segunda-feira, 7 de junho de 2010

Ricos

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O preço (caro) da solidariedade dos ricos
domingo, 6 junho, 2010 às 9:45
O fim de semana às vezes nos permite uma leitura mais profunda do que a dos jornais do dia a dia. Chegou às minhas mãos um estudo publicado no site Global Issues, do inglês – de avós indianos - Anup Shah, que mostra como a ajuda internacional no combate à pobreza e na promoção ao desenvolvimento tem seu preço. E que, de forma alguma, este preço é justo.

Frequentemente associada à compra de bens e produtos dos países doadores, a ajuda oficial acaba ajudando mais a estes do que aos países que a recebem, envolvidos numa série de armadilhas. Anup Shah detalha como essa “ajuda” se processa e como acaba servindo a interesses econômicos e políticos dos países doadores. Em suma, a ajuda internacional “oficial” se transformou em mais uma ferramenta de dominação com um valor geopolítico estratégico para os países mais ricos.


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Para quem tiver tempo, vale a leitura detalhada. Assinalei alguns pontos que me chamaram a atenção e que gostaria de compartilhar com vocês, como os do gráfico aí ao lado.

Em 1970, os países mais ricos concordaram com a meta de doar 0,7% de seu PIB anualmente em ajuda internacional até a metade da década. A meta não foi atingida até hoje, passados 40 anos, e a ajuda internacional tem variado entre 0,2% e 0,4% do PIB dos países mais ricos. Os EUA são sempre os maiores doadores em valores absolutos, mas estão entre os piores em relação à meta.

A utilização estratégica da ajuda internacional é comum entre vários países ricos. Os EUA direcionam sua ajuda a regiões onde têm preocupações relacionadas a sua própria segurança. A França, por sua vez, destina seus recursos para preservar e disseminar a cultura e o idioma franceses, especialmente na África oriental. Ou seja, ninguém dá ponto sem nó.

O condicionamento à ajuda reduz o seu valor em 25% a 40%, porque geralmente obriga os países em desenvolvimento a comprarem produtos de nações ricas. O estudo cita um caso exemplar sobre a Eritréia, que concluiu que seria mais barato construir com seus próprios recursos e técnicos uma rede de ferrovias do que ser forçada a gastar o dinheiro da ajuda para a obra em consultores estrangeiros impostos como contrapartida.

A ação dos países ricos é explícita assim. Há caso de ajuda americana em que se tornava obrigatória a compra de tratores Caterpillar e John Deere, dois dos maiores fabricantes norte-americanos.

A ativista queniana Njoki Njoroge Njuhu, diretora da rede de solidariedade à África e da campanha “50 anos é o suficiente” pela justiça econômica global, cita o dinheiro doado para combater a AIDS na África, que Washington condicionava à compra de remédios dos EUA em detrimento de produtos genéricos mais baratos da África do Sul, Índia e Brasil.


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Caso mais sórdido ainda é o “African Growth and Opportunity Act”, assinado pelos EUA em 2000, que estabelece como condição para um país desfrutar de seus benefícios evitar qualquer ação que possa conflitar com os “interesses estratégicos” norte-americanos. Por conta disso, países africanos que integravam o Conselho de Segurança da ONU sentiram-se pressionados quando os EUA buscaram apoio para a guerra contra o Iraque, em 2003. Ou votavam com os EUA ou perdiam os “privilégios” do comércio bilateral. Como os EUA perceberam que perderiam a votação no plenário, acabaram retirando a questão do Conselho de Segurança, mas invadiram o Iraque assim mesmo.

O interesse geopolítico das ajudas internacionais é bem claro no caso dos EUA. Dois terços da ajuda americana vai para apenas dois países, Israel e Egito, seus principais aliados no Oriente Médio. E grande parte do terço restante é usada para promover suas exportações ou para o combate às drogas sem a redução do consumo em seu próprio território.

O que o estudo conclui é que os recursos que se destinariam ao desenvolvimento dos países mais pobres voltam para os mais ricos por meio de pagamento de dívidas, desequilíbrios no comércio internacional e medidas inapropriadas, para os pobres, de liberalização e privatização.

Ou seja, quando a gente ouvir que os EUA ou qualquer outro país rico liberou tantos milhões de dólares em ajuda a outro país é bom ficar com o pé atrás. Embutidos na “generosidade” geralmente estão interesses inconfessos.


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