terça-feira, 29 de outubro de 2013

Poemas


PAULO COLINA

Nessa pegada de reler alguns dos nossos, reencontramos
os textos de Paulo Colina, falecido em 1999. É fundamental
relembrar alguns dos seus poemas, afinal são textos que
falam da gente, e que teimam em se manter vivos,
e para isso só precisam mesmo da gente. Para saber mais,
é só procurar os livros do Colina.

ESBOÇO

O meu braço
laço e corte
é machado-foice-
pau
o meu braço
é cimento
é concreto-britadeira
é parada infernal
sou a fome em sua porta
sou tocaia nas esquinas
olha o cano
olha o punhal
sou o asco
sou só casca
sou o nó que não desata
sou notícia de jornal
não aceito mais açoite
sou orgulho sou bravata
sou açúcar sou o sal
sou o suor pelota e grama
sou cansaço coração
sou a válvula de escape
pro seu ódio emoção
eu sou ginga melodia
berro couro alegria
todo ano carnaval
sou madeira que não verga
sou o dia sou a noite
não faz mal
(in Cadernos Negros 3)


FORJA
entre uma calmaria
     e outra
do mar de nossas peles
me bastaria amor cantar o fogo
que somos na nascente
     de suas coxas
mas há essa dor de outros tempos
e corpos
essa rosa-dos-ventos sem norte
na memória sitiada da noite
embora o gesto possa ser
no mais todo ternura
o poema continua um quilombo
      no coração

(do livro A Noite não Pode Licença)

FÊNIX

Basta!
Chega de tentar nos induzir,
de tentar nos enganar,
de querer nos conduzir,
     nos separar;
já não há por que mentir
nem mais razão para esconder
esse sorriso atravessado
     de escárnio
em nossas costas esses dentes,
essas presas sempre prontas,
prontas para esfolar.

Nada há de novo sob o sol;
nada além de umas carcaças,
secos Fênix de uma raça
que suposta oprimida,
feito um sonho e pesadelo,
bem um sonho e pesadelo,
renasce para gritar.

Desde que os servos
      vindos da noite
não ameacem o reinado,
senhor,
há uma grande união;
desde que os servos
      vindos da noite
não disputem seu pão,
meu senhor,
há uma grande união.

Cuide
que de fora desse circo,
lá de fora, sob o sol,
ou entre o arco do poente,
há cabeças, há carcaças,
cinzas Fênix de uma raça
que suposta oprimida,
feito um sonho e pesadelo,
bem um sonho e pesadelo,
renasce para lutar.

(
in Cadernos Negros 3)

* * *


SARAU DIA 09/11
Então... no dia 09 de novembro, sábado, vai rolar
mais uma edição do Sarau Afro Mix. Vai ser na
Casa das Rosas, av. Paulista/SP, a partir das
16h15. Leve seus textos.
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E EM DEZEMBRO:
CADERNOS NEGROS 36 – CONTOS

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CURTA HISTÓRIAS

(Para mais informações, acesse: www.curtahistorias.org)

Estão abertas até 05 DE NOVEMBRO DE 2013 as inscrições para a primeira
edição do Curta Histórias, festival de curtas-metragens voltado aos
alunos matriculados na Educação Básica da rede pública de ensin
o de todo o país.

Com o tema “Africanidades Brasileiras”, o projeto busca incentivar
jovens estudantes na elaboração de vídeos, de até um minuto, sobre
a cultura afro-brasileira, utilizando telefones celulares ou câmeras digitais.
Podem participar do festival todas as escolas que aderiram aos
programas Mais Educação, Projovem e Ensino Médio Inovador.

A iniciativa tem como objetivo valorizar a Educação nas Relações
Étnico-Raciais e apoiar a Lei 10.639/03, que torna obrigatório
o ensino de História e Cultura Africana e Afro-brasileira
na Educação Básica.

As equipes vencedoras receberão curso de formação em
cinema e empreendedorismo, tablet e um aparelho celular
smartphone. Cada escola vencedora ganhará uma cinemateca
com data-show, aparelho DVD, filmadora digital e câmera
fotográfica. A divulgação dos resultados ocorrerá
no dia 25 de novembro, em Brasília.

O “Curta Histórias” é uma realização do Ministério da Educação,
por meio da SECADI- Secretaria de Educação Continuada,
Alfabetização, Diversidade e Inclusão, com a Fundação Vale,
Fundação Telefônica, Associação Casa da Árvore, Sebrae e UNESCO.

As inscrições são gratuitas.
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Axé!

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