Saturday, 31 July 2010
Direitos humanos- Tráfico de escravos:UNESCO incentiva a construção de uma história comum
O diálogo intercultural duradouro só pode prosperar numa relação pacificada com a história e a memória.Contra todas as formas de sacralização da memória e para esconjurar os efeitos devastadores da rivalidade entre as memórias, devemos promover uma investigação e ensino da história que permitam simultaneamente explicar e compreender, reconstituir a trama dos relatos conflituais e combater os silêncios,
Por ocasião do Dia Internacional de Recordação do Tráfico de Escravos e da sua Abolição, o Director-Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), Koïchiro Matsuura, incentivou a construção de uma história comum e o lançamento das bases de um diálogo intercultural.
“Juntando-nos em torno de uma visão partilhada do tráfico de escravos e da escravatura, poderemos construir uma história comum e lançar as bases de um diálogo intercultural que transmita uma mensagem universal de conhecimento e de tolerância”, disse Koïchiro Matsuura, numa mensagem publicada ontem.
O Dia Internacional Recordação do Tráfico de Escravos e da sua Abolição é celebrado todos os anos a 23 de Agosto para comemorar a insurreição, na noite de 22 para 23 de Agosto de 1791, de escravos de Santo Domingo, nas Caraíbas, a qual teve um papel determinante na abolição do tráfico de escravos.
Este Dia é um momento único para a comunidade internacional conciliar o dever de recordar certos factos passados com o dever de os situar na sua justa perspectiva histórica, disse Koïchiro Matsuura.
A UNESCO lançou, em 1994, o projecto Rota dos Escravos, com o objectivo de abrir o estudo do tráfico de escravos à pluralidade de memórias, de culturas e de representações.
Esse respeito pela diversidade das memórias é uma exigência democrática que deve responder à procura social e ser acompanhada da busca de referências comuns, sublinhou o Director-Geral da UNESCO. Esse respeito pode ser conseguido graças a uma educação de qualidade e multidisciplinar que integre as questões relativas à evocação e transmissão da memória histórica do tráfico de escravos, de uma maneira científica e rigorosa.
Segundo Koïchiro Matsuura, o diálogo intercultural duradouro só pode prosperar numa relação pacificada com a história e a memória. Contra todas as formas de sacralização da memória e para esconjurar os efeitos devastadores da rivalidade entre as memórias, devemos promover uma investigação e ensino da história que permitam simultaneamente explicar e compreender, reconstituir a trama dos relatos conflituais e combater os silêncios, acrescenta.
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