quinta-feira, 2 de julho de 2009

Susepe sob Suspeita

SEGURANÇA SOB SUSPEITA
Estratégia para deter os agentes
Mario Santa Maria Junior superintendente dos Serviços PenitenciáriosPara prender de uma só vez os oito agentes penitenciários, o Ministério Público (MP) adotou uma estratégia inusitada. Em vez de procurar os suspeitos um a um em suas casas, o promotor Gilmar Bortolotto intimou os servidores para depor sobre a suposta tortura de um preso. Na manhã de ontem, à medida que chegavam à Promotoria Criminal, os servidores recebiam voz de prisão.

A operação começou a ser montada por volta das 8h45min. Duas equipes do Batalhão de Operações Especiais (BOE) da Brigada Militar chegaram discretamente ao MP, estacionando as viaturas nos fundos do prédio. Sem chamar a atenção, os PMs montaram um esquema de segurança ao redor da sala do promotor para evitar que os suspeitos tentassem fugir. Os depoimentos se estenderam por três horas. No início da tarde, os agentes foram levados em um micro-ônibus para o Departamento Médico Legal (DML), onde fizeram exame clínico antes de serem conduzidos ao Presídio Central.

Conforme a denúncia do MP, o preso revelou que, no dia 5 de abril, alguns agentes o levaram ao prédio administrativo da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc). Lá, sobre uma mesa, estavam 11 celulares. Os funcionários do presídio perguntaram a ele o que era aquilo. O apenado negou ter conhecimento a respeito dos aparelhos e, segundo ele, em seguida foi algemado e espancado.

Ocorrência registrada para simular agressão

O detento diz ter levado socos no rosto e no estômago e golpes com garrafa plástica cheia de água nas costas. Teria sido sufocado com um cinto amarrado no pescoço. Como último recurso para que confessasse, os agentes teriam encharcado a roupa do apenado com álcool e colocado um isqueiro, aceso, perto do corpo. Para forjar uma agressão do preso, um agente rasgou a própria camisa e registrou uma ocorrência, alegando que fora vítima de uma tentativa de homicídio.



Contrapontos
O que dizem as advogadas Paula Louzada, Andrea Iglesias e Irani Medeiros, representantes dos agentes denunciados
As advodadas trabalham para o Sindicato dos Agentes Monitores e Auxiliares Penitenciários do Estado do RS (Amapergs) e foram indicadas para defender os denunciados. Elas pretendem ingressar com pedido de habeas corpus para os agentes e recomendaram que falasse, em nome delas, o presidente do Amapergs, Luis Fernando Rocha.
O que diz Luis Fernando Rocha, presidente do Sindicato dos Agentes Monitores e Auxiliares Penitenciários do Estado (Amapergs)
Luis Fernando Rocha considera que o Judiciário está cometendo uma injustiça ao decretar a prisão. Em primeiro lugar, porque eles são domiciliados e não têm antecedentes criminais que justifiquem mantê-los confinados.
O presidente do sindicato acredita que as denúncias deveriam ser plenamente comprovadas antes de qualquer prisão. Ele salienta que não é a primeira vez que um preso denuncia espancamentos por parte de funcionários de presídios, afirmações que nem sempre resultam em provas. Além disso, diz Rocha, o preso que denunciou os agentes é também suspeito de colocar celulares dentro da Pasc:
– Que credibilidade pode ter um apenado assim?


MultimídiaOS DENUNCIADOS
Fonte: Zero Hora

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