quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Fábrica de Munição



06 de agosto de 2009
| N° 16054
Alerta
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LAÇOS COM O CRIME
BM descobre fábrica de munição
Força-tarefa formada também pelo MP resultou na prisão de 15 PMs e de colecionador de armas, suspeito de vender projéteisDepois de sete meses de investigação, uma força-tarefa do Ministério Público (MP) e da Brigada Militar (BM) chegou ontem a um colecionador de armas que estaria vendendo a policiais militares cartuchos recarregados de diferentes calibres (incluindo os proibidos).

Osuspeito foi preso preventivamente, assim como 15 PMs da Grande Porto Alegre. O desafio da investigação agora é descobrir quem fornecia o material para a recarga da munição e qual era o destino final dos cartuchos.

Edmundo Marcelino Meireles Sieburger, o Gaúcho, 48 anos, colecionador de armas, foi preso na casa dele, no bairro Jardim Planalto, na zona norte da Capital. No local, e em um sítio em Sertão Santana, na região sul do Estado, a polícia apreendeu pelo menos 2 mil cartuchos, mais 150 quilos de munição de diferentes calibres, 12 armas – incluindo um fuzil. À noite, os policias continuavam contabilizando a munição recolhida.

Além do colecionador e dos PMs, foram presas cinco pessoas (supostos compradores). As prisões e as apreensões começaram a partir da Operação Laçador, uma referência ao nome do colecionador. Ouvido por Zero Hora, Gaúcho defendeu-se das suspeitas:

– Há 15 anos sou colecionador. Jamais vendi munição recarregada.

O processo está correndo em segredo de Justiça. Parte do resultado da investigação foi divulgada na manhã de ontem pelo comandante-geral da BM, coronel João Carlos Trindade, e pelo promotor de Justiça Ricardo Herbstrith, da Promotoria Especializada Criminal, na Academia de Polícia Militar. Trindade e Herbstrith argumentaram que os nomes dos presos foram preservados porque a investigação ainda está em andamento.

– Ele (Gaúcho) é colecionador de armas legalizado e tem autorização para recarregar cápsulas para o seu uso pessoal. Na investigação, descobrimos que ele estava comercializando em larga escala munição recarregada. Isso é crime – afirmou Trindade.

Sobre os 15 PMs presos – incluindo um aposentado e dois sargentos –, Trindade disse que a ação é um recado à tropa de que a BM não acoberta em suas fileiras pessoas envolvidas com atos ilegais. Eles foram presos pela compra ilegal dos cartuchos, ação descoberta na investigação desenvolvida pelos integrantes da Agência Central de Inteligência da BM, a P2.

Mesmo tipo de munição foi usado em ataque a blindado

Herbstrith deu uma pista das suspeitas que recaem sobre o grupo. Segundo ele, um dos tipos de munição apreendida é semelhante à usada em um ataque a carro-forte no final do ano passado, em Barra do Ribeiro.

– As máquinas de recarregar deixam uma marca no estojo usado, e o nosso próximo passo é saber em que crimes os cartucho foram utilizados, já que eles têm a identificação desse fornecedor (como se fosse uma digital) – explicou o promotor.

Entre as dezenas de crimes envolvendo o uso de munição recarregada, um deles se tornou famoso: a execução, no ano passado, do oftalmologista Marco Antonio Becker, vice-presidente do Conselho Regional de Medicina. Becker foi executado com quatro tiros disparados de uma pistola .40, de uso restrito, usada pela BM. As marcas nos estojos usados pelo atirador vão ser comparadas àquelas produzidas pelas máquinas apreendidas ontem.

carlos.wagner@zerohora.com.br

CARLOS WAGNER
A investigação
O que os policiais apuraram:
- Duas máquinas de recarregar munição estavam instaladas na casa do colecionador de armas no Jardim Planalto, na zona norte de Porto Alegre.
- Em dois meses de escutas telefônicas, os agentes da força-tarefa não conseguiram estabelecer o volume de venda ilegal de munição. Mas afirma que são centenas de cartuchos comercializados
- A munição mais procurada seria a .40, de uso restrito. Cada cartucho custava R$ 5
- Os interessados ligavam encomendando a munição. Depois, passavam no local e pegavam a mercadoria
- O destino dado à munição ainda está sendo investigado, bem como a maneira que o colecionador conseguia comprar em grandes quantidades os insumos (pólvora, espoleta e cápsulas ) usados para recarregar a munição

ARMAS E MUNIÇÃO APREENDIDAS
- calibres 38 (29kg), 22 (1kg), 44 (650 unidades), 7.62 (398 unidades), .40 (17 unidades), 22 (800 unidades), 12 (111 unidades) e calibres diversos (24kg)
- Estojos de 7.62 (37kg), de 44 (5kg), de 38 (46kg), de diversos calibres (24kg)
- Um fuzil calibre 7.62, três carabinas calibres 22, 38 e 44, duas espingardas calibres 28 e 12, cinco revólveres sendo três deles calibres 38 e os outros 44 e 22 e uma pistola calibre 3.57
O DESTINO DOS PRESOS
- Dos 21 presos com preventiva decretada pela Justiça, 19 foram apresentados na Área Judiciária da Polícia Civil, em Porto Alegre. Os outros dois foram apresentados em Gravataí e na região de Santa Rosa, onde foram presos
- Os 15 policiais militares foram recolhidos ao Batalhão de Operações Especiais, onde devem ficar à disposição da Justiça
- As outras cinco pessoas presas na Região Metropolitana foram levadas ao Presídio Central de Porto Alegre, e o preso em Santa Rosa para o presídio daquela região
Fonte: Fontes: Polícia Civil e força-tarefa


Fonte: Zero Hora

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