segunda-feira, 13 de julho de 2009

Sem Livros

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O Blog Semlivro vai publicar artigos, livros e a produção literária de Carlos Marighella nesse ano que se completa 40 anos de seu assassinato.







Em seu enterro não havia velas:
Como acendê-las, sem a luz do dia?

Em seu enterro não havia flores:
Onde colhê-las, nessa manhã fria?

Em seu enterro não havia povo?
Como encontrá-lo, nesta rua vazia?




Em seu enterro não havia gestos:
Para e inerte a minha mão jazia

Em seu enterro não havia vozes:
Sobre censura estava a salmodias

Mas a luz e flor e povo e gesto e canto
Responderão “presente”, chegada a primavera
Mesmo que tardia!

Aninha Montenegro (amiga de Marighella)




"Seu nome, como muitos outros da história recente brasileira, ainda não saíram das sombras, a que a elite insiste em relegar a nossa história. Carlos Marighella não ambicionava o poder, mas um Brasil soberano, livre da submissão ao capital estrangeiro. O momento exigia como ainda hoje, mudanças radicais na estrutura social brasileira. Defensor da guerrilha urbana como forma de revolução social, passou a ser o principal orientador da oposição armada no Brasil, ao lado de outro companheiro, Carlos Lamarca, morto no sertão baiano em 17 de setembro de 1971. Perseguido pelo regime militar e finalmente assassinado em 4 de novembro de 1969, em São Paulo, Marighella foi vítima do terrorismo estatal, sua morte exige muitas explicações das reais circunstâncias em que foi emboscado e morto, inclusive dos frades dominicanos."




O mulato Carlos Marighella


Era filho de um imigrante italiano, o operário Augusto Marighella e Maria Rita do Nascimento, negra e filha de escravos. Teve sete irmãos e irmãs.Fez os estudos iniciais no Ginásio da Bahia, hoje Colégio Central. Contrariando as expectativas reservadas a famílias de poucas posses, em 1929, Carlos começou a cursar engenharia civil na Escola Politécnica da Bahia.Já nessa época, com 18 anos, Carlos despertou para as lutas sociais e entrou no Partido Comunista. Aos 21 anos, em 1932, foi preso pela primeira vez, por escrever e divulgar um poema com críticas ao interventor da Bahia, Juracy Magalhães.Em 1936, abandonou o curso de engenharia e mudou-se para São Paulo, com a tarefa da direção partidária de reorganizar o Partido Comunista, que se encontrava esfacelado, após as lutas de 1935, na chamada . Foi novamente preso.No ano de 1937 aconteceu a anistia, assinada pelo então ministro da Justiça, Macedo Soares e Marighella foi libertado, mas as perseguições não cessaram, pois nesse mesmo ano deu o golpe instaurando o que colocou o Partido Comunista na clandestinidade. A militância de Carlos Marighella incomodava o governo e é novamente preso em 1939, e desta vez, confinado em Fernando de Noronha. Consta que neste presídio foi estabelecida, pelos próprios prisioneiros, uma divisão igualitária de tarefas, independente do peso político que o indivíduo tivesse fora da prisão. Criaram uma Universidade Popular e ensinavam uns aos outros filosofia, história, matemática. Marighella deu aulas de filosofia.Após três anos em Fernando de Noronha, Carlos e os companheiros presos foram transferidos para o presídio da Ilha Grande, no litoral do Rio de Janeiro. Fernando de Noronha, nessa época do conflito da Segunda Guerra Mundial, passou a ser base de apoio das operações militares dos aliados no Atlântico Sul.
O início das divergênciasNo ano de 1943 aconteceu o polêmico apoio do Partido Comunista ao governo ditatorial de Vargas, em razão da entrada do Brasil na guerra. Marighella discordava dessa posição, mas mesmo preso é eleito para o Comitê Central do partido.Com a vitória dos , no ano de 1945, aconteceu nova anistia no Brasil. O Partido Comunista voltou à legalidade e Marighella foi eleito deputado constituinte.Com o fim do Estado Novo, venceu as eleições o general , empossado em 31 de janeiro de 1946, que, aproximando-se dos setores conservadores, desencadeou ferrenha perseguição ao Partido Comunista, que foi posto novamente na ilegalidade, em 1947. Nessa época Marighella dirigia a revista teórica do partido chamada Problemas. No início de 1948 foram caçados os mandato dos parlamentares comunistas e Marighella voltou à clandestinidade. Ainda nesse ano nasceu o seu filho Carlos, fruto do relacionamento que teve com Elza Sento Sé. Conheceu Clara Charf, que será sua companheira até o fim da vida. Na clandestinidade, de 1949 a 1954, em São Paulo, Marighella atuou na área sindical do partido, mas incomodava a direção partidária, pois era considerado excessivamente esquerdista. Sua atuação aproximou o partido da classe operária e juntos promoveram uma greve geral, conhecida como a "Greve dos Cem Mil", em 1953. Também participou da campanha "O petróleo é nosso". Ainda em 1953, foi à China e à União Soviética, retornando em 1954.No ano de 1954, depois da morte de Getúlio Vargas e no início do governo de , os comunistas, ainda na ilegalidade, começaram a atuar com mais visibilidade. Na política internacional fatos relevantes marcaram esse período: em 1956, o XX Congresso do PC da União Soviética denunciou os crimes de Stálin; em 1959, aconteceu a revolução cubana. Vivia-se o auge da chamada "guerra fria", mas o Partido Comunista Brasileiro adotou a "coexistência pacífica" pregada pela União Soviética.Com o fim do governo de Juscelino Kubistchek, assumiu a presidência, para renunciar sete meses depois. , depois de uma crise política, tomou posse e o Partido Comunista voltou à legalidade aproximando-se do governo. Carlos Marighella passou a divergir da linha adotada pelo partido, divergências que em 1962, deram origem ao Partido Comunista do Brasil - PC do B.Em 1964, o golpe de estado, que estabeleceu a ditadura militar, proporcionou uma nova perseguição aos comunistas. Marighella foi baleado e preso num cinema da Tijuca, no Rio de Janeiro. C onseguiu sobreviver e ficou encarcerado por 80 dias, e em seguida, foi solto pela atuação do advogado Sobral Pinto.Publicou Por que resisti à prisão, em 1965 e em 1966, A Crise Brasileira onde discorreu sobre sua opção por organizar os trabalhadores brasileiros contra a ditadura e a luta pelo socialismo. Nesse livro pregava a luta armada, com base numa aliança entre operários e camponeses.
Fundando a brasil/ult1689u70.jhtm">Carlos Marighella continuou divergindo da linha oficial adotada pelo PCB e, em 1967, suas posições saíram vitoriosas na Conferência Estadual de São Paulo, em confronto com Luiz Carlos Prestes. Nessa época, preparava-se o VI Congresso do partido e aconteceu uma intervenção da direção partidária nos diretórios dos estados, visando impedir o crescimento das idéias defendidas por Marighella, que, rompeu com o partido logo após uma viagem à Cuba, onde foi participar de uma reunião da Organização Latino-Americana de Solidariedade-OLAS. Sua participação foi desautorizada pela cúpula partidária. Retornando ao Brasil foi expulso do PCB e, em seguida, fundou a Ação Libertadora Nacional-ALN, que preconizava a luta armada.1968 foi um ano de atos radicais da ALN. Marighella participou de diversas ações armadas visando adquirir fundos para a construção do partido, com diversos

