segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Inter perde para o Cruzeiro




Mal o árbitro catarinense Paulo Henrique Bezerra apitou o fim do jogo sonhado pelo Inter para ser o símbolo da tomada da liderança do campeonato e já se desenhava, no campo e no vestiário, o problema a ser enfrentado daqui para frente. Depois de três vitórias seguidas com bom futebol, a derrota em casa para o Cruzeiro por 3 a 2 provocou uma frustração aguda e uma questão: será que tudo pode desandar de novo, diante de uma pancada psicológica tão forte?

Repare no que disse Alecsandro, ainda esbaforido ao fim da partida:

– Pois é...E agora o Palmeiras joga em casa e nós temos que sair para pegar o Vitória, que é complicado no Barradão, sei muito bem – disse o centroavante.

Logo em seguida, Fabiano Eller deu outra declaração sintomática:

– Não está nada perdido! Eles (o Palmeiras) também perderam, não é? A gente está muito vivo, muito vivo! O Inter é o segundo na tabela! Estamos a um ponto só do líder!

A torcida nem chegou a vaiar de verdade, talvez porque a derrota tenha passado por outros fatores que não a falta de empenho dos jogadores. Houve alguns apupos quando Bezerra ergueu os braços anunciado o fim do jogo, mas rapidamente alguns aplausos equilibraram tudo. Mas o sentimento de frustração inundou o estádio.

O torcedor, atarantado com o resultado, apenas ia embora de cabeça baixa, sem forças nem para reclamar. Andrezinho, que entrou no segundo tempo, empatou o jogo em 2 a 2 com um gol de falta aos 29 minutos e, 30 segundos depois, viu a defesa entregar o resultado que garantiria a liderança – o Palmeiras perdeu para o Vitória –, parecia traduzir as lamúrias da torcida.

– Demos muito espaço para o adversário. Muito espaço – lamentou Andrezinho.

O próprio Tite admitiu que a parte psicológica é o maior problema a resolver até sábado. Ele mesmo se definiu como aborrecido. E usou expressões como “lástima” e “frustração” mais de uma vez.

– Fatou equilíbrio em campo. Criamos um monte de chances, tivemos bola na trave, mas deixamos o adversário chegar muito na nossa área – desabafou Tite.

Durante o jogo, os jogadores eram informados do andamento do jogo do Palmeiras em Salvador. A correria e a pressão forte do Inter nos minutos finais, assim como a iniciativa de Tite de colocar Marquinhos, teve influência desta informação.

Um golzinho significaria a liderança, e toda a parte anímica agora fragilizada estaria mantida. A certa altura, o meio-campo ficou com a seguinte formação: Guiñazu, Andrezinho, Marquinhos e D’Alessandro – ou seja, quase ninguém marcando ninguém. Mesmo assim, o Inter não conseguiu fazer do domingo sem chuva e público recorde no Beira-Rio este ano – 38.350 pessoas – o dia da liderança.

– Escutamos a torcida vibrando a cada gol do Vitória contra o Palmeiras – suspirou Tite, antes de entrar no vestiário, após a entrevista. – Não podemos deixar a peteca cair agora.

diogo.olivier@zerohora.com.br

DIOGO OLIVIER
> Os momentos de um clássico
Foi um dos melhores jogos do ano em Porto Alegre. Além dos cinco gols, com dois pênaltis e uma cobrança de falta, Inter e Cruzeiro mereceram elogios dos técnicos Tite e Adilson Batista e o respeito da torcida local, que nem se atreveu a vaiar o seu time com a derrota final. Veja o que foi destaque no clássico:
- 1min – Thiago Ribeiro conclui um chute forte na frente de Lauro, que faz milagre em saída arrojada.
Foi um aviso de como seria o jogo todo. O Cruzeiro escapando com velocidade pelos lados, com lançamentos de Gilberto, o melhor do jogo, para Thiago Ribeiro. Desta vez Lauro salva, mas logo depois do gol de empate de Andrezinho em 2 a 2, o Cruzeiro fez 3 a 2 no reinício de jogo, apenas 30 segundos depois. A desatenção e a marcação distante, evidentes neste lance, são tônica na defesa do Inter a tarde inteira.

