sexta-feira, 7 de maio de 2010

1º de Maio

O governo Lula passa a ser o grande modelo de governo mundial, um governo capaz de unir o que antes era impensável: o mercado com o social. Por um lado, preservam-se os interesses da banca financeira, e por outro, atende-se os pobres com o Bolsa-Família – um vigoroso programa social que distribui renda para mais de 12 milhões de famílias brasileiras. A síntese dessa singularidade é manifesta pelo livre trânsito de Lula no Fórum Social Mundial e no Fórum Econômico Mundial. Em ambos, Lula é aplaudido.

Porém, é insuficiente afirmar que o governo Lula apenas acresceu ao modelo econômico rentista dos tucanos políticas de mitigação da pobreza. Lula também alterou o papel do Estado. Ao projeto econômico de corte neoliberal do governo anterior intitulado de ‘inserção subordinada à economia internacional’, o governo atual respondeu com a retomada do modelo econômico ‘nacional-desenvolvimentista’ – política econômica na qual o Estado exerce um forte papel indutor na perspectiva do crescimento econômico –, com significações semelhantes e distintas daquele adotado a partir dos anos 30.

O modelo neo-desenvolvimentista atual caracteriza-se por duas vertentes. Por um lado, tem-se o Estado financiador que, utilizando o seu banco estatal, o BNDES e os fundos de pensão, exerce o papel de indutor do crescimento econômico fortalecendo grupos privados em setores estratégicos. Por outro, tem-se o Estado investidor responsável pelo investimento em mega-obras de infra-estrutura que se manifesta no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Porém, diferentemente do nacional-desevolvimentismo da Era Vargas, o Estado não é o proprietário de empresas, mas se torna a principal alavanca para criar gigantes privados que tenham capacidade de disputa no mercado interno e internacional. Destaque-se ainda que ao lado do Estado financiador e do Estado investidor, tem-se o ‘Estado Social’, de que se falou anteriormente.

A junção dos interesses do capital financeiro, que foram preservados no governo Lula, com o capital produtivo manifesto no Estado investidor e financeiro, somados ao Estado provedor de políticas sociais, redundou nas altas taxas de popularidades do governo Lula em algo insólito: um presidente que é reconhecido e admirado por um lado pelos grandes banqueiros e empresários, e por outro, mitificado pelos mais pobres. Lula tornou-se quase uma unanimidade e contrários as raízes anti-populistas do PT – crítico do getulismo e brizolismo – deu origem ao fenômeno do lulismo.

Nos últimos dias Lula tem dito: "Quando eu deixar a Presidência, vou mandar registrar em cartório tudo o que fiz (...), porque quero que quem venha depois de mim saiba que vai ter de fazer mais e melhor.

O resultado de oito anos do governo Lula afirmaram o modelo neo-desenvolvimentista como a rota a ser seguida. A junção do capital financeiro com o capital produtivo acrescido de políticas sociais de mitigação da pobreza tornou-se a plataforma comum a ser perseguida pelos candidatos à presidente. É em função dessa lógica que se pode afirmar que não há diferenças programáticas substancias entre a candidatura de José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT).

Serra já mais de uma vez manifestou que defende a presença do Estado na economia diferentemente do que pregavam FHC em Alckmin. “A turma do Estado Mínimo está tendo faniquitos. O candidato do PSDB, José Serra, já prometeu a criação de dois novos ministérios: o dos Deficientes Físicos e o da Segurança Pública. E a eleição é em outubro”, afirma o jornalista Ilimar Franco.

O fato é que ganhe Dilma ou ganhe Serra, ambos são vistos como continuadores das bases políticas e econômicas do governo Lula. O próprio Lula tem repetido isso à exaustão: "Feliz do país que vai ter uma disputa que pode ter Dilma, Serra, Marina, Aécio. Houve no país um avanço qualitativo nas disputas eleitorais. O Fernando Henrique e eu já fomos um avanço extraordinário” disse recentemente o presidente. Em outro momento afirmou: “O Brasil está vivendo um momento rico, porque se a disputa se der entre Serra e Dilma, entre Marina Silva e Ciro, é um avanço extraordinário”.

