela responsabilização criminal dos agressores e por Justiça. O caso foi inicialmente tratado como sendo lesão corporal dolosa.
“O acordo extra-judicial, fruto do diálogo e de negociações, em que a empresa indenizou Januário e seus familiares em condições por eles consideradas plenamente satisfatórias, foi o primeiro passo. Agora, com a conclusão da Polícia de que foi praticado o crime de tortura, é com o Poder Judiciário. Confiamos que a Justiça processe, julge e condene os que atacaram de forma covarde, e sem qualquer chance de defesa, e ainda tentaram forçar o meu cliente a confessar o roubo do seu próprio carro, por motivação racial, já que a suspeita decorreu do fato de Januário ser um negro com aparência humilde na direção de um EcoSport. Repito: Confiamos na Justiça”, afirmou.
Tortura e barbárie
O caso aconteceu no dia 07 de agosto de 2009, por volta das 22h15, na loja do Carrefour, da Avenida dos Autonomistas, e chocou o país. Santana, na direção do seu EcoSport comprado à prestações, na companhia da mulher, Maria dos Remédios Alves de Santana, de uma irmã, um cunhado e dois filhos pequenos, chegou ao supermercado para fazer compras como fazia habitualmente.
Foi tomado por suspeito de ser um puxador de carros – gíria policial para ladrões de carro em lugares públicos – por ser negro e está na direção de um veículo, cuja posse é associada a pessoas de classe média.
Perseguido, sob a mira de revólveres tentou se refugiar na loja. Foi alcançado e levado para um corredor, onde, por cerca de 30 minutos foi espancado com socos, cabeçadas, esganaduras, coronhadas pelos seguranças para que confessasse o roubo.
No despacho do indiciamento que tem data de 18 de novembro passado, o delegado Salém Ribeiro, descreve a sessão de torturas e o sofrimento físico intenso a que o vigilante foi submetido.
Em conseqüência, perdeu a prótese, arrancada a socos e teve fratura no maxilar esquerdo, sendo obrigado a passar por uma cirurgia com anestesia geral no Hospital Universitário da USP.
Januário precisou ainda de acompanhamento psicológico durante os meses que se seguiram a agressão porque disse que "tinha medo de sair à rua".
Caso inédito
Para o ex-Secretário de Justiça de S. Paulo, Hédio Silva Jr., a decisão da Polícia de indiciar os seguranças é inédita no país. "Sinaliza que as autoridades começam a reconhecer a gravidade dos casos de racismo e dar o tratamento merecido a eles. Não foi "constrangimento ilegal" nem "lesão corporal dolosa". Foi tortura. É exemplar.”, afirmou, relatando que, em 1,2 mil processos judiciais de discriminação racial analisados pelo Centro de Estados das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT), no período entre 1.997 e 2010, não há nenhum inquérito baseado na Lei 9455/97, a Lei da Tortura. “E um caso inédito e emblemático”, concluiu.

Ditadura Amiga

Essas “ditaduras amigas”

Por Ignacio Ramonet
[07 de fevereiro de 2011 - 12h09]

Ditadura, na Tunísia? No Egito, uma ditadura? Vendo as mídias se regozijando com a palavra “ditadura” aplicada à Tunísia de Ben Ali e ao Egito de Mubarak, devemos nos perguntar se de fato entendemos ou lemos bem. Não insistiram durante décadas, estas mesmas mídias e estes mesmos jornalistas que esses dois “países amigos” eram “Estados moderados”? A horrível palavra “ditadura” não estava exclusivamente reservada, no mundo árabe muçulmano (depois da destruição da “espantosa tirania de Saddam Hussein no Iraque) somente ao regime iraniano? Como? Havia então outras ditaduras na região? E as mídias de nossa exemplar democracia ocultaram isto de nós?

Eis aqui, em todo caso, um primeiro abrir de olhos que devemos ao rebelde povo tunisiano. Sua prodigiosa vitória liberou os europeus da “retórica hipócrita e de ocultamento” em vigor nas nossas relações exteriores e em nossas mídias. Obrigados a retirar a máscara, simulam descobrir o que sabíamos desde algum tempo (1), que as “ditaduras amigas” não são mais do que isto: regimes de opressão. Sobre o assunto, os meios de comunicação não fizeram outra coisa que não seguir a “linha oficial”: fechar os olhos ou olhar para o outro lado confirmando a idéia de que a imprensa não é livre salvo em relação com os débeis e com as pessoas isoladas. Por acaso Nicolas Sarkozy não teve a serenidade para assegurar que na Tunísia “havia um desespero, um sofrimento, um sentimento de afogamento que há de se reconhecer que não havíamos apreciado em sua justa proporção”, no que diz respeito ao sistema mafioso do clã Ben Ali-Trabelsi?

