quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Dia do Fado

O governador Tarso Genro sancionou, em 12/01/11, o Projeto de Lei 35/10, aprovado pela Assembleia Legislativa em 15/12/10. Com o número 13.661 a nova Lei do DIA ESTADUAL DO FADO foi publicada no diário Oficial.

O Autor do Projeto, Deputado Francisco Appio, comemorou sua aprovação, ressaltando o Parecer Favorável na CCJ, de autoria do deputado Ciro Simoni. Pela Lei, a data será comemorada no dia 1º de julho, de cada ano. “Criar um dia para que o fado seja lembrado é uma maneira de homenagear toda comunidade luso-brasileira do Estado”, destaca Appio.
A data escolhida refere-se ao nascimento de Amália Rodrigues, a maior cantora de Fado de todos os tempos, que propagou a cultura, idioma e a música por vários continentes, ao longo de sua vida. 
O Projeto foi concebido durante a realização da Semana Cultural Luso-Brasileira, instituída pela Lei Estadual 13.028/2008, realizada de 16 a 22 de abril de 2010.
JUSTIFICATIVA - A palavra fado vem do latim fatum, ou seja, "destino". De origem obscura, terá surgido provavelmente na primeira metade do século XIX. Uma explicação popular para a origem do fado de Lisboa remete para os cânticos dos Mouros, que permaneceram no bairro da Mouraria, na cidade de Lisboa após a reconquista Cristã. A dolência e a melancolia, tão comuns no Fado, teriam sido herdadas daqueles cantos. 
Nascido no Brasil, o fado tornou-se conhecido em Portugal após o retorno da corte de D. João VI à Europa, para desaparecer completamente da tradição musical brasileira. 
Fado é uma canção popular portuguesa tipicamente urbana, cantada sobretudo nas ruas e bares de Lisboa e, em Coimbra, no meio estudantil. É acompanhada ao violão e eventualmente dançada. A temática da dor e do destino, recorrente na poesia portuguesa, aparece no fado tradicional, mas também há fados alegres e satíricos, e outros sobre temas variados, como política e religião. 
O chamado fado batido surgiu no início do século XIX, como dança de umbigadas semelhante ao lundu. Popularizou-se primeiro no Rio de Janeiro e depois na Bahia. Na década de 1830, já existiam em Lisboa inúmeras casas de fado, onde moravam as fadistas, jovens que cantavam, tocavam e "batiam" o fado num ambiente de bordel. Por volta de 1840, o canto ganhou especial importância, o que parece haver coincidido com a substituição da viola pelo violão. 
A partir de sua apresentação em espetáculos, no final do século XIX, o fado se enriqueceu musicalmente e teve atenuada a morbidez dos temas poéticos. Renovou-se na década de 1930, com intérpretes como Amália Rodrigues, cujos ornamentos melódicos trazem à lembrança o canto cigano e mourisco. Em meados do século XX, o fado tornou-se conhecido fora de Portugal. 
A instituição desta data é alusiva ao nascimento de Amália da Piedade Rebordão Rodrigues que segundo ela mesma afirma nasceu em 1º de julho de 1920 em Lisboa e não no dia 23 conforme consta em seus registros. Ela foi uma fadista, cantora e atriz portuguesa, considerada o exemplo máximo do fado. Está sepultada no Panteão Nacional, entre os portugueses ilustres. 
Tornou-se conhecida mundialmente como a Rainha do Fado e, por consequência, devido ao simbolismo que este gênero musical tem na cultura portuguesa, foi considerada por muitos como uma das melhores embaixadoras do país. Aparecia em vários programas de televisão pelo mundo fora, onde não só cantava fados e outras canções de tradição popular portuguesa, como música de outras origens (por exemplo, música espanhola). 
A sua carreira alcança tremendo êxito no Retiro da Severa, onde faz a sua estreia profissional, e torna-se a vedete do fado com uma rapidez notável. Passa a atuar também no Solar da Alegria e no Café Luso. Era o nome mais conhecido de todos os cantores de fado. Fazia com que por onde atuasse as lotações se esgotem, inflacionando o preço dos bilhetes. Em poucos meses atinge tal reconhecimento e popularidade que o seu cache é o maior até então pago a fadistas. 
Estréia no teatro de revista em 1940, como atração da peça “Ora Vai Tu”, no Teatro Maria Vitória. No meio teatral encontra Frederico Valério, compositor de muitos dos seus fados. Em 1943 divorcia-se a seu pedido. Torna-se então independente. Neste mesmo ano atua pela primeira vez fora de Portugal. A convite do embaixador Pedro Teotónio Pereira, canta em Madrid. 
Em 1944 consegue um papel proeminente, ao lado de Hermínia Silva, na opereta Rosa Cantadeira, onde interpreta o Fado do Ciúme, de Frederico Valério. Em Setembro, chega ao Rio de Janeiro acompanhada pelo maestro Fernando de Freitas para atuar no Casino Copacabana. Aos 24 anos, Amália tem já um espetáculo concebido em exclusivo para ela. A recepção é de tal forma entusiástica que o seu contrato inicial de 4 semanas se prolongará por 4 meses. É convidada a repetir a tournee, acompanhada por bailarinos e músicos. 
