sexta-feira, 3 de abril de 2009

Transgênicos

1. Paraná: Soja convencional vale R$ 2,30 mais e soja transgênica recua
2. Agricultores americanos tentam voltar para a soja convencional
3. FDA aprova primeiro animal transgênico farmacêutico

Sistemas agroecológicos mostram que transgênicos não são solução para a agricultura

Produção orgânica de milho em Guaraciaba - SC

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1. Paraná: Soja convencional vale R$ 2,30 mais e soja transgênica recua

Grandes responsáveis pela disseminação do plantio de soja transgênica no Estado, as grandes cooperativas paranaenses estão tendo de pagar em 2009 prêmio de até R$ 2,30 por saca de soja de 60 kg para atender clientes, principalmente europeus e asiáticos, que não aceitam soja geneticamente modificada. A maior cooperativa do País, a Coamo, de Campo Mourão (PR) está pagando R$ 2,00 a mais por saca de soja convencional na atual safra, segundo informou seu presidente, José Aroldo Galassini. No ano passado, das 2,4 milhões de toneladas que a cooperativa movimentou, 900 mil toneladas foram do produto livre de transgenia.

“Nós temos de atender clientes europeus que usam soja para alimentação e não querem o produto modificado. Este prêmio é formado por estes contratos que exigem a soja convencional. Do total, 40% ficam com a cooperativa e 60% vão para o produtor”, conta Galassini. “Fazemos isso há vários anos, mas antes o prêmio era menor, variava de R$ 1,00 a R$ 1,40”, acrescenta. Segundo ele, o sobre preço é formado nos contratos e a cooperativa fica com uma parte “pelos investimentos que faz para segregar o produto, principalmente em novos armazéns”.

Da mesma forma que a Coamo, a Cocamar e a Integrada, além de outras grandes cooperativas como a C.Vale, a Copacol e a Cocari também fazem a segregação dos grãos para atender clientes específicos. (...)

Segundo Silvio Krinski, da gerência técnica da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), a soja convencional se transformou num nicho, mas ele é muito importante neste momento do mercado. “O que está ocorrendo é que a soja transgênica está perdendo seu grande atrativo que é o menor custo de produção. Com o prêmio que está sendo pago e a elevação que houve no preço do glifosato os custos praticamente empataram”, conta ele. Depois, há regiões no Paraná como no Centro-Sul do estado onde as variedades transgênicas são bem menos produtivas que a convencional.

Todo esse quadro está fazendo com que no Paraná o produto transgênico não deslanche e, inclusive, perca espaço. Segundo levantamento da Associação Paranaense de Sementes e Mudas (Apasem), para a safra 2008/09, já houve menor demanda por soja transgênica. De um total de 4,07 milhões de sacas de sementes disponíveis no mercado, 56% eram de semente convencional e 44% de transgênica [contra os 48% de semente convencional e 52% de transgênica na safra anterior].

Fonte:
Gazeta Mercantil,18/03/2009.

2. Agricultores americanos tentam voltar para a soja convencional

Pela primeira vez desde 1996, cai a área plantada com soja transgênica nos EUA, com mais agricultores decidindo plantar soja não transgênica. O cultivo da soja modificada atingiu seu ápice em 2008, alcançando 92% da produção do país.

Representantes de associações de produtores de soja, universidades e compradores de grãos relatam que a demanda por sementes de soja convencional está aumentando, o que deverá aumentar a área plantada para 10%.

Os motivos do recente interesse pela soja convencional incluem o preço baixo da commodity, prêmios atrativos pelo produto não transgênico e preços da semente transgênica só aumentando.

Segundo Grover Shannon, melhorista genético de soja do Delta Research Center, da Universidade de Missouri, “o sistema Roundup Ready já não é tão barato como antes”. O preço da saca de semente de soja transgênica Roundup Ready, da Monsanto, aumentou de 35 para 50 dólares, enquanto o galão do herbicida Roundup aumentou de 15 para 50 dólares. “Muitos agricultores estão bravos com a Monsanto”, disse Shannon.

O aumento dos problemas com ervas espontâneas que se tornaram resistentes ao Roundup (glifosato) também é motivo de preocupação para os agricultores. “Eles estão usando mais herbicidas, o que representa um aumento nos custos de produção”, disse Bill Schapaugh, melhorista de soja da Universidade de Kansas.

O desafio das sementes

Mas o mercado de soja convencional está diante de um grande desafio. Muitas empresas de sementes focaram seus trabalhos apenas em variedades transgênicas e eliminaram as sementes convencionais de suas linhas de produção ao longo dos últimos anos. As sementeiras estão empurrando as sementes transgênicas, de modo que as sementes convencionais estão cada vez menos disponíveis, tanto em diversidade de opções, como em quantidade.

