quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Monteiro Lobato

Que você esteja em paz e harmonia. Abaixo segue uma breve reflexão.

MONTEIRO E A LITERATURA AFRO

Recentemente uma polêmica veio à tona relativamente a um livro.
O Conselho Nacional de Educação emitiu um parecer em que considerava que um livro de Monteiro Lobato tinha termos racistas em relação a um personagem e recomendava que a editora colocasse um texto para que os professores trabalhassem esse aspecto com os alunos.
Logo veio à tona uma polêmica: a de que estaria havendo uma censura a Monteiro Lobato, um clássico da literatura brasileira.
Em primeiro lugar queremos dar os parabéns ao Conselho Nacional de Educação por ter colocado o dedo na ferida e ter tocado num intocável. Não é por que é clássico que não pode ter seu racismo analisado e denunciado. Nesse sentido, quem leu Monteiro sabe que ele deve muito às teorias da antropologia racista do século XIX, como mostra o seu livro “Presidente Negro”, uma obra em que aquela pseudociência encontra acolhida.
No entanto gerações e gerações vêm sendo formadas por aqueles estereótipos que aparecem no sítio e em outros livros e nunca se esboçou em relação a isso nenhum tipo de censura.
Essa questão de censura, aliás, é uma questão dúbia. Por princípio, qualquer censura é abominável, mas vemos livros em que se leem palavrões serem sumariamente condenados, numa atitude que também pode ser considerada censura. Afinal, até que ponto se pode cercear a liberdade de um escritor ou uma escritora, transgressores quase sempre?

E o que será que fere mais um estudante negro: um palavrão ou um personagem negro ter colado a si o adjetivo “macaco”, por exemplo?

Monteiro continuará a habitar o imaginário das crianças por muito tempo, a julgar pela reação da mídia conservadora e das classes que ela representa, mas já é hora de exigir mais respeito na forma de livros que retratem sem estereótipos personagens afrodescendentes, e nisso a literatura afro tem trazido sua importante colaboração: os autores afro-brasileiros, especialmente os contemporâneos, têm procurado elaborar personagens dignos.

Valorizar livros assim seria uma forma de contemplar a diversidade, a exemplo do que faz a Prefeitura de Belo Horizonte, um modelo nesse sentido, pois procura oferecer a seus alunos livros que lidem com nossa diversidade étnica. O país agradeceria mais iniciativas como essas.

Que nesses novos tempos que se anunciam para o Brasil, com uma mulher sendo eleita presidente (uma prova de que algumas coisas podem mudar, uma coisa que a eleição de Obama já tinha mostrado), que nesses novos tempos possa haver mais espaço para o sonho e a esperança.

E é isso. Prepare-se. Dia 17 de dezembro será lançado o livro Cadernos Negros volume 33, de poemas. Na sala Olido, av. S. João, 473 - SP. E dias 18 e 19 de dezembro tem a Feira Preta, no Centro de Exposições Imigrantes.

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