quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Igualdade Racial

Segue ABAIXO, e em ARQUIVO ANEXO, 2 textos de Yedo Ferreira que tratam dos seguintes temas: 1- Igualdade_Racial Uma_Nova Capa Para_o_Mito_YedoFerreira_09_2010


2- Estatuto_Racial_a_Alegria_da_Elite_Brasileira_YedoFerreira_09_2010



Atenciosamente - Maurilio Ferreira da Silva - Movimento Negro Unificado -

MNU - Campinas/SP -



IGUALDADE RACIAL – UMA NOVA CAPA PARA O MITO.



Yedo Ferreira/MNU-RJ











A ideologia para a dominação qualquer que seja, ela nunca aparece, precisa ficar escondida para parecer ser o que ela não é. Este é o caso da igualdade racial, uma capa nova para um velho personagem, o Mito.



Conhecido dos negros, o Mito conviveu por muitas décadas entre eles, até que um dia ficou nu. Foi-lhe tirando a capa que usava para parecer ser ele distribuidor de felicidades dos negros, capa que por debaixo escondia o preconceito que nutria contra os negros e a discriminação como ação contra eles. A capa do Mito na época tinha nome de DEMOCRACIA RACIAL.



O mito, segundo Aurélio tem várias definições, ou seja, no caso em pauta várias faces, porém quanto ao seu caráter não existe diferença alguma de ser o Mito, uma farsa. Assim a definição que melhor pode ser aplicada é do mito como uma idéia falsa, que distorce a realidade ou não corresponde a ela.



Durante anos seguidos no Brasil este personagem embuçado freqüentou todos os ambientes onde haviam negros e brancos arrastando sua capa, sorrindo, abraçado com negros e brancos, dando em alguns momentos, tapinhas nas costas de ambos, procurando convencê-los de que a Democracia Racial que pairava sobre os habitantes deste imenso País era uma grande realidade.



Mas, diz o provérbio popular que mentira tem pernas curtas. Um dia não muito distante, mais precisamente nos anos setenta do século vinte, alguns negros e negras também observaram que a democracia racial como uma realidade inquestionável não era bem assim. Democracia não existia nenhuma e democracia racial, a democracia entre as “raças do Brasil”, entre pretos e brancos em particular, muito menos.



Os negros dos anos 70, definidos militantes, observaram também que na democracia racial que diziam habitar entre brasileiros, o branco era sempre o rico e o negro não passava do pobretão. O branco vivia em mansões e o negro em barracos. Esta realidade de sentido econômico, observaram eles, não era muito diferente de um passado distante, onde o branco residia em casa grande e o nego sobrevivia em senzalas. Um era Senhor, o opressor, o outro, o oprimido, o escravo e se for preciso recorrer a história não será necessário grande esforço para saber qual a classe social de cada um, negros e brancos na sociedade escravocrata.







A constatação obvia a que chegaram aqueles negros militantes era que não existia democracia racial na sociedade escravocrata e que depois da supressão do trabalho escravo, na sociedade que a substituiu, também não. Como para aqueles negros o personagem que transitava na sociedade brasileira vestido com a capa da democracia racial era um mito, um personagem da ficção, por conseguinte deviam com urgência desnudar o mito, tirar a capa de democracia racial por ele usada. Isto foi o que fizeram com relativo sucesso.







O mito com sua capa rasgada, desmistificado e desmoralizado nunca foi, de modo geral, do agrado de membros da elite brasileira e por esta causa eles ficaram a espera de uma oportunidade que possibilitasse reabilitar o mito ridicularizado pelos negros.



A espera porem não demorou muito tempo, contaram para a reabilitação do mito com a fidelidade de negros assimilados que com uma militância elitizada contribuiram para retirar o mito da lixeira da história, dando ainda ao mesmo de presente uma nova capa, a capa da IGUALDADE RACIAL. Assim o mito ressuscitou do lixo por obra e graça de uma militância negra elitizada, alegrando em muito a elite brasileira, sobretudo por ter sido o mito ressuscitado pelos próprios negros.



