segunda-feira, 5 de julho de 2010

Cursos no Congo

Caros do Grupo,

lamentável a postura do Itamaraty, promove a ingerência em outros países, defende tiranos, etc.. Mas, mas nada faz ou menciona sobre a tragédia em curso no Congo, terra de onde vieram os antepassados de milhões de brasileiros. Entendo que deva ser a hora do Brasil se posicionar de forma clara sobre o que lá ocorre, e liderar um verdadeiro processo de paz, não em defesa da ideologia ou dos interesses do Foro San Pablo, mas em defesa da liberdade e da justiça.

É uma guerra entre bandos armados da República Democrática do Congo pelo controle das minas, em especcial as de que fornecem matéria-prima para a fabricação de produtos como celulares e laptops. O conflito, que já dura mais de dez anos, atinge sobretudo as mulheres, vítimas de estupro e mutilação genital.

Recentemente tivemos a participação do médico congolês Demis Mukwege no ciclo de palestras Fronteiras do Pensamento, que acontece em Porto Alegre até o final de 2010. Ginecologista, Mukwege recebeu uma série de prêmios internacionais, além de uma indicação ao Nobel da Paz, por sua cruzada pelo fim da violência em seu país.
Em sua palestra, Mukwege, teria explicado que a guerra do Congo não tem fundo religioso ou cultural, mas econômico. O conflito seria mantido pelas multinacionais interessadas no tântalo, no tungstênio e no estanho das minas congolesas. Assim como de cobre, cobalto, diamantes, ouro, ferro e urânio

O estupro e a mutilação das mulheres funcionariam como uma estratégia para manter esse mecanismo em funcionamento.

Destruir o aparelho genital das mulheres, que são o pilar da família, sem matá-las, diante dos maridos, dos filhos e dos vizinhos é uma forma de destruí-las não apenas fisicamente, mas também psicologicamente, destruindo assim a família, os seus maridos e os seus filhos. É uma maneira de destruir o tecido social, de destruir todos os valores, de desorganizar uma sociedade que já não era tão organizada.

A tragédia no Congo deu origem a uma campanha internacional, pela internet, de pressão às empresas que utilizam esses minérios na fabricação de seus eletrônicos. Temos algumas lideranças no Brasil tocando no assunto, mas sem o efetivo apoio do atual (des)governo. Devemos exigir uma posição oficial do governo brasileira, uma reação efetiva dos governos, da Organização Mundial do Comércio (OMC) e da Organização das Nações Unidas (ONU) diante "desses grupos de terrorismo econômico que provocam tamanho sofrimento, vergonha e humilhação àquelas comunidades".

Há de se perguntar se não seria o caso de a Organização Mundial do Comércio e dos governos reagirem diante de empresas que se utilizam desse material vindo das minas do Congo ou de se fazer um boicote às empresas que fabricam telefones celulares e laptops que de lá retiram suas matérias primas.

Segundo o jornal norte-americano The New York Times, o conflito do Congo é o mais letal desde o final da 2ª Guerra Mundial, e o leste do país costuma ser descrito como maior polo mundial de estupros. A guerra causou 5,4 milhões de mortes até abril de 2007, e o total aumenta em 45 mil ao mês, de acordo com um estudo do Comitê Internacional de Resgate. Mais de 2 milhões de congoleses já buscaram refúgio em outros países.

Não seria o caso do Brasil também ser um destino seguro?

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