segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Flamengo Hexacampeão 2009



Uma vez, seis vezes Flamengo.
06 de Dezembro de 2009 21:29 3 Recomendações Recomendar Comentar


Entre 17h26 e 18h35 de domingo, 6 de dezembro, o Flamengo não estava conquistando o sexto título brasileiro que parecia aos seus pés desde a rodada anterior.

Durante uma hora e nove minutos, o eterno camisa 6 da Gávea não era hexacampeão, em pé ao lado do banco rubro-negro. Quando Pet, em jornada discreta, foi bater aquele escanteio da ponta esquerda, aos 24min, o Flamengo dele (e de tantos) era então o terceiro colocado (pela vitória são-paulina diante do Sport, que então era 3 a 0). Até no saldo o Flamengo não era melhor que o tri e também hexa São Paulo. Era o Inter o campeão. O tetra. Dois valorosos e merecidos classificados para a Libertadores-10.

Mas aquele camisa 6 do melhor Flamengo de todos, para não dizer o maior campeão da história do Brasileirão (no princípio dos anos 80), também era o Andrade autor do sexto gol dos 6 a 0 sobre o Botafogo, no RJ-81. O troco do mesmo placar de 1972. O histórico hexacampeão brasileiro. Campeão em 1980. 1982. 1983. 1987 – sim!. 1989, pelo Vasco.

O Andrade das seis coroas que chegara à direção do Flamengo como interino, na 14ª. rodada, como 11º. Colocado, no BR-09. Estreou vencendo o Santos, na Vila, por 2 a 1. Agradeceu ao time que se superou e virou um clássico que estava perdido até 32 minutos, chorando no gramado pelo amigo que havia perdido dois dias antes: o goleiro Zé Carlos, campeão brasileiro de 1987. Campeão de fato. Como o Sport é o campeão de direito em 1987. Um ano com dois campeões. Ambos rubro-negros.

Campeões como o maior dos campeões. O Andrade que emocionou pelo choro, em Santos. E tocou pela impressionante capacidade de trabalho ao longo do sensacional returno flamenguista. Ele só foi efetivado em 1º. de agosto. Depois de bela vitória contra o Atlético Mineiro, no Rio, por 3 a 1. Ainda assim, parecia ser a solução mais barata e mais fácil. Não a mais acertada para um time que estava acostumado ao esquema com três zagueiros de Cuca. E não se achava no ataque com Denis Marques que não engrenava como o negociado Emerson. Outro que deixara a Gávea carente. Saudosa do meio-campista Ibson, igualmente negociado. E também do volante Kleberson, machucado no ombro.

O empate com o Náutico, no Maracanã, com Leo Moura retribuindo o xingamento da torcida ao marcar o gol de empate, já levantava dúvidas a respeito do time que não tinha o apoio da arquibancada. Uma paulada de 4 a 1 para o Grêmio, no Sul, uma derrota para o Cruzeiro, no Rio, por 2 a 1, de virada, e um 3 a 0 na Ressacada para o Avaí quase desandaram tudo. Não adiantava lembrar que o time não tinha seis titulares, que jovens tiveram de ser jogados para dentro de campo contra o recuperado Avaí.

Só valia espezinhar Andrade. A direção rubro-negra que, de fato, não primava pela coerência. E aquele exagero típico rubro-negro. Não faltaram urubus (na pior acepção) que temiam até rebaixamento. A equipe era a 14ª. colocada. A zaga não se acertava. Andrade parecia perdido como o time.

Mas uma vez Flamengo, seis vezes Mengo. Contra o Santo André, boa vitória por 3 a 0, boas estreias dos experientes Maldonado e Álvaro, e o esquema com os alas Leo Moura e Everton seguros como laterais. Do inferno ao céu ainda era cedo. Veio um empate sem gols contra o Atlético, na Arena. Mais duas boas vitórias por 3 a 0 contra Sport e Coritiba. Quatro jogos sem levar gol. A turma do obaoba voltava com o mesmo fervor dos que viram o rebaixamento. Eram os mesmos. Mas a tromba virada (sem alusão alguma…) continuava com o time. Poucos realmente acreditavam.

O empate sem gols contra o Inter, no Beira-Rio, mostrou Angelim como lateral pela esquerda. Um esquema mais ajustado defensivamente. Também pela proteção correta de Aírton e Maldonado. E da recuperação gradual de Zé Roberto. E de um Petkovic que já mereceu todos os elogios. E ainda assim são poucos para descrever a mais impressionante recuperação técnica e individual da história do futebol brasileiro. E sérvio.

