sexta-feira, 17 de junho de 2011

Encontro com o Professor

 
Acalmar-se, enfim
 
Ruy Carlos Ostermann

Estava me preparando para conversar nessa quinta-feira com Oswaldo Montenegro. Sempre faço assim por respeito às exigências de uma entrevista. E preparar-se não tem nada de mais. Leio duas ou três coisas, se posso ouço o último CD, reanimo algum depoimento pessoal sobre o entrevistado. Não se deve chegar a um encontro desses ignorando quase tudo. Porque não há pergunta capaz de substituir o conhecimento. Ela, na verdade, se vale do conhecimento, sente-se facilitada e geralmente produz certo brilho no olhar muito profissional que nos observa.
A pior coisa que pode acontecer é o entrevistado perceber que se sabe quase nada a respeito dele e que é indispensável fazer perguntas tolas para, de algum modo, encaminhar uma conversação. Também não é muita coisa, um cantor é um cantor, um compositor deve lidar com essas agruras da construção poética e sua correspondência com a musicalidade, e assim por diante. Sempre numa coisa perto da outra, quase a justificando e, no mínimo, servindo de apoio.
 
A conversação é, por isso, uma descoberta anunciada, um acontecimento previsível porque já anotada em alguns pormenores que ficam como garantia de um e de outro. Pois estava assim, bisbilhotando alguma coisa que pudesse elucidar a entrevista e subitamente me tornar um companheiro de Oswaldo Montenegro, mesmo sem frequentá-lo, ou levantar o telefone (sou um pouco antigo, uso telefone com frequência) ou trocar e-mails ou uma declaração pelo blog.

Foi quando me dei conta de que um jornalista é mesmo esse ser cambiável, que troca seu mundo pelo do outro e pouco se importa que não seja recíproca essa relação. E então, me acalmei.
 

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