
178977
Sábado, 09 de maio de 2009
"Marcelo entregou dinheiro a Crusius", diz viúva
Magda Cunha Koenigkan, viúva de Marcelo CavalcanteFoto: Arquivo Pessoal
O repórter Fábio Schaffner conversou esta manhã com Magda Cunha Koenigkan, viúva de Marcelo Cavalcante, ex-chefe da representação do governo do Estado em Brasília. Cavalcante foi encontrado morto em Brasília em fevereiro.
Leia abaixo trecho da entrevista. A íntegra está na Zero Hora deste domingo.
"Marcelo entregou dinheiro a Crusius"
Aos 43 anos, bonita e com um vasto círculo de amizades na alta sociedade brasiliense, Magda Cunha Koenigkan conheceu Marcelo Cavalcante em novembro de 2007. Dois dias depois, o casal já morava junto, na casa alugada por Magda no Lago Sul, bairro nobre de Brasília.
Magda logo se integrou ao círculo político que o ex-assessor do governo Yeda Crusius frequentava em Brasília. Nos encontros, aproveitava para tentar vender publicidade da revista Sras&Srs, publicação fundada por ela há três anos.
Cavalcante nutria forte ciúmes da companheira. A desconfiança, aliás, teria sido uma das causas para a discussão entre os dois na sexta-feira, 13 de fevereiro, última vez em que ambos se encontaram antes de ele aparecer morto no Lago Paranoá. As últimas crises vinham sendo intermediadas por um pastor da igreja Sarah Nossa Terra. Após a briga na sexta-feira anterior à morte, Magda buscou abrigo na igreja.
Magda enfrenta problemas financeiros desde a morte do companheiro. A seguir, trechos da entrevista concedida na manhã de sábado:
Zero Hora — A senhora tem cópia das fitas com as conversas de Marcelo com Lair Ferst?
Magda Koenigkan — Eu tive acesso, há muito tempo, através do Lair e com o Marcelo. Elas estavam com o Marcelo, mas depois da morte dele eu não tive mais acesso. Depois da morte dele nós reviramos a casa, para ver se tinha algum papel também, mas não achamos nada.
ZH — A senhora confirma tudo o que foi publicado pela Veja?
Magda — Confirmo, claro. Não vivi com Marcelo naquela época, mas ele me contava as coisas. Eu tenho uma estima muito grande pela governadora, mas o Marcelo estava atormentado com essas gravações. Ele sentia um compromisso por ter indicado a governadora (para ser candidata). O Marcelo se sentiu culpado porque ele insistiu muito com o nome dela no diretório regional, na executiva nacional. Acho que é porque ele conhecia esse pedaço da campanha e não sabia o que foi feito com aquele dinheiro que ele conseguiu e não pagou as contas. O dinheiro que ele havia arrecadado foi usado depois das eleições.
ZH — Esse dinheiro foi para a compra da casa da governadora?
Magda _ Era o que ele dizia. Eu não faço parte da história, mas ele dizia muitas vezes, não só para mim.
ZH — Esse incômodo dele reforça na senhora a hipótese de suicídio?
Magda — Eu não acredito nisso. Não acredito. Também não acho que haja relação com o Estado, não acho que existam pessoas assim. O Marcelo não tinha perfil suicida, de pessimismo ou depressão. Eu fico sem saber.
ZH — Ele tinha concordado em levar essas denúncias ao Ministério Público? Ele ia prestar depoimento revelando o caixa 2?
Magda — Ia. Não pela vontade de traição, mas pela integridade da pessoa dele. Ele não sabia mentir, era uma coisa da conduta e também um compromisso com a palavra de Deus. Omitir já é pecado. Ele dizia: "Eu não quero isso, não queria usar a fita, não queria nada disso. Mas já que estou sendo pressionado em função do colega". O Lair nunca foi um amigo dele. Eles não eram tão íntimos. Era uma amizade de política.
ZH — A pressão partia do Lair?
Magda — O Marcelo não entrou em detalhes comigo. Ele me disse que havia uma fita e não havia mais jeito, porque ela havia sido entregue à Justiça. Ele disse que, quando existem coisas erradas, a gente tem que entregar. Se eu não tenho coragem e outra pessoa tem, a gente tem que acatar.
ZH — O que o Marcelo fazia? Ele arrecadava dinheiro para a campanha e entregava para a governadora?
Magda — À governadora, não. Passava para o doutor Carlos Crusius. Ele (Marcelo) nunca me contava história que a governadora estivesse envolvida. Ele contava de pegar, arrecadar (dinheiro). O Marcelo é uma pessoa difícil de acreditar que exista na política, que passe um monte de dinheiro e não fique com um pouco. Ele era simples. O que ele tinha de patrimônio? Um carro financiado. Não deixou nada para a filha, nunca fez viagens internacionais.
ZH — Ele recebia de quem e passava para quem?
Magda — Recebia dos apoiadores. O Marcelo falava da situação que conduziu à compra de um imóvel. Ele ficava muito chateado, indignado. Ele me cansou com essa história. Ele dizia que havia dado sangue na campanha, conseguia dinheiro com tanta dificuldade, comunicava a todos, às pessoas que trabalhavam na equipe, os fornecedores. Estava no comitê, entregou o dinheiro para o doutor Carlos Crusius. Ele saiu e ficou conversando com o Lair. De repente, ele (Crusius) chegou e comunicou que não teria como pagar, não teria conseguido arrecadar o dinheiro. O Marcelo quase caiu duro. Entrou furioso, disse: "Eu peguei o dinheiro, dei a você. Como não tem dinheiro?". Estavam ali algumas pessoas da campanha, o Delson (Martini), a Walna (Vilarins), a Sandra Terra.
Postado por Vivian Eichler às 13h23
Fonte: Zero Hora/Blog da Rosane
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sim