Diferente da época em que usava a capa de democracia racial para encobrir o preconceito e a discriminação contra negros, agora o mito ressuscitado e usando a capa de igualdade racial, trazia embaixo da capa um projeto para ser transformado em lei, como estatuto. Mas tarde aprovado como Estatuto da Igualdade Racial, uma política de Estado que reduz o negro a condição de minoria na população do Brasil. Assim o mito inicia sua vingança da militância negra do passado que o tinha colocado nu, ao rasgar a sua capa de democracia racial.



O mito ressuscitado e o Estatuto que o legalizava, fatos que ocorreram durante o governo da elite branca de esquerda, provocou indignação nos negros militantes que muito combateram a Lei Demostenes e Lorenzone (Estatuto da Igualdade Racial) por não considerar o negro coletivo como uma minoria na população brasileira.



Mas de qualquer maneira a militância negra assimilada pode contar com apoio governamental para disseminar o mito de capa igualdade racial nas estruturas de governo, implantando secretarias, superintendências, coordenadorias e outros nomes, como política de Governo para negros.



No legislativo federal parlamentares negros autos-definidos de esquerda fundam a Frente Parlamentar da Igualdade Racial. Nesta política de frente está o deputado ruralista Ronaldo Caiado, companheiro de partido (o DEM) do Senador Demostenes Torres e do Deputado federal Onix Lorenzone, ambos, novos autores do Estatuto da Igualdade Racial que legaliza o mito ressuscitado.



Uma observação muito apropriada feita pelos negros que combateram (e ainda combatem) aquela militância negra assimilada que retirou o mito do lixo da história, foi que no apoio explicito ou velado que recebeu da elite branca de esquerda dirigentes no Governo, estava a solução para o desconforto que a elite branca de esquerda sentia nas vezes que se deparava com o negro se afirmando como negro, nas relações que estabelecia com as instituições que traziam no título sempre a palavra negro e com o próprio Movimento Negro que essas instituições formavam e que ela, elite branca de esquerda esnobava. Não esquecer que nas Décadas 70/80 a elite branca de esquerda dizia que o movimento negro era de direita e que a luta contra o racismo travada por ele iria dividir a classe operária.



A capa de Igualdade Racial do mito disseminado nas estruturas do governo observaram aqueles negros que combateram o mito ressuscitado, poderia ser (e na verdade é) a erradicação geral da palavra negro, até porque, a militância negra elitista junto com a elite branca de esquerda, a um certo tempo vem substituindo a palavra negro por; carente, excluído, pobre e outros adjetivos indefinidos, além de empregar as palavras desigualdade social e inclusão social para mistificar realidades nas quais o negro é o principal penalizado.



A observação portanto não é de toda sem fundamento, na medida que não se pode esquecer que nas instituições da elite branca de esquerda e também nas que ela dirigia, o espaço concedido ao negro, nas estruturas por ele organizada não lhes era permitido titulá-las com a palavra negro. Quando propunha usar a palavra negro vinha a contraproposta para no lugar de negro usar a palavra anti racismo, combate ao racismo e outras pérolas do mesmo quilate.



Assim aconteceu com os negros da CUT – Central Única dos Trabalhadores, que no passado pensaram criar a Secretaria Nacional de Negros Cutistas e no 5º CONCUT (1995) deliberado que “a luta contra o racismo como luta sindical” a decisão que houve foi para que os negros cutistas que queriam como negro esta assim organizado na Central estivesse organizados como CNCDR – Coordenadoria Nacional de Combate a Discriminação Racial.



No PT – Partido dos Trabalhadores não foi diferente para os “negros petistas”, a contra proposta resultou na Secretaria de combate ao Racismo e mais recentemente no PC do B – Partido Comunista do Brasil que tinha a UNEGRO como órgão de cooperação do partido, no seu lugar encontra-se agora a Secretaria Anti-Racismo.



A atitude da atual militância negra que disseminaram a igualdade racial capa de um mito que traz para os que combatem está prática, uma certa apreensão de que esses negros elitizados e assimilados, com apoio da elite branca de esquerda possa criar um movimento pela igualdade racial, fazer desaparecer da cena política o movimento negro e assim resolver o desconforto que a palavra negro provoca na elite branca de esquerda. Uma grande vitória da elite brasileira e o que é óbvio, uma derrota da militância negra conseqüente.