“Não havíamos apreciado em sua justa proporção...” Em 23 anos... Apesar de contar ali com serviços diplomáticos mais prolíficos que os de qualquer outro país... Apesar de a colaboração com todos os setores da segurança (polícia civil, polícia militar, serviço de inteligência...) (2). Apesar da permanência regular de altos responsáveis políticos e midiáticos que estabeleciam ali tranquilamente suas casas de verão... Apesar da existência, na França, de dirigentes exilados da oposição tunisiana, mantidos à margem como doentes pelas autoridades francesas e com acesso proibido durante décadas aos grandes meios de comunicação...

Democracia desastrosa

Na realidade, estes regimes autoritários foram (e seguem sendo) complacentemente protegidos pelas democracias européias, desprezando seus próprios valores, sob o pretexto de que constituem uma defesa contra o islamismo radical (3). O mesmo argumento cínico usado pelo Ocidente durante a Guerra Fria, para apoiar ditaduras militares na Europa (Espanha, Portugal, Grécia, Turquia) e na América Latina pretendendo impedir a chegada do comunismo ao poder.

Que formidável lição dão as sociedades árabes revolucionárias àqueles que na Europa os descreviam com termos maniqueístas, ou seja, como massas dóceis submetidas a príncipes orientais corruptos ou como multidões histéricas possuídas pelo fanatismo religioso! E eis aqui que de repente elas surgem nas telas de nossos computadores ou de nossos televisores (cf.: o trabalho admirável da Al-Jazeera), preocupadas com o progresso social, nada obcecadas pela questão religiosa, sedentas por liberdade, sobrecarregadas pela corrupção, detestando as desigualdades e clamando democracia para todos, sem exclusões.

Longe das caricaturas binárias, estes povos não constituem de modo algum uma espécie de “exceção árabe”, mas se assemelham em suas aspirações políticas ao resto das ilustradas sociedades urbanas modernas. Um terço dos tunisianos e quase um quarto dos egípcios navegam regularmente pela internet. Como afirma Moulay Hicham El Alaoui: “Os novos movimentos já não estão marcados por velhos antagonismos como anti-imperialismo, anti-colonialismo ou anti-laicismo. As manifestações da Tunísia ou do Cairo têm estado desprovidas de todo símbolo religioso. Constituem uma ruptura geracional que refuta a tese do excepcionalismo árabe. Ademais, são as novas metodologias da comunicação da internet que incentivam estes movimentos. Eles propõem uma nova versão da sociedade civil na qual a recusa ao autoritarismo caminha de mãos dadas com a recusa à corrupção (4)”.

Especialmente graças às redes sociais digitais, as sociedades tanto da Tunísia quanto do Egito se mobilizaram com grande rapidez e puderam desestabilizar o poder em tempo recorde. Mesmo antes que os movimentos tivessem a oportunidade de “amadurecer” e de favorecer o surgimento de novos dirigentes dentro deles. É uma das raras ocasiões na qual sem líderes, sem organização dirigente e sem programa, a simples dinâmica da exasperação das massas bastou para conseguir o triunfo de uma revolução. Trata-se de um movimento frágil e sem dúvida as potências já estarão trabalhando, especialmente no Egito, para que “tudo se modifique sem que nada mude” segundo o velho adágio de Il Gattopardo. Estes povos que conquistaram sua liberdade devem relembrar a advertência de Balzac, “Se matará a imprensa como se mata a um povo, dando-lhe a liberdade” (5). Nas “democracias vigiadas” é muito mais fácil domesticar legitimamente um povo do que nas antigas ditaduras. Porém, isto não justifica sua manutenção. Nem deve amortecer o ardor de derrubar uma tirania.

O naufrágio da ditadura tunisiana foi tão veloz que os demais povos Magrebinos e árabes chegaram à conclusão de que estas autocracias – as mais velhas do mundo – estavam, na realidade, profundamente corroídas e não eram por tanto mais que “tigres de papel”. Esta demonstração se verificou também no Egito.

Daí este impressionante levante dos povos árabes, que leva a pensar inevitavelmente no grande florescimento das revoluções européias de 1848, na Jordânia, no Iêmen, na Argélia, Síria, Arábia Saudita, no Sudão e também em Marrocos.

