quarta-feira, 1 de abril de 2009

G20

Manifestações na Europa antecedem G20


Milhares de pessoas vãos às ruas de várias cidades europeias em defesa de uma "economia de mercado mais justa". As manifestações marcam o início de uma série de protestos que antecedem a cúpula do G20 em Londres.

A reportagem é do sítio Deutsche Welle, 28-03-2009.

Neste sábado (28/03), mais de 10 mil pessoas (segundo a polícia local) protestaram em Berlim contra a atual crise econômica. Segundo os organizadores da passeata, havia 30 mil manifestantes nas ruas da cidade.

Os manifestantes exibiam faixas com ataques ao capitalismo e carregavam um caixão negro com rosas vermelhas em cima, numa celebração simbólica de um enterro do mesmo. Vários participantes dos protestos traziam máscaras com os semblantes dos presidentes norte-americano, Barack Obama, e francês, Nicolas Sarkozy, bem como do premiê britânico Gordon Brown. A manifestação foi pacífica até perto do seu final, quando aconteceram confrontos entre alguns ativistas e a polícia diante da Prefeitura Vermelha, na Alexanderplatz.

"Por cima de cadáveres"

Em Frankfurt, a polícia registrou a presença de mais de 9 mil manifestantes, que carregavam faixas com os dizeres "não vamos pagar pela sua crise". Os organizadores dos protestos defendem um sistema econômico "mais justo e ecologicamente mais suportável" e atacam o saneamento do setor financeiro "às custas da grande maioria".

Jochen Nagel, presidente do sindicato dos professores no estado de Hessen, onde está localizada a cidade de Frankfurt, defendeu uma maior tributação para os mais ricos. Nas faixas dos manifestantes estavam estampados dizeres como "parem com a loucura dos bônus" e "nosso sistema econômico passa por cima de cadáveres".

Vaias para Brown

Em Londres, os protestos aconteceram na região central da cidade em direção ao Hyde Park, com a presença de cerca de 15 mil pessoas, segundo informações oficiais. Sob o lema "put people first" (ponham as pessoas em primeiro lugar), a manifestação contou com a participação de mais de 150 sindicatos e grupos de ativistas e ambientalistas.

A presença da polícia foi ostensiva, embora não tenha havido nenhum confronto. Os manifestantes vaiaram abertamente quando a passeata passou em frente à sede do governo. O secretário-geral da central sindical britânica TUC, Brendan Barber, afirmou, contudo, que nas manifestações deste sábado "não há lugar para incitação à desordem".

No Reino Unido, houve um aumento de mais de 2 milhões de pessoas registradas como desempregadas, enquanto os preços dos imóveis caíram 11% no último ano. A produção industrial apresenta a pior derrocada dos últimos anos desde 1981.

Início de uma série

Os protestos, que aconteceram também em várias outras cidades europeias, como Paris e Viena, por exemplo, marcam o início de uma série de manifestações que deverão ocorrer nesta semana até o início do encontro de cúpula do G20, marcado para a próxima quinta-feira (02/04).





'Coloquem as Pessoas em Primeiro Lugar'


Uma manifestação que reuniu dezenas de milhares de pessoas em Londres inaugurou o "circo" de protestos que a cidade espera ver armado para o encontro do G20, que terá lugar na capital britânica na próxima quinta-feira. Cerca de 35 mil pessoas, na estimativa da polícia, caminharam mais de 6 quilômetros para pedir que os líderes dos 20 países desenvolvidos e em desenvolvimento que integram o grupo priorizem as preocupações do cidadão comum ao discutir as saídas para a crise global.

A reportagem é de Pablo Uchoa e publicada pela BBC, 28-03-2009.

Mais de 150 organizações sindicais, ambientalistas, anti-guerra, de combate à pobreza e atuantes nos mais variados aspectos sociais engrossaram a marcha batizada de "Put People First" (Coloquem as Pessoas em Primeiro Lugar, em tradução livre).

Os manifestantes pedem criação de empregos, justiça social (ou melhor distribuição de riqueza) e medidas contra o aquecimento global (por acreditarem que o atual modelo econômico leva à destruição da natureza). Entre a multidão que partiu do pier de Victoria, na margem norte do rio Tâmisa, estavam diversas crianças e pais com carrinhos de bebê.

Ao som de Manu Chao, batucadas e canções tradicionais, alem dos já esperados bordões e gritos de guerra, os manifestantes passaram por cartões-postais, como o Big Ben e a catedral de Westminster, e terminaram sua jornada com um comício seguido de apresentações musicais no Hyde Park.

Temor de distúrbios

Foi um início pacífico para a temporada de manifestações desta semana, que a polícia espera ser tensa. Nos últimos dias, a polícia anunciou ter cancelado as férias de todo seu pessoal e informou que seis forças distintas serão unificadas sob um só comando para melhorar a eficiência do patrulhamento.

