sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Afeganistão

Carta O Berro...................................................................repassem
----- Original Message -----


Afeganistão: Gigantesca fuga de informação do exército dos EUA

Ficheiros secretos norte-americanos provam que centenas de civis foram mortos pelas tropas da NATO e revelam, pela primeira vez, que os EUA criaram uma força especial para “matar ou capturar” líderes taliban.
Artigo | 26 Julho, 2010 - 03:08
Tropas da NATO em Kandahar, 7 de Junho de 2010 – Foto de Humayoun Shiab/Epa/Lusa
Tropas da NATO em Kandahar, 7 de Junho de 2010
Foto de Humayoun Shiab/Epa/Lusa

Numa das maiores fugas de informação, de sempre, do exército norte-americano, foram disponibilizados aos jornais Guardian, New York Times e Der Spiegel mais de 90.000 documentos colocados online no site wikileaks.org. Os documentos são relatórios de incidentes e de segurança no período de Janeiro de 2004 a Dezembro de 2009.

Os documentos revelam que centenas de civis foram mortos em mais de 140 incidentes, que as tropas da NATO têm negado. Segundo o Guardian, têm também aumentado constantemente os ataques com aviões não tripulados (drones), a partir de uma base norte-americana instalada no Estado do Nevada.

Pela primeira vez, é conhecido que o exército norte-americano constituíu uma força especial (Task Force 373), cujas unidades de “caçadores” têm como missão prender ou matar líderes da insurreição afegã sem julgamento.

Os relatórios também deixam claro que os ataques bombistas dos taliban às tropas de ocupação têm vindo a aumentar.

Os jornais revelam ainda que os EUA encobriram que os taliban adquiriram mísseis aéreos e que os comandos norte-americanos desconfiam de que a polícia secreta do Paquistão tem ajudado os taliban.

Confrontada com esta enorme fuga de informações e com a situação no Afeganistão, a Casa Branca salienta que a situação reflectida nos relatórios agora conhecidos é o resultado da gestão anterior a Obama: “É importante notar que o período de tempo refletido nos documentos é de Janeiro de 2004 a Dezembro de 2009”, diz uma nota do governo dos EUA.

A nota também condena a divulgação dos documentos: “Condenamos fortemente a revelação de informação confidencial por indivíduos e organizações, que põe a vida de membros norte-americanos e parceiros de serviço em risco, e ameaça a nossa segurança nacional".

A nota sublinha ainda que a Wikileaks “não fez esforço para contactar o governo dos EUA sobre esses documentos, que podem conter informações que colocam em risco a vida de americanos, de nossos parceiros, e de populações locais que cooperam connosco."

As notícias dos três jornais em inglês podem ser acedidas aqui: Guardian, New York Timese Der Spiegel

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Afeganistão: quadro sem retoques (1)

25/7/2010, Guardian, UK (editorial)
http://www.guardian.co.uk/commentisfree/2010/jul/25/Afeganistão-war-logs-guardian-editorial

A névoa da guerra é excepcionalmente densa no Afeganistão. No momento em que se dissipa, como hoje, com a publicação, peloGuardian, de excertos de relatos secretos de militares dos EUA, revela-se paisagem muito diferente daquela a que nos habituamos. São relatos de guerra escritos no calor da hora e mostram um conflito no qual reinam a mais brutal confusão e todos os desacertos, sem qualquer plano ou projeto. Há muitas diferenças entre o que mostram esses documentos e a guerra organizada, bem embalada, da versão ‘pública’ dos comunicados oficiais e dos flashes necessariamente resumidos de jornalistas incorporados à tropa.

No material agora publicado há mais de 92 mil relatórios de ações dos militares norte-americanos no Afeganistão entre janeiro de 2004 e dezembro de 2009. Os arquivos foram distribuídos por Wikileaks, website que publica material não rastreável de várias fontes. Em colaboração com o New York Times e Der Spiegel, o Guardian trabalhou durante semanas nesse oceano e dados, até extrair deles a textura oculta e as histórias de horror humano que são o dia a dia da guerra. Esse material teve de ser tratado como o que é: um relato contemporâneo ao conflito. Alguns dos relatórios de inteligência não têm fonte confirmada: alguns dos aspectos da contagem do número de mortes entre civis não parecem confiáveis. São relatos – classificados como secretos – enciclopédicos, mas incompletos. Foram removidas do que adiante se lê todas as informações que ponham em risco a segurança dos soldados, de informantes locais e de agentes colaboradores.

