quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Estupro na TV


Companheiras,
Socializo nota de repúdio da UBM sobre violência contra a mulher e abuso de poder da Rede Globo.



UBM repudia comportamento da Rede Globo frente à violência contra a mulher

 A União Brasileira de Mulheres (UBM), por meio da sua direção executiva nacional, manifesta publicamente seu repúdio à Rede Globo de Comunicação pela atitude irresponsável no trato da figura feminina revelada no recente episódio da suspeita de estupro durante o programa Big Brother Brasil (BBB-12). A entidade, que coordenada o projeto nacional “Fortalecer o Protagonismo no Enfrentamento Contra as Mulheres na Democratização da Mídia”, repudia e denuncia a omissão dos responsáveis frente às cenas que permitem supor crime sexual, expondo uma mulher em situação de vulnerabilidade para todos os seus telespectadores.

A UBM entende que - para uma concessionária de serviço público - esse tipo de atitude e de programa, ao influir sobre a formação de consciências da audiência de todo o país, contribuem contra a edificação de uma cultura de desrespeito à figura humana em geral e, em especial da mulher em especial.  “Um estupro, ocorrência presumível pelas cenas veiculadas, tenha ou não sido consumado, não pode jamais ser tratado como objeto de brincadeira, chacota ou de comentários imbecis do tipo “O amor é lindo”, proferido pelo jornalista Pedro Bial, buscando fugir à responsabilidade pelo inadmissível abuso”, destaca a coordenadora nacional da entidade, Elza Maria Campos.

O fato corrido e as atitudes do comando da Rede Globo deixaram livre o campo para a reiteração de interpretações preconceituosas e machistas, que buscam culpabilizar a vítima do abuso sexual, isto é, a integrante do programa.  “Se há estupro, ele tem uma causa óbvia: o estuprador, o agente do crime. Agente cuja ação foi tranquilamente liberada para acontecer numa situação em que a mulher encontrava-se incapaz de qualquer discernimento. Afinal, ocorreu depois da noite de orgia alcoólica, na qual a emissora costuma induzir os participantes do abominável programa. A Rede Globo promoveu a farra etílica para a curtição de seus clientes telespectadores e, também, suas decorrências degradantes, entre elas as cenas do abuso sexual sobre uma mulher incapacitada de dar consentimento para qualquer coisa”, manifestou a entidade em nota pública.

Para a UBM, o crime não foi praticado apenas por seu agente imediato, Daniel, mas teve a co-participação de quem criou as condições para que ele acontecesse. Ou seja, a emissora Rede Globo, os responsáveis pelo programa BBB-12 e também os patrocinadores comerciais (Unilever, Ambev, Fiat, Schincariol e outros).  Em nada resolve o problema ter excluído o participante Daniel, acusando-o genericamente de “comportamento inadequado”, sem mais nenhum esclarecimento ou mea culpa.

O “show de realidade” da TV Globo virou palco de escândalo sexual. E essa concessionária de serviço público somente viu-se forçada a reagir, tomando alguma atitude (pífia e tergiversante), depois que o caso assumiu enorme dimensão nas redes sociais pela internet.

“O lamentável episódio de abuso sexual contra Monique, assistido por milhões de pessoas, merece não só amplo repúdio, mas a ação ativa da sociedade organizada para exigir punição de quem responde por essa ocorrência. É preciso cobrar imediata retratação da Rede Globo quanto à agressão que consentiu à figura da mulher, o cancelamento do Programa BBB-12 e até mesmo buscar a possibilidade de cassação da concessão pública de uma emissora que mostra desprezar a dignidade humana”, reivindica a UBM.

A UBM, como movimento social, apoia e luta por uma mídia que respeite os direitos das mulheres e do povo brasileiro; que seja instrumento de formação para a cidadania, de educação e inclusão social, com acesso à informação e exercício da liberdade de expressão.   “A mídia pode contribuir para uma educação crítica e libertadora, uma educação não-sexista, não-homofóbica, não- discriminatória. Por isso, a ocorrência de mais um episódio na contramão civilizatória somente reforça a imperiosa necessidade de o Governo brasileiro instituir o marco regulatório da mídia, a exemplo do que já acontece na Argentina. A mídia deve ter ampla liberdade de expressão, mas também deve responder legalmente pelos conteúdos que veicula”, ressalta Elza.

Mulher e mídia – O projeto “Fortalecer o Protagonismo no Enfrentamento Contra as Mulheres na Democratização da Mídia”, realizado pela UBM com apoio financeiro da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), visa fortalecer o protagonismo das mulheres buscando exercer o controle social sobre a implementação da Lei Maria da Penha e o Pacto Nacional pelo Enfrentamento da Violência contra as Mulheres e, ainda, divulgar a importância da Notificação Compulsória para o enfrentamento da violência contra as mulheres.

“As mulheres de modo geral não reconhecem todos os tipos de violência. Então, é importante que elas conheçam para reconhecer e que consigam identificar na mídia, sobretudo na televisão, o reforço dos estereótipos e de todos os processos que as mantém na submissão ao machismo e ao patriarcalismo vigente. A nossa proposta é que consigam fazer o exercício do controle social da veiculação de conteúdos discriminatórios na mídia e tenham outras posturas junto aos seus parceiros, à comunidade e à sociedade”, defende a coordenadora nacional do projeto Dóris Margareth de Jesus.

Formação e debates sobre violência contra a mulher - Os seminários, que fazem parte do projeto e reúnem mulheres de diferentes segmentos sociais, fortalecem o protagonismo das mulheres e estão acontecendo em 17 cidades: Teresina, João Pessoa, Olinda, Campinas, São Paulo, Belo Horizonte Vitória, Betim, Curitiba, Rio Branco, Manaus, Sergipe, Vitória da Conquista, Brasília, Cuiabá e Goiânia. Ao todo, o projeto atingirá diretamente 850 mulheres e cerca de 50 mil indiretamente. “O principal objetivo é incentivar as mulheres, prepará-las para que façam o controle social da mídia, pois ao tomar conhecimento sobre as várias formas da violência de gênero, elas têm respaldo para buscar os seus direitos. Sabemos que a linguagem dos meios de comunicação envolve um plano simbólico, que muitas vezes não é percebido pela maioria delas. Queremos evidenciar essa situação, mostrar que a mídia também agride a mulher”, explica Dóris.
UBM – Por um mundo de igualdade, contra toda opressão!
Elza Maria Campos - Coordenadora Nacional da UBM e Conselheira do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher
 "Continuaremos a lutar pelo bom, pelo melhor e pelo justo" (Olga Benario)Fone: (41) 9667-9532elzacampos@ubmulheres.org.br Visite: www.ubmulheres.org.br






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