segunda-feira, 8 de março de 2010

Oscar 2010



, afinal, parou um pouco de sorrir
Seg, 08 Mar, 11h31



Por Por Sérgio Rizzo, especial para o Yahoo! Brasil


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Ironia fina do destino, em episódio histórico para simbolizar a ampliação do espaço feminino em Hollywood: no ano em que virou outra vez "dono do mundo", o produtor e diretor James Cameron viu o que poderia ser a sua noite de triunfo absoluto adquirir, prêmio depois de prêmio, ares de consagração para sua ex-mulher, a também produtora e diretora Kathryn Bigelow.


"Guerra ao Terror" bateu "Avatar" por 6 x 3. Em futebol, seria goleada e talvez derrubasse técnico. No Oscar, foi também uma lavada que não deixa dúvidas sobre quem a maioria dos eleitores da Academia (5.777 profissionais, segundo o diário "The New York Times") queria ver sorrindo nas festas que se espalharam por Los Angeles após a cerimônia.


Cameron, na avaliação deles, já havia sorrido demais. "Avatar" tornou-se a maior bilheteria da história, com mais de US$ 2 bilhões arrecadados em todo o mundo, tirando do topo da lista outro filme de Cameron, "Titanic" (US$ 1,8 bilhão). Seu êxito aponta para o "cinema do futuro", com a aposta em oferecer experiência sensorial que o espectador não encontra em casa.


Seria a hora, portanto, de possibilitar que outra turma festejasse. A vitória pessoal de Bigelow, primeira mulher a conquistar o prêmio de direção nos 82 anos do Oscar, foi também uma celebração do cinema independente dos EUA. Orçado em módicos US$ 11 milhões (contra os US$ 237 milhões de "Avatar"), "Guerra ao Terror" teve lançamento discreto nos Estados Unidos, em junho de 2009.





Até sair de cartaz, em novembro, o grande vencedor de ontem arrecadou somente US$ 12,6 milhões. No Brasil, a distribuidora Imagem o lançou diretamente em DVD. Acreditava que não valeria a pena gastar dinheiro com ele nos cinemas. Só mudou de ideia quando o filme entrou em listas de melhores do ano e recebeu indicações para os prêmios dos sindicatos, o Globo de Ouro e o Oscar.


Para que Davi pudesse derrotar Golias, contou muito a temperatura política. "Guerra ao Terror" foi encarado nos Estados Unidos como o primeiro filme a dar uma ideia concreta do que sofrem os jovens do país no Iraque.


Ao expor o drama dos soldados mortos, mutilados e traumatizados, ele foi abraçado pela imprensa e por formadores de opinião contrários à presença norte-americana no Iraque e no Afeganistão.


Em resumo: para a Academia, pareceu mais relevante destacar a importância de "Guerra ao Terror" do que chover no molhado consagrando "Avatar", que já estava consagrado.


Dos 10 candidatos a melhor filme, seis saíram da festa com ao menos um Oscar -- os demais foram "Preciosa" e "Up - Altas Aventuras", com dois cada, e "Bastardos Inglórios"e "Um Sonho Possível", com um.


Nenhuma escolha configurou surpresa. Ao contrário: os prêmios de melhor filme, de Bigelow e dos quatro atores -- Jeff Bridges, Sandra Bullock, Christoph Waltz e Mo'Nique -- eram antecipados pela imprensa, pouco antes da cerimônia, já como certezas.


No Oscar de filme estrangeiro, a Argentina agora bate o Brasil por 2 x 0, com a compreensível vitória de "O Segredo dos Seus Olhos" -- cujo diretor, Juan José Campanella, trabalha em seriados nos Estados Unidos, como "Law & Order", "House" e "30 Rock".


A Argentina recebeu o Oscar pela primeira vez em 1986, com "A História Oficial". Meses depois, a então desacreditada seleção do país, com os pés indomáveis e a célebre mãozinha de Diego Maradona, foi campeã do mundo no México.


Não tenha dúvida de que o supersticioso Maradona, agora treinador da seleção que vai à África do Sul, acordou hoje acreditando que o destino lhe enviou um sinal.


Sérgio Rizzo, 44 anos, é jornalista e professor. Escreve sobre cinema para o "Guia da Folha", da "Folha de S. Paulo", e também é colunista de futebol internacional do Yahoo! Brasil. Dá aulas na Universidade Mackenzie, na Academia Internacional de Cinema e na Casa do Saber.




Fonte: Yahoo

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