Neste último país, de uma monarquia absoluta, no qual o resultado das “eleições” (sempre fraudado) sempre a elege soberana, que designa segundo sua vontade os chamados ministros “da soberania”, algumas tantas dezenas de famílias próximas ao trono que continuam acumulando a maioria das riquezas (6).
Os documentos difundidos pelo Wikileaks revelaram que a corrupção chega a níveis de indecência imensos, maiores do que os da Tunísia de Bem Ali, e que as redes mafiosas seriam todas originadas no Palácio. Um país no qual a prática da tortura é generalizada e o amordaçamento da imprensa é permanente.
No entanto, como na Tunísia de Ben Ali, esta “ditadura amiga” se beneficia da grande indulgência dos meios de comunicação e da maior parte de nossos responsáveis políticos (7), os quais minimizam os sinais do começo de um “contágio” da rebelião. Quatro pessoas se imolaram ateando fogo em si mesmas. Foram produzidas manifestações de solidariedade com os rebeldes da Tunísia e do Egito em Tanger, em Fez e em Rabat (8). Acossadas pelo medo as autoridades decidiram subsidiar preventivamente os artigos de primeira necessidade para evitar as “rebeliões do pão”. Importantes contingentes de tropas do Saara Ocidental teriam sido deslocadas aceleradamente para Rabat e Casablanca. O Rei Mohamed VI e alguns colaboradores teriam partido para a França em 29 de janeiro para consultar experts em ordem pública do Ministro Francês do Interior (9).

Ainda que as autoridades desmintam as duas últimas informações, está claro que a sociedade marroquina está seguindo os acontecimentos da Tunísia e do Egito com excitação. Preparados para se unir ao impulso de fervor revolucionário e quebrar de uma vez por todas as travas feudais. E a cobrar contas de todos aqueles que, na Europa, foram cúmplices durante décadas destas “ditaduras amigas”
.

Notas

(1) Ver, por exemplo, de Jacqueline Boucher "La société tunisienne privée de parole" e de Ignacio Ramonet "Main de fer en Tunisie", Le Monde Diplomatique, de fevereiro de 1996 e de julho de 1996 respectivamente.
(2) Mohamed Bouazizi se imolou, incendiando-se em 17 de dezembro de 2010, quando a insurreição ganhava todo o país e dezenas de tunisianos rebeldes continuavam caindo sob as balas da repressão benalista, ao prefeito de París, Bertrand Delanoé, e à Ministra de Relações Exteriores, Michèle Alliot-Marie, parecia absolutamente normal festejar alegremente a Nochebuena ou a Nochevieja na Tunísia.
(3) Ao mesmo tempo, Washington e seus aliados europeus, sem aparentemente medir as contradições, apóiam o regime teocrático e tirânico da Arábia Saudita, principal lar oficial do islamismo mais obscurantista e mais expansionista.
(4)
http://www.medelu.org/spip.php?article711
(5) Honoré de Balzac, “Monographie de la presse parisienne”, Paris, 1843.
(6) Ler Ignacio Ramonet, "La poudrière Maroc", Mémoire des luttes, setiembre 2008.
http://www.medelu.org/spip.php?article111
(7) Desde Nicolas Sarkozy até Ségolène Royal, passando por Dominique Strauss-Kahn que possui um “Hotel Ryad” em Marrakech, os dirigentes políticos franceses não têm o menor escrúpulo em passar suas férias de inverno entre estas “ditaduras amigas”
[8] El País, 30 de janeiro de 2011-
http://www.elpais.com/../Manifestaciones/Tanger/Rabat
[9] Ler El País, 30 de janeiro de 2011
http://www.elpais.com/..Mohamed/VI/va/vacaciones e Pierre Haski, "Le discret voyage du roi du Maroc dans son château de l´Oise", Rue89, 29 janeiro de 2011.http://www.rue89.com/..le-roi-du-maroc-en-voyage-discret...188096

Tradução de Cainã Vidor. Fonte: http://www.medelu.org/spip.php?article713. Foto por http://www.flickr.com/photos/89031137@N00/.

 