Segundo Shannon, a indústria de sementes prefere vender sementes transgênicas devido à taxa de tecnologia (royalty) e à exigência de que os agricultores comprem sementes todos os anos (agricultores normalmente podem produzir suas próprias sementes a partir de variedades convencionais). “Os distribuidores de sementes não querem voltar a vender sementes não transgênicas. Eles querem vender sementes todo ano; é mais lucrativo”.

Contudo, boas variedades de sementes de soja não transgênica estão começando a ser disponibilizadas por algumas empresas nos EUA e no Canadá e por várias universidades americanas.

Adaptado de:
The Organic & Non-GMO Report, Março de 2009.
http://www.non-gmoreport.com/articles/mar09/farmers_planting_non-gmo_soybeans.php

3. FDA aprova primeiro animal transgênico farmacêutico

A agência do governo americano responsável pela regulamentação de alimentos e medicamentos (FDA, em inglês) aprovou em fevereiro a comercialização de um medicamento produzido a partir de um animal geneticamente modificado, além da comercialização do animal em si. Embora a agência tivesse previamente assegurado que ofereceria oportunidade para a participação pública nos processos de aprovação de animais transgênicos, a aprovação foi concedida sem qualquer participação da sociedade.

O animal em questão é uma cabra modificada para produzir leite contendo uma proteína humana capaz de evitar a formação de coágulos no sangue. Uma empresa de Massachusetts está criando um rebanho destas cabras transgênicas para produzir a proteína.

No processo de aprovação do FDA não houve qualquer discussão acerca da segurança ou das implicações éticas da aprovação, assim como não foram desenvolvidas regras para garantir que as cabras e o seu leite não contaminem o suprimento alimentar. (...)

Fonte:
FEED - Food & Environment Electronic Digest - Março de 2009.

Mais informações sobre a aprovação da cabra transgênica em artigo do The New York Times, em inglês, em:
http://www.nytimes.com/2009/02/07/business/07goatdrug.html?_r=1&ref=washington

Sistemas agroecológicos mostram que transgênicos não são solução para a agricultura

Produção orgânica de milho em Guaraciaba - SC

O agricultor Orlando Glaas, ex-presidente da Associação de Desenvolvimento da Microbacia (ADM) Lajeado Ouro Verde, de Guaraciaba - SC, desenvolveu em sua propriedade pesquisa participativa visando avaliar a produção orgânica de variedades de milho, com apoio do projeto Microbacias 2, da Epagri local e do Núcleo de Estudos em Agrobiodiversidade (NeaBio) da Universidade Federal de Santa Catarina, sendo orientado em todas as etapas pelo técnico agrícola e facilitador das ADMs Lajeado Ouro e Rio Flores, Adriano Canci.

“Esse milho é tão bom que não precisaria nem produzir espiga. Bastaria apenas os talos para se perceber a grande economia para o agricultor”, relata o agricultor satisfeito com a produção média de 80 sacas por hectare das variedades Fortuna da Epagri, MPA1 e Amarelão “Schmitz”. “O meu vizinho que usou 7 sacos de adubo e 8 de uréia no seu milho de alta tecnologia teve que pedir Proagro (o seguro agrícola), tendo prejuízo de R$2 mil, pois as plantas ficaram sapecadas de tanto adubo”, contou Orlando, que aplicou só adubação orgânica com esterco de aves no plantio, fez duas capinas no começo e comemora a beleza das espigas.

O extensionista da Epagri de Guaraciaba, engenheiro agrônomo Clístenes Antônio Guadagnin, lembra que a produção de grãos, na safra 2008/2009, foi muito prejudicada pela estiagem ocorrida na região oeste no final do ano passado. “Os próprios agricultores ficaram surpresos ao verificar que as lavouras conduzidas apenas com adubação orgânica e variedades de polinização aberta proporcionaram uma produção maior que as desenvolvidas com tecnologia convencional”, revelou Guadagnin.

No manejo do solo e das lavouras, tradicionalmente se utiliza excesso de insumos como adubos e agrotóxicos, o que acaba resultando, além do prejuízo econômico, em fortes impactos ambientais como a contaminação das águas e degradação dos solos, o que muitas vezes conduz ao êxodo rural. As ações desenvolvidas no projeto Microbacias 2 e também com os trabalhos de pesquisa, extensão e aprendizagem participativa permitem o esclarecimento das famílias agricultoras, que acabam percebendo que a produção orgânica é altamente vantajosa em relação à agricultura convencional, ainda hoje praticada pela maioria dos agricultores. “Aos poucos estes também vão modificando seus hábitos”, espera Guadagnin.

Fonte:
Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina), 09/03/2009.
http://www.epagri.sc.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=337:producao-organica-de-milho-em-guaraciaba&catid=34:noticias-epagri&Itemid=51

Mais informações: Eng. Agrônomo Clístenes Antônio Guadagnin/SEM/MB2/ Epagri de Guaraciaba, no telefone: (49) 3645-0249.

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