Das
ruas para a o diálogo
O
Brasil está surpreso e perdido diante da tomada das ruas pela juventude.
Entre
os que olham com benevolência e tolerância com o que consideram rebeldia da
juventude e os que resumem a vândalos e depredadores e determinam a repressão
policial, está uma postura de indiferença à pauta que os embala e mobiliza.
Pauta
esta que está nos cartazes, pixadas nos muros e corpos, refrões repetidos nas
caminhadas é que devia merecer a atenção dos governantes, da mídia e dos
analistas políticos, muito mais que os eventuais exageros das manifestações. As
instituições insistem em silenciar sobre os temas que revoltam e mobilizam a
juventude.
Manoel
Castells afirma que todos estes
movimentos nascem de uma situação social que se considera não tolerável como a indignação com a ideia de salvar os
bancos e sacrificar a pessoas que gerou
o occupy wallstreet. Eles ocupam espaços
territoriais – forma nova de espaço público:
o de autonomia. São autônomos das instituições porque querem mudar o
modelo, querem subverter a ordem.
Quanto
mais as instituições se afastam das demandas que movimentam milhares de jovens,
mais se amplia a crise da democracia representativa. A pauta do Passe Livre
enseja uma enorme insatisfação com as concessões públicas dos serviço de
transporte por todo o Brasil, no entanto, estão na base da idignação as
inúmeras evidências de corrupção que envolvem o sistema político brasileiro e
os negócios entorno da Copa - que deslocam milhares de pessoas das suas casas,
que atingem o ambiente natural e que captam
milhões dos fundos públicos para potencializar negócios privados.
Se
a única resposta que as instituições derem for o controle ou a repressão via forças de segurança, maior será o descrédito na democracia representativa. Mais do que isto, produzirão reações maiores
que vem da necessidade de obter respostas. “Os movimentos são sempre embalados
por uma imagem – quanto mais se reprime o movimento, mais imagens se gera e
mais pessoas se identificam a partir das imagens que reprimem ideias como as
deles” analisa Castells.
A
melhor atitude que podemos tomar é darmos aos movimentos de rua outras imagens:
atitudes de escuta e mudança das políticas e das instituições, como a chamada
de uma Assembleia Constituinte Exclusiva para fazer a reforma política. Aí sim,
a experimentação de cidadania que estes movimentos oportunizam, se transformará
em esperança e aposta na transformação da política do estado brasileiro.
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