Neste momento histórico a conclusão que se pode chegar é que a luta pela libertação do povo negro está em perigo. Numa ação conjunta para destruir esta luta, aliam-se uma militância negra assimilada e elitizada e uma elite branca de esquerda, uma aliança de elites, com agravante de que muito dos seus membros encontram-se em estruturas de governo e não só, mas também no parlamento e no judiciário. A ideologia na qual essa aliança está assentada, a ideologia base da unidade entre todos eles, é a igualdade racial, um equivalente de democracia racial.



Depois de mais de quarenta anos de seu falecimento, Martins Luther king continua atual pelas palavras faladas num determinado dia de sua vida de que “há negros que jamais lutarão pela liberdade. Há outros que procurarão obter com a luta vantagens pessoais e há outros ainda que colaborarâo com os opressores”.



A identificação com as palavras de Luther King e a militância negra elitizada é direta. No meio dela estão não só os que querem obter vantagens pessoais, mas e, sobretudo os negros que ao negarem identidade étnica, a identidade de povo negro, colaboram com os opressores, que, no momento atual é a elite branca de esquerda.



Da mesma forma que faz sua denúncia que serve para situar o negro de qualquer tempo e de qualquer lugar, Luther king conforta os negros que se opõem aos denunciados de que; “tais fatos não devem ser motivo de desespero” e a seguir dando ênfase as suas palavras, afirma que, “todo povo possuem sua parcela de covardes, oportunistas e traidores”. O povo negro no Brasil não poderia ser diferente.



Mas sábias palavras de Luther King não ameniza a indignação contra as traições cometidas ao povo negro e muito menos as deslealdades que fazem para impedir a libertação de um povo forte.



A maior indignação porem é contra o negro que no passado, com outros negros, rasgou a capa de democracia racial de um mito criado pela elite brasileira e, no presente momento, esse mesmo negro _ Eduardo Oliveira é o exemplo – ajuda a ressuscitar o mito vestido de igualdade racial, apóia a lei Demostenes e Lorenzone, à lei do mito que o legaliza e também afirma o negro como minoria na população e uma vez sendo está lei um estatuto – dispositivo jurídico de minoria – concorda explicitamente que o negro seja retirado da esfera constitucional.



Mas de todos esses fatos que há para se indignar, existe também um fato para se lastimar como olhar Amauri Mendes, Rafa, Gilberto Leal, Miltão e tantos outros militantes do passado se condenarem ao silêncio, assistindo ainda passivamente, negros assimilados e elitizados ressuscitarem do lixo da história o mito que no passado teve por eles, rasgada a sua capa de democracia racial.



Hamilton Bernardes, Correia Leite e outros negros que como os citados não se encontram mais entre nós, com certeza não estariam em silêncio.













20 de Setembro 2010











ESTATUTO RACIAL A ALEGRIA DA ELITE BRASILEIRA



Yedo Ferreira



















O povo negro não merecia está ação desleal de uma militância que na prática renega a condição de vanguarda que deveria ter, para se afirmar como elite negra que sempre desejou ser.



O poeta Luiz de Camões declamava se referindo a Dom Sebastião, o fraco rei de Portugal de sua época, que, um fraco rei faz fraco um forte povo. Lembrança muito bem aplicada no momento a uma militância que nega Zumbi dos Palmares, que uma fraca militância negra faz fraco um forte povo negro.



A militância negra elitizada e sem discernimento político levou o Presidente Lula – um dos poucos governantes brasileiros dedicados a atender anseios sociais – a sancionar o Estatuto de Igualdade Racial que pelo seu conteúdo é expressão de pensamento racista de conservadores ruralistas, uma das camadas sociais mais reacionárias que existe no Brasil.



Os negros (e negras também) presentes na Câmara Federal, de mãos dadas com o ruralista Ônix Lorenzone cantaram contentes o samba “Um sorriso negro”, provável expressão de alegria pela traição que cometeram aos quilombolas. Dias depois, no Senado Federal, abraçados ao conservador Demóstenes Torres, um zeloso pai da pátria, agradeciam a aprovação do Estatuto Racial ainda que apenas uma concessão.



O final do périplo deste estatuto de Igualdade Racial sempre acompanhado pelos negros (e negras) pobres de espírito que desejam muito serem subordinados a um estatuto como uma minoria inexpressiva, foi a Presidência da República, onde o Presidente Lula acreditando nos negros do seu partido, de boa-fé assinou uma lei réles e inócua que não vai resolver em nada, as condições de subemprego e de favelização nas quais a século está submetida a massa negra da população do Brasil.