O maior temor de distúrbios se concentra no dia 1º, quarta-feira, véspera da reunião do G20 e o dia para o qual está prevista uma grande variedade de protestos sob um guarda-chuva apelidado sugestivamente de "G20 meltdown" ou, em tradução livre, "o derretimento do G20".

No maior evento previsto, uma espécie de "procissão dos quatro cavaleiros do Apocalipse", quatro passeatas sairão de quatro diferentes estações de metrô no coração financeiro da cidade - a City londrina - para se encontrar na frente do Banco da Inglaterra, o BC do país.

Outros possíveis alvos seriam a Embaixada americana em Londres, a sede do banco RBS, e mesmo funcionários de instituições do mercado financeiro. Grupos anarquistas enviaram mensagens anônimas ameaçando "uma ação espetacular" nos dias 1º e 2 de abril, e a polícia especula que grupos violentos que atuaram nos anos 1990 tenham se reagrupado para protestar agora.

Mas enquanto os incidentes não se concretizam, a corporação tem sido criticada por suas declarações ressaltando a possibilidade de confrontos."Estou cada vez mais preocupado que (as declarações da polícia) se tornem uma auto-profecia. Ressaltando os prospectos de violência, eles vão desestimular os militantes pacíficos e atrair outros de outro tipo", resumiu neste sábado, em declarações ao jornal The Guardian, o parlamentar David Howarth.

Evento familiar

Por isso a rapidez dos organizadores da marcha deste sábado em ressaltar o seu carater pacífico e "familiar".
"Será como um carnaval", disse uma das organizadoras, Marina Pepper, antes da passeata. "A polícia diz que será violenta, mas não é nosso plano. Eles dizem coqueteis molotov, eu digo chá; eles dizem tijolos ao ar, eu digo vamos comer bolo. Será uma grande festa", afirmou.

Neste sábado, desafiando o frio e a chuva, fantasias, bandeiras de ONGs e cartazes com dizeres sociais se misturavam a faixas de grupos que protestavam contra as guerras do Iraque e do Afeganistão e o imperialismo. Aqui e ali sobressaiam os estandartes com o pavilhão cubano e da Autoridade Palestina, e pelo menos duas vezes apareceu a bandeira venezuelana.

"Morei em Caracas por um tempo e vi o que eles estão fazendo la, vi o povo venezuelano tomando as próprias rédeas do seu destino, votando por alguém que representa os seus interesses. Por que não podemos fazer o mesmo aqui?", disse o socialista Michael Millet, que carregava uma delas.

"O capitalismo só funciona para uma pequena minoria. Quando as grandes corporações lucram, os lucros vão para os acionistas, e quando quebram pedem dinheiro ao governo e se dão bem do mesmo jeito." Fiona Donavan, do Grupo Revolucionário Comunista, que falou à BBC Brasil ao lado de seu estande, onde uma faixa ressaltava dizeres do presidente boliviano, Evo Morales, também defendeu que a saída para a atual crise está na busca de alternativas ao capitalismo financeiro.

Por isso, ela se mostrou cética em relação à reunião do G20. "Esse encontro é sobre como salvar o capitalismo. Eles não estão discutindo o combate à pobreza no mundo, não estão discutindo as 35 mil crianças que morrem de fome todo dia. É um encontro para discutir o sistema financeiro e como garantir que esse sistema funcione da mesma maneira. Eles não querem nenhuma mudança", disse.

Ela rejeitou a ideia de que o G20 represente uma democratização real nas discussões sobre a economia global, por reunir países desenvolvidos e em desenvolvimento. "Esse grupo (o G20) tem Índia, Indonésia e Brasil, mas eles ainda são os países que detem 90% do PIB mundial", disse. "Ainda são os países mais poderosos do mundo, e eles só querem esse forum para garantir que as coisas continuem do mesmo jeito."

Tudo pronto para o dia 30, afirma portal da CUT


A direção nacional das centrais sindicais e dos movimentos populares voltaram a se reunir nesta sexta-feira em São Paulo para definir os últimos preparativos para o ato unificado contra a crise e as demissões, convocado para a próxima segunda-feira, 30 de março. No encontro, as entidades destacaram a receptividade da convocatória, que sublinha a necessidade da redução dos juros para fortalecer os investimentos públicos e impulsionar o desenvolvimento do mercado interno, com geração de emprego e renda.

A reportagem é de Leonardo Severo e publicada pelo portal da CUT, 28-03-2009.

"Está claro que o modelo de Estado mínimo, de privatização e desregulação de mercados ditado pela globalização neoliberal faliu. Agora, os responsáveis pela crise, os que lucraram com a especulação, querem que o Estado os socorra, buscam dinheiro público para seus bancos e empresas. Nossa manifestação unitária aponta para alternativas a essa lógica excludente. Temos uma pauta imensa contra a crise, mas que se resume na palavra de ordem: defesa do emprego e redução dos juros", sintetizou Antonio Carlos Spis, membro da executiva nacional da CUT e da Coordenação dos Movimentos Sociais.

