quarta-feira, 21 de julho de 2010

Homem tem Doença de Mulher

Homem também tem doença de mulher
No dia deles, o iG mostra que depressão pós-parto, câncer de mama e menopausa também fazem parte do universo masculino
iG São Paulo | 15/07/2010 17:12
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Disfunção erétil e câncer de próstata é uma dupla quase que exclusiva quando as pessoas são convidadas a pensar em doenças masculinas. Eles nem gostam muito de ir ao médico, são resistentes aos diagnósticos e falham mais no uso da medicação, já alertou o Ministério da Saúde.

Por isso, no Dia do Homem – comemorado nesta quinta-feira, 15 de julho – o iG conversou com especialistas que alertam: além de não serem imunes a uma lista extensa de problemas clínicos, a população masculina também é sensível a muitas doenças que pareciam ser só coisa de mulher.

Se eles estão livres da temida TPM, os que já passaram dos 50 anos não têm tanta sorte assim quando o assunto é menopausa. Depressão pós-parto e câncer de mama são outros exemplos que também ameaçam a saúde dos homens.

Um em cada 10 pais sofre de depressão pós-parto

As mulheres já haviam percebido que as mudanças trazidas pela chegada do bebê também mexiam com a cabeça dos papais. Agora, uma pesquisa publicada este ano no Journal of the American Medical Association confirmou que eles também sofrem de depressão pós-parto. Uma escola médica dos Estados Unidos acompanhou 28 mil novos pais e identificou que 14% deles sofrem de depressão.


Foto: Getty Images
Pesquisa mostra que 14% dos homens sofrem de depressão pós-parto
Giselle Groeninga, psicanalista da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, diz que as transformações do homem contemporâneo fizeram com que eles procurassem mais ajuda aos transtornos psíquicos. “Acabou aquela história de que homem não chora”.

Com isso, eles ficaram mais atentos aos fenômenos internos. E a chegada de um filho significa a relação com uma mulher mais dividida e uma expectativa enorme com relação ao desempenho. “O amor ao filho não é tão imediato assim – e deve ser construído em meio às demandas, ao trabalho e às mudanças na dinâmica do casal que agora deve acolher um terceiro que, como dizem os adolescentes, “chega chegando”, explica.

Por isso, os pais podem ficar mais chorosos, quietos, tristes, sem ânimo e sem fome por um período. Um outro sintoma que incomoda bastante é que este turbilhão de novos sentimentos pode fazer com que eles “falhem mais na hora H”.

“Sem dúvida, o ‘órgão sexual’ mais importante é a cabeça. E o poder masculino pode se ver um tanto diminuído com a chegada do bebê e a divisão de atenção. Lógico que tudo vai depender da dinâmica do casal, e como ambos lidam com a mudança do “enfim sós” para “agora somos três””, orienta a especialista.

Andropausa: queda hormonal afeta 21% dos homens com idade entre 50 e 80 anos

Quando a mulher encerra seu ciclo reprodutivo, há uma variação hormonal quase imediata e que pode ser razoavelmente brusca. Com os homens é diferente. A variação geralmente é mais gradual. “É muito raro acontecer com homens de 40 a 50 anos, a andropausa se manifesta mais comumente após os 60”, afirma Fernando Almeida, urologista do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos. O problema também não atinge todos os homens. A incidência estimada é de 21%, entre 50 e 80 anos, e de 35%, para homens com mais de 80 anos. Mas afinal, o que é essa andropausa?

“É uma mudança no padrão hormonal masculino”, explica Almeida. Na verdade, o termo “andropausa” foi substituído pelos médicos pela sigla DAEM, que significa Distúrbio Androgênico do Envelhecimento Masculino.


As queixas sexuais são as principais responsáveis por levar o homem ao consultório médico. As reclamações costumam ser relacionada à disfunção erétil, queda de libido, redução do tempo de orgasmo, redução do volume ejaculado e perda de sensibilidade do pênis.

Para verificar se a razão disso é hormonal e, portanto, consequência da DAEM, é preciso fazer um exame de sangue. “A reposição hormonal é indicada para quem tem testosterona total inferior a 230 ng/dl (nanogramas por decilitro)”, afirma Luiz Carlos Gibertoni, urologista do Hospital Beneficência Portuguesa.