A vitória no Fla-Flu por 2 a 0 deixou o rubro-negro mais vivo. O Tricolor parecia morto. E ela foi conquistada na segunda etapa, com o imperial Adriano. E com Willians entrando no lugar do infeliz Denis Marques, marcando mais à direita, atacando por ali, e criando o 4-2-3-1 que seria repetido contra o Vitória, no 3 a 3 conquistado no final do jogo, na Bahia.

O Flamengo era o sexto colocado. Mas vinha jogando bem. Melhor até que os líderes. Como virou no Rio contra o São Paulo. Como brilhantemente venceu o Palmeiras, no Palestra, por 2 a 0. A vitória no Engenhão contra o Botafogo mostrou que o time parecia pronto para o hexa. Mas a queda em Barueri criou desconfianças.

Sanadas no 1 a 0 sobre o Santos, e sobretudo no clássico de seis pontos (seis canecos?), contra o Atlético, no Mineirão. Os 3 a 1 com mais um show e gol olímpico de Petkovic. Com o 4-2-3-1 solidificado. Com os ânimos exaltados, mas não alterados. Muito por conta do bico fechado do Tromba Andrade. Ele conseguiu proezas táticas, técnicas, físicas e mesmo anímicas.

Ele conseguiu até com que Márcio Braga baixasse a bola. Deixou a imensa festa longe da Gávea. Mas bem perto do coração rubro-negro. Aquele que levou o time a vencer o condenado Náutico, nos Aflitos. Aquele que ficou em dúvida depois do empate sem gols no Rio, contra o Goiás. Aquele que fez o que deveria ter feito contra o Corinthians, em Campinas. Aquele que sobrou no Maracanã contra o Grêmio. Aquele que é Flamengo. É campeão. É hexa.

É rubro-negro.

Como foi o Maracanã, na decisão no Maracanã. Como foi a partida contra um vibrante e imortal Tricolor. Gaúcho. Honrado. Jogou pelo Grêmio. Jogou para vencer, e começou vencendo, com Roberson, aos 21 minutos, em lance de escanteio.

O Grêmio jogou por ele, não pelo Inter. E nem quando sofreu o empate de David, aos 29min, zagueiro que só entrou pela ausência do ex-colorado Álvaro, o Grêmio esmoreceu. Gol discutível: foi falta de Adriano, esticando o braço direito? Eu não marcaria. Heber Roberto Lopes não marcou. Dá para discutir.

O Flamengo voltou melhor. Indiscutivelmente. Andrade meteu o bico e a tromba. Abriu Everton pela esquerda, jogou Zé Roberto para a direita, manteve Petkovic por dentro, e recuou Willians para o lugar do sacado Toró. A bola mal saiu da área gaúcha. Até o sérvio Pet bater escanteio da esquerda (e acertar dos raros lances no clássico), o cearense Angelim subir mais que todos, e o Flamengo voltar a ser o melhor do campeonato, aos 24 minutos.

Aos 32, Lúcio bateu a falta, Bruno espalmou, Maylson perdeu o gol que poderia dar o título ao Inter. Que também teria méritos. Mas não tantos como o campeão do returno. O campeão do Brasil. O hexa. Porque foi campeão de fato em 1987, como de direito foi o Sport. Um ano com dois campeões.

Não como 2009. Quando o melhor time foi líder apenas na penúltima rodada. Só voltou a ser campeão aos 24 minutos do segundo tempo da última partida. Mas, quando virou o jogo e a história, foi só para fazê-la mais bonita. Fez como a torcida do Flamengo. Não largou o time. E ninguém segurou.

Parabéns, Flamengo, pelo título.

Parabéns, Inter, pelo vice.

Parabéns, São Paulo, por mais uma grande campanha (nenhum multicampeão consecutivo foi tão bem no ano em que teve a sequência interrompida).

Parabéns, Cruzeiro, pelo sensacional returno. Só não foi melhor que o Flamengo. Mas recuperou-se do bode da Libertadores.

Pêsames a palmeirenses e atleticanos, que poderiam ter sido campeões. E nem na Libertadores chegaram.

Pêsames aos bandidos que invadiram o Couto e infelicitaram ainda mais uma torcida centenária que não merecia a queda depois de belos Green Hell em todo o ano. E de bárbaros que fizeram o inferno no gramado ao final do jogo. O Coritiba não merece também essa dor.

Parabéns Fluminense e Botafogo pela salvação.

E parabéns, Grêmio, pela goleada moral. Imortal, na última rodada.

Como Andrade.

Como Petkovic.

Como o Flamengo de 2009. Para não dizer os outros cinco Flamengos campeões.

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