Carta da Terra

Carta da Terra

Guias para ação

Princípios que visam assegurar que as ações desencadeadas por todos sejam coerentes com a essência da Carta da Terra
Introdução
A Carta da Terra Internacional (CTI) encoraja todas as pessoas a contribuírem para os objetivos da Iniciativa da Carta da Terra. Sua participação ativa e seu apoio são necessários. Neste sentido, a CTI está em processo de ampliação da Iniciativa a nível mundial, promovendo atividades descentralizadas e o empoderamento de indivíduos, comunidades e organizações. 
A CTI continuará a promover a Carta da Terra através de vários processos internacionais formais e um número limitado de projetos. No entanto, esta nova estratégia é necessária porque a Secretaria da Carta da Terra Internacional só é capaz de organizar e dirigir uma pequena parte do vasto leque de ações necessárias para implementar a visão da Carta da Terra.
As “orientações para ação” apresentadas a seguir são um recurso projetado para ajudar as pessoas a realizarem atividades que estejam em harmonia com os valores e princípios da Carta da Terra.
O propósito deste “Guia para Ação” é também garantir uma coerência na forma como ações descentralizadas, em nome da Carta da Terra, são realizadas. Pense nas Diretrizes como uma espécie de mecanismo de coordenação virtual para a Iniciativa Carta da Terra que se prepara para uma rápida expansão descentralizada envolvendo ações de milhões de pessoas no mundo inteiro.
Descentralização no movimento da Carta da Terra é, portanto, algo essencial. Na medida em que o movimento pressupõe a participação de milhões (ou bilhões) de pessoas do mundo todo, fica evidente que é impossível “gerenciá-lo” de forma tradicional, mecânica, hierárquica, centralizada. Daí a proposta de um processo quase totalmente descentralizado, que contará com a iniciativa, a boa vontade, o discernimento, o bom senso, a criatividade, a inteligência de cada indivíduo.
Pensando na importância da ação de cada uma dessas pessoas, o Conselho Internacional da Carta da Terra definiu um conjunto de 12 “orientações para ação”.
Respeitados esses 12 princípios, cada indivíduo pode criar livremente o que quiser no seu dia-a-dia, na direção da visão da Carta da Terra. É o espírito da Carta da Terra, seus princípios e os “guias de ação” que darão coerência a tudo que for descentralizado e livremente criado em todas as partes do mundo.
As diretrizes de ação são dirigidas em primeiro lugar para indivíduos. A implementação plena dos vários princípios da Carta da Terra vai requerer ações da parte de governos, corporações e outras organizações. Entretanto, cada um desses coletivos depende de indivíduos – seus líderes, membros, colaboradores. A própria evolução e transformação desses coletivos será efetivada por indivíduos.
As diretrizes de ação explicitadas não são fixas nem estão em sua forma final. O Conselho Internacional irá revisá-las periodicamente à luz do que for emergindo e dos desafios típicos de cada setor/região do planeta. O Conselho agradece qualquer comentário ou sugestão que você possa fazer em relação a elas.
1.     Comece com a Carta da Terra
Deixe que a Carta da Terra seja seu guia básico quando estiver planejando e agindo para tornar realidade a visão da Carta da Terra.
2.     Seja um exemplo vivo
Empenhe-se em viver plenamente – na prática – o espírito da Carta da Terra na sua vida diária. Na sua casa, no trabalho, na sua comunidade.
3.     Assuma o poder que possui
Aja com firmeza, acredite que você pode fazer diferença e que suas atividades irão catalisar os esforços de muitos outros.
4.     Coopere, coopere
Multiplique a forma de gerar mudanças construindo parcerias, colaborando com outros e buscando soluções ganha-ganha.
5.     Potencialize o poder de outros
Compartilhe poder e seja inclusivo. Ajude outros a fortalecer a capacidade de resolver problemas, tomar decisões e liderar, liberando assim a criatividade de todos.
6.     Promova o respeito e o entendimento
Empenhe-se em construir relacionamentos de confiança e respeito mútuo entre indivíduos e grupos de diversas culturas e comunidades, e resolva diferenças através de diálogos de forma que produzam aprendizado e crescimento de todos.
7.     Facilite a auto-organização
Facilite a disseminação de iniciativas inspiradas pela Carta da Terra sem tentar controlá-las, contando com a capacidade dos grupos humanos de se auto-organizar e alcançar resultados positivos na medida em que o propósito maior esteja claro.
8.     Foque as causas de raiz
Focalize o pensamento e a ação nas causas de raiz dos principais problemas e desafios que a humanidade enfrenta, e não permita que pressões e práticas dos sistemas não-sustentáveis existentes o impeçam de agir.
9.     Seja comprometido e, no entanto, flexível
Seja firme no seu comprometimento com os princípios e assegure que tudo que faz seja consistente com os valores da Carta da Terra. E seja sempre flexível à medida que as circunstâncias mudem (sem, porém, abrir mão do que é essencial).
10. Aja com engenhosidade
Não permita que seus pensamentos e ações sejam limitados pela dependência do dinheiro; use sua imaginação e seja estratégico, criativo, engenhoso para fazer as coisas acontecerem, não obstante os obstáculos existentes.
11. Use a tecnologia com sabedoria
Lembre-se que um grande número de pessoas não tem acesso a tecnologias avançadas. Ao usar tecnologias, assegure que elas sejam apropriadas.
12. Proteja a integridade da Carta
Seja sempre fiel ao espírito do texto original da Carta e só a conecte a organizações, produtos e eventos que sejam consistentes com os seus valores e a visão que ela transmite.
http://api.ning.com/files/rRU9ez6V*Mu5Q4rIrKHsH8iNCuIil3ag43rsk-tM1RdntkodGHNGVisdik0F-EelqGQyMoFbRN6JJGuEB2mjPJCdlo1VOIxn/cfrente.gif
http://api.ning.com/files/TwXYLhNF-AHbKxi2eEmqp5IIKizUaK3RSavOA8yjenRo93HRGXEVqNVQjXdqGqbIo07CEyUe2vuvn2ddT6rQwknNru*BkE6W/sambista4.jpg