O quadro geral que emerge é extremamente perturbador. Há relatos de cerca de 150 incidentes nos quais as forças da coalizão, inclusive soldados britânicos, mataram e feriram civis, a maioria dos quais jamais divulgados; de centenas de confrontos de fronteira entre soldados afegãos e paquistaneses, de dois exércitos supostamente aliados; da existência de uma unidade de forças especiais cuja única missão é assassinar líderes Talibã e da al-Qaeda; do massacre de civis apanhados em locais onde aconteçam explosões das bombas de fabricação caseira dos Talibã; e uma longa lista de incidentes nos quais os soldados da coalizão atiraram uns contra os outros, também envolvendo soldados afegãos, com mortos e feridos.

Ao ler esses relatos, é fácil suspeitar de que reine por lá o mais absoluto descaso pela vida de inocentes. Um ônibus que não para para uma patrulha a pé é metralhado (4 passageiros mortos e 11 feridos). Os documentos contam como, na caça a um guerrilheiro local, uma unidade das Forças Especiais executou sete crianças. As crianças não eram prioridade. Relato assinalado “Noforn” (ing. not for foreign elements of the coalition, “proibido para elementos estrangeiros [não da coalizão, locais, portanto]”) sugere que a prioridade daquela unidade foi esconder, o mais rapidamente possível, o sistema de mísseis móveis que haviam usado na ação.

Nesses documentos, as agências de inteligência do Irã e do Paquistão organizam manifestações e tumultos. O Serviço Secreto do Paquistão (Inter-Services Intelligence, ISI) tem ligações com os mais conhecidos senhores-da-guerra. Diz-se que o ISI teria entregue 1.000 motocicletas a Jalaluddin Haqqani, um desses senhor-da-guerra, para serem usadas em ataques suicidas nas províncias de Khost e Logar, e que estariam implicados em sequência impressionante de ações, desde atentados contra a vida do presidente Hamid Karzai até o envenenamento dos carregamentos de cerveja para os soldados ocidentais. São relatos que não há como comprovar e é possível que sejam parte de uma barreira de falsa informação distribuída pelo serviço secreto afegão.

Mas a resposta da Casa Branca ontem – que negou que o exército paquistanês seja tão direta e especificamente ligado aos guerrilheiros locais – basta, para que se tenha de definir como inaceitável o status quo na guerra do Afeganistão.

Para a Casa Branca, os “paraísos seguros” para “terroristas” em território paquistanês continuam a ser “ameaça intolerável” às forças dos EUA. Sejam ou não, esse não é um Afeganistão que EUA ou Grã-Bretanha estejam a alguns meses de entregar, embrulhado em papel de presente e fitas cor-de-rosa, a um governo nacional soberano em Cabul. Antes , exatamente o contrário. Depois de nove anos de guerra, o caos, sim, ameaça tornar-se incontrolável. Guerra ostensivamente feita para conquistar corações e mentes afegãs não será vencida do modo como as coisas parecem estar, por lá.

Leia também

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Afeganistão: quadro sem retoques (2)
25/7/2010, Guardian, UK – http://www.guardian.co.uk/world/2010/jul/25/wikileaks-war-logs-back-story
C
omo os documentos chegaram aos ativistas online contra a guerra do Afeganistão

As autoridades dos EUA já sabiam, há semanas, que haviam sofrido uma hemorragia de informações secretas, numa escala que, comparativamente, faz os “Pentagon Papers” parecerem pouca coisa.

O material chamado em inglês “The Afghan war logs” [aprox. “os postados da guerra do Afeganistão”], que o Guardian publica hoje, consiste de 92.201 relatórios internos de ações dos militares dos EUA no Afeganistão entre janeiro de 2004 e dezembro de 2009 – relatórios de agências de inteligência, planos e relatórios das operações da coalizão, descrições de ataques inimigos e explosões em acostamentos de estradas, atas de reuniões com políticos locais; a maioria, documentos secretos.

A fonte do Guardian para esses papéis é o website Wikileaks [http://wikileaks.org/wiki/WikiLeaks:About], especializado em publicar material não rastreável que alguém deseje divulgar, e que está publicando simultaneamente o material bruto que recebeu. (Como se lê no site, “WikiLeaks é serviço público multijurisdicional concebido para proteger fontes, jornalistas e ativistas que tenham material sensível a divulgar para o grande público” [NT].)

Washington teme ter perdido ainda maior quantidade de material muito sensível, inclusive um arquigo de milhares de telegramas enviados pelas embaixadas dos EUA em todo o mundo, nos quais se trata de comércio de armas, encontros secretos e opiniões não censuradas de outros governos.