Por ter sido retirado do projeto original – com consentimento desses negros (e negras) alguns poucos “direitos” dados em concessão pela direita ruralista, - não será nenhuma injustiça ao Senador Paulo Paim se este Estatuto de Igualdade Racial passar a ser Lei Demóstenes e Lorenzone. Afinal em se tratando da nulidade está lei em nada fica a dever a Lei Saraiva e Cotegipe, dois conservadores do tempo do Brasil - Império e que deram nomes a Lei dos Sexagenários. Uma lei que determinava livres escravos acima de 60 anos de idade, porém nos anos em que a mesma esteve em vigor, não fez livre um único escravo idoso.



A verdade é que lei de cunho social feita por conservador, quando existe, seja no Império ou na República brasileira – e o Estatuto está neste caso – é aprovada, mas não para funcionar. A única função de legislação conservadora é manter o “Statuo quo”, portanto é lei que não muda a realidade social daqueles que seriam os “beneficiados”. O máximo que o Estatuto de Igualdade Racial deve alcançar na sociedade é o conhecimento de que ele existe.



O espanto de Lorenzone e depois de Demóstenes, com certeza ocorreu quando se deram conta da ingenuidade e da pouca inteligência desta militância negra elitizada que na ânsia de se colocar subordinada a um estatuto, fez todas as concessões que lhe fora imposta por eles. A miopia impediu de ela enxergar a distinção entre forma e conteúdo.



Assim está militância negra acometida de cegueira política não viu a diferença que há entre a forma jurídica, o estatuto em si e o conteúdo, como o que considera direitos dos negros, sem esquecer que o título é de igualdade racial. Esta militância negra também não percebeu que a elite brasileira – no caso em pauta os ruralistas – não era, como continua a não ser, contra estatuto para negros e muito menos um estatuto com título fantasia de igualdade racial.



A elite brasileira em geral – e não só os ruralistas – o que ela não admite no Estatuto de Igualdade Racial, não é o seu título, mas o que uma lei possa prever como direitos para negros. Esta com certeza foi a razão pela qual os representantes da elite branca eurocentrista no Congresso Nacional, o Deputado Ônix Lorenzone e o Senador Demóstenes Torres modificaram substantivamente o conteúdo do Estatuto Racial, de maneira que a versão entregue ao Presidente Lula para colocar sua assinatura ser diferente – pelo menos em alguns aspectos fundamentais – da versão original do Senador Paulo Paim.



É importante frisar que os dois parlamentares embora tenham alterado a redação do Estatuto, porém no título (igualdade racial) não propuseram alteração alguma, se quer questionaram a adoção do nome igualdade racial num projeto de lei.



A adoção de estatuto que coloca negros (as) as margens da Constituição Federal ao subordiná-los a um dispositivo jurídico de minoria, também não houve por parte dos dois parlamentares contestação alguma. Com certeza por entenderem que querer ser subordinado a um estatuto era vontade do próprio negro. O que de certa forma atendia aos propósitos da elite branca em geral que desfazia com o Estatuto Racial década de discurso do negro que durante este tempo se afirmava como maioria na população brasileira.



Como se pode observar se existem culpados não são os dois parlamentares ruralistas como a militância negra elitizada quer culpá-los para assim mistificar a sua traição e incompetência. Afinal ambos fizeram o que de parlamentares de direita se podia esperar.



Neste sentido não há como absolver a militância negra em geral, a açodada e a omissa – essa que nunca condenou o estatuto. A militância elitizada que vergou, com este estatuto hoje em vigor, o forte povo negro.



Desta forma a culpa de todas as mazelas a ser produzidas pelo Estatuto da Igualdade Racial é da militância negra assimilada e elitizada, sem distinção.



O importante porém não é julgar os culpados, mas QUEIMAR os acusados: Sobre o Tribunal da Inquisição reconhecia Leonardo Guy.



Assim, queimar na fogueira é o destino dos (as) que traíram seus irmãos Quilombolas, quando forem julgados no Tribunal da História.



































20 de Setembro 2010













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