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Janet era filha única e começou a mudar de casa muito cedo com os seus pais. Inteligente e afoita, salta vários anos na escola e acaba o secundário com apenas quinze anos. Um pouco solitária, passava a maior parte do seu tempo no cinema. Depois de se mudar para Stockton, na
California, foi estudar
música e
psicologia na
Universidade do Pacífico.
Os pais trabalhavam num resort de ski, quando a ex-atriz da
MGM Norma Shearer viu uma fotografia de Jeanette na recepção do resort, local de trabalho do pai. Norma levou a fotografia para os estúdios. Lá, arranjaram-lhe um screen test e um primeiro papel em
The Romance of Rosy Ridge (
1947). Foi neste drama passado após a guerra civil americana, em que contracenou com
Van Johnson, que o público teve pela primeira vez contato com a atriz.
Segundo se conta, foi Van Johnson que inventou o nome pelo qual Jeanette Morrison viria a ser conhecida artisticamente -
Janet Leigh. Esta, a início, não gostou da ideia, por ser demasiado semelhante ao nome da atriz
Vivien Leigh (para quem não lembra, esta foi a famosa atriz do épico clássico
E o Vento Levou).
Foi no final dos
anos 40, também uma época da transformação do
Studio System, que
Janet Leigh foi construindo uma imagem de menina ingénua. Com 20 anos contracena com
Robert Ryan e
Van Heflin em
Act of Violence de
Fred Zinemann, um melodrama sobre um ex-soldado que após a guerra tenta vingar-se de um informanter de um dos campos de prisioneiros. Ainda no mesmo ano de 1948, protagoniza um dos filmes da popular cadela
Lassie,
Hills of Home.
Em cena do filme
Little Women(1949).
Em
1950, a atriz conhece
Tony Curtis, também ele uma estrela em ascensão. Ambos começam a namorar, e nesse período a atriz abraça sobretudo comédias e musicais aproveitando o seu ar imaculado e bem disposto. Após o casamento com Curtis no ano seguinte, a sua imagem vai ganhar cores de sedução e sensualidade.
Em seguida vem um dos melhores papéis da carreira da atriz,
The Naked Spur (1953), de
Anthony Mann, um western intenso e psicológico,
James Stewart é um caçador de recompensas que tenta trazer à justiça um criminoso foragido, interpretado por
Robert Ryan. Leigh desempenha o papel de filha de um assaltante de bancos, que o criminoso acolhe na sua quadrilha e que faz lembrar Stewart de uma mulher que amou.
Confidentially Connie é um drama sobre um pobre professor e a sua mulher que não têm dinheiro para comer carne apesar do pai dele ser dono de um importante rancho.
Em
1955, dois outros títulos menores:
Pete Kelly’s Blues, uma comédia sobre músicos de jazz que se envolvem com a máfia, e
My Sister Eileen, um musical onde Leigh contracenaria com
Jack Lemmon. Em
1956 protagoniza
Safari, um filme de aventuras de
Terence Young sobre um caçador,
Victor Mature, que se apaixona pela mulher do seu empregado. No ano seguinte faz
Jet Pilot, o encontro de Leigh com o mestre austríaco
Josef Von Sternberg. Trata-se de um filme de aventuras em que uma aviadora russa e um piloto americano,
John Wayne, se perdem de amores um pelo outro.
Janet Leigh contracena com Charlton Heston no filme
A marca da maldade, de 1958.
Após anos, o público tinha de Janet a idéia de uma
atriz competente mas mediana, sem grande brilho. Mas isso iria mudar com
A Marca da Maldade, de
Orson Welles, um das mais famosas obras da história do cinema. É uma mulher que foi de lua de mel para o México com o seu marido, Ramon Vargas (
Charlton Heston). Lá vêem-se envolvidos numa investigação de um assassinato que poderá comprometer a dignidade da polícia local. Este thriller noir modificou a imagem de
Janet Leigh. É a primeira personagem da atriz cheia de carga sexual.