A CADA DIA E SOB TODOS OS PONTOS DE VISTA VAMOS CADA VEZ MELHOR

Jovens Proibidas de Engravidar


Quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011 - 07h55
Papo com editor
Jovens do Programa Guardião-Cidadão estão proibidas de engravidar
Luigi Di Vaio

gravida.jpgJovens que ingressaram no Programa Guardião-Cidadão da Secretaria de Segurança de Santos estão proibidas de engravidar. Se isso acontecer, serão
automaticamente desligadas do serviço. As garotas têm consciência dessa norma e assinaram, em janeiro e fevereiro do ano passado, uma Declaração de Ingresso para poder atuar no programa.
A Tribuna teve acesso a vários desses documentos, Eles são da Seção de Formação e Treinamento da Guarda Municipal e contêm os brasões da Prefeitura de Santos e da Guarda Municipal.
Foram confeccionados deixando espaços em branco para preenchimento da data, nome, RG e CPF e assinatura da jovem (veja abaixo) Os participantes do programa atuam em vários pontos de Santos, seis horas por dia. Informam os horários para a prática esportiva na orla, atendem crianças perdidas e orientam turistas e munícipes.
Para isso, recebem 1,5 salário mínimo (R$810,00),cesta básica e seguro contra acidente de trabalho. O programa existe desde 2005 e a contratação de garotas só começou em janeiro do ano passado, data da expedição de várias Declarações de Ingresso obtidas por A Tribuna.
  
A prova
gravida2.jpg
Sufoco
Uma bolsista do programa revelou ter conseguido esconder a gravidez por nove meses. Ela disse não ter tomado conhecido da exigência de não engravidar quando fez o curso preparatório de um mês. Ao saber da gravidez, a jovem decidiu tentar ver até onde conseguiria atuar como bolsista. Não queria perder os R$ 760,00 (valor da época). Ela compareceu ao programa várias vezes, mesmo não se sentindo bem. Tinha fortes azias.
Quando a jornada de seis horas ficou incompatível com a gravidez, contou para uma supervisora. A resposta foi seca e direta: ela teria que se desligar do programa. As contas para pagar acumularam, ela teve o filho e agora pensa em buscar seus direitos na Justiça.
Fere a constituição
Especialistas em Direito consultados por A Tribuna condenam a prática, que, em tese, viola o Artigo 5º da Constituição Federal, em dois incisos: no II e no X.

O II diz que "ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa em virtude de lei".
Já o X assinala que `"são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação".
A prática, se adotada em uma empresa privada, pode configurar assédio moral, suscetível de indenização. Na administração pública configura abuso de poder.
Doutor em Direito Penal pela Universidade Complutense de Madri, Luiz Flavio Gomes se disse "chocado" com a existência das Declarações de Ingresso. "Fere o direito de igualdade entre as pessoas. As leis de trabalho rejeitam casos dessa natureza".
Gomes, mestre em Direito Penal pela Universidade de São Paulo (USP), entende que a irregularidade é agravada por ter sido praticada pelo poder público. "Ninguém pode ser desligado do trabalho por esse motivo".
Secretário admite erro na exigência
O secretário municipal de Segurança, Renato Perrenoud, classificou a elaboração da Declaração de Ingresso como "errada e inadequada", mas defendeu o afastamento das bolsistas gestantes para "dar segurança à mãe e garantir a saúde do bebê".
Segundo ele, atualmente duas bolsistas do programa estão grávidas e foram aconselhadas a se desligarem "voluntariamente".
Perrenoud assegura que a Declaração de Ingresso vigorou apenas em janeiro e fevereiro, com a primeira turma de garotas. "Quando a avaliamos como inadequada, acabamos com a declaração. Ela foi feita por um pessoal sem conhecimento jurídico".
O secretário destacou que a lei que permite a entrada das garotas no Programa Guardião-Cidadão é omissa quanto aos casos de gravidez.
"Muitas vezes um plantão de seis horas, que começa às 6 horas e vai até o meio-dia, com sol, chuva, pode resultar em uma condição não favorável para uma gestante".
Na avaliação dele, a advertência de uma guardiã-cidadã grávida a uma pessoa que esteja cometendo uma infração pode ser ineficaz. "Nem todos vão respeitar", comenta.
As leis e decretos federais regulamentando jornadas e pagamento de bolsistas, segundo Renato Perrenoud, também atrapalham. "Não há um vínculo trabalhista, como acontece com os celetistas".
"A legislação é draconiana. O bolsista,em sua16ª falta,tem de ser desligado. Pode ser por dengue, por quebrar a perna jogando futebol,o que for. Não é possível adjetivar essa falta", argumenta o secretário municipal.
Benefícios
Perrenoud informa ter estudos para ampliar os benefícios dos bolsistas, que não têm direito a vales-transporte, por exemplo.
A idéia é encaminhar à Câmara, após o Carnaval, um projeto para que os bolsistas tenham direito à licença maternidade, vale-transporte e reajuste no vale-alimentação.
"Mesmo que eu queira dar esses benefícios, tenho de consultar o departamento jurídico da Prefeitura para ver se é possível".
Advogado deixa claro: "É crime"
O presidente da Associação dos Advogados Trabalhistas (AAT) de São Paulo, Claudio Peron Ferraz, é taxativo. "Trata se de crime definido em lei". Informado por A Tribuna do procedimento adotado pela Prefeitura de Santos, Peron disse que estará amanhã na posse do presidente da AAT de Santos, Roberto Zanarolli da Costa, e debaterá o assunto com ele.
Vice-presidente da Comissão de Direito Trabalhista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de São Paulo, Peron assinalou que "é lamentável saber de fato como este, ainda mais de quem deveria dar o exemplo, o Poder Público".
O especialista lembra a aprovação da Lei Federal 9.029/95, que criminalizou a exigência de atestados de gravidez ou esterilização para que se efetive a admissão ou durante o curso do contrato de trabalho.
Essa legislação vale para empresas privadas ou órgãos públicos (administrações públicas direta, indireta e fundacional) da União, estados, distrito federal e municípios.
FONTE: Jornal A Tribuna