- 6min – Guiñazu desarma Soares com um carrinho perfeito dentro da área
Várias vezes o argentino teve que intervir pelo lado esquerdo, na cobertura a Kleber. Guiñazu marcou por ele e por Sandro, que não repete as atuações de antes da Seleção.
- 21min – Kleber cruza e Eller manda na trave
Poucas vezes o Inter perdeu tantos gols como ontem. São 10 chances, algumas nem tão evidentes. Outras claras, como esta: Kleber bate falta da esquerda e Fabiano Eller, livre, sem marcação, de olhos abertos, cabeceia firme. Mas na trave.
- 27min – Magrão sofre pênalti de Leonardo Silva. Alecsandro cobra e abre o placar: 1 a 0
Antes, Taison sofrera um pênalti bem mais evidente, ao ser empurrado na área. Mas o árbitro entende que o carrinho de Leonardo Silva no lance com Magrão, mesmo visando à bola, emprega força exagerada.

- 35min – Guiñazu comete pênalti em Thiago Ribeiro. Gilberto empata.
O fato é que o argentino, ovacionado pela torcida quando anunciado no sistema de som, comete muitas faltas. Algumas desnecessárias, como esta. Thiago dribla para a direção oposta de Lauro, na quina da área. Mas é injusto culpá-lo: ele marcou por D’Alessandro e por Sandro.
- 2min – Sandro perde gol
A síntese de uma tarde ruim de Sandro em seu retorno da Seleção. Na frente do goleiro, chuta fraco e à meia altura, quando o certo era colocar rasteiro. É um dos tantos lances que impedem a liderança.
- 7min – Gilberto marca o 2 a 1, depois de cruzamento de Soares
Desprezado pelo Grêmio, Gilberto dá um show de talento e inteligência. Puxa contra-ataques, retém a bola, cai para os lados puxando a marcação, chama faltas. No seu segundo gol, pula mais do que Danilo Silva.
- 25min – Lauro salva o Inter no chute de Gilberto
O melhor do Inter. Além das três defesas milagrosas, em uma tarde de trabalho defensivo ruim do time, ainda foi para a área cabecear no finzinho do jogo.
- 29min – Andrezinho cobra falta: 2 a 2
Andrezinho entra bem no jogo, no lugar de Sandro. Mais uma cobrança ótima de falta, no sopé da trave direita de Fábio. Como Magrão leva o terceiro cartão amarelo, ele volta ao time contra o Vitória, no sábado.
- 30min – Patrick bate forte, Lauro espalma para a área e Thiago Ribeiro cala o Beira-Rio: 3 a 2.
Desta vez Lauro não teve como salvar, a exemplo do que fizera a um minuto de jogo, também em um reinício de jogo. A desatenção na saída de bola custa caro. Andrezinho mal tinha empatado, mas novamente vem o lançamento de Gilberto para o lado, o cruzamento, e o gol de Thiago Ribeiro.
> Outros Inter x Cruzeiro
10/12/1972 – Era um domingo de sol, o Beira-Rio acolhia 38 mil torcedores e o Inter do técnico Dino Sani, que já conquistara o tetracampeonato gaúcho, apostava em campanha na segunda edição do Campeonato Brasileiro. Mas o Cruzeiro sai na frente com Dirceu Lopes. O Inter empata com Claudiomiro. Mas, aos 30 minutos do segundo tempo, Dirceu Lopes faz 2 a 1. Só aos 40min, Escurinho empata. Bem ao final, aos 44min, Valdomiro garante o 3 a 2.
7/3/76 – O Inter vencera o primeiro título nacional sobre o Cruzeiro no final de 1975, gol de Figueroa. Portanto, em março do ano seguinte, pela Libertadores, os mineiros juravam vingança. E foi Palhinha quem fez 1 a 0 para o Cruzeiro, bem no início. Aos 10 minutos, Figueroa falhou e Palhinha aproveitou: 2 a 0. Aos 14, Lula encobriu o goleiro Raul: 2 a 1. Aos 21, Caçapava foi desarmado por Joãozinho, que driblou Figueroa e fez 3 a 1 para o Cruzeiro. Depois, Jair quase marcou, Figueroa acertou a trave e, aos 39, Valdomiro diminui para 3 a 2. No segundo tempo, aos 6 minutos, Zé Carlos, do Cruzeiro, marcou contra: 3 a 3. Mas Joãozinho definiu o 4 a 3. Aos 25, Escurinho roçou com a cabeça e deixou Ramón livre: 4 a 4. Então, aos 39, Joãozinho foi derrubado por Valdir na área: Nelinho definiu o 5 a 4 para o Cruzeiro.
ZERO HORA.com
Confira os gols da partida em áudio, fotos e vídeo

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