Aliás, não são poucos os observadores da política nacional que vêem um processo de igualamento entre o PT e o PSDB: “O PT iguala-se cada vez mais ao PSDB”, analisa o cientista político Peter Kingstone, diretor do Centro de Estudos sobre América Latina e Caribe da Universidade de Connecticut. Segundo Kingstone, “tanto Serra quanto Dilma Rousseff representam a mesma possibilidade de mudança. Ambos têm forte orientação nacionalista. Com a eleição de um deles, o papel do governo assumirá uma direção mais nacionalista. Será uma mudança em relação às gestões de Lula e FHC. Não vejo uma vitória de Serra como uma guinada para a direita. A gestão Lula tem sido nacionalista mais na retórica do que na realidade”.

Corroborando a semelhança entre os candidatos, o economista João Manuel Cardoso de Mello, que deu aulas para Serra e Dilma, comenta: “A Dilma e o Serra são muito parecidos, têm a mesma visão de mundo. Se houvesse uma reorganização política, eles estariam no mesmo partido. É uma gente que não existe mais na política, gente compromissada com o Brasil. Ambos podem ser enquadrados no conceito inglês de servidor público”. "Não há diferenças essenciais, mas de apresentação. Há um campo comum entre os dois (Serra e Dilma) e divergências na margem", afirma também o economista Luiz Gonzaga Belluzzo.

Cada vez mais iguais no jeito de fazer política
Para além da semelhança programática, PT e PSDB se parecem cada vez mais iguais no jeito de fazer política. A ruptura prometida com a 'Velha República' e inclusive com a 'Nova República', através do surgimento do PT que arrombou a política nacional pela ‘porta dos fundos’ e se apresentou com a grande novidade na política brasileira não se efetivou. O PT e o governo Lula repetem os velhos métodos condenáveis da política nacional, ou seja, o clientelismo e o fisiologismo como regra justificável para se manter a governabilidade.

Se o PSDB tinha o PFL como grande aliado, o PT tem o PMDB. Ambos, PFL e PMDB em seus respectivos momentos de partilha do poder arrancam o que podem – cargos e recursos – para dar sustentação política aos “titulares” do poder. Foi o governo de coalizão que fez ressurgir no cenário nacional figuras que julgavam-se superadas como José Sarney, Jader Barbalho, Romero Jucá, Geddel Oliveira, Collor de Mello, entre outras. Tudo passou a ser justificado pela governabilidade. Registre-se que a tese da governabilidade é um velho argumento conservador. “Todos no Brasil que preferem manter o status quo usam o argumento da governabilidade", afirma Francisco de Oliveira.

Tristemente o PT foi também aos poucos sucumbindo ao centralismo, caciquismo e personalismo. A defendida tese de que os partidos é que devem ser valorizados e não as pessoas foi sendo deixada de lado. A realidade é que o PT foi engolido por Lula. É Lula quem decide, arbitra, define. Tudo passa por ele, do presidente do partido ao candidato à sucessão presidencial.

A candidatura de Dilma Rousseff é uma aposta pessoal de Lula. Dilma nunca foi a candidata do PT, mas o partido aceitou porque também foi “engolido” por Lula, e nome “forte” do partido, José Dirceu, perdeu-se nos meandros do poder de Brasília. Dilma, antes de aportar no PT, passou pelo PDT, partido que rivalizou historicamente com o PT, mas que com a morte de Brizola perdeu força política. Nesse sentido, poder-se-ia afirmar que a candidatura de Dilma é uma ruptura com a própria história do PT, uma ruptura com o seu programa radical transformador.

“A vida partidária no PT está muito ofuscada pela presença dominante de Lula. O presidente tomou conta do partido, que é hoje um instrumento dele”, afirma o sociólogo Werneck Vianna.

Na opinião da pesquisadora Maria Celina d’Araújo, o PT está se transformando em “um partido personalista, como foi o PTB, como foi o PDT de Brizola, não tem espaço para as divergências. Ou acatam a diretriz do chefe ou são considerados desleais, traidores. A política vira uma questão pessoal”. Chico de Oliveira diz algo semelhante: “O PT vai continuar na política como um grupo que se organiza para o poder. Assim como o PMDB, por exemplo. A maneira como o presidente Lula age sobre o partido é caudilhesca. Assim como a maneira que ele se livra das pessoas incomodas”.

