domingo, 22 de julho de 2018

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Pra que
Ler?

Um bom livro marca nossas vidas. Não é à toa que, em épocas remotas, a leitura era privilégio de sacerdotes. Há algo mágico numa boa leitura. Mágico no sentido de que escapa à nossa compreensão racional, imediata, e fala com camadas mais profundas de nosso ser, camadas mais acessíveis pela intuição e pela emoção.

Muito se fala a respeito dos benefícios da leitura em geral. Ela amplia nosso vocabulário, estimula a reflexão, aumenta nosso conhecimento a respeito do mundo e de nós mesmos.

No entanto, a leitura de bons livros pode fazer mais. Bons livros de ficção e poesia podem nos fazer viajar por cidades, países, épocas ou universos distantes enquanto estamos em nossa sala, numa biblioteca ou num vagão de metrô. Além disso, bons livros nos fazem companhia, deixamos de ser solitários à medida que conhecemos novos personagens e novas situações, à medida que nos identificamos com eles ou elas e torcemos para que consigam fazer o que se propuseram a fazer e sejam felizes. Emprestamos-lhes por algum tempo nossas expectativas e energia.

A questão é: um bom livro é só o que o cânone diz que é bom? São só os clássicos? É só o que consta na lista dos mais vendidos das principais revistas? Só o que passou pelo crivo da indústria cultural e dos seus intelectuais orgânicos destinados a chancelar e decidir o que devemos ler e como devemos nos sentir?

A pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, lançada em 2016 pelo Instituto Pró-Livro, revela que de 2002 até 2015 aumentou o nível de escolaridade no Brasil, e de 2011 até 2015 aumentou o número de livros lidos pelos brasileiros. Pouco, é verdade (4 livros por ano em 2011 e 4,96 em 2015), mas já é algo. Mulheres leem mais que homens (59% x 52%). E, embora, a pesquisa não entre nesse aspecto, provavelmente a movimentação de escritores e ativistas negros e periféricos nesse campo deve ter contribuído para que mais pessoas tenham acesso à leitura e tomem gosto por ela.

Um outro dado interessante na pesquisa citada é que há uma pergunta sobre quem influenciou no gosto pela leitura. E a maioria respondeu que foi a mãe ou uma figura feminina com esse papel. Mais do que o pai ou os professores/professoras.

Um bom livro talvez seja aquele que nos comove, que nos faz sair de nosso lugar comum, de nossa zona de conforto, que nos faz virar as páginas, nos educa e nos entretém. É também aquele que mexe com nosso imaginário, que nos faz ver como as coisas poderiam ser, não só como elas são. Nesse sentido, as literaturas afro e periférica têm muito a acrescentar, especialmente num momento político de tantas incertezas e retrocessos.


E, a considerar os dados da pesquisa citada, o papel de mulheres negras e periféricas é fundamental não só na produção, mas também no ensino e na difusão dessa literatura.

Márcio Barbosa

 

 
 
 
 
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Com o coração sangrando de dor pelo aviltamento que a Pátria brasileira sofre com a impunidade deslavada que reina em todas as instâncias públicas — sejam as governamentais ou as civis —, envio aos Amigos do IDII um texto que escrevi para o jornal O GLOBO (RJ), em resposta a um artigo publicado em 21.04.2006.

DEUS SALVE O BRASIL!

Bruno da Silva Antunes de Cerqueira – Pres. do IDII



A grande tragédia social brasileira


Nosso estimado amigo Ruy Barreto publicou aqui em 21 de abril passado o artigo “E tudo acabou numa grande tragédia social”. O artigo é muito interessante do ponto de visto histórico, mesmo que não tenha sido escrito por historiador.

Depreende-se dali a noção de que o 13 DE MAIO DE 1888 provocou uma grande crise no Brasil daquele ano e que, conseqüentemente, o desfecho desta crise econômica, social e mormente política foi o 15 DE NOVEMBRO DE 1889, um ano e meio depois.

