Não é possível pensar o Rio de Janeiro, sem pensar as favelas cariocas. E as favelas têm uma história complexa, rica e contraditória com as outras áreas da cidade. Amadas e rejeitadas, as favelas são cantadas em prosa e verso como as alegrias do Rio, o orgulho carioca, e ao mesmo tempo foram objeto de abandono e discriminação em relação a diversas conquistas da cidade. O principal direito negado às favelas foi o direito à segurança. No Rio de Janeiro, desenvolveu-se algo que não aconteceu a nenhuma outra cidade do Brasil, e só aconteceu a raríssimas cidades do mundo: territórios urbanos no coração da metrópole foram dominados por grupos armados ilegais e mantiveram-se sob seu domínio por mais de duas décadas. A partir de 2009, a cidade começou a vivenciar uma nova experiência de segurança pública: a retomada de territórios das mãos de grupos ilegais para o controle do Estado. Já são 19 UPPs e, a cada uma delas, novas questões, desafios e ângulos se apresentam. As UPPs mobilizam todo o Rio, e não somente as populações que vivem dentro das comunidades retomadas. As UPPs, na verdade, mobilizam o Brasil, e especialistas em diversas partes do mundo se interessam sobre o que está acontecendo no Rio. Muito tem sido escrito, filmado e fotografado sobre as UPPs, especialmente pelas grandes mídias. Mas raramente, como nessa seleção de artigos, seus autores são jovens de favelas, e correspondentes de expressões comunitárias de diferentes áreas da cidade e do Brasil. Os artigos, vídeos e coleção de fotos que apresentamos resultam de olhares críticos, indagadores e criativos sobre o processo que tem gerado tanto interesse. Raramente um panorama de tal diversidade tem sido mostrado. Curadoria | Pacificação Olhares da favela sobre as UPPs As UPPs vistas por dentro, por quem conhece a favela, e não por quem apenas “entrou” na comunidade para cobrir um fato passageiro, como é a maior característica da mídia diária nos grandes veículos. Os artigos, o vídeo e as fotos a seguir têm o compromisso e a experiência de quem vive a favela no dia a dia. Cidade não pacificada O que acontece com as favelas e territórios que ainda não foram retomados das mãos de grupos armados, ou onde as UPPs ainda não foram totalmente instaladas ou as áreas que se encontram abandonadas no direito à segurança? Esses artigos servem para nos lembrar que a maioria do Rio ainda vive na angústia e na insegurança. Policiamento comunitário pelo Brasil As UPPs inspiram reflexões sobre as relações entre polícia e sociedade em outras partes do Brasil. Em Poços de Caldas, a importância da comunicação entre vizinhos; em São Paulo, a adoção de um modelo japonês de policiamento comunitário; e em Barra Bonita (SP), jovens discutem a política de pacificação no Rio de Janeiro. por | Jardim das Acácias | SP Artigos de opinião Visões de dois moradores de comunidades pacificadas sobre os desafios desta nova política de segurança. |
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