A conclusão que se pode chegar é que ao contrário do sistema partidário se fortalecer, assiste-se a um processo de fortalecimento de “lideranças”. Segundo o sociólogo Rudá Ricci, “não há exatamente [hoje] projeto partidário no Brasil, mas e grupos articulados ao redor de uma liderança”. Segundo Rudá, isso vem se dando também no PT: “grupos internos – que o PT, um dia, denominou de correntes – hoje transitam (ao menos os grupos hegemônicos em seus respectivos partidos) por entre partidos e outros agrupamentos que, externamente, parecem adversários”.

Segundo ele, “o Brasil pós-FHC e pós-Lula tem um sistema partidário mais frágil, absolutamente controlado por tais grupos internos, de tipo neopatrimonialista. Lulismo, cada vez mais, independe do PT. Aécio Neves e tucanos paulistas disputam o PSDB, mas já publicou na grande imprensa, por mais de uma vez, que o governador mineiro poderia se deslocar para o PSB ou PMDB, justamente porque é maior que o PSDB. Ciro Gomes foi outra liderança que recentemente demonstrou que é distinto de seu partido, o PSB. Marina Silva é maior que PV, partido que trava com esta liderança um cabo de aço. Até mesmo um aparente partido programático como o PSOL trava uma disputa de foice no escuro a partir de suas estrelas maiores, a começar por Heloísa Helena e Plínio de Arruda Sampaio. O sistema partidário brasileiro é absolutamente corroído pelo personalismo e por projetos de poder pessoais, em todo seu espectro”.

O sociólogo conclui: “Este é o feito político maior de 16 anos de FHC e Lula no poder: a sociedade civil perdeu seu posto e o respeito pelos profissionais da política. A sociedade civil não é tão significativa para definir os rumos do país como no último processo constituinte”.

II-Movimentos Sociais: do ideário da transformação ao pragmatismo?
O posicionamento dos movimentos sociais frente às eleições de 2010 tem muito a ver com pragmatismo e pouco com utopia. A tese é polêmica, mas justifica uma reflexão sobre tema tão espinhoso e que causa arrepios em não poucos.

A preocupação em entender os movimentos sociais é uma constante em nossas análises, e está presente quer de forma temática, quer de maneira transversal. A questão política, mais especificamente, as eleições de outubro próximo, onde deságuam as expectativas e contradições dos movimentos sociais, servem de motivo para tecer algumas considerações a modo de ensaio, pois elas revelam também muito do que é o movimento social brasileiro hoje.

O “imaginário de transformação social” que embalou os principais movimentos sociais e as principais lutas nos anos 1980 se enfraqueceu. A convicção de que a realidade pode ser transformada perdeu a sua força, e o encantamento com a política já não existe mais. Os movimentos sociais vivem uma profunda crise e estão longe de exercerem o protagonismo dos anos 1980 e 1990.

Essas duas últimas décadas do século passado, produziram um vigoroso movimento social reivindicatório, cujo horizonte esteve voltado aos outros e na transformação da realidade, expresso na utopia de que outro Brasil era possível, e que passava, portanto, pelo Estado.

O governo Lula, neste contexto, passa a ser paradigmático. Por um lado, ele atende aos anseios da maior parte dos movimentos sociais e, por outro, contribui para o esgotamento do ideário quando, “a partir dos anos 90, lideranças sociais do país ingressaram na lógica da burocracia estatal e perderam a energia e força moral para impor uma nova lógica política. Abdicaram da ousadia”, como analisa Rudá Ricci.

O pragmatismo do movimento social revela-se na assertiva de que mesmo com todos os problemas, críticas e insatisfações com o governo Lula, têm mais a perder com uma eventual não eleição de Dilma Rousseff. A essa situação, soma-se outra: a autonomia, conceito caro aos movimentos sociais, encontra-se fragilizada ou mesmo relativizada.

