quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Cadernos Afros


 

Foi lindo o lançamento do livro Cadernos Negros volume 33, sexta-feira, dia 17 de dezembro. Havia no ar uma emoção que tocava autores, público, organizadores, enfim todos os presentes que construíram juntos um momento único de celebração da poesia e do livro… Contando todos os envolvidos, pela sala Olido passaram mais de trezentas e cinquenta pessoas, entre  jovens há mais tempo, jovens há menos tempo e crianças.
O evento foi pensado para ser multimídia e ter conteúdo. Este ano não teve tempo ruim, não choveu, não garoou…
Infelizmente ocorreram problemas e é necessário tocar nisso porque as próprias pessoas envolvidas fizeram questão de tornar isso público:
Nosso grupo não é a rede globo, não é uma instituição que recebe verbas fantásticas de alguma entidade estrangeira, não é uma editora que publica best-sellers.
É uma entidade preocupada em tornar visível a literatura dos afrodescendentes e a cultura afro em geral, que sobrevive às próprias custas. Às vezes conseguimos viabilizar um ou outro projeto. Mas o lançamento é feito com esforço próprio (neste ano felizmente conseguimos alguns apoios para material de divulgação) e nesse sentido procuramos agregar várias linguagens, uma delas é o teatro. Falhas de organização existem e procuramos sempre corrigi-las, e isso deve ficar explícito.
Mas neste ano ficamos profunda, completa e miseravelmente decepcionados com a falta de respeito dos atores convidados para interpretar os textos. Embora tivéssemos colocado desde o princípio todas as nossas condições de trabalho e as pessoas responsáveis tivessem concordado com elas, o que vimos foi um desrespeito para com o Quilombhoje e o público presente, a começar pelo fato de que os textos mal foram decorados. O violonista, que não compareceu a nenhum dos ensaios por problemas de agenda, veio a público confessar a sua "decepção com a organização". Brincadeira...
Bom, em um momento de conflito, esse grupo abandonou o trabalho, alegando ter sido desrespeitado, não respeitando eles mesmos (ou não tendo conhecimento de) uma programação que envolvia outras pessoas. Podemos entender que o grupo não tenha compreendido isso, mas não podemos aceitar essa postura desrespeitosa e nos arrependemos por envolver em nosso trabalho pessoas que não estão sinceramente comprometidas com ele ou não o entendem.
Felizmente todas as falas de autores, a performance da cantora Liah Jonnes e a apresentação do Ilu Obá de Min superaram essas adversidades e não vamos nos estender sobre elas.
Mas é importante lembrar que a estrela do lançamento É O LIVRO! O conteúdo principal deve ser a literatura.
A gente vai em frente, chegamos até aqui, ao cn33, não porque as coisas tenham sido fáceis (muito ao contrário), mas pelo axé de todos aqueles que, como você, acreditam na gente.
Mas esses fatos nos levaram a repensar sobre se vamos continuar trabalhando esse aspecto multimídia no lançamento.
Aliás, seria interessante a gente saber o que você pensa sobre isso: você acha que o lançamento dos Cadernos deve ter atores ou você acha suficiente os próprios poetas/escritores falarem seus textos?
O que motiva o Quilombhoje são as pessoas que acreditam no nosso trabalho, que se deixam tocar pela literatura afro. Por isso não vamos alimentar mazelas. O que queremos é agradecer profundamente a cada um dos que fizeram o lançamento do Cadernos 33 um evento inesquecível.
Axé para todos nós!

Quilombhoje

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