assaltos a
bancos que foram reinvidicados pela ALN. A organização também teve fortes
influências no meio estudantil. Nesse período a ditadura aumentou a repressão
aos grupos de
esquerda, entre eles, a Vanguarda Popular Revolucionária, comandada pelo capitão
Carlos Lamarca, que desviou um carregamento de armas para a guerrilha que se
instalava no Vale do Ribeira, em São Paulo. Em setembro desse ano, o embaixador
norte-americano foi feito prisioneiro por integrantes da ALN e do MR-8, e foi
trocado por quinze presos políticos.Marighella era apontado como inimigo público
número um. Cartazes de "Procurados" foram espalhados por todo o Brasil e a sua
perseguição envolveu toda a estrutura da polícia política. Para orientar as
ações da ALN, Marighella escreveu o Mini-manual do Guerrilheiro Urbano.A Aliança
Libertadora Nacional tinha aproximações com os frades dominicanos e alguns deles
estavam presos. Montou-se uma emboscada, através do contato desses frades, que
agendaram, sobre tortura, um encontro na alameda Casa Branca, em São Paulo. No
dia 4 de novembro de 1969, às oito horas da noite, Carlos Marighella caiu na
emboscada armada pelo extinto DOPS (Departamento de Ordem Pública e Social) de
São Paulo. Cercado por 30 policiais, com o delegado Sérgio Paranhos Fleury, à
frente, foi assassinado. A ALN existiu até 1974.Sua situação de combatente
contra a ditadura foi reconhecida pelo governo brasileiro, em 1996 e sua esposa
Clara Charf passou a ser indenizada, a partir de 2008.






*Antônio do Amaral Rocha é jornalista, com estudos de pós-graduação em Literatura Brasileira e Cinema. Trabalha como editor, artista gráfico e resenhista, colaborador free-lance de diversas publicações em São Paulo


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Postado por Rui Baiano Santana no SEMLIVROS em 7/11/2009 10:33:00 AM

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Um comentário:

  1. "Retiro da maldição e do silêncio e aqui inscrevo seu nome de baiano: Carlos Marighella."

    Jorge Amado

    ResponderExcluir

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