Papa se Desculpa



Quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011 - 22h28
Guardião-Cidadão
Papa se desculpa com mulheres que trabalham em programa de segurança

O prefeito João Paulo Papa (PMDB) pediu desculpas às mulheres santistas pelo caso de assédio moral das jovens que foram obrigadas a preencher fichas garantindo que não estavam e nem ficariam grávidas durante a participação do Programa Guardião-Cidadão da Secretaria de Segurança (Seseg).
Ele disse ainda que determinou abertura de sindicância para apurar a autoria da ordem para elaboração da “Declaração de Ingresso” ao serviço. O prefeito afirmou também que enviou uma carta à Câmara dos Vereadores comunicando que o secretário de Segurança (Seseg), Renato Perrenoud, está à disposição para prestar “quaisquer esclarecimentos” sobre o assunto.
O secretário de Segurança, Renato Perrenoud, prestará esclarecimentos aos vereadores na segunda-feira, às 14 horas, na Sala Princesa Isabel.
“É muito bom o prefeito reconhecer o erro e pedir desculpas, mas precisamos mais do que isso. E as meninas que foram discriminadas? O que será feito?”, questionou a vereadora Cassandra Maroni (PT).

Quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011 - 07h55
Papo com editor
Jovens do Programa Guardião-Cidadão estão proibidas de engravidar
Luigi Di Vaio

gravida.jpgJovens que ingressaram no Programa Guardião-Cidadão da Secretaria de Segurança de Santos estão proibidas de engravidar. Se isso acontecer, serão
automaticamente desligadas do serviço. As garotas têm consciência dessa norma e assinaram, em janeiro e fevereiro do ano passado, uma Declaração de Ingresso para poder atuar no programa.
A Tribuna teve acesso a vários desses documentos, Eles são da Seção de Formação e Treinamento da Guarda Municipal e contêm os brasões da Prefeitura de Santos e da Guarda Municipal.
Foram confeccionados deixando espaços em branco para preenchimento da data, nome, RG e CPF e assinatura da jovem (veja abaixo) Os participantes do programa atuam em vários pontos de Santos, seis horas por dia. Informam os horários para a prática esportiva na orla, atendem crianças perdidas e orientam turistas e munícipes.
Para isso, recebem 1,5 salário mínimo (R$810,00),cesta básica e seguro contra acidente de trabalho. O programa existe desde 2005 e a contratação de garotas só começou em janeiro do ano passado, data da expedição de várias Declarações de Ingresso obtidas por A Tribuna.
  
A prova
gravida2.jpg
Sufoco
Uma bolsista do programa revelou ter conseguido esconder a gravidez por nove meses. Ela disse não ter tomado conhecido da exigência de não engravidar quando fez o curso preparatório de um mês. Ao saber da gravidez, a jovem decidiu tentar ver até onde conseguiria atuar como bolsista. Não queria perder os R$ 760,00 (valor da época). Ela compareceu ao programa várias vezes, mesmo não se sentindo bem. Tinha fortes azias.
Quando a jornada de seis horas ficou incompatível com a gravidez, contou para uma supervisora. A resposta foi seca e direta: ela teria que se desligar do programa. As contas para pagar acumularam, ela teve o filho e agora pensa em buscar seus direitos na Justiça.
Fere a constituição
Especialistas em Direito consultados por A Tribuna condenam a prática, que, em tese, viola o Artigo 5º da Constituição Federal, em dois incisos: no II e no X.

