Carta para além do muro (ou por que Dilma agora)
O muro não é meu lugar, definitivamente. Nunca gostei de muros, nem dos reais nem dos imaginários ou metafóricos. Sempre preferi as pontes ou as portas e janelas abertas, reais ou imaginárias. Estas representam a comunicação e, logo, o entendimento. Mas quando, infelizmente, no lugar delas se ergue um muro, não posso tentar me equilibrar sobre ele. O certo é avaliar com discernimento e escolher o lado do muro que está mais de acordo com o que se espera da vida. O correto é tomar posição; posicionar-se mesmo que a posição tomada não seja a ideal, mas a mais próxima disso. Jamais lavar as mãos como Pilatos — o que custou a execução de Jesus — nem sugerir dividir o bebê disputado por duas mães ao meio.
Sei que cada escolha é uma renúncia. E, por isso, estou preparado para os insultos e ataques dos que gostariam que eu fizesse escolha semelhante às suas. Por respeito à democracia interna do meu partido, aguardei a deliberação da direção nacional para dividir, com vocês, minha posição sobre o segundo turno. E agora que o PSOL já se expressou, eu também o faço. Leia aqui a razão do meu posicionamento.
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Rio, muito obrigado!
Com uma campanha pobre em recursos financeiros (na verdade, financiada coletivamente por cada um ou cada uma de vocês que fizeram pequenas doações), mas construída com muito esforço e criatividade por mim, pela minha equipe, por bravos e valorosos voluntários e voluntárias (não citarei os nomes agora para não cometer a injustiça de esquecer alguém) que foram às ruas panfletar e/ou me receberam em suas casas para os comícios domiciliares, e pela militância do PSOL, eu fui o 7º deputado mais votado de todo o estado do Rio de Janeiro e o 5º mais votado na capital e em Niterói, totalizando quase 145 mil votos!
E eu não fui votado apenas nos bairros de classe média da Zona Sul: fui o 3º deputado mais votado na Tijuca e o 4º na zona eleitoral da Rocinha, pra vocês terem uma ideia da amplitude, e tive muitos votos na Baixada, na Região dos Lagos, no Norte Fluminense e em dezenas de municípios. Diferentemente de outros candidatos, não recebi dinheiro de empresas, não enchi o estado de placas, não contratei cabos eleitorais e tive pouquíssimo tempo de TV (apenas 12 segundos no horário político!). Por isso, essa votação foi uma façanha incrível, já que tive mais votos que candidatos com despesas incalculáveis, percebidas por qualquer pessoa que tenha andado pelas ruas do estado nas últimas semanas.
Não escondi os temas "polêmicos" que meu mandato defende, principalmente aqueles que são evitados pelos outros candidatos por conta do custo eleitoral que esses temas produzem, pois acho que uma campanha não serve apenas para ganhar votos, mas também para debater a sociedade. Aderir a lutas genéricas ("luto pela educação"), às causas unânimes ("pela melhoria dos hospitais públicos") e ao senso comum ("bandido bom é bandido morto"), como o faz a ampla maioria dos candidatos (inclusive muitos de esquerda), seria mais fácil, mas, no meu caso, não seria honesto intelectualmente; e eu sou honesto e não quero o fácil - o fácil é para os fracos!
A nossa vitória, com uma campanha austera, transparente e cidadã, é uma boa notícia para a democracia. Isso prova que as ideias valem mais que os milhões de igrejas caça-níquel, empreiteiras e bancos, e que vale a pena fazer política com honestidade e convicções.
À minha equipe, aos bravos e valoros@s voluntári@s da campanha, à militância do PSOL e a@s eleitor@s que votaram em mim, MUITO OBRIGADO! Muito mesmo! Vamos continuar fazendo junt@s um mandato a serviço dos direitos humanos, da igualdade, das liberdades individuais e da luta pela cidadania, pelo estado laico e pela justiça!
E àqueles que ainda hoje tentam desqualificar nossa vitória, eu digo: aceitem, que dói menos!
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Pelo fim da homolesbotransfobia no ambiente de trabalho
Em 2013 consegui, junto à ONU Brasil e seus órgãos, apoio institucional na construção de políticas públicas. Saí daquela reunião com o compromisso selado de que ela incorporaria cada vez mais o enfrentamento da homofobia em seu programa, e a promessa não falhou. Naquele ano iniciei aqui na Câmara a discussão sobre a discriminação contra pessoas vivendo com HIV/AIDS e a homolesbotransfobia no ambiente de trabalho, que, por fim, se materializaram no 11o. Seminário LGBT do Congresso Nacional, que discutiu o panorama atual da infecção HIV/AIDS, Hepatites virais e HTLV, e contou com a participação de representantes do Ministério do Trabalho e Emprego. Este empenho, inclusive, me levou a ministrar um curso de mestradona área no Programa de Pós-Graduação em HIV/Aids e Hepatites Virais da UNIRIO.
Nesta semana recebi em meu gabinete o manual de Promoção dos Direitos Humanos de Pessoas LGBT no Mundo do Trabalho, uma parceria da OIT - América Latina y el Caribe, Unaids Brasil e PNUD Brasil. O manual resgata toda a discussão que também toquei aqui no parlamento, com enfoque em políticas de prevenção, informação e educação, e também o combate à homolesbotransfobia como forma garantir a igualdade de oportunidades no mercado de trabalho. Traz quatro histórias reais para fundamentar a discussão, no ambiente corporativo, das relações entre gestores e funcionários.
Fico muito feliz em ver tal iniciativa recebendo o apoio de órgãos das Nações Unidas, de forma tão didática e tão bem fundamentada! O material pode ser lido pela internet e pode ser aplicado a qualquer empresa, independentemente do tamanho.
Parabéns a todas e todos que participaram na construção deste material! Vamos, junt@s, dar um fim à homolesbotransfobia no ambiente de trabalho!
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A Nova Parada LGBT do Rio
Nos dois últimos anos, não subi nos trios elétricos durante as Paradas LGBT das quais participei. Prefiro o "chão" porque entendo que a festa tem ocupado o espaço da reivindicação política. E a política tem que ser feita lá embaixo, que é onde nós estamos.
Como evento político, as paradas precisam ser repensadas. Venho propondo isto há anos aos seus organizadores. Já passamos da fase da afirmação da quantidade, pois já mostramos que somos capazes de reunir multidão em festa do orgulho de ser. Agora devemos investir na qualidade do evento em termos de impacto político. Temos também que aproveitar a capacidade de mobilização de uma parada para prestar solidariedade, ações positivas que deixem claro que nossa luta é inclusiva e que não estamos indiferentes à luta de outros tantos grupos.
Por isto que apoio - e estarei - na Nova Parada LGBT do Rio. Venha assinar o pacto pão-com-ovo e mostrar que não precisamos de dinheiro para exigir direitos!
Neste domingo, às 12 horas, no Posto 6!
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sexta-feira, 10 de outubro de 2014
Jean Wyllys
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