Nesse processo de acomodação e enfraquecimento do poder contestatório do movimento social, certamente o mais significativo seja o que ocorreu com o movimento sindical. Segundo Rudá Ricci, “aconteceu uma mudança ideológica muito significativa, iniciada no final da primeira metade dos anos 1990. Alguns sindicalistas datam o período de ingresso na câmara setorial do setor automobilístico como o momento da inflexão. Eu considero que foi o ingresso na Confederação Internacional das Organizações Sindicais Livres (CIOSL) que provocou um grande debate interno. O ingresso na CIOSL ocorreu logo após o ingresso da Força Sindical, o que provocou uma ‘corrida ao pote de ouro’. Para provar sua relevância política, a CUT tinha de abandonar as estruturas paralelas (Departamentos Estaduais e Nacionais, por categoria, como o Departamento Nacional de Trabalhadores Rurais) e direcionar suas forças para filiar confederações e federações, a antiga estrutura sindical. Daí por diante, a ‘curvatura da vara’ não retornou mais ao seu eixo”, diz ele.

O significado desse processo segundo Ricci foi ideológico: “Teoricamente, a CUT deixou de se legitimar pela capacidade de mobilização (mobilismo) para ingressar na legitimação pela capacidade de negociação da agenda estatal. Ora, esta foi a postura da Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT) pré-1964, o modelo do PCB, o ‘partidão’. A linha oficial do partidão foi, por muito tempo, a de correia de transmissão, em que a organização de base legitimava os dirigentes de cúpula (quase sempre indicados pela direção do partido, como ocorreu com a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura [Contag], cujo primeiro presidente não era trabalhador rural)”.

Com a eleição de Lula e o ingresso de vários sindicalistas na estrutura governamental, deu-se um processo ainda maior de acomodação. “A partir daí, convenhamos, não se trata mais de liderança sindical. É um agente governamental”, diz ele.

De fato, na história brasileira nunca um presidente teve uma relação tão cordial com o movimento sindical. Quem mais se aproximou de Lula nessa relação cordata foi Getúlio Vargas, criador da CLT e da estrutura sindical. Vargas, entretanto, enfrentou a contestação do movimento sindical na greve dos 300 mil em 1953 – fato que o empurrou a decidir-se pelo aumento do salário mínimo em 100% para aplacar a ira dos trabalhadores, e nomear João Goulart para o ministério do Trabalho. As duas decisões contribuíram para precipitar o desfecho de agosto de 1954.

Lula, produto da Era Vargas, da estrutura sindical varguista, e liderança emergente do chamado novo sindicalismo que irrompeu nas memoráveis greves do final dos anos 70, é o símbolo de uma geração de sindicalistas que chegou ao poder, e no poder deu visibilidade e reconhecimento ao movimento sindical. Esse reconhecimento manifesta-se pela agenda política e econômica.

Na agenda política registram-se, entre outras iniciativas, as constantes audiências cedidas às Centrais sindicais, o encaminhamento da Reforma Sindical, a institucionalização das Centrais sindicais acompanhado de repasse de recursos, o veto à Emenda 3, a nomeação de ministros indicados pelo movimento sindical – o exemplo maior foi a nomeação de Luiz Marinho como ministro do Trabalho, e posteriormente da Previdência, indicado pela CUT [atualmente prefeito de São Bernardo], e Carlos Luppi, atual ministro do Trabalho, indicado pela Força Sindical.

Na agenda econômica, o governo Lula deu guarida mesmo que com velocidade diminuída a uma antiga reivindicação dos sindicatos: o aumento real do salário mínimo, a correção da tabela do Imposto de Renda, a ampliação do seguro-desemprego, e o mais significativo, o aumento do emprego.

Por conta de algumas de suas políticas, há quem defenda que “Lula levou o getulismo ao extremo”, na medida em que “completou o processo de sujeição dos sindicatos ao Estado, iniciado por Getúlio”. A afirmação é de Ricardo Antunes, que lamenta o fato de que “os trabalhadores perderam uma oportunidade monumental de conseguir ganhos e de ampliarem sua representação social. Os ganhos são de pequena monta, e mesmo assim ocorrem por um preço alto, de servidão ao Estado. Não vejo, nas centrais que recebem dinheiro do governo, nenhuma possibilidade de florescimento do novo”.

Nos últimos anos, as centrais sindicais tiveram dinheiro como nunca. De 2008 para cá, as centrais repartiram entre si R$ 146,5 milhões transferidos pelo governo por meio do imposto sindical, cuja continuidade é uma das exigências das centrais sindicais em troca de apoio eleitoral.