O II diz que "ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa em virtude de lei".
Já o X assinala que `"são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação".
A prática, se adotada em uma empresa privada, pode configurar assédio moral, suscetível de indenização. Na administração pública configura abuso de poder.
Doutor em Direito Penal pela Universidade Complutense de Madri, Luiz Flavio Gomes se disse "chocado" com a existência das Declarações de Ingresso. "Fere o direito de igualdade entre as pessoas. As leis de trabalho rejeitam casos dessa natureza".
Gomes, mestre em Direito Penal pela Universidade de São Paulo (USP), entende que a irregularidade é agravada por ter sido praticada pelo poder público. "Ninguém pode ser desligado do trabalho por esse motivo".
Secretário admite erro na exigência
O secretário municipal de Segurança, Renato Perrenoud, classificou a elaboração da Declaração de Ingresso como "errada e inadequada", mas defendeu o afastamento das bolsistas gestantes para "dar segurança à mãe e garantir a saúde do bebê".
Segundo ele, atualmente duas bolsistas do programa estão grávidas e foram aconselhadas a se desligarem "voluntariamente".
Perrenoud assegura que a Declaração de Ingresso vigorou apenas em janeiro e fevereiro, com a primeira turma de garotas. "Quando a avaliamos como inadequada, acabamos com a declaração. Ela foi feita por um pessoal sem conhecimento jurídico".
O secretário destacou que a lei que permite a entrada das garotas no Programa Guardião-Cidadão é omissa quanto aos casos de gravidez.
"Muitas vezes um plantão de seis horas, que começa às 6 horas e vai até o meio-dia, com sol, chuva, pode resultar em uma condição não favorável para uma gestante".
Na avaliação dele, a advertência de uma guardiã-cidadã grávida a uma pessoa que esteja cometendo uma infração pode ser ineficaz. "Nem todos vão respeitar", comenta.
As leis e decretos federais regulamentando jornadas e pagamento de bolsistas, segundo Renato Perrenoud, também atrapalham. "Não há um vínculo trabalhista, como acontece com os celetistas".
"A legislação é draconiana. O bolsista,em sua16ª falta,tem de ser desligado. Pode ser por dengue, por quebrar a perna jogando futebol,o que for. Não é possível adjetivar essa falta", argumenta o secretário municipal.
Benefícios
Perrenoud informa ter estudos para ampliar os benefícios dos bolsistas, que não têm direito a vales-transporte, por exemplo.
A idéia é encaminhar à Câmara, após o Carnaval, um projeto para que os bolsistas tenham direito à licença maternidade, vale-transporte e reajuste no vale-alimentação.
"Mesmo que eu queira dar esses benefícios, tenho de consultar o departamento jurídico da Prefeitura para ver se é possível".
Advogado deixa claro: "É crime"
O presidente da Associação dos Advogados Trabalhistas (AAT) de São Paulo, Claudio Peron Ferraz, é taxativo. "Trata se de crime definido em lei". Informado por A Tribuna do procedimento adotado pela Prefeitura de Santos, Peron disse que estará amanhã na posse do presidente da AAT de Santos, Roberto Zanarolli da Costa, e debaterá o assunto com ele.
Vice-presidente da Comissão de Direito Trabalhista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de São Paulo, Peron assinalou que "é lamentável saber de fato como este, ainda mais de quem deveria dar o exemplo, o Poder Público".
O especialista lembra a aprovação da Lei Federal 9.029/95, que criminalizou a exigência de atestados de gravidez ou esterilização para que se efetive a admissão ou durante o curso do contrato de trabalho.
Essa legislação vale para empresas privadas ou órgãos públicos (administrações públicas direta, indireta e fundacional) da União, estados, distrito federal e municípios.
FONTE: Jornal A Tribuna