O fundador de Wikileaks, Julian Assange, diz que, nos últimos dois meses receberam outra enorme quantidade de material “de primeira qualidade” de fontes militares, e que investigadores do departamento de investigações criminais do Pentágono pediram para encontrá-lo em território neutro, para que os ajude a determinar a sequência dos vazamentos. Assange não concordou.[1]

Por trás das revelações de hoje há duas histórias diferentes: primeiro, as tentativas do Pentágono de determinar a sequência de vazamentos, que teve resultados trágicos para um jovem soldado; segunda, um raro trabalho de investigação jornalística entre o Guardian, o New York Times e Der Spiegel, na Alemanha, para analisar e classificar a quantidade imensa de dados, para divulgação global desse relato secreto das entranhas do maior exército em guerra do mundo.

O Pentágono movimentou-se muito devagar. As provas que agora tem reunidas sugerem que alguém trabalhava desde novembro numa instalação de alta segurança dentro de uma base militar dos EUA no Iraque, onde começou a copiar material secreto. Dia 18 de fevereiro, Wikileaks postou um único documento – um telegrama secreto da embaixada dos EUA em Reykjavik, dirigido a Washington, em que se registram os protestos de políticos islandeses que se sentiam acossados por britânicos e holandeses, por causa do colapso do banco Icesave; e uma frase de um diplomata islandês, que se referia ao presidente da Islândia como “imprevisível”. Empregados de Wikileaks na Islândia denunciaram que passaram a ser seguidos, depois dessa publicação.

Os americanos, evidentemente, estavam longe de descobrir a fonte quando, dia 5 de abril, Assange organizou conferência de imprensa em Washington na qual exibiu um vídeo militar dos EUA em que se via um grupo de civis em Bagdá, inclusive dois jornalistas da Reuters, sendo atacados a tiros na rua, em 2007, por helicópteros Apache: e ouviam-se os soldados autoelogiando a própria boa pontaria, antes de destruir uma ambulância que lá estava para resgatar um homem ferido e que, como depois se viu, conduzia duas crianças no assento dianteiro[2].

Só no final de maio o Pentágono fechou o cerco a um suspeito e, mesmo isso, só depois de uma muito estranha sequência de eventos. Dia 21 de maio, um hacker californiano, Adrian Lamo, foi procurado online por alguém que se identificava como Bradass87 que pôs-se a enviar-lhe mensagens. Mostrou-se extraordinariamente aberto: "oi... como vai?… sou analista de inteligência do exército, servindo em bagdad … se você tivesse livre acesso a redes secretas, 7 dias por semana durante mais de oito meses, o que você faria?"

Dali em diante, durante cinco dias, Bradass87 abriu o coração para Lamo. Contou que seu trabalho lhe dava acesso a duas redes secretas: a [rede] Secret Internet Protocol Router Network, SIPRNET, via pela qual circulam os documentos da inteligência militar e diplomática dos EUA classificados como “secretos”; e o [sistema] Joint Worldwide Intelligence Communications System que usa sistema diferente de segurança para transportar material classificado como “super secretos”. Disse que seu trabalho lhe permitira descobrir “coisas inacreditáveis, muito feias (...) que deveriam ser de conhecimento público, em vez de mofarem num servidor escondido numa sala escura em Washington DC (...) negócios de bastidor da política, quase criminosos (...) a versão não-Relações Públicas de eventos e cris es mundiais”.

Bradass87 sugeriu que “alguém que conheço intimamente” estava baixando, compactando e codificando todos esses dados e transmitindo para alguém que [a mesma pessoa] identificara como Julian Assange. Depois, disse que ele mesmo vazara o material, sugerindo que gravara CDs que etiquetara como música de Lady Gaga e os armazenara em seu laptop de alta segurança simulando que baixara músicas: “quero que as pessoas vejam a verdade”, disse ele.

Enfatizou a quantidade de material vazado: “é diplomacia às claras (...) é um Climategate de alcance global e incrivelmente profundo (...) é lindo e horrível (...) São dados públicos, têm de ser de domínio público.” A certa altura, Bradass87 dá-se conta do que está fazendo e diz: “nem acredito no que estou ‘abrindo’ para você”. Era tarde demais. Sem que ele soubesse, no segundo dia de mensagens, dia 23 de maio, Lamo fizera contato com os militares norte-americanos. Dia 25 de maio, encontrou-se com investigadores do departamento de investigações criminais do Pentágono numa loja Starbucks e entregou-lhes cópia impressa das mensagens de Bradass87.

