quarta-feira, 7 de abril de 2010

Ruy Carlos Ostermann


Os riscos da síntese
Ruy Carlos Ostermann

Sínteses são sempre perigosas, porque geralmente encobrem um fato relevante, ou mais de um, depende. Tenho evitado fazer sínteses, procuro ser mais explícito, às vezes até repetitivo e sempre com a intenção de não ser mal-interpretado na rapidez de uma frase.


As frases enganam muito, porque podem se colocar no lugar daquilo que de fato se queria dizer e é preciso corrigi-la, o que implica em uma certa suspeita de que se está encobrindo alguma coisa. É inevitável e embaraçoso. A síntese, isso é, um resumo com exclamação, porque é preciso dar importância, talvez alguma solenidade, simplifica muito as relações pessoais.


E muitas vezes não há como escapar de uma síntese. Não falo de palestra ou curso em que fica bem uma exaltação semântica ou mesmo uma súbita exclamação com toda a sonoridade de palavra suntuosa, falo de pedido de uma frase que contenha todos os significados ou se não que aponte em boas direções do pensamento.


Quem lida com isso frequentemente, por força do ofício ou das circunstâncias, sabe muito bem que ou se tem uma clara idéia a respeito do que se deve abreviar numa frase ou não sai nada se não em pedaços ou fragmentos. E é desastroso porque ambíguo e contrário ao eventual prestígio de quem é inquirido.


E, então, foi isso mesmo. Explicar numa frase, talvez só com ponto-e-vírgula, o significado do Encontros com o Professor. E sorriem ao telefone com meu embaraço inicial. Mas reagi, e seja o que for: "É a revelação de uma pessoa diferente de mim, mas com as mesmas ambições".


Não ficou mal, mas corro riscos.

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