Portanto, essa fartura em polpudos recursos procedentes do Estado, condiciona tanto a autonomia como o ideário político a ser perseguido e defendido. Mas essa não é uma questão que diz respeito apenas ao movimento sindical. Em maior ou menor grau, outras parcelas do movimento social recebem montas significativas de recursos públicos, quer federais, quer estaduais. A continuidade ou não de acesso a esses recursos está em jogo nessas eleições, razão pela qual elas adquirem um cunho pragmático ímpar. “Vários movimentos sociais e organizações populares se enredaram numa forte crise de financiamento e até hoje não acharam uma saída que lhes garanta autonomia política efetiva”, comenta a esse respeito Rudá Ricci.

Em razão dessa dependência, instaura-se uma relação quase esquizofrênica com o governo, que, por um lado, é criticado, mas, por outro, defendido em relação aos “demônios do neoliberalismo”. Ou seja, “tá ruim, mas tá bom”.

Entretanto, mesmo que haja muitas ou grandes semelhanças entre a política econômica de Dilma Rousseff e de José Serra, no trato com o movimento social, poderão existir diferenças mais acentuadas.

O movimento sindical admite que Dilma estará mais distante do movimento sindical que Lula, mas ainda teria maior sensibilidade à sua agenda que Serra, que inclusive se negou a participar das manifestações do 1º de Maio das Centrais Sindicais, onde, certamente, seria vaiado.

Com uma possível vitória do Serra, a relação com o movimento social, certamente, mudaria. Acredita-se que Serra seria mais duro e inflexível nas questões que envolvem tratamento com o movimento social, razão pela qual seriam mais tensionadas. A chances de as manifestações sociais serem tratadas com maior rigor e repressão, seriam grandes.

Outra questão é quais são os projetos de Brasil – se é que as há – dos movimentos sociais que se apresentam para as eleições de outubro próximo. Assiste-se a um esforço muito grande por parte da Assembléia Popular (AP) em forjar um projeto para o Brasil. Parte da militância está mais cética. Segundo Ivo Poletto que participa da coordenação da AP, "há uma frase, repetida nos espaços da Assembleia Popular, que também vive suas crises, que me parece indicar o melhor rumo a ser seguido pelos movimentos sociais: ‘em outubro, nosso candidato é o projeto popular’. Isso significa que não se deverá repetir o equívoco anterior, a saber: apostar todas as fichas em eleições, num partido, num candidato. A prática ensinou que, se não crescer a capacidade sociopolítica dos movimentos sociais, pode-se perder a disputa pela orientação política do governo eleito”.

Então, diz Poletto, “o caminho a ser seguido, e que pode ser permanente e autonomamente definido, é o reforço dos movimentos sociais, aprofundando seu enraizamento em sua base social; capacitando com consciência crítica mais lideranças; avançando na capacidade de trabalhar em rede; articulando-se para ser expressão democratizante do poder popular; democratizando as relações no interior dos movimentos, redes e articulações, para democratizar o Estado através da mobilização política da sociedade brasileira”.iculações, para democratizar o Estado através da mobilização política da sociedade brasileira”.

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Notas:

1 - John Williamson - economista britânico - foi professor no Departamento de Economia da PUC/Rio entre 1978 e 1981, assim como Rudiger Dornbusch, professor do Massachusetts Institute of Technology (MIT); os dois foram figuras centrais na elaboração do ‘Consenso de Washington’. Vários economistas que trabalharam no governo FHC se vincularam ao que se denominou o ‘grupo da universidade católica do rio’. Em torno de John Williamson e Rudiger Dornbusch, se reuniram jovens professores, como Pérsio Arida, que foi presidente do Banco Central no governo FHC, André Lara Resende, que foi presidente do BNDES, Pedro Malan, ex-ministro da Fazenda. E estudantes promissores como Edward Amadeo (ex-ministro do Trabalho de FHC); Gustavo Franco (ex-presidente do Banco Central de FHC); Armínio Fraga (ex-diretor do Banco Central de FHC).
2 - As afirmações são do sociólogo Francisco Oliveira feitas logo após as eleições. Francisco Oliveira, posteriormente, se afastou do PT. A expressão remete ao fato de que tivermos nos país duas ‘Era’ importantes: a ‘Era Vargas’ e a‘Era FHC’. Esses dois períodos da vida nacional foram distintos em função dos modelos econômicos aplicados. Chama-se ‘Era Vargas’ o conjunto das políticas econômicas e sociais com forte participação do Estado introduzidas no país a partir de 1930, que marcaram de maneira decisiva o processo de industrialização, urbanização e organização da sociedade brasileira. A ‘Era Vargas’ se inicia em 1930 quando Getúlio chega ao poder. Para alguns ela se encerra em 1954 com a morte do presidente, para outros, findou em 1964 com o golpe militar; e para outros, ainda, ela não teria acabado ou estaria em sua fase terminal a partir das políticas neoliberais introduzidas por Collor a partir de 1990 e reafirmadas com vigor pelos dois mandatos sucessivos de FHC, que inaugurou a ‘Era FHC’.
3 - A afirmação é do historiador inglês Eric Hobsbawn em entrevista para o Globo, 13-11-02.
4 - O entusiasmo político com a eleição de Lula se observou na Av. Paulista, onde uma multidão de 50 mil pessoas (multidão superior àquela que saiu às ruas paulistanas para comemorar o pentacampeonato da seleção brasileira), saiu as ruas no dia 27-10-02, para comemorar a vitória do PT.
5 - Fala do ministro José Dirceu numa reunião em maio de 2003 no Diretório Nacional do PT. Sem saber que suas palavras estavam sendo gravadas pela impressa, foi curto e grosso: “nós demos um cavalo-de-pau na economia”.
6 - Entrevista ao Estado de S. Paulo, 4-5-03.

