sábado, 28 de novembro de 2009

Campo da Direita do PT é maioria

24 de Novembro de 2009 - 19h48
Grupo majoritário do PT lidera com folga as eleições internas
Presidente da Petrobras durante a gestão de Dilma Rousseff na pasta das Minas e Energia, o ex-senador José Eduardo Dutra (SE) confirmou o favoritismo e já está matematicamente eleito no primeiro turno da disputa interna. Ele será o principal dirigente do PT durante as eleições de 2010. O atual presidente do PT, Ricardo Berzoini, dará uma entrevista coletiva na tarde desta quarta-feira (25) para comentar o resultado da eleição.
Dutra superou o deputado José Eduardo Cardozo (SP) e sucederá Ricardo Berzoini no comando da sigla do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ontem, já falando como eleito, o ex-senador afirmou que vai trabalhar em conjunto com a atual diretoria a partir de agora. "Embora eu ainda não tenha tomado posse, o processo [de construção de alianças] já começou. Não quero começar frio."

Com 85,3% dos votos apurados até às 10h, Dutra contava com 58,5% dos votos, enquanto Cardozo, da corrente Mensagem ao Partido, tinha 18%. Geraldo Magela (11,9%) vinha em terceiro. A candidata da Articulação de Esquerda, Iriny Lopes somava 9,8% e as tendências mais à esquerda, com Markus Sokol e Serge Goulart somou cerca de 1%.

A principal diferença entre Dutra e Cardozo se deu em São Paulo, onde Dutra obteve 73,6% dos votos contra 12,2% de Cardozo. No Rio Grande do Sul, Estado onde o deputado paulista esperava vencer por ampla margem graças ao apoio do ministro da Justiça, Tarso Genro, Cardozo ficou com 46,5% e Dutra com 33,1%.

Dutra é ligado à maior tendência interna do partido, a Construindo Um Novo Brasil (CNB), mas tem trânsito com as demais. A vitória na primeira votação, realizada no domingo passado, se deve principalmente à união com as correntes PT de Lutas e Massas e Novos Rumos. Na disputa anterior, em 2007, Berzoini enfrentou segundo turno contra Jilmar Tatto, da PT de Lutas e Massas.

Geólogo e ex-sindicalista, Dutra, 52, defende que o PT promova Dilma, ministra-chefe da Casa Civil e pré-candidata à Presidência, mostrando "algo mais do que esperança", em referência à trajetória vitoriosa de Lula em 2002, que tinha como um dos seus slogans a frase "A esperança vai vencer o medo".

Hoje o PT tem 1,35 milhão de filiados e estavam aptos a votar aqueles que estivam quites com suas responsabilidades partidárias estão aptos a votar. A estimativa do partido na tarde de ontem era de que cerca de 35% dos eleitores teriam votado, algo em torno de 470 mil. Em 2005, quando houve uma intensa mobilização dos filiados na votação após o escândalo do mensalão, 38% dos filiados aptos votaram. Dois anos depois, a participação de petistas aumentou para 42%.

Chapas

Com menos tensões entre candidatos do que em edições anteriores, a eleição interna realizada pelo PT no domingo definiu não só os novos dirigentes municipais, estaduais e nacional, como também qual será a participação das diferentes tendências na direção partidária e o número de delegados de cada tese que participará do Congresso do PT, em fevereiro. No Congresso, o partido definirá a política de alianças para 2010 e as diretrizes para o programa de governo.

Na votação das chapas que irão compor o próximo diretório nacional do PT, a apuração segue basicamente a mesma relação percentual dos candidatos à presidência.

Assim, o grupo majoritário do PT, Construindo um Novo Brasil (CNB), em composição com outras forças como o grupo Novo Rumo, que tem na ex-prefeita Marta Suplicy uma de suas expoentes, e o PT de Lutas e de Massas, tendência ligada a Jilmar Tatto, deve indicar a maioria dos membros da direção. Vale lembrar que o abandono do nome "Campo Majoritário" para a corrente Construindo um Novo Brasil aconteceu após o PED de 2005, quando a tendência perdeu a maioria das vagas no diretório nacional. Além disso, o nome estava associado à crise política, aos desgastes decorrentes de denúncias de caixa 2 em campanhas eleitorais e a práticas internas duramente criticadas.

Apesar do favoritismo da corrente majoritária, este processo eleitoral não deve provocar mudanças estruturais na composição da direção partidária, apenas deslocamentos pontuais. Será a segunda vez que um candidato à presidência do PT vence a eleição em primeiro turno desde que os PEDs começaram, em 2001. Naquele ano, José Dirceu, que já havia cumprido dois mandatos na presidência do PT, foi reeleito no primeiro turno com pouco mais de 50% dos votos.


Da redação,
com agências

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