quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Soja

Grandes produtores de soja ampliam domínios em MT
Fernando Lopes, de São Paulo

Levantamento divulgado ontem pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) confirma a aceleração do movimento de concentração na produção de soja do Estado nos últimos anos. Os novos dados mostram que, na última safra (2009/10), os 20 maiores sojicultores radicados em Mato Grosso semearam 1,2 milhão de hectares, ou 20% de uma área total estimada pela entidade em 6 milhões de hectares. Em 2004/05, os gigantes da soja ocuparam 533,7 mil hectares, ou 9% da área total da cultura no Estado.

Na análise que divulgou, o Imea - instituto privado sem fins lucrativos vinculado à associações que representam agricultores - credita a tendência aos ganhos de escala obtidos com a expansão das áreas de plantio e à entrada de grupos estrangeiros no Estado. E mesmo os estrangeiros "profissionais", aqueles que investem no Brasil realmente para produzir e exportar, também precisam dessa escala, já que um dos principais problemas enfrentados pelos agricultores de Mato Grosso é a logística deficiente. No total, o Estado tem, hoje, cerca de 4,6 mil produtores de soja; há cinco anos, eram 6 mil.

Conforme Otávio Celidonio, superintendente do Imea, o movimento de concentração na soja é mais intenso em áreas de exploração mais recente no oeste, como nos arredores do município de Sapezal, e menos significativo em polos como o de Sorriso, no médio-norte mato-grossense. Em Sapezal, informou ao Valor, uma propriedade "típica" já tem cerca de 2,5 mil hectares; em Sorriso, fica em torno de 1 mil, ainda que existam propriedades bem maiores.

Neste oeste de grandes produtores, lembrou Celidonio, os incrementos se dão por meio de aquisições e arrendamentos, e muitas vezes envolvem áreas de outros grandes com problemas. Há casos na região, atualmente, de produtores com dívidas da ordem de R$ 600 por hectare. Em fronteiras como Sorriso, onde a ocupação da terra pelos agricultores já é mais antiga, a organização entre eles também é maior. Há, por exemplo, pools bem estabelecidos para comprar insumos e comercializar a produção. Ao norte de Sorriso, já no bioma amazônico, questões ambientais também freiam negócios.

De qualquer forma, diz Celidonio, a estrutura financeira ainda é um gargalo para muitos agricultores do maior Estado produtor de soja do país. "A eficiência não pode estar só no campo. O associativismo, o cooperativismo e a formação de condomínios podem ajudar. Mas a concentração deve continuar".


Glifosato alavanca venda de defensivo genérico no Brasil
Alexandre Inacio, de São Paulo

Nos últimos cinco anos, a participação dos defensivos genéricos no Brasil passou de praticamente zero para 48,5% da receita total do mercado brasileiro. No ano passado, esses produtos foram responsáveis por movimentar US$ 3,2 bilhões, ante os US$ 3,4 bilhões dos produtos "convencionais", também conhecidos no mercado como "especialidades".

Em volume, a fatia é ainda maior. O mercado de produtos genéricos representou em 2009 pouco mais de 80% das 725,5 mil toneladas de produto comercial negociada no Brasil. Além disso, das 335,8 mil toneladas de ingredientes ativos comercializadas, apenas 15% foram de produtos convencionais no ano passado.

Parte expressiva desse crescimento se deu pela evolução da soja transgênica no Brasil e o aumento da demanda por seu principal defensivo, o glifosato. "O crescimento dos genéricos foi rápido porque o glifosato é um produto conhecido e muito usado. Aproximadamente 90% dos herbicidas genéricos vendidos são à base de glifosato", diz Cléber Vieira, gerente de projetos da Agroconsult. No ano passado, os herbicidas responderam sozinhos por 60% da demanda de defensivos em volume.

Dados do Ministério da Agricultura mostram que existem 22 empresas registradas para comercializar 45 produtos à base de glifosato. Segundo Valdemar Fischer, gerente geral da Nufarm para América Latina - segunda maior empresa de genéricos no Brasil - existem ainda 174 pedidos para registro de produtos à base do ingrediente ativo para um mercado 250 milhões de litros anuais.

"Os genéricos aumentaram a concorrência no setor. Existem 115 empresas cadastradas no Ministério da Agricultura, sendo que 38 com presença mais expressiva", diz Fischer. Segundo ele, os oito maiores grupos detinham em 2001 quase 85% do mercado. Em 2009, as oito maiores do ranking passaram a ter 77% do mercado.

"A competição no mercado de defensivos está cada vez maior. Para se destacar, as empresas que apostam em pesquisa e desenvolvimento para elaborar novos defensivos e manter patentes por algum tempo estão gastando cada vez mais tempo, pesquisando mais componentes para cada novo registro e aplicando mais recursos durante esse processo", afirma Antônio Carlos Motta Guimarães, presidente da CropLife América Latina e diretor-geral da Syngenta para a América Latina.

Em sua apresentação na Crop World - evento realizado em São Paulo com as principais empresas de agroquímicos -, Guimarães disse que na década de 90 as empresas pesquisavam em média 50 mil componentes durante aproximadamente oito anos, com investimentos de US$ 152 milhões para se chegar a um novo produto. Dez anos depois, passaram a ser necessários 100 mil componentes, nove anos e US$ 184 milhões para cada defensivo. Atualmente, são gastos em média dez anos para combinar 150 mil componentes com aportes de US$ 256 milhões até se chegar a um novo produto.

"O crescimento dos genéricos será menos intenso daqui para frente. Diferentemente do glifosato, que é um produto muito antigo, conforme as patentes caiam as empresas de genéricos precisam iniciar todo o processo regulatório, além de investirem na pesquisa de formulação e na parte técnica da pesquisa", afirma Vieira, da Agroconsult.
Fonte: MST

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