quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Concentração de Terra

A concentração de terras registrada pelo censo, é apenas o
resultado de dez anos( 1995-2006) de uma politica que favoreceu ao agronegocio e
as empresas transnacionais".

 

Entrevista de Joao Pedro Stedile  a Fabiana Frayssinet, da 
agencia IPS, Italia.

Rio de janeiro, 01 de outubro de 2009.


 

1- O que revela este informe do censo agropecuario agora publicado
pelo IBGE?

 O censo agropecuario é um verdadeiro retrato
estatístico da realidade 
agraria brasileira, já que os pesquisadores
vão pessoalmente em todos os 
estabelecimentos agrários do país.  E
o retrato reflete o que ja vinhamos 
denunciando e sentindo na
prática.  Nos ultimos dez anos, houve uma brutal 
concentração da
propriedade da terra no Brasil.   As propriedades acima
de 
mil hectares, controlam nada menos que 46% de todas as terras do
país. 
Já as propriedades com menos de 10 ha, controlam apenas 2,7% das
terras.
 Em quase todos os estados do Brasil, a  concentração
da propriedade medida pelo indice de gini aumentou.  Tivemos uma
democratização real apenas no Maranhão e em Roraima, pela importancia dos
projetos de assentamento e colonização havidos por lá. 
Acredito que
agora devemos ser o país do mundo, de maior concentração da 
propriedade
da terra.


 2- A revelação constata o que vinha
dizendo o MST ?
 Isso apenas confirma o que vínhamos
denunciando, de que nos ultimos dez anos, a 
agricultura brasileira
passou a ser dominada pelo grande capital 
internacional e financeiro,
que se uniu aos fazendeiros para aplicar o 
modelo agricola do
agronegocio.  E isso estava levando a uma brutal concentração 
da
produção e da propiredade da terra.   Nós percebiamos isso na
expansão 
dos monocultivos da soja,  cana, laranja, da
pecuaria extensiva e do 
eucalipto.  E agora está expresso em
numeros.
 Por outro lado, comprova o que tínhamos denunciado, a politica
de assentamentos pontuais, apenas em casas de conflitos sociais e a prioridade
de projetos de colonização em terras publicas da amazonia legal, realizada no
governo Lula, não atacava a grande propriedade.  E por tanto, tanto o
resultado era uma contra-reforma agraria, ouse ja um aumento na concentração da
propriedade da terra.

 3- Esse informe é até 2006. Mudo
alguma coisa até agora ou piorou a 
situação?
 
O
informe é apenas o retrato estatistico da realidade.  Ele não altera

realidade apenas demonstra. E fica claro de como o modelo do
agronegocio 
aliado as empresas transnacionais que controlam a produção
e o comércio de 
grãos e de comodities, estão controlando as terras e os
recursos naturais 
no Brasil e aumentaram ainda mais sua
presença.       Acho que de 2006 para cá, a
tendencia ainda aumentou mais..


Dai, que a sociedade brasileira  precisa discutir urgentemente que
modelo de produção agrícola quer.   Se 
quer continuar com o
agronegocio, que concentra a propriedade, expulsa a 
mao-de-obra ( o
censo tambem revelou a diminuição de pessoal ocupado); uso 
intensivo de
venenos (o censo revelou que 56% de todos os 
estabelecimetnos usam
venenos sem nenhum criterio ou controle).  Ou se 
quer um modelo
agricola baseado na agricultura familair e na
reforma 
agraria.
 O censo revelou por outro lado, que
a agricultura familair é a que prozuz 85 % de 
todos alimentos no
Brasil.  Enquanto o agronegocio se proecupa apenas em 
produzir
dolares para seus bolsos, e a custo do meio ambiente e da exploração dos
trabalhadores.

 4- Qual é a saida para combater essa
desigualdade ?


 

 A realidade reafirma a proposta alternativa dos
movimentos 
sociais, das igrejas e dos pesquisadores brasileiros, como a
mais correta.  É preciso combater o 
modelo do agronegocio, retomar
a reforma agraria massiva, como uma forma de 
impedir a concentração da
propriedade da terra.  Implementar de forma prioritaria politicas publicas
para um novo modelo agricola.   Um modelo que chamamos de reforma
agraria popular, e que está baseado na necessidade  de:  desconcentrar
e  distribuir a propriedade da terra;  priorizar a produção de
alimentos pro  mercado interno; implementar pequenas agroindustrias na
forma cooperativa; 
adotar tecnicas de produção agrícolas baseadas na
agroecologia e sem 
agrotoxicos; democratizar a educaçao no campo,
levando escolas para todo 
meio rural; e estimular a fixação da
população no meio rural, para evitar 
o exodo rural, que apenas enche as
favelas das metropoles e gera ainda 
mais violencia
social.



 

 Fabiana Andrea Frayssinet
 (5521) 81 11 91 47
 frayssinet@uol.com

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