De acordo com o secretário geral da CUT-SP, Adi dos Santos Lima, "o retrato do tamanho da crise pode ser visto pela amplitude de movimentos que convocam o dia 30, com um compromisso comum com a realização de uma grande mobilização pelo desenvolvimento". No caso de São Paulo, sublinhou Adi, "além de irmos à frente do Banco Central protestar contra os juros altos, vamos chamara a atenção do governo do Estado, que pouco tem feito contra a crise, enquanto o consumo se reduz, diminuindo o emprego e aumentando a violência. Esse ciclo vicioso precisa ser interrompido e, para isso, é preciso debater o modelo que queremos para o Estado".

Representando a direção nacional do MST, João Paulo Rodrigues manifestou-se "animado com a disposição das entidades de batalharem pela construção de um novo projeto e de continuar em estado de luta para que os trabalhadores do campo e da cidade não paguem a conta da crise". João Paulo defendeu uma campanha nacional pela reestatização da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer), lembrando que a empresa privatizada, turbinada com recursos públicos do BNDES, mandou embora recentemente 4.270 trabalhadores.

A dirigente da Marcha Mundial de Mulheres, Sonia Coelho, defendeu a aceleração da reforma agrária e dos investimentos na agricultura familiar para garantir a soberania alimentar do povo brasileiro. Soninha também lembrou que "o 30 de março é dia de luta pela terra na Palestina" e manifestou o compromisso e a solidariedade das mulheres contra a política de terrorismo de Estado aplicada pelo governo de Israel contra os palestinos.

"Os que antes defendiam a política do Consenso de Washington, do neoliberalismo e do Estado mínimo, hoje querem socorrer bancos e montadoras multinacionais", denunciou o vice-presidente nacional da CGTB, Ubiraci Dantas de Oliveira (Bira). "Vamos às ruas porque não aceitamos que as grandes corporações continuem usando da chantagem, da ameaça de demissões e retirada de direitos para garantir seus lucros às custas dos trabalhadores. Nosso movimento é de caráter nacional e luta pela redução dos juros, pois as taxas elevadas são hoje o principal entrave para o desenvolvimento do mercado interno", acrescentou Bira.

O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, enfatizou que a luta principal é contra a crise, e que a gravidade do momento propiciou um encontro inédito entre tantas entidades, com todas as centrais, movimentos sociais e partidos ligados aos trabalhadores. "Estaremos juntos no dia 30 para combater o desemprego e exigir a redução dos juros", sublinhou Paulinho.

Em nome da Conlutas, Zé Maria ressaltou que "será uma grande manifestação não só pelo tamanho, mas pelo aspecto político, de combate às demissões". Ele informou que a Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra) está trabalhando um Projeto de Lei para impedir as demissões em massa e que é necessário que o movimento pressione unido para pedir urgência constitucional à tramitação do pedido, já que com esta característica o PL teria 45 dias para ser votado pelo Congresso ou trancaria a pauta.

Representante da NCST, Chico Bezerra acredita que o dia 30 será o primeiro de muitos em que a classe trabalhadora estará unida, de Norte a Sul, "para dar um pontapé na crise e afirmar a necessidade do Estado estar a serviço da população e não dos grandes bancos e empresas, defendendo o emprego, o salário e os direitos trabalhistas e sociais".

O vice-presidente nacional da CTB, Nivaldo Santana, avaliou como estratégica a unidade dos movimentos sociais e populares, "para que os banqueiros e grandes capitalistas não joguem o peso da crise que causaram nas costas dos trabalhadores". "Nossa luta é contra o desemprego, o arrocho e a retirada de direitos. Nossa agenda é a afirmação do projeto de desenvolvimento, com valorização do trabalho. Não podemos aceitar que se garantam facilidades fiscais e creditícias às empresas, sem garantir emprego aos trabalhadores, sem contrapartidas nos investimentos públicos", disse.

O secretário geral da UGT, Canindé Pegado, lembrou que a data foi apontada pela Cumbre Sindical Latino-Americana, realizada em Salvador, e posteriormente acordada com as centrais sindicais internacionais no Fórum Social Mundial, em Belém. Ele falou sobre o acerto da convocatória e sublinhou: "Os trabalhadores não pagarão pela crise!".

Representando a Confederação das Mulheres do Brasil (CMB), a presidente da Federação das Mulheres Paulistas, Lidia Correa, enfatizou que "a principal arma para enfrentar a crise é a unidade, pois é ela que abre caminho para a vitória. Reduzir os juros significa mais produção, reduzir a jornada significa mais emprego, aumentar os salários significa mais desenvolvimento, controlar a remessa de lucros para as multinacionais significa mais investimento no mercado interno"

Pedro Paulo, da coordenação da Intersindical, saudou o processo de construção unitária da mobilização, frisando que "o que está em crise é o capital, os trabalhadores estão em luta pela construção de um novo modelo".

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