sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Caso Espionagem

Veja a cronologia do caso de espionagem de sargento a dados sigilosos

César Rodrigues de Carvalho é suspeito de extorsão e acesso a informações restritas

O sargento César Rodrigues de Carvalho é suspeito de extorquir donos de bingos e espionar dados sigilosos de autoridades e jornalistas. Em 3 de setembro, o policial militar foi preso. Desde então, vieram à tona detalhes sobre a espionagem. Entenda o caso a partir da cronologia abaixo.

3 de setembro:

- O sargento da Brigada Militar (BM) que servia na Casa Militar é preso na zona sul de Porto Alegre, por suspeita de extorsão a contraventores de máquinas caça-níqueis em Canoas, na Região Metropolitana. Ele usaria um veículo da BM para exigir propina de até R$ 5 mil por mês. Inicialmente, surgiu a suspeita de que ele também estaria acessando informações sigilosas sobre políticos.

- O promotor criminal de Canoas, Amilcar Macedo, detalhou os acessos feitos pelo sargento ao sistema integrado de consultas da Secretaria de Segurança. Em entrevista coletiva, ele confirmou que foram verificados dados de um senador, de um ex-ministro de Estado, de um oficial do 5° Comando Aéreo Regional (Comar) e do chefe de inteligência do Comando de Policiamento Metropolitano. O sargento também acessou dados de integrantes de um partido político e de delegados, entre outras pessoas. "Não acredito que ele estivesse fazendo isso por vontade própria. Acredito que era a mando de alguém", disse o promotor.

- O Ministério Público informa que o sargento César Rodrigues recebeu aumento três dias antes de ser exonerado da Casa Militar.

4 de setembro:

- O Ministério Público revela novas informações sobre o conteúdo das consultas feitas ilegalmente pelo sargento. "Ele estava investigando o Partido dos Trabalhadores. Investigou os diretórios, tanto estadual quanto municipal, endereços. Investigou veículos, placas de veículos, em nome de quem estavam estes veículos", explicou o promotor Amilcar Macedo.

6 de setembro:

- A promotoria informa que o sargento também pesquisava informações sobre filhos de deputados estaduais e de uma desembargadora. Rodrigues acessava fotos de crianças.

- É divulgada a lista parcial de pessoas que tiveram dados vasculhados pelo sargento.

- O secretário da Segurança do RS, Edson Goularte, afirma que "o acesso é feito por pessoas credenciadas, a pedido de diferentes chefias. O Detran usa, a prefeitura usa, a Polícia Civil... Enfim, tem várias entidades. São 49 organizações que estão dentro desse 'guarda-chuva' que tem autorização ao sistema".

7 de setembro:

- O advogado do sargento afirma que o PM buscava as informações a mando do tenente-coronel Frederico Bretschneider Filho. Adriano Marcos dos Santos Pereira disse, em entrevista à Rádio Gaúcha, que Rodrigues foi orientado a pesquisar quantos carros existem registrados em nome do Partido dos Trabalhadores (PT) no Estado, devido à suspeita de que a governadora Yeda Crusius estava sendo seguida.

- O tenente-coronel se defende da acusação de que seria o responsável por mandar o sargento César Rodrigues acessar dados sigilosos de políticos, jornalistas e policiais no sistema de consultas integradas do Estado. O oficial, que já foi ouvido pelo Ministério Público e pediu exoneração, negou qualquer envolvimento com o caso. "Conheço tudo pela imprensa. Vai ser provado que não mandei nada. Desconheço outras denúncias", afirmou.

Como funciona o sistema de Consultas Integradas

O programa, criado em 2004, foi visto como uma revolução para fins de investigação, uma vez que permite que policiais e autoridades, com uma única senha, consultem bancos de dados de diversos órgãos, como Detran, Departamento de Identificação e Justiça.

Com o nome ou o número da carteira de identidade de uma pessoa, quem faz a consulta pode ter informações sobre o consultado e seus familiares. Se alguém pretende fazer um dossiê de um adversário político, poderá saber até se a pessoa teve parentes envolvidos em ocorrências criminais, como porte de drogas, por exemplo.

O que pode ser consultado: endereços, nomes dos pais, fotos, se a pessoa se envolveu em ocorrência criminal, inquéritos policiais e processos judiciais, se já esteve presa, se é foragida, se tem carro, se tem arma, entre outras coisas.

É possível acessar o item chamado “auditoria do sistema”, por meio do qual o consultante poderá saber, por exemplo, que dados determinados delegados ou autoridades têm acessado nos últimos meses. Dessa forma, pode-se monitorar investigações em andamento.

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