III-Frases da Semana
1º de maio... e Serra
"Convidamos Serra para o evento, mas ele não veio por dois motivos: para que a imprensa fique falando que estamos fazendo política e porque ele não gosta de trabalhador" - Paulo Pereira da Silva, deputado federal - PDT-SP -, presidente da Força Sindical – O Estado de S. Paulo, 02-05-2010.

"O Serra não pode ser eleito porque ele vai retirar o direito dos trabalhadores. Ele precisa assumir o compromisso do que irá fazer com o 13º salário e com o FGTS" - Paulo Pereira da Silva,
deputado federal - PDT-SP -, presidente da Força Sindical – O Estado de S. Paulo, 02-05-2010.

1º de maio... e Dilma
"Nós, sindicalistas, vamos defender a Dilma. Se o Serra achar ruim isso, é problema dele” - Paulo Pereira da Silva, deputado federal - PDT-SP -, presidente da Força Sindical – O Estado de S. Paulo, 02-05-2010.

"Quando eu deixar a Presidência, vou mandar registrar em cartório tudo o que fiz (...), porque quero que quem venha depois de mim - e vocês sabem quem eu quero - saiba que vai ter de fazer mais e melhor" – Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República – O Estado de S. Paulo, 02-05-2010.

Direita em disputa
“Uma peculiaridade da campanha é que Serra, Dilma e Marina Silva vêm da esquerda. Mas serristas e dilmistas se estapeiam pelo apoio de siglas como PP, PTB, PRB e PSC (de Joaquim Roriz no DF), e uma certeza paira no ar: alguém vai ter que ocupar o espaço "de direita" – Eliane Cantanhêde, jornalista – Folha de S. Paulo, 02-05-2010.

Grande esperança
“Classificar o Brasil como “a grande esperança do Ocidente” pode soar como uma peça publicitária do ufanismo que domina hoje o governo brasileiro, mas quem o faz é o sociólogo francês Alain Touraine, que conhece muito bem o país e sabe do que está falando” – Merval Pereira, jornalista – O Globo, 02-05-2010.

Diferenças?
"Não há diferenças essenciais, mas de apresentação. Há um campo comum entre os dois (Serra e Dilma) e divergências na margem" - Luiz Gonzaga Belluzzo, economista, comentando a política industrial de Dilma e Serra – O Estado de S. Paulo, 25-04-2010.

Palavra de mestre
“De um mestre da política: "Todo serrista envergonhado mente que vai votar na Marina. Mas todo petista arrependido vota mesmo nela” – Jorge Moreno, jornalista – O Globo, 24-04-2010.

Dilma e o MST
"É incorreto e ilegal e não se pode conviver com ilegalidade estando no governo” - Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à presidência da República, comentando a ocupação de prédios públicos pelo MST – O Estado de S. Paulo, 21-04-2010.

“Acho que não é cabível vestir o boné do MST. Governo é governo, movimento é movimento. Não concordo que alguém do governo assuma a bandeira do MST” - Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à presidência da República – O Globo, 21-04-2010.

