ParticipaçãoSEMINÁRIO NACIONAL DE ESTUDOS DE HISTÓRIA E

CULTURA AFRO-BRASILEIRAS

Universidade Estadual da Paraíba
Apresentação

paraiba.jpgAs ações da população negra nas diversas instâncias da sociedade brasileira têm suscitado novos desafios às instituições de ensino superior no Brasil. Elas não podem permanecer alheias às demandas que desde outrora esse contingente populacional vem forjando no país. Cabe às universidades e demais órgãos de pesquisa e ensino dar visibilidade às histórias e manifestações culturais desse povo, e assim colaborar com a sociedade no debate e na crítica acerca da condição social, econômica, política e cultural da população negra e desse modo auxiliar a sociedade na superação do preconceito racial e na efetivação de medidas que os incluam nos diversos setores da sociedade, a exemplo da universidade e do mercado de trabalho.
Este seminário tem sua gênese no Seminário sobre História da África e Cultura Afro-brasileira ocorrido entre os dias 21 e 24 de novembro de 2006, fruto do empenho de um grupo de professores(as), pesquisadores(as), estudantes e membros de comunidades afro-descendentes que, através do NEAB-I, somaram seus esforços e realizaram o citado evento. Tornou-se, portanto, o passo inicial para constituição do núcleo e do intercâmbio entre esta entidade, membros de comunidades afro-descendentes e pesquisadores que trabalham com temáticas relacionadas à questão do negro.
A partir desse ideal, o Seminário Nacional de Estudos de História e Cultura Afro-Brasileiras convida pesquisadores(as) das diversas áreas do conhecimento a colocarem em comum suas produções acadêmicas acerca da temática negro(a) e cultura afro-brasileira e africana, e se dispõe a ser um espaço de discussão, debate, e de novos aprendizados sobre a matriz africana na formação do Brasil.
Nesse ínterim, abrimos espaço para dialogar com as diferentes áreas do saber, a partir das mais diversas perspectivas, haja vista a trajetória de luta e resistência forjada pela população negra ser longa e passar pelos diferentes setores e períodos da história do Brasil. Desse modo, homens e mulheres negras estão nos palcos da história e se afirmaram sujeitos dos seus próprios destinos e do seu povo, não se submeteram às regras do Estado autoritário, patrimonialista, racista e sexista.
Desde a década de 1970, quando a historiografia brasileira passou por uma revisão, e a história cultural e social se tornou mais freqüente nas universidades, a história e cultura dos(as) afro-brasileiros(as) passaram a compor os estudos e pesquisas fomentadas nas universidades brasileiras.
No entanto, é preciso ampliar o debate, sobretudo, porque hoje um contingente negro também desponta na condição de estudioso(a) e pesquisador(a) da sua própria história e traz à tona questões e interpretações outrora desconsideradas, a exemplo da presença do(a) negro(a) na produção do saber e da ciência, e a inserção do saber e da cultura afro-brasileira nas instituições de ensino.
A Lei 10.639/003 é uma expressão de que novas tramas estão sendo tecidas, visto apontar para o fato de que a história e a cultura brasileira que hoje aprendemos e ensinamos nas nossas instituições de ensino devem ser revistas, de modo que os elementos históricos e culturais da África, dos(as) africanos(as) e afro-brasileiros(as) sejam incluídos nos currículos, pois não se concebe que o Brasil, o país fora do continente africano com a maior população negra do mundo, permaneça mantendo o povo e a cultura negra em regime de exclusão.
Nesse sentido, o Seminário Nacional Sobre Estudos de História e Cultura Afro-Brasileiras é um espaço de reflexão e revisão das posturas e do olhar dos acadêmicos com relação à população negra no Brasil, bem como de diálogo com a sociedade, pois não é admissível que, em pleno século XXI, ainda se considerem os negros e as negras sujeitos sem história e culturalmente inferiores.
Em função disso, o evento pretende alcançar não só a comunidade universitária, como também a sociedade em geral, em especial as comunidades negras urbanas e rurais espalhadas pelo estado da Paraíba, que silenciosamente mantêm suas práticas culturais em meio à omissão das ações públicas. Assim esperamos atingir um público que englobe estudantes, professores(as), pesquisadores (as) e militantes dos diversos grupos e comunidades negras, tanto no âmbito estadual quanto no nacional.