segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Inter vence o Goiás de Fernandão




31 de agosto de 2009 | N° 16080AlertaVoltar para a edição de hojeINTER
Fernandão? Não, Marquinhos
Mais de 30 mil colorados viram o ex-capitão por 12 minutos em campo e encheram os olhos com a atuação de um guri de 19 anos escalado à última hora e decisivo no 4 a 0 sobre o GoiásFernandão jamais deixará de ser amado pelos colorados. Muitos dos mais de 30 mil torcedores ontem ao Beira-Rio que assistiram ao 4 a 0 no Goiás queriam rever o eterno capitão. Mas havia um outro sentimento no estádio: o da solidariedade. Era preciso ajudar o time, cheio de improvisos pelas ausências.

Na chegada do ônibus do Goiás, às 17h33min, Fernandão pôde ver cerca de 60 colorados gritando o seu nome. Emocionados, cantavam “ôôô, Fernandão voltou” e o hit vermelho “uhuh, terror, Fernandão é matador”. Viram apenas o rosto do capitão, que se ergueu na poltrona da penúltima fileira e, de dentro do ônibus, espiou a agitação no pátio do estádio.

Luana Mitto, 34 anos, carregava uma faixa nas mãos e trazia um semblante melancólico no rosto. Na faixa, um coração partido ao meio, em verde e vermelho, com os dizeres: “Fernandão, teu lugar é aqui”. Com apenas 12 anos, Milka Lisboa veio de Rio Grande para ver o responsável por transformar mais da metade de seus colegas da Escola Estadual Juvenal Müller em colorados. Os pais foram para a Expointer, ela pediu à tia, Vanusa, para ir ao Beira-Rio.

– Estou feliz por revê-lo, mas também triste. Queria vê-lo com a nossa camisa de novo – lamentou Milka.

Foi Fernandão quem puxou a fila de jogadores do Goiás na entrada em campo. Sob vaias. Correu para a frente dos 23 torcedores goianos na arquibancada inferior. Na volta, com o semblante fechado, gritou palavras de ordem para os companheiros. Em seguida, ergueu os braços ao céu. Antes de o jogo começar, ainda orientou Léo Lima e Ramalho. Não atravessou o campo para cumprimentar os antigos companheiros. Bolívar, Índio, Guiñazu e Magrão é que correram para abraçá-lo.

Fernandão e Iarley foram ovacionados quando o sistema de som os anunciou e no primeiro toque na bola. Estava feita a homenagem. Em seguida, Magrão derrubou Fernandão, e o estádio aplaudiu.

Fernandão e Iarley seriam vaiados em mais dois lances. Aos 12 minutos, o ex-capitão reagiu a uma segunda entrada de Magrão por trás. Abriu os braços e jogou o corpo com força para cima do volante, quase numa tentativa de revide. O árbitro Ricardo Marques Ribeiro deu cartão vermelho direto. Fernandão ficou alguns segundos estático, sem entender.

Ainda surpreso, o capitão desceu a escadaria e tomou o caminho do vestiário dos visitantes. Caminhou sozinho pelo longo corredor. Passou batido pelos seguranças, os mesmos que havia cumprimento minutos antes. Cabisbaixo, sequer espiou o painel com a tabela entre Falcão e Escurinho até a gol contra o Atlético-MG, em 1976. Só ergueu a cabeça para se espiar no espelho que ocupa a parede sob o painel. Abaixou-a de novo, pisoteou com raiva a grama sintética do piso. Durou 12 minutos a volta dele ao Beira-Rio.

Sem Taison e Alecsandro, Tite contava com quatro alternativas: Edu, Bolãnos, Léo e, a menos provável de todas, Marquinhos. Pois foi o guri de Selbach, no Planalto Médio, o escolhido. E foi ele também quem roubou a cena em uma tarde que era de Fernandão. Com um gol e participação em outros dois, Marquinhos, 19 anos, afagou o coração dos colorados, machucado pela imagem do seu ex-capitão todo de verde.

E não demorou muito para Marquinhos virar protagonista. Com cinco minutos, ele recebeu lançamento de Giuliano, avançou em velocidade e, na entrada da área, freou e tirou o zagueiro da jogada. O complemento foi com toque sutil sobre o goleiro.

– Costumo assistir a todos os jogos do Brasileirão e presto muita atenção nos goleiros. Procurei ter calma na hora de bater – explicou ao final.

Foi mesmo uma tarde cheia de surpresas. A começar pelo próprio Marquinhos. Tite colocou três zagueiros, o trio da final da Libertadores, para vigiar Fernandão e Iarley. Andrezinho foi preservado e ficou na reserva, devido às dores no joelho direito. Na frente, Edu estreou com a camisa 18.

O Inter ficou mais sólido, mais compacto e veloz, insinuante. Giuliano se posicionou no meio-campo e dali desmontou a marcação do Goiás com passes tão precisos como verticais. Marquinhos se posicionou de forma inteligente entre o zagueiro e o lateral-esquerdo e dali partiu para o estrelato. Aos 15, já sem Fernandão, ele recebeu de Guiñazu, girou e devolveu para o argentino marcar o 2 a 0. Uma ironia. Guiñazu sucedeu Fernandão como capitão e na idolatria dos colorados. E logo numa tarde que era do antecessor fez seu quarto gol pelo clube.

Edu, aberto na esquerda, Kleber solto pelo meio até Fabiano Eller aparecendo como lateral enchiam os olhos.

O brilho maior, porém, era do guri de Selbach. Atrevido, rápido, Marquinhos jogou como se já estivesse entre os grandes há algum tempo. O que é uma meia verdade. Desde que voltou da Copa São Paulo, onde ele e Leo fizeram quatro gols cada, está integrado aos profissionais. O Inter preparou um trabalho científico para deixá-lo robusto. Foram sete meses até ganhar chance. Que ele encarou com naturalidade.

– Vamos dar valor agora para o grupo do Inter – cobrou.

Marquinhos também participou do terceiro gol aos seis minutos. Ele aparou lançamento para Edu, que serviu Giuliano. Kleber ainda faria o quarto aos 36. Nesse meio tempo, Marquinhos deu lançamento para Bolaños, entrou a dribles na área e perdeu outras duas chances. Trazido do Passo Fundo no segundo semestre de 2008, depois de boas atuações no Gauchão Sub-20, ele impressionou. Sua multa é de 40 milhões de euros.

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LEANDRO BEHS
> O juiz acertou?
Francisco Garcia, analista de arbitragem da Rádio Gaúcha
“Houve uso de força excessiva do Fernandão. A expulsão pode ser aplicada para qualquer falta, carrinho, ou encontrão que tenha uso de força excessiva. Ele foi muito ostensivo, se jogou, abriu os braços, atingindo o Magrão. Não fortemente, com o cotovelo, mas ele atingiu com força excessiva o Magrão e, por isso, foi justamente expulso.”


Fonte: Zero Hora

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