terça-feira, 13 de junho de 2017

Agrotóxico






"NOSSO DEUS NAO É o deus do AGROTOXICO. Nós somos pela vida", disse dom Leonardo Steiner secretario geral da CNBB

Portal cimi, 11 jun 17

No segundo dia do Encontro de Comunicadores da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), que acontece em Brasília de 06 a 11 de junho, Dom Leonardo Steiner, Secretário Geral da Conferência dos Bispos do Brasil (CNBB), criticou a ações que “não pensam no futuro, mas no dinheiro”. “Nosso Deus não é o deus do agrotóxico”, ressaltou ao lembrar de suas experiências de pastor em São Félix do Araguaia, no estado do Mato Grosso.

A informação é publicada por Conselho Indigenista Missionário – CIMI, 09-06-2017.

O bispo franciscano ressaltou a importância de organismos da CNBB, como a REPAM e o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), no compromisso de ser porta-voz dos povos ribeirinhos, indígenas, da biodiversidade das florestas. “Com a criação da Repam, como uma rede, a Igreja estende o cuidado para a Pan-Amazonia. Criar uma rede é dar voz, é criar mais dinâmica, é colocar a disposição da humanidade um serviço”, ressaltou Dom Leonardo Steiner. “Graças a Deus que temos entidades que estão a serviço aos povos da floresta. Essas culturas não podem desaparecer”.

Ao recordar da encíclica Laudato Si, onde papa Francisco traz a urgência de repensar a lógica moderna de produção, consumo e relação com as culturas e biodiversidade, o Secretário Geral da CNBB resgatou o modo de vida dos povos da floresta como exemplo de outro mundo possível. “Os povos indígenas tem um modo próprio de relação, de cuidado com a Mãe Terra, assim como os ribeirinhos. São Francisco de Assis chamava os elementos da natureza de irmãos. Assim, Francisco e os indígenas nos ensinam a cuidar da obra criada. É preciso respeitar essas pessoas, não deixar que simplesmente desapareçam”.
O deus do agrotóxico

Sobre a realidade de ataques e retirada de direitos dos povos e comunidades tradicionais, numa conjuntura política que cria uma Comissão Parlamentar de Inquérito para criminalizar lideranças indígenas, religiosos, bispos, antropólogos, como a CPI da Funai/Incra, Dom Leonardo ressalta que essas são afrontas para silenciar a voz profética daqueles que “mostram a necessidade de cuidar da Terra”. “Isso tem incomodado muita gente. Se houve CPI da Funai/Incra, é porque existem diversos organismos a serviços destes povos. Se não incomodasse o agronegócio não teria criado no congresso essa CPI”, comentou. “Quiseram encostar na parede organismos da CNBB, como o Conselho Indigenista Missionário, juntamente com antropólogos e entidades que procuram acompanhar os povos indígenas”.

O bispo conclui que essas são insurgências que se organizam devido a capacidade de mobilização dos povos originários. “Os indígenas se organizando, tomando consciência da sua identidade, da sua própria cultura, tem apresentado exigências a sociedade brasileira”, afirmou. “Eles tem mostrado a necessidade do cuidado com a Terra, e isso tem incomodado muitos”.
"Matopiba pensa no dinheiro"

Dom Leonardo criticou também iniciativas do agronegócio que transformam a Casa Comum em matéria para explorar, como o projeto Matopiba, que age na região do cerrado brasileiro, vendida pelos ruralistas como a grande fronteira agrícola nacional. “O Matopiba está pensando em dinheiro, está pensando em exportação. É um projeto que não pensa no Brasil. Matopiba não pensa na pessoa humana, não pensa nas fontes de água, não pensa nas árvores. Matopiba não pensa no futuro”. O religioso recorda que esta iniciativa do governo federal “pensa apenas no presente, e quer desgastar e ter dinheiro, produzir para exportar”

REDE GLOBO OFENDE O POVO BRASILEIRO AO FAZER PROPAGANDA DA CANA COM TRABALHO ESCRAVO.

AGRO É POP. AGRO É GLOBO. AGROnegocio É VERGONHOSO!

por portal de olho nos ruralistas http://www.ihu.unisinos.br/568575-agro-e-pop-propaganda-da-globo-sobre-cana-tem-imagens-de-escravos

Gravuras de Henry Koster e Hercule Florence sobre engenhos ilustram trecho que celebra os R$ 52 bilhões movimentados pelo setor; JBS e Ford patrocinam.





A reportagem é de Alceu Luís Castilho e publicada por De Olho nos Ruralistas, 11-06-2017.

– Cana é agro. Desde oBrasil colonial a cana ajuda a movimentar a nossa economia. Hoje em dia a cana gera um dos maiores faturamentos do campo: R$ 52 bilhões.

Assim começa a propaganda da Globo sobre a cana-de-açúcar. A peça exibida em horário nobre, em rede nacional, tem 1 minuto. E se encerra com o bordão da série patrocinada pela própria emissora, em defesa do agronegócio: “Agro é tech. Agro é pop. Agro é tudo“. O patrocínio específico é da Seara – marca do grupo JBS – e da Ford,com a marca Ford Ranger.

As imagens que ilustram a “movimentação da economia” mostram escravos. São gravuras sobre engenhos, ambas do século XIX.

A primeira é uma gravura do pintor Henry Koster (1793-1820), filho de ingleses. A rigor, Henrique da Costa, português, senhor de engenho e exportador de café. Foi publicada em 1816 no livro Travels in Brazil, ou “Viagens ao Brasil”, sob o título A Sugar Mill – Um Engenho de Açúcar. Koster chegou ao Brasil em 1812, comprou escravos em Pernambuco e se estabeleceu como fazendeiro. Seu pai, John Theodore Koster, comercializava açúcar.

Henry Koster é autor do livro “Como melhorar a escravidão”, também de 1816. Em artigos sobre a obra, a antropóloga Manuela Carneiro da Cunha mostrou que o direito à alforria e ao peculium (usufruto de uma propriedade), reportados por Koster, só foi registrado em leis escritas em 1871. E esse direito, diz ela, “foi a origem do mito da escravidão branda no Brasil”.

As imagens aparecem logo nos primeiros segundos do vídeo. Assista:



A segunda imagem [na foto principal] é uma aquarela feita por Hercule Florence(1804-1879), francês radicado no Brasil e um dos pioneiros da fotografia no mundo. Chama-se “Engenho de cana – São Carlos“. Florence morava em Vila de São Carlos, que em 1847 passou a se chamar Campinas (SP). Como a gravura é de 1840 ele não se refere, portanto, ao município paulista com esse mesmo nome, São Carlos, fundado na década de 1850, que se tornaria um dos centros da cultura cafeeira no século XIX.

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