Dois ministérios
“A turma do Estado Mínimo está tendo faniquitos. O candidato do PSDB, José Serra, já prometeu a criação de dois novos ministérios: o dos Deficientes Físicos e o da Segurança Pública. E a eleição é em outubro” – Ilimar Franco, jornalista – O Globo, 27-04-2010.

Fogo de palha
“Você lembra o que ocorreu com Jirau? Lembra como foi Santo Antônio? Hoje ninguém mais fala nada, e as obras estão sendo tocadas” - Dilma Rousseff, candidata à Presidência da República, comentando que a polêmica sobre a usina de Belo Monte é passageira – O Globo, 27-04-2010.

Mais um
“A Time é apenas mais um veículo estrangeiro de comunicação a incluir o presidente brasileiro entre os líderes mais influentes do mundo. Financial Times, El País, News Week e Le Monde já incluíram Lula em listas desse tipo. O Fórum Econômico Mundial, que Lula combatia com ferocidade quando era um candidato de oposição, deu a ele o título de estadista global” – Rosane de Oliveira, jornalista – Zero Hora, 30-04-2010.

DEM chia
“Ou a revista (Time) ficou louca ou ganhou um patrocínio de uma estatal brasileira” - Paulo Bornhausen, deputado federal - DEM-SC – Zero Hora, 30-04-2010.

Todo-Poderoso

“Lula está navegando na maionese. Ele está se sentindo o Todo-Poderoso e acha que vai batizar Dilma presidente da República. Pior: ninguém chega para ele e diz “Presidente, tenha calma" - Ciro Gomes, deputado federal - PSB-CE - iG, 23-04-2010.

Em resumo 1
“As três apostas erradas de Ciro foram, em ordem cronológica: a) esperar o apoio dos demais partidos do finado "bloquinho"; b) acreditar que subiria nas pesquisas a ponto de se tornar mais conveniente do que Dilma para Lula; c) contar com a desistência de Serra, o que lhe permitiria fazer um "bem bolado" com Aécio” – Renata Lo Prete, jornalista – Folha de S. Paulo, 24-04-2010.

Em resumo 2
“O erro fatal, porém, foi cair na conversa de Lula e transferir o domicílio eleitoral para São Paulo” - Renata Lo Prete, jornalista – Folha de S. Paulo, 24-04-2010.

Ajuntamento de assaltantes
“O PMDB, como partido, não tem problema. O PMDB tem tantas virtudes e defeitos como qualquer outro. O problema é a hegemonia. O problema é que quem manda no PMDB não tem nenhum escrúpulo, nem ético, nem republicano nem compromisso público. Nada. É um ajuntamento de assaltantes, na minha opinião” – Ciro Gomes, deputado federal – PSB-SP – O Globo, 27-04-2010.

O chefe
“O Michel Temer hoje é o chefe dessa turma, dessa turma de pouco escrúpulo. Sem dúvida” – Ciro Gomes, deputado federal – PSB-SP – O Globo, 27-04-2010.

Mudo
“Quando disseram ao presidente Lula o que o Ciro tinha dito, ele ficou mudo. Eu também vou ficar mudo” — Michel Temer, presidente da Câmara e do PMDB – O Globo, 27-04-2010.

Auto-perdão
"Isso é incrível e uma afronta. Leis de anistia foram tradicionalmente formuladas por aqueles que cometeram crimes, seja qual for o lado. É um auto-perdão que o século XXI não pode mais aceitar" - Fernando Mariño Menendez, jurista espanhol – O Estado de S. Paulo, 01-05-2010.

Isolado
"O Brasil está ficando isolado. Parece que, como na Espanha, as forças que rejeitam olhar para o passado estão prevalecendo” - Fernando Mariño Menendez, jurista espanhol – O Estado de S. Paulo, 01-05-2010.

Direção contrária
"Há um consenso entre os órgãos da ONU de que não se deve apoiar ou mesmo proteger leis de anistia. Com a decisão tomada pelo Supremo, o País está indo na direção contrária à tendência latino-americana de julgar seus torturadores e o consenso na ONU de lutar contra a impunidade" - Luis Gallegos Chiriboga, equatoriano, perito da ONU – O Estado de S. Paulo, 01-05-2010.