Educar

EDUCAR É DAR LIMITES


Está provocando debates nos Estados Unidos o livro escrito pela professora de Direito da Universidade de Yale, Amy Chua, de origem asiática, que relata sem subterfúgios os métodos disciplinares rigorosos e extremados por ela utilizados na educação de suas duas filhas. O volume de memórias intitulado Battle Hymn of the Tiger Mother (Hino de Batalha da Mãe Tigre) ainda não foi lançado no Brasil, mas alguns conteúdos antecipados pelo caderno Donna do último domingo merecem reflexão por parte das famílias brasileiras. Aqui, como nos Estados Unidos e na maioria das sociedades ocidentais, a educação dos filhos tornou-se um verdadeiro dilema para pais e mães _ invariavelmente hesitantes entre os extremos da repressão castradora e da permissividade total. Evidentemente, o assunto é mais complexo, mas não é raro que a insegurança de alguns pais propicie espaço para a existência de jovens individualistas, arrogantes e desajustados. Basta consultar professores de qualquer nível de ensino no país para que se tenha uma ideia da dimensão do problema.
É nas escolas que os acertos e erros da educação familiar mais se evidenciam, pois as crianças e adolescentes passam a conviver com desconhecidos e a se submeter a regras coletivas. Amy Chua exigiu das filhas aplicação total aos estudos, notas 10 como as únicas aceitáveis e nenhuma margem para festas e visitas às amigas. Fez mais: obrigou-as, ainda meninas, a aprender a tocar um instrumento musical de certa complexidade (piano ou violino). Num dos episódios relatados no livro, a filha caçula, então com sete anos, não conseguia tocar uma peça ao piano, depois de ter ensaiado com a mãe por uma semana, e quis desistir. A mãe acusou-a de preguiçosa, ameaçou deixá-la sem almoço e sem festa de aniversário e inclusive de doar suas bonecas favoritas, até que a menina executou a tarefa. O que para muitos parece uma tortura, para a mãe foi apenas uma forma de mostrar que esforço e persistência dão resultado.
Muitos leitores do livro estão protestando, horrorizados com os métodos empregados pela mãe para impor disciplina às filhas. Outros, porém, elogiam sua determinação e dizem que gostariam de ter tido pais assim. As meninas, atualmente com 18 e 15 anos, são bem-sucedidas nos estudos e defendem os procedimentos da mãe. Especialistas, porém, acham que a cobrança demasiada não ajuda na boa educação, mas reconhecem que a imposição de limites é essencial.
O grande mérito do livro da mãe-tigre é colocar em pauta um tema que pais e educadores nem sempre enfrentam com coragem e seriedade. Quanto a seguir sua orientação, ou contrariá-la, cabe a cada família, pois a educação das crianças é direito e dever dos pais. Porém, não pode haver dúvida de que o propósito a ser alcançado é a felicidade dos jovens. E o melhor caminho para se atingir este objetivo pode ser resumido em dois princípios que não são contraditórios: amar de verdade e fixar limites. É responsabilidade intransferível dos pais a fixação de limites para o comportamento dos filhos, mas também esta ação tem os seus próprios limites. Educação não é repressão, mas também não é permissão para tudo. O ponto de equilíbrio é que tem o poder de transformar crianças em adultos felizes e solidários.

 

Fim da Mutilação Genital Feminina

Nº 01/11 - 10/02/2011
UNICEF e UNFPA pedem fim da mutilação genital feminina
Nova York - Por ocasião do Dia Internacional de Tolerância Zero da Mutilação Genital Feminina e da Excisão (MGF/E), os Diretores do UNFPA, Fundo de População das Nações Unidas, Babatunde Osotimelhin, e do UNICEF, Fundo das Nações Unidas para a Infância, Anthony Lake, renovaram, num comunicado conjunto, o seu empenho em por um fim a essas práticas, que já vitimaram de 100 a 140 milhões de mulheres em todo o mundo. leia mais
Mundo com 7 bilhões de pessoas e população jovem são as prioridades do novo Diretor Executivo do UNFPA
Em seu primeiro discurso ao Conselho Executivo do PNUD/UNFPA, Dr. Babatunde Osotimehin descreveu a população mundial de 7 bilhões de pessoas, que será alcançada em 2011, como “um marco importante na história humana”, no qual “cada pessoa deve gozar da dignidade e dos direitos humanos, e ter a oportunidade para aproveitar ao máximo seu potencial”. leia mais
Cartilha alerta sobre a violência contra mulheres
Uma em cada três mulheres em todo o mundo sofre algum tipo de violência durante sua vida. O número mostra a necessidade de ampla conscientização sobre os direitos da mulher. Com o intuito de alertar e informar sobre o problema, o UNFPA, Fundo de População das Nações Unidas, o UNAIDS, ACNUR, OPAS e UNIFEM/ONU-Mulheres lançam a cartilha “Direitos da Mulher – Prevenção à Violência e ao HIV/Aids”. leia mais
UNFPA solicita esforços renovados para apoiar as mulheres e jovens do Haiti
Um ano após o terremoto devastador no Haiti, o UNFPA, Fundo de População das Nações Unidas, apela para um maior apoio às mulheres e jovens vivendo no país em recuperação e reconstrução. leia mais
Assume novo diretor executivo do UNFPA
O médico nigeriano Babatunde Osotimehin é o novo Diretor Executivo do Fundo de População das Nações Unidas. Ele sucede a Thoraya Ahmed Obaid, que permaneceu 10 anos à frente do UNFPA. leia mais
 
Para mais informações acesse o site: www.unfpa.org.br
Siga o UNFPA no twitter: www.twitter.com/unfpabrasil
 
Fundo de População das Nações Unidas
EQSW 103/104, Bloco C, Lote 1, 2º andar - SETOR SUDOESTE, Brasília, DF CEP: 70670-350
Telefone: 55 61 3038-9252
E-mail
: unfpa@unfpa.org.br
Para cancelar o recebimento desse boletim, clique aqui