Dia 26 de maio, na Base Hammer [US Forward Operating Base Hammer], a cerca de 30 km de Bagdá, um analista de inteligência de 22 anos, de nome Bradley Manning, foi preso, transferido por barco para o Kwait e trancafiado numa prisão militar.

A notícia dessa prisão vazou lentamente, sobretudo pelo site Wired News, cujo editor sênior, Kevin Poulsen, é amigo de Lamo[3] e publicara excertos editados das mensagens de Bradass87. A pressão começou a crescer sobre Assange: o Pentágono declarou formalmente que estava à procura dele.

Daniel Ellsberg, que vazou os “Pentagon Papers” da guerra do Vietnã, disse que temia que Assange estivesse correndo algum tipo de risco físico; Ellsberg e duas outras fontes de casos anteriores de vazamento de material secreto dos EUA alertaram para a possibilidade de as agências norte-americanas tentarem usar o fundador do website Wikileaks “como exemplo”. Assange cancelou viagem prevista para Las Vegas e desapareceu.

Depois de vários dias tentando fazer contato por intermediários, o Guardian finalmente encontrou Assange num café em Bruxelas, onde ele aparecera para falar no Parlamento Europeu.

Assange contou que Wikileaks recebera vários milhões de arquivos, praticamente uma história não-contada da atividade do governo dos EUA em todo o mundo, com dados sobre inúmeras e importantes atividades, todas controversas. Estavam dando os últimos retoques numa versão compreensível daqueles dados e os divulgariam pela internet imediatamente, para impedir qualquer tentativa de censura.

Mas Assange também temia que a importância das informações e algumas das histórias que lá havia acabassem enterradas em algum nicho de internet, se o conteúdo dos arquivos fosse publicado só na internet, e como matéria bruta, sem qualquer edição. Por isso concordou com que uma pequena equipe de repórteres especialistas do Guardian trabalhassem o material durante algumas semanas, antes da publicação no website Wikileaks; seria uma espécie de edição, sobretudo para fixar o que os dados realmente mostravam sobre o andamento da guerra.

Para reduzir o risco de o material ser confiscado pelas autoridades, banco de dados foi aberto para o New York Times e a revista semanal alemã Der Spiegel que, com o Guardian, publicariam simultaneamente em três diferentes jurisdições. Assim feito, Assange não influiria nas matérias que seriam escritas por jornalistas, mas seria consultado para definir o momento da divulgação.

Assange abriu o acesso a um primeiro grupo de dados ainda codificados, num website secreto, ao qual o Guardian teria acesso, com nome de usuário e senha inventados a partir do logotipo do café, que havia num guardanapo.

Tudo o que o Guardian publica é resultado dessa pesquisa, naqueles dados. Wikileaks publicou muito do mesmo material, mas não organizado e só dados brutos. Pelo que se sabe, também peneiraram cuidadosamente os arquigos, para evitar qualquer risco de indentificar fontes.

Desde a divulgação do vídeo do helicóptero Apache, houve algumas tentativas de baixo nível de infiltração na página de Wikileaks. Histórias online acusam Assange de gastar dinheiro da Wikileaks em hotéis caros (numa de nossas reuniões de acompanhamento em Estocolmo, ele dormiu no chão do escritório); de vender dados para a mídia de jornalões (nos contatos com o Guardian jamais se falou de dinheiro); ou de cobrar por entrevistas à grande mídia (nos contatos com o Guardian jamais se falou de dinheiro).

No início desse ano, Wikileaks publicou documento militar dos EUA que revelou um plano para “destruir o centro de gravidade” de Wikileaks, atacando a credibilidade do website.

Enquanto isso, em local ignorado, mas em território do Kwait, Manning foi acusado em tribunal militar de ter baixado de forma irregular e de ter divulgado informação, inclusive o telegrama sobre a Islância e o vídeo em que se viam helicópteros Apache atirando sobre civis em Bagdá. Enfrentará corte marcial, sob ameaça, desde já de longa sentença de prisão.

Para Ellsberg, “Manning é meu mais novo herói”. Em mensagem pessoal e em chat online, Bradass87 perscrutou o futuro: “sabe deus o que acontecerá agora (...) Espero que aconteça discussão em todo o mundo, debates e reformas. Se não... estamos ferrados.”

Leia também:

· (1) Afeganistão: quadro sem retoques, 25/7/2010, Guardian, UK (editorial)
http://www.guardian.co.uk/commentisfree/2010/jul/25/Afeganistão-war-logs-guardian-editorial

· (3) Os dados, o mapa, o tutorial para navegar nos dados e um glossário (indispensável), início em http://www.guardian.co.uk , com links para outras páginas.

