segunda-feira, 16 de março de 2009

Angola

Kudijimbe mostra em livro a história dos que “Também lutaram por Angola”

ADRIANO DE MELO

Os factos e contrafactos dos vários anos de luta, vividos pelos angolanos durante a busca pela independência nacional, são o cerne do mais novo trabalho literário do escritor Kudijimbe, intitulado “Também lutaram por Angola”, a ser apresentado ao público hoje, por volta das 17h00, no anfiteatro da Universidade Lusíadas.
O livro, um romance histórico, publicado com o selo da Brigada Jovem de Literatura de Angola, traz, nas suas 347 páginas, divididas em sete capítulos, o testemunho autobiográfico do autor sobre todas as pessoas que também ajudaram a tornar Angola num país independente.
“Normalmente a história só faz menção daqueles que estiveram em frente. Porém, nesta fase de reconstrução do país e da sua própria história, é preciso que cada um de nós, com os seus pedaços, ajude a reconstitui- la. Pessoalmente decidi fazer uma homenagem aos anónimos. Aqueles que ajudaram em tarefas, pouco citadas, mas na altura consideradas fundamentais, como os pioneiros – que nos avisavam da posição das tropas – ou algumas mulheres – que nos cediam comida e outros mantimentos”, explica.
Incluindo relato de várias fases do nacionalismo angolano, desde a luta de libertação até à paz definitiva a 4 de Abril, o livro, considerado por Kudijimbe como os seus pedaços para a história de Angola, faz igualmente uma homenagem aos mortos que lutaram pelo país e os tombados inocentemente, numa ligação de reflexão analítica entre o campo militar e o literário.
Resultante de um trabalho de 15 anos, a nova proposta literária do autor levará cada um dos leitores a uma incursão histórica às Chanas de Angola, aos campos de Belize, às matas do Mayombe, aos momentos marcantes da independência e aos instantes decisivos que antecederam a paz definitiva.
De acordo com o autor, o livro, a ser apresentado pela professora de literatura, Fátima Fernandes, além de ser uma dedicatória sua “aos milhares de compatriotas que se entregaram de corpo e alma aos campos de batalha, onde muitos morreram e outros milhares ficaram mutilados para que hoje pudéssemos ter um país livre e independente de Cabinda ao Cunene”, é também um contributo às gerações vindouras para que possam conhecer mais sobre a independência nacional.
Kudijimbe é o pseudónimo de Nicolau Sebastião da Conceição, nasceu no Katondo – actual município da Muxima, província do Bengo – aos 15 de Outubro de 1955. Efectuou os estudos primários em Luanda e Cabinda. Em 1974, imediatamente após ao golpe de estado em Portugal protagonizado pelo Movimento dos Capitães no dia 25 de Abril – e cujos acontecimentos ficariam conhecidos na história como a Revolução dos Cravos – Kudijimbe evade-se para Ponta Negra, na República do Congo-Brazaville, onde se apresenta à direcção do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA). É, em seguida, enviado para Brazaville e, posteriormente, para Dolisie, onde ingressa voluntariamente nas fileiras das Forças Armadas Angolanas (FAPLA).
É no CIR Kalunga – que era então dirigido pelo poeta-guerrilheiro António Jacinto do Amaral Martins – onde Kudijimbe recebe a primeira preparação guerrilheira e de onde é, mais tarde, transferido para o interior de Angola, para a zona B, na conhecida base Gorila. Impulsionado por António Jacinto e visando documentar pela criação literária a vida e o contexto político, social e cultural relativo ao período da luta de libertação nacional – considerado muito justamente como um acto cultural por excelência – conjuntamente com outros jovens do seu tempo, Kudijimbe passou a dedicar-se à escrita, procurando alargar os horizontes do contexto histórico e cultural subjacente à Luta Armada de Libertação Nacional em geral, e da vida do guerrilheiro em particular.
É assim que na década de 1980, já no Huambo, em companhia de outros companheiros como Conceição Luís Cristóvão, João Maimona, Domingos Florentino, João Tala e alguns outros jovens, Kudijimbe participa na fundação da Brigada Jovem de Literatura do Huambo – “Alda Lara”, em cujo seio foram produzidos alguns escritos de profundidade acerca de literatura e das coisas de Angola, e mais tarde, em 1983, tornar-se-á o seu secretário-geral.
Entretanto, Kudijimbe tendo participado activamente na actividade brigadista de jovens escritores, tornou-se, em 1980, membro fundador da Brigada Jovem de Literatura de Luanda (BJLL). Posteriormente, tomou também parte da fundação da Brigada Jovem de Literatura de Angola (BJLA) em Luanda, da qual viria a exercer o cargo de presidente executivo. É membro da União dos Escritores Angolanos (UEA).

http://www.jornalde angola.com/ artigo.php? ID=86033&Seccao=cultura

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