A historiografia mais recente acerca da transição do Brasil da Monarquia para a República é quase unânime em rechaçar as velhas teorias históricas segundo as quais o advento da República seria um “caminho natural” para o Brasil de fins do séc. XIX. Exposta sobretudo às crianças através dos livros didáticos, essas e outras construções duvidosas permearam o extremamente parco imaginário republicano disseminado entre os brasileiros. Conforme ressalta o acadêmico J. Murilo de Carvalho emFormação das Almas (Cia. das Letras, 1991), a República nunca se popularizou, nunca se “republicanizou” no Brasil, pelo seu pecado original de golpe militar — e militarista... —, anti-democrático, profundamente autoritário e anti-constitucional.

O Brasil nunca mais foi o mesmo, de um ponto de vista politológico — se pudermos falar assim —, daqueles três dias fatídicos (15-16-17/11/1889) para cá.

Abateu-se sobre o país uma sucessão de crises governamentais, guerras, fratricídios que nós jamais havíamos espectado antes, em toda a nossa História, como os terríveis conflitos da Revolução Federalista na região Sul, Canudos (BA) e Contestado (SC) — somente para citar os maiores.

Se alguém pudesse resumir numa única expressão qual teria sido essa enorme tragédia social brasileira à qual Ruy Barreto fez menção em suas boas linhas acerca do tema a que tanto nos dedicamos — abolicionismo e neo-abolicionismo —, essa expressão seria cabalmente: a República Velha.

Isto porque ao invés de gozarmos o III Reinado, com D. Isabel I e seus “homens” no poder — os jovens Joaquim Nabuco, André Rebouças, José do Patrocínio, Alfredo Taunay, Affonso Celso e os mais velhos Cons. João Alfredo, Sen. Dantas, Cons. Laffayette e outros —, tivemos a República Velha (1889-1930), período de maior massacre da cultura popular brasileira e suas representações.

A grande tragédia social brasileira foi o surgimento da favelização, fenômeno proporcionado pelas reformas urbanas ensandecidas de políticos inábeis ao governo, como o ingênuo Pres. Rodrigues Alves e o engenheiro alçado à prefeitura carioca, Pereira Passos. Homens que durante o Império prestaram bons serviços ao Brasil, mas que certamente não poderiam nos governar, não poderiam estar acima dos demais brasileiros, incondicionalmente. Fazendeiros da velha aristocracia brasileira (“escravocracia”), tão acostumados ao mandonismo rural e patriarcalista do Brasil colonial — que persistiu no Brasil Imperial —, esses homens teriam sim, para o nosso bem, que estar abaixo da imperiosa mulher que foi D. Isabel, justamente cognominada de “a Redentora” por seu pai e por todos os brasileiros de 1888.

Mas... a História nos prega peças. Por alguma razão alheia às teorizações de historiadores e cientistas sociais, o Brasil teve de passar pela República Velha e sua obra avassaladoramente perniciosa e funesta nas permanências cruéis do colonialismo ibérico.

Não foi só a velha província fluminense que decaiu tremendamente: o Brasil inteiro assolou-se.

Que um senador como Antonio Prado tenha defendido os seus interesses — e os dos demais fazendeiros de São Paulo — no jogo político que antecedeu à LEI ÁUREA, também era de se esperar. O que não se pode dizer é que nossa tragédia tenha sido a vitória do maior movimento social que o Brasil do século XIX conheceu: o ABOLICIONISMO.

O dia de nossa Redenção enquanto Nação (13 de maio de 1888) foi, conforme todos os relatos da época, o dia mais feliz da História do Brasil e dos brasileiros. Até o auto-intitulado “caramujo” Machado de Assis dançou nas ruas cariocas...

O problema não foi ter havido um “atropelamento” legislativo que provocou crises governamentais insolúveis. Muito pelo contrário: em 1890 o Jubileu de Ouro de D. Pedro II estava programado para que se repetissem as festas grandiosas que o pós-Abolição fomentou em todo o País.

Medidas do Governo Imperial para a reforma agrária garantidora dos direitos dos negros estavam sendo engendradas. O III Reinado estava chegando... Mas não veio!

Eis a grande tragédia social brasileira: não ter permitido que D. Isabel I reinasse, a não ser no exílio — palavras de Assis Chateaubriand.

Quando comemoramos em 2006 seu 160º aniversário de nascimento, essas palavras não poderiam deixar de ser proferidas!


Bruno de Cerqueira é historiador.
Preside o Instituto Cultural D. Isabel I a Redentora (www.idisabel.org.br)


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