quarta-feira, 29 de abril de 2015

Modelo Ultrapassado da Luta Racial

Meus Amigos e Minhas Amigas.
As estatísticas apontam um crescimento – já nesses primeiros três messes de 2015 – de 26% no número de ocorrências de casos de racismo no Brasil. As delegacias de polícia nos estados estão cheias de registros de denuncias envolvendo injúrias e ofensas raciais. Em 2014, foram registradas 7 mil denúncias no Disque-Racismo. De janeiro a março deste ano, foram mais de 2,1 mil. Ou seja, aproximadamente 700 por mês.  
Segundo a página do site Rede Brasil Atual, a ascensão social de negros e mestiços é a principal causa do aumento dos índices de racismo no país. Pessoas negras enfrentam discriminação e preconceito em ambientes antes frequentados apenas por brancos como shoppings, universidades e aeroportos, a firma o portal. Mas não é bem isso que fatos diários têm mostrado.
 
No dia 21 de Abril, em Niterói, RJ, os noticiários televisivos exibiram um flagrante de racismo captado por celulares de anônimos. O entregador, negro, Sérgio Luis Souza, de 42 anos, quando levava mercadorias para outra loja, foi abordado por um vizinho do comércio. Ele parou o triciclo que usa para fazer entregas numa calçada, em frente a um prédio, no Centro de Niterói. Logo apareceu o síndico reclamando e o ofendendo-o decrioulo e negro safado. O vídeo com as ofensas ganhou também as páginas sociais.
 
O entregador, com medo de represália – e mesmo orientado por um representante de OAB – preferiu não registrar queixa contra o agressor racista que, inclusive, portava uma tornozeleira eletrônica devido a complicações com a justiça.
 
Caso como o desse entregador é recorrente. Muitas das vítimas de racismo não apresentam queixas ou por temor ao agressor racista ou mesmo para evitar constrangimentos com a papagaiada e o circo que é armado pela turminha do movimento negro, que transforma uma Causa tão séria em ganha pão e dividendos políticos.
 
As denúncias relacionadas aos centros de compras lideram nos 25 casos acompanhados pelo Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdade, CEERT, desde janeiro e evidenciam que o preconceito ocorre em função da cor da pele e não da classe social. “Em muitos casos, quando a pessoa é pobre, ela não consegue identificar direito se está sofrendo preconceito por ser negra ou por ser pobre e, muitas vezes, acaba relacionando tudo à pobreza, Mas, quando estas pessoas conseguem melhorar sua situação financeira, percebem que não é mais por causa da pobreza que são discriminadas”, afirma Daniel Teixeira, advogado e coordenador de projetos da CEERT.
 
Contrapondo as estatísticas e as publicações, a página do Blog do Saraiva já vaticina no dia 20 de Novembro de 2012: Não é ascensão social negra que aumenta o racismo, ela só desnuda o discurso falacioso de que não somos racistas.
 
A verdade é que o racismo está na moda, mas não é por causa da ascensão social do negro ou da situação cultural do país, como afirmam alguns. Os grandes responsáveis são os milhares movimentos negros que, desde a década de oitenta, tem usado a Causa Negra de forma indevida e demagógica. Situações em que bastava a lei ter sido acionada transformou-se em verdadeiros circos e espetáculos pirotécnicos com objetivos pessoais e políticos.  Hoje, assistimos frustrados e indignados casos de racismos contra cidadãs e cidadãos negros tornarem-se recorrentes – e quase que uma rotina – e os discursos serem sempre os mesmos e dos mesmos grupos: ultrapassados e retrógrados.
 
O caso do entregador de Niterói põe por terra a tese de que o racismo é crescente devido a ascensão social da negritude. Há de se falar também que esse fato – caso seja verdadeiro – não seria argumento para se justificar o racismo. O negro é discriminado por ser negro esse é o fato. Essa é a luta em que devemos nos empenhar e combater incessantemente.
 
Está mais do que na hora de reescrevermos as lutas pela igualdade racial e o combate incansável ao racismo em nosso país. Sem partido políticos, sem religiosidade, sem diversidade sexual, sem ideologias doutrinárias, sem questão de gêneros e sem orçamentos com verbas captadas das três esferas governamentais. Somente com nossos próprios esforços e vontade de lutar.
 
Chega de sermos estatísticas e de sermos perdedores.
 
Vamos honrar o legado de Manoel Congo, Luiza Mahim, Maria Felipa, Chico da Matilda, Solano Trindade, Zélia Gonzales e do Zózimo Bulbul.
 
Abraços a todos.
 
Flávio Leandro
Cineasta, Professor de Produção de Cinema e Vídeo, Professor de Produção Teatral.

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