segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Fórmula 1

19 de outubro de 2009 | N° 16129AlertaVoltar para a edição de hojeRUBINHO SE APAGOU E ...
Button brilhouDeixado de lado pelos brasileiros na semana em que decidiria o Mundial de Fórmula-1, em casa, Rubens Barrichello surpreendeu e encheu a torcida de orgulho na classificação de sábado, em Interlagos. Ao melhor estilo dos grandes campeões, brilhou na chuva, conquistando a pole position. A estrela de Rubinho, no entanto, teve só um dia de vida. Apagou-se com a mesma rapidez com que o companheiro de Brawn, Jenson Button, percorreu o GP do Brasil para se sagrar campeão da Fórmula-1 de 2009.

Foi incrível observar em todos os cantos do velho autódromo de Interlagos que a pole tinha mexido tanto com os torcedores. As convicções foram crescendo:

– Vai chover. Ninguém corre como ele na chuva.

– O Button já amarelou antes.

– Aposto no Rubinho. Na corrida e no campeonato.

Veio a prova. Se no ano passado Felipe Massa perdeu o campeonato nos últimos 500 metros do GP do Brasil, bastaram uns poucos metros a mais para se perceber que a estrela veio fazer apenas uma visita para Rubinho. E rápida, muito rápida.

Boa parte da grande turma colocada entre Rubinho e Button no grid de largada foi ficando pelo caminho, seja por batidas, fechada desleal de quem venceria a prova mais tarde, o australiano Mark Webber, até infantilidades de quem jamais poderia ter recebido a supelicença para pilotar um F-1, caso do franco-suíço Romain Grosjean, da Renault.

De 14º na largada, Button cruzou a linha na primeira volta em nono. Enquanto todos olhavam os estragos dos incidentes e a ainda sólida liderança de Rubinho, ninguém percebeu que a visitante sorte já estava se preparando para partir de Interlagos:

– Tudo bem se o Button pontuar, o Rubinho vence e leva tudo para Abu Dhabi.

No entanto, o inglês surpreendia com uma atuação agressiva, tão diferente de suas últimas, quando foi duramente criticado. Algo estava no ar, algo bem conhecido dos torcedores em relação ao brasileiro do carro 23.

– Desta vez, será diferente.

Não seria. Rubinho foi o primeiro a parar para reabastecimento e troca de pneus. Depois da primeira sessão de pit stops, ficou clara a superioridade da rival Red Bull, de Webber, e até mesmo da obscura BMW, do polonês Robert Kubica. A corrida estava condenada. Bem como o campeonato, logo adiante. Passada metade da corrida, a maioria começou a perceber a ausência da estrela recém-nascida. Ela já estava bem longe de São Paulo. Ao mesmo tempo, Button confirmava uma corrida inspirada e de decisões tomadas para levar de Interlagos o título para sua Inglaterra.

– Aquela nuvem é a última esperança...

Não veio chuva nenhuma, a precisão do serviço de meteorologia do dia anterior caía por terra no domingo. Pior, sobrou para Rubinho um pneu furado, quando duelava com o campeão de 2008, Lewis Hamilton, também inglês, também vencedor do campeonato em Interlagos, também em cima de um brasileiro.

Pouco mais de uma hora e meia antes, Rubinho largava na posição de honra, Button, em 14º. Agora, Webber cruzava em primeiro (seguido por Kubica e por Hamilton), o outro então pretendente ao título, o alemão Sebastian Vettel, em quarto, após ter largado em 15º. Rubinho, o pole da estrela, em ficou em oitavo.

– Nada tenho a lamentar, estive de aposentado a candidato ao título. Foi uma temporada fantástica. Mas por hoje (ontem), estou com um buraco no estômago – declarou o piloto, antes de esfriar a cabeça e, politicamente, comemorar o título de Button com o restante da equipe Brawn.

Ao contrário de outros fracassos em Interlagos, desta vez, o público não criticou Rubinho. Pela magia de sábado, talvez. Pena que a estrela tenha sido tão efêmera.



DANIEL DIAS | Enviado Especial/São Paulo
Fonte: Zero Hora

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sim