Se o resultado apresentar um nível entre 230 e 350 ng/dl, considerado intermediário, é preciso fazer outro exame, para verificar a testosterona livre. Se ela for menor, que 225, é preciso dar início ao tratamento.

“Caso não exista queda hormonal, os sintomas sexuais são resultados de problemas psicossociais. É como o homem se aposentar e passar a ter sintomas de depressão, que incluem problemas sexuais”, alerta o urologista.

Para estes casos, é indicado acompanhamento psicológico. Uma forma de prevenir tais problemas por razões emocionais é com o planejamento da aposentadoria, tendo em vista atividades e planos condizentes com a idade e o momento da vida.

Outros sinais

Embora os sintomas sexuais sejam os mais chamativos para a DAEM, existem outros sinais que a queda hormonal apresenta. Pode haver perda de sono, cansaço, queda da massa e da força muscular, aumento da gordura abdominal, osteoporose e desmotivação.

Todos também são sintomas pouco específicos, o que não exclui a necessidade dos exames para verificar o nível de testosterona.

Reposição hormonal

A reposição hormonal pode ser feita com injeções a cada três semanas ou três meses, dependendo do tipo de medicamento utilizado. Há também um gel de testosterona, embora a eficácia de sua absorção seja questionada por alguns médicos.

“É importante fazer um acompanhamento médico para verificar se o tratamento não acelerou um processo latente de câncer de próstata”, alerta Gibertoni. Não que a reposição hormonal cause câncer, mas ela pode acelerar um processo já existente.

Os exames recomendados são de PSA (exame de sangue) e toque retal, entre outros. No início do tratamento, é preciso fazê-los a cada três meses, mas depois o prazo pode ser de seis meses.

E por falar em hormônio...

Parece loucura, mas homens também podem sofrer da Síndrome do Ovário Policístico (SOP). Pelo menos é o que sugerem dois médicos norte-americanos. De acordo com a hipótese proposta por Razelle Kurzrocka e Philip R. Cohen, da Universidade de Houston, no Texas, a síndrome seria causada por um componente genético que também pode estar presente em homens, ou seja, o conjunto de sinais e sintomas que caracterizariam a síndrome poderia aparecer em qualquer indivíduo com este componente genético, independente da presença dos ovários. O andrologista e professor da Universidade Federal do Paraná Fernando Lorenzini, alerta que é precoce e incorreto afirmar que a SOP existe em homens. Para ele, trata-se de uma teoria que ainda precisa ser comprovada com mais estudos.

Câncer de mama em homens: raro e diagnosticado tarde

Aproximadamente 1% dos casos de câncer de mama são diagnosticados em homens. “O tumor, logo que aparece, está em contato com outras estruturas além do tecido mamário. Então, quando o encontramos, em geral está em estágio mais avançado”, afirma José Roberto Filassi, coordenador do setor de mastologista do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp). Além disso, como o problema é raro entre eles, o homem demora mais para procurar um médico. “Ele sente um caroço duro, normalmente de um lado só, mas resolve esperar melhorar”, afirma o mastologista.


Foto: Getty Images
Câncer de mama em homens é raro, mas existe
Nos homens a doença aparece mais tarde, a partir dos 65 anos, em média. O câncer cresce logo atrás da ponta do mamilo, tem o formato de uma bola, é indolor e facilmente palpável. Além disso, o homem pode apresentar também secreção sanguinolenta no local. Se a partir do exame clínico, houver suspeita de tumor, o médico pode indicar um exame de imagem como a mamografia.

Para os homens, os fatores que aumentam o risco de desenvolver câncer são histórico familiar, consumo de anabolizantes, exposição à radiação e a altos níveis de estrogênio, doenças como cirrose hepática e disfunções comuns de determinadas doenças, como a síndrome de Klinefelter.

O tratamento é igual em ambos os sexos – radioterapia, quimioterapia ou mastectomia radical –, mas a cirurgia de retirada dos músculos peitorais e parte da axila deixa sinais menos visíveis e geralmente não há necessidade cirurgias de reparação.



Fonte: IG

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