quinta-feira, 15 de julho de 2010

Encontros com o Professor


Meu passado recente
Ruy Carlos Ostermann


Trouxe duas vuvuzelas, dessas que têm uma extensão dentro, basta ajustar e fica grande. Uma para o Vítor, outra para o Gabriel, os netos que podem ter o prazer dos torcedores africanos. Já recebi as primeiras queixas: madrugadas anunciadas para todo o quarteirão.



Acho que é o que se deve fazer. Somos redutivos, isto é, minimizamos nossos feitos e conquistas. E se, de preferência, esses objetos de nossas sínteses emotivas podem ficar de pé em cima do balcão da sala, melhor ainda. A vuvuzela fica de pé, ostensiva, muito colorida.


Os sul-africanos se expressam alegremente sobre quase tudo que não seja a dolorosa memória do apartheid. Por isso, usam e gostam muito de cores vivas. As mais fortes estão na bandeira nacional. E têm ainda a música tribal, ritmada e repetitiva, já se misturando com modalidades do jazz, acrescentando instrumentos de sopro além dos tambores e de uma variedade quase infinita de percussões, com um canto sem solo, longo, melancólico, coletivo.


Se penso nisso, aumenta a experiência que fiz e que trouxe comigo envolvida em cuecas e camisetas. As duas vuvuzuelas serão meu passado recente, sempre disponível.

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