quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Angola

BORNITO DE SOUSA NA CORRIDA AO CADEIRÃO DO GRANDE CHEFE



É de lamentar que por questões materiais ou de pura bajulação ao Grande Chefe o Dr. Bornito de Sousa defenda ultimamente o indefensável. Ele que é um quadro que sempre alimentou esperanças no seio da juventude angolana, e em particular do MPLA, onde agora é visto como um sério candidato às eleições presidenciais, depois da saída do Grande Chefe, que certamente sucederá em Setembro de 2010.

Será que este é o mesmo Bornito de Sousa?

Na sua última conferência de imprensa, o Dr. Bornito de Sousa, fez uma incursão sobre o modelo constitucional a seguir, reportando-se ao tal modelo sul africano, quando na verdade não existe nenhum modelo sul africano inovador, o que existem são modelos já inventados, nomeadamente o Presidencialismo, o Semi-Presidencialis mo ou o Parlamentarismo. O modelo sul africano, que nos querem vender como verdadeiramente inovador, é um modelo Parlamentarista como o da maioria dos países de influência e tradição inglesa, como é claramente o caso da África do Sul.

Neste caso, e só a título de mero exemplo, os Membros do Gabinete são oriundos do Parlamento, ou seja, os Membros do Governo são escolhidos de entre os Deputados eleitos, à excepção de dois, que podem ser independentes, não sendo provenientes do Parlamento.

Defendemos com afinco que os Militantes do MPLA, inclusivamente o seu Presidente, não podem violar o Programa do MPLA, a sua história – que é, em certa medida, a história de Angola – e a nossa Lei Constitucional. No entanto, estão a fazê-lo, neste caso concreto, violando claramente e sem pudor o Programa do MPLA, a nossa história, a nossa Lei Constitucional, tudo ao proporem um sistema de governo parlamentarista, que em nada honra o trabalho de transição democrática, e de democratização do país até agora desenvolvido.

Contudo, se conseguirem alterar o Programa do MPLA no Congresso, e posteriormente, fazer uma nova Constituição com este novo sistema de governo, que é o que vislumbramos que sucederá, o que vai acontecer é que o Nosso Grande Chefe vai tudo fazer para impor ao MPLA um Programa e uma Constituição que sirva os seus interesses, correndo-se com isso o grande risco de dividir o MPLA, pois todos sabemos que não existirá consenso nesta matéria.

O Dr. Bornito de Sousa afirma que se for eleito o Presidente nos termos definidos na actual Constituição corre-se o risco de se eleger um presidente interino. Pergunto, neste caso, o Parlamento também não será interino? Na verdade, ao propor o mencionado modelo sul africano a Assembleia Nacional deverá ser dissolvida e serão realizadas outras eleições com novo cabeça-de-lista que será possivelmente o Senhor Nando, ou em alternativa, o Grande Chefe passa o poder transitoriamente até 2012 ao Presidente da Assembleia Nacional.

Significa isto que, a Constituição a ser aprovada em 2010 (o que não acreditamos) será congelada até às novas eleições, tudo de encontro aos estratagemas que o Dr. Bornito de Sousa e os seus comparsas vão criando no seio deste Novo MPLA, estruturado à medida dos seus interesses, composto por autómatos no poder, que respondem SIM às solicitações dos Grandes Senhores.

Eis o cenário idílico, é aprovada a nova Constituição em Setembro de 2010, o Grande Chefe retira-se da política activa como é seu desejo, o Presidente da Assembleia Nacional assume o poder de forma transitória em 2011, em 2012 fazem-se novas eleições e o Senhor Nando torna-se cabeça-de-lista. Eis o algoritmo perfeito!

Só se esqueceram de equacionar que volvidos trinta anos de independência, os angolanos cresceram e não são estúpidos!

Este modelo elaborado à medida dos interesses daqueles que corrompem a democracia, este modelo que silencia aqueles que são competentes e que fazem, de facto, algo por este país, que silencia os justos e que beneficia de forma inadmissível os Grandes Chefes que controlam a nossa nação, choca com o Programa do MPLA, colide com a sua história, pelo que os militantes que o defendem deveriam de ser punidos nos termos da Disciplina Partidária, pois trata-se de uma violação do Programa do MPLA e do abuso das suas funções no Partido e no Estado, condutas puníveis nos termos do Artigo 22.º dos Estatutos do MPLA, cuja sanção pode culminar com a expulsão.

O MPLA é um grande partido histórico, e muitos dos seus melhores filhos derramaram sangue em prol da liberdade dos Angolanos, não podendo por isso ficar refém das vontades do Grande Chefe ou de uma qualquer máfia internacional que assim o pretende.

Sabemos que o Grande Chefe fez muito por Angola, e Angola ficará sempre grata, conservando- lhe o seu lugar na nossa história. É hora de o Grande Chefe ter o descanso justo e merecido na sua residência do Miramar a partir de Setembro de 2010. Contudo, a transição tem de ser natural, há que seguir o exemplo de Moçambique e da Frelimo.

Sabemos, igualmente, que em Angola não voltaremos à guerra, mas os familiares do Grande Chefe já não terão as facilidades a que estão habituados, não ficarão a custo zero, não lhes serão oferecidas Uniteis, Cimangolas e Moviceis. Estes presentes acabaram, e quiçá, retornarão ao seu patrão inicial, o Estado Angolano, e aos angolanos a quem pertencem.

Voltando ao Dr. Bornito de Sousa, teria, certamente, sido muito mais inteligente da sua parte e dos seus comparsas, terem feito eleições legislativas e presidenciais em 2008, e assim, a nova constituição seria elaborada e aprovada para vigorar já em 2012.

No presente, o Comité Central do MPLA recomendou e de forma correcta, cumprindo com os seus Estatutos, a realização de eleições por sufrágio universal directo. Assim, o Dr. Bornito de Sousa como bom militante que é, não deveria atropelar os Estatutos para agradar o Grande Chefe. Ou será que o Dr. Bornito de Sousa enquanto Chefe da Bancada Parlamentar pensa que por esta via poderá chegar ao cadeirão do Grande Chefe? Engana-se!

Para quem é um leitor atento, as opções do Grande Chefe, estão a tornar-se claras. Primeiro, e de forma transitória, tudo fará para ficar o Senhor Nando a comandar a Nação, e depois de o terreno ficar limpo, entrará o Grupo de Tecnocratas liderado por Pitra Neto.

Finalmente questionamos o porquê de tanta complicação, devemos é seguir o modelo de TOGO, GABAO e brevemente SENEGAL e LÍBIA. Coloquem o filho do Chefe de Estado como substituto do Grande Chefe, e todos continuarão a ser servir e a serem servidos como se do Grande Chefe se tratasse. Tenho dito!



Amigos de Angola

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