sexta-feira, 17 de julho de 2009

Caso Becker

SETE MESES DEPOIS
Tenente e soldado da PM sob suspeita
Pistas apontam participação de policiais da Capital no Caso BeckerNas buscas ao assassino do vice-presidente do Conselho Regional de Medicina (Cremers), Marco Antonio Becker, a Polícia Civil focou as investigações em dois PMs, suspeitos de executar o oftalmologista. Pistas apontam para dois policiais – um soldado e um tenente – com nome semelhante, donos de motocicletas e que trabalham em quartéis de Porto Alegre.

Becker foi assassinado na noite de 4 de dezembro, no bairro Floresta, na Capital, atingido dentro do seu Gol por quatro tiros de pistola .40, calibre restrito, disparados com precisão pelo caroneiro de uma motocicleta modelo Falcon, 400 cilindradas.

Após a execução, os criminosos teriam seguido para uma oficina mecânica no bairro Partenon para que fossem feitos reparos e pintura na moto, a fim de dificultar um eventual reconhecimento do veículo. Uma pessoa teria testemunhado a dupla comentar sobre o crime.

Parte da fuga dos assassinos foi registrada por uma câmera de vigilância de uma empresa nas imediações do local do crime, mas a qualidade das imagens pouco ajudou na identificação da moto.

O motivo do crime estaria vinculado à área médica, segundo investigações policiais. Dois profissionais da medicina são investigados como supostos mandantes. No mês passado, a polícia cumpriu mandados de busca e apreensão nos vales do Paranhana e do Taquari, interrogando, inclusive, um pai-de-santo para tentar chegar aos autores do crime.

Sindicância sobre munição ficou insolúvel

O inquérito está em segredo de Justiça a pedido do delegado Rodrigo Bozzetto. Por causa disso, ele evita comentar o caso. A BM, por sua vez, descarta a participação de PMs no crime. Em sigilo, o serviço de inteligência da corporação investigou a vida de PMs que eventualmente poderiam estar relacionados com a morte de Becker. O trabalho teria sido frustrante.

– Até agora, nada foi localizado – garante o comandante-geral da BM, coronel João Carlos Trindade.

A suspeita de que algum PM estaria envolvido no caso surgiu horas depois do crime, quando foram analisados os estojos de pistola calibre .40 recolhidos junto ao corpo de Becker.

Pelo código de fabricação (três letras e dois números) gravado em um dos estojos, foi descoberto que a munição fazia parte de um lote de 1,2 milhão de cartuchos comprado pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp). A munição foi usada para treinamento da Força de Segurança Nacional de Segurança Pública no Rio Grande do Sul, entre outros Estados, e depois 241 mil cartuchos foram doados à BM para recarga. Na época, a BM abriu uma sindicância para apurar o destino do estojo, mas ficou insolúvel.

– Era um número muito grande de cartuchos com a mesma numeração, distribuídos para várias unidades. Não conseguimos avançar na investigação – justifica Trindade.

joseluis.costa@zerohora.com.br

JOSÉ LUÍS COSTA
Fonte: Zero Hora

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sim