Antes ainda daquele que é reconhecido como o seu mais popular trabalho (Marion Crane, em
Psicose - 1960 -, de
Alfred Hitchcock), Janet viria a protagonizar ainda três filmes. São eles
The Vikings, de
1958, com
Tony Curtis e
Kirk Douglas,
The Perferct Furlough (
1959), de
Blake Edwards, também com Curtis, e, finalmente,
Who Was That Lady?, de
George Sidney com Curtis e
Dean Martin.
Assim, foi sem surpresa que em
1960 Janet foi escolhida para interpretar o papel de Marion Crane no thriller
Psicose, uma adaptação de uma novela de
Robert Bloch que por sua vez se baseava nas atrocidades do famoso psicopata Ed Gein. Janet ficou sobretudo conhecida pelo seu assassinato no chuveiro, cena que a colocou instantaneamente nos anais da história do cinema. Algo que a fez nunca mais tomar duchas e tomar banho de imersão sempre de porta aberta. Por esta interpretação a atriz recebeu a única nomeação para o
Oscar de melhor Atriz (coadjuvante/secundária).
A marca da maldade, 1958.
Segue-se uma comédia ligeira. Em
Pepe, de
George Sidney, Janet é uma camponesa mexicana que vai ser ajudada pelas estrelas na sua chegada a Hollywood. Em 1962, Janet protagonizaria outra das obras que ficariam marcadas a ouro na sua carreira. Em
The Manchurian Candidate de
John Frankenheimer, contracenaria com
Frank Sinatra,
Laurence Harvey e
Angela Lansbury. Trata-se de uma obra de ação profética, pois lidava com a
lavagem cerebral por parte do exército chinês de soldados americanos para que assassinassem o candidato presidencial americano. Da ficção à realidade foi um passo, e no ano seguinte, o presidente Kennedy foi morto em
Dallas. Janet acabara de se separar de Tony Curtis, e, ironicamente, na pequena cena em que a atriz protagoniza no início do filme, num bordel, há uma moça coreana que está a ler uma revista que tem Tony e Janet na capa, como feliz casal. Após 10 anos de casamento, a união com Curtis chegava ao fim. O resultado eram duas filhas:
Jamie Lee Curtis e
Kelly Lee.
Janet Leigh (centro) entre suas filhas, maio de 1979.
No ano seguinte, houve o regresso à comédia musical com
Bye Bye Birdie, do já "cúmplice" George Sidney. Tratava-se de uma adaptação de um êxito da
Broadway mas na qual estava já implicito um maior destaque dado à adolescente Ann-Margret. A partir daqui a sua carreira sofreu um notável abrandamento, mais por decisão própria do que imposta. Assim, resolveu dedicar-se às duas filhas e ao recente marido, o corretor da bolsa
Robert Brandt, com o qual se manteve casada até ao fim. Ainda em 1963 faz uma comédia
Wives and Lovers sobre um escritor falhado, cujo inesperado sucesso vai afetar a sua relação conjugal. No resto dos anos sessenta, setenta e oitenta,
Janet Leigh vai sobretudo dedicar-se à televisão aparecendo em inúmeras séries.
Destaque ainda para
The Fog, de
John Carpenter, já de 1980, uma obra de terror que vai juntar pela primeira vez mãe e filha, Jamie Lee Curtis. Voltariam a encontrar-se vinte anos depois em
Halloween H20: 20 years later de
Steve Miner, uma filme que retoma a carnificina de Michael Myers duas décadas depois.
O seu último trabalho foi Bad Girls from Valley High, um filme produzido em 2004 e lançado no ano seguinte, ou seja, 2005, após sua morte.
Janet Leigh faleceu aos 77 anos em Beverly Hills. A causa da morte, dizem, foi
vasculite, uma doença que contraíra há pouco tempo.
Esta foi também uma fase da sua vida na qual escreveu a sua autobiografia "There Really Was a Hollywood", um filme sobre a feitura de "Psycho" intitulado "Behind tyhe Scenes of a Classic Chiller" e ainda um romance, "House of Destiny".