É no Rio de Janeiro que Frederico Valério compõe um dos mais famosos fados de todos os tempos: “Ai Mouraria”, estreado no Teatro República. Grava discos, vendidos em vários países, motivando grande interesse das companhias de Hollywood. 
Em 1947 estreia no cinema com o filme Capas Negras, o filme mais visto em Portugal até então, ficando 22 semanas em exibição. Um segundo filme, do mesmo ano, é Fado, História de uma Cantadeira. 
Amália é apoiada por artistas nacionalistas como Almada Negreiros e António Ferro. Esse que a convida pela primeira vez a cantar em Paris, no Chez Carrère, e a Londres, no Ritz, em festas do departamento de Turismo que o próprio organiza. 
A internacionalização de Amália aumenta com a participação, em 1950, nos espetáculos do Plano Marshall, o plano de "apoio" dos EUA à Europa do pós-guerra, em que participam os mais importantes artistas de cada país. O êxito repete-se por Trieste, Berna, Paris e Dublin (onde canta a canção Coimbra, que, atentamente escutada pela cantora francesa Yvette Giraud, é popularizada por ela em todo o mundo como Avril au Portugal). 
Em Roma, Amália atua no Teatro Argentina, sendo a única artista ligeira num espetáculo em que figuram os mais famosos cantores de música clássica. Canta em todo os cantos do mundo. Passa pelos Estados Unidos, onde canta pela primeira vez na televisão (na NBC), no programa do Eddie Fisher patrocinado pela Coca-Cola, que teve que beber e de que não gostara nada. Grava discos de fado e de flamenco. Convidam-na para ficar, mas não fica por que não quer. 
Amália dá ao fado um fulgor novo. Canta o repertório tradicional de uma forma diferente, sincretisando o que é rural e urbano. Canta os grandes poetas da língua portuguesa(Camões, Bocage), além dos poetas que escrevem para ela (Pedro Homem de Mello, David Mourão Ferreira, Ary dos Santos, Manuel Alegre, O’Neill). Conhece também Alain Oulman, que lhe compõe várias canções. 
O seu fado de Peniche é proibido por ser considerado um hino aos que se encontram presos em Peniche, Amália escolhe também um poema de Pedro Homem de Mello Povo que lavas no rio, que ganha uma dimensão política. 
Em 1966, volta aos Estados Unidos. Neste mesmo momento o seu amigo Alain Oulmané preso pela PIDE. Amália dá todo o seu apoio ao amigo e tudo faz para que seja libertado e posto na fronteira. 
Em 1969, Amália é condecorada pelo novo presidente do conselho, Marcelo Caetano, na Exposição Mundial de Bruxelas antes de iniciar uma grande digressão à União Soviética. 
Em 1971, encontra finalmente Manuel Alegre, exilado em Paris. Na chegada da democracia são-lhe prestadas grandes homenagens. É condecorada com o grau de oficial da Ordem do Infante D. Henrique pelo então presidente da República, Mário Soares. Ao mesmo tempo, atravessa dissabores financeiros que a obrigam a desfazer-se de algum do seu patrimônio . 
Em 1990, em França, depois da Ordem das Artes e das Letras, recebe, desta vez das mãos do presidente Mitterrand, a Légion d'Honneur. Ao longo dos anos que passam, vê desaparecer o seu compositor Alain Oulman, o seu poeta David Mourão-Ferreira e o seu marido, César Seabra, com quem era casada há 36 anos. 
Em 1997 é editado pela Valentim de Carvalho o seu último álbum com gravações inéditas realizadas entre 1965 e 1975(Segredo). Amália publica um livro de poemas (Versos). É-lhe feita uma homenagem nacional na Feira Mundial de Lisboa (Expo 98). 
A 6 de outubro de 1999, Amália Rodrigues morre com 79 anos, pouco depois de regressar da sua casa de férias no litoral alentejano. No seu funeral centenas de milhares de lisboetas descem à rua para lhe prestar uma última homenagem.
Sepultada no Cemitério dos Prazeres, o seu corpo é posteriormente trasladado para o Panteão Nacional, em Lisboa (após pressão dos seus admiradores e uma modificação da lei que exigia um mínimo de quatro anos antes da trasladação), onde repousam as personalidades consideradas expoentes máximos da nacionalidade.
Amália Rodrigues representou Portugal em todo o mundo, de Lisboa ao Rio de Janeiro, de Nova Iorque a Roma, de Tóquio à União Soviética, do México a Londres, de Madrid a Paris (onde atuou tantas vezes no prestigiosíssimo Olympia).
Propagou a cultura portuguesa, a língua portuguesa e o fado. Este projeto vem atender o desejo de várias representações portuguesas do Estado, como o Instituto Cultural Português, Casa de Portugal, Casa dos Açores (Gravataí) que entendem importante a designação desta data para a promoção de eventos artísticos e culturais em homenagem ao fado e também a toda a cultura luso-brasileira no Estado, razão pela qual esperamos contar com o apoio dos demais colegas deputados.
Sala das Sessões - Deputado Francisco Appio


Deputado Estadual Francisco Appio - www.appio.com.br

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