Para lembrar
“Só para lembrar. Anistia não é amnésia, embora a raiz seja a mesma. Perdoar sim, esquecer jamais” – Zuenir Ventura, escritor – O Globo, 01-05-2010.

Único
“O Brasil é o único país da América Latina que ainda não julgou criminalmente os homens que se excederam na ditadura torturando e matando” – Pedro Simon, senador – PMDB –RS – Zero Hora, 27-04-2010.

Evo e os frangos
“E é por isso que os homens que comem esses frangos têm desvios em seu ser como homens” – Evo Morales, presidente da Bolívia, condenando os frangos produzidos industrialmente – O Globo, 22-04-2010.

“”O Ocidente nos traz cada vez mais veneno. Em 50 anos, todos os homens que consumirem esses alimentos serão carecas. Os europeus sofrem muito de calvície por causa disso. Os índios, não” - Evo Morales, presidente da Bolívia, condenando os frangos produzidos industrialmente – O Globo, 22-04-2010.

Capitalismo e a Terra
“Ou morre o capitalismo ou morre a Terra” - Evo Morales, presidente da Bolívia, condenando os frangos produzidos industrialmente – O Globo, 22-04-2010.

Candidato
“Desde que cheguei à Presidência tivemos 11 eleições para diversos cargos e daqui a dois anos e meio teremos eleição presidencial. Eleição depende da soberania popular. Se a população venezuelana e o meu partido quiserem, serei candidato novamente" – Hugo Chávez, presidente da Venezuela – Valor, 29-04-2010.

Deixar o poder?
"Não tenho previsto isso (deixar o poder). Não tenho sucessor à vista no momento nem um processo de sucessão" – Hugo Chávez, presidente da Venezuela – O Estado de S. Paulo, 29-04-2010.

Chávez
"Eu só não fui crucificado, porque faltava madeira para fazer cruz" – Lula lembrando a primeira vez em que defendeu o presidente venezuelano, em 2002, após a tentativa de golpe sofrida por Chávez – Valor, 29-04-2010.

Evo
"Se tivermos que eleger um rosto para personificar o avanço democrático na América Latina, eu elegeria o presidente Evo Morales. Não há nada mais justo do que a Bolívia, um país com 70% da população indígena, ser governada por um índio" – Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República – Valor, 29-04-2010.

Lugo de hoje
“O Lugo de hoje não é o Lugo que se elegeu há dois anos. Ele não é transparente, tem ações imprevisíveis e, apesar de carismático, se mostra incapaz de governar e tomar decisões” - Bernardino Cano Radil, sociólogo da Universidade Nacional de Assunção – O Globo, 27-04-2010.

Anti-imigrante
"Pode-se imaginar a situação: você é um americano hispânico no Arizona e seus antepassados podem ter vivido ali antes mesmo de o Arizona se tornar um estado. Mas, se o cidadão não está com seus documentos e sai com os filhos para tomar um sorvete, pode ser abordado pela policia, isso é algo que pode acontecer" – Barack Obama, presidente dos EUA, criticando a projeto de lei anti-migrantes do Arizona – Valor, 29-04-2010.

Santo de casa...
“"A Veja não gosta de mim, mas a revista Time gosta!" Lula, ao saber que a publicação americana colocou seu nome na lista de líderes mais influentes do mundo” - Tutty Vasques, jornalista – O Estado de S. Paulo, 30-04-2010.

Algo vai aparecer...
“Ir ao médico causa tanta apreensão quanto ir ao mecânico: se examinar bem, alguma coisa vai aparecer” – Paulo Sant’Ana, jornalista – Zero Hora, 22-04-2010.

Aliso...
“Meu cabelo é meio enrolado. Aí tem que alisar para o moicano espetar. E também pinto de loiro. Sou meio maluco, né?” - Neymar, jogador de futebol – O Estado de S. Paulo, 26-04-2010.

e depilo
“Depilo as pernas com uma maquininha. Da canela até as coxas. Acho que fica melhor assim. Ah, e faço o pé com a podóloga do CT (Centro de Treinamento do Santos). E, olha aqui, meu pé até que é bonitinho, né? O pessoal costuma ter a unha preta. Eu, não” - Neymar, jogador de futebol – O Estado de S. Paulo, 26-04-2010.

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