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Afeganistão: quadro sem retoques (3)
25/7/2010, Guardian, UK
(início em http://www.guardian.co.uk, com links para outras páginas)

· 25/7/2010, Guardian, UK (editorial)
Como ler os Afeganistão Papers (tutorial em vídeo, em inglês). David Leigh, editor de investigações do Guardian, explica as ferramentas online que o jornal criou para auxiliar a navegação entre os arquivos agora divulgados
(em http://www.guardian.co.uk/world/datablog/video/2010/jul/25/
afghanistan-war-logs-video-tutorial
)


· Para baixar os principais documentos selecionados pelo Guardian

- os documentos: http://www.guardian.co.uk/world/datablog/2010/jul/25/wikileaks-afghanistan-data#data
- o
mapa: http://www.guardian.co.uk/world/datablog/interactive/2010/jul/25/afghanistan-war-logs-events
- um
glossário de termos militares (sensacional, para tradutores): http://www.guardian.co.uk/world/datablog/2010/jul/25/wikileaks-afghanistan-war-logs-glossary

· Os documentos selecionados pelo Guardian
O banco de dados sobre a guerra do Afeganistão contém 92.201 registros de eventos ou de relatórios de inteligência.
O Guardian selecionou 300 arquivos, considerados principais (em http://www.guardian.co.uk/world/datablog/interactive/2010/jul/25/afghanistan-war-logs-events. Excluíram-se informações que identifiquem fontes ou que ponham em risco tropas da OTAN.

Os documentos são planilhas interativas organizadas por colunas nas quais se pode navegar online.

Diz o editor: “o Guardian trabalhou nessas planilhas para torná-las mais compreensíveis e manobráveis. Antes de chegar a essas planilhas é preciso compreender como estão organizadas; cada entrada está dividida em várias colunas, abaixo listadas e descritas:

Col A: Chave

Nessa coluna aparece o CÓDIGO que identifica cada evento. Com esse número, podem-se localizar outras referências ao mesmo evento

Col G: Data e Hora

Aparecem no formato britânico (dd/mm/aa) usado pela OTAN, não no formato dos EUA (mm/dd/aa). Esse conjunto de documentos cobre o período de 2004 ao final de 2009.

Col H: Tipo

Há vários tipos de incidentes. “Fogo Amigo” [ing. "Friendly fire"], por exemplo, indica tropas da coalizão atacadas por tropas da coalizão, por erro de alvo. Mas “Ação amiga” [ing. "Friendly action"] significa o oposto; significa “fogo iniciado pelo nosso lado” (não é ataque inimigo).

Col I: Categoria

Reúne informação semelhante – mas mais detalhada. “Blue-blue”, por exemplo, também significa “nossos soldados estão atirando uns nos outros”)

Col L: Título

Quase sempre oferece um número de pessoas “KIA” [ing. killed in action = “mortos em ação”] ou pessoa “WIA” [ing. wounded in action = “feridos em ação”].

Col M: RESUMO

Essa é a entrada realmente importante. Vê-se aí um resumo do que aconteceu, – embora muitas vezes, mas não sempre, redigido num quase totalmente impenetrável jargão militar. (Veja em http://www.guardian.co.uk/world/datablog/2010/jul/25/wikileaks-afghanistan-war-logs-glossary um GLOSSÁRIO PREPARADO PELO GUARDIAN).

Cols TA AA: Estatísticas

Seguem-se algumas colunas de estatísticas – número de soldados amigos, nação de origem, civis 'KIA' ou 'WIA' [ = mortos em ação ou feridos em ação]. Infelizmente, não são números confirmáveis e os autores dos relatos – em muitos casos, em combate – simplesmente não preenchem todas as colunas requisitadas nos relatórios.

Col AH: CCIR

É coluna importante. Pode-se dizer que aí se anotam os eventos “que podem vir a gerar mídia negativa” ou eventos nos quais haja muitas provas de que civis tenham sido mortos.

· O Guardian construiu um mapa interativo de 16 mil eventos de explosão de IEDs [ing. Improvised Explosive Device = bombas improvisadas que os Talibã plantam nas estradas e acostamentos]
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no qual se vê que o número dessas explosões cresceu muito de 2004 a 2009 (em http://www.guardian.co.uk/world/datablog/interactive/2010/jul/25/afghanistan-war-logs-events.


Todas as planilhas podem ser baixadas de
http://www.guardian.co.uk/world/datablog/2010/jul/25/wikileaks-afghanistan-data
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-----Anexo incorporado-----

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