quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Quilombo

Quinta-Feira, 16 de dezembro de 2010
15.12.10 - BRASIL
Na Bahia, ocupação Quilombo Guerreira Ninha pode ser despejada na sexta-feira
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Karol Assunção *

Adital -
Medo e apreensão. Essas duas palavras resumem bem o sentimento das famílias da ocupação Quilombo Guerreira Ninha, na Bahia. Tudo indica que a comunidade será despejada na próxima sexta-feira (17). Caso isso ocorra, 70 famílias irão para as ruas da capital baiana. De acordo com informações do Movimento dos Sem Teto da Bahia (MSTB), o Tribunal de Justiça do Estado da Bahia acatou a liminar de reintegração de posse a favor da Fábrica de Gases Industriais Agro Protetoras (Fagip). O terreno, localizado no bairro Plataforma, em Salvador, atualmente abriga 70 famílias.
O Movimento denuncia que o Ministério Público não foi ouvido antes da concessão da liminar. Além disso, segundo o MSTB, a Fagip não provou a posse no imóvel, somente a compra e venda dele, o que, de acordo com o Movimento, não é suficiente para comprovar a posse do terreno. Segundo Maria Lucianne Ferreira (mais conhecida como Elaine), líder da comunidade, o local estava abandonado há mais de 25 anos, já estava loteado e seria colocado à venda.

A preocupação da líder não é exagero. De acordo com ela, as famílias, que estão lá há quase cinco meses, não têm alternativa: se forem despejadas, irão para as ruas. "Não têm opção para onde ir", afirma, acrescentando que, mesmo se tiverem de cumprir o mandado de reintegração de posse, as famílias voltarão, caso não encontrem outro local. "A gente sabe que é área de risco. Se botarem a gente em outro lugar, ótimo. Se não, a gente volta", avisa.
Apreensiva, Elaine lembra que a comunidade possui 70 famílias, com crianças, gestantes, idosos e pessoas com deficiência. A líder espera apenas encontrar uma solução para a comunidade e acredita que conseguiria isso com um pouco mais de tempo. "Precisamos de mais tempo para resolver as coisas. Se dessem mais tempo para resolver...", comenta, observando a falta de interesse da empresa em dialogar e tentar resolver a situação.
Se nada for feito até sexta-feira, todos poderão ir para as ruas da capital baiana. Entretanto, Elaine revela que as famílias estão dispostas a resistir. "As pessoas estão passando mal [desde quando souberam da ordem de despejo], algumas dizem que vão entrar no barraco e esperar o caminhão passar por cima", afirma.
Para ela, essa situação mostra bem a falta de respeito ao direito à habitação. "Nós temos direito à moradia. Que moradia?", indaga, lembrando que o direito ainda não é assegurado para uma parcela da população. "Os movimentos sociais é que estão lutando por esse direito, pelo espaço", destaca.
Mais informações em: http://www.mstb.org.br/

* Jornalista da Adital

 

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