quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Motorista Morto


05/10/2009 | N° 10549AlertaVoltar para a edição de hoje HOMICÍDIO
Motorista morre durante revista
Arma de policial militar que participava de operação caiu no chão e disparou, atingindo Everton Zenato Caxias do Sul – Uma ação policial realizada pelo Pelotão de Operações Especiais (POE) da Brigada Militar (BM), na noite da última sexta-feira, terminou com a morte do motorista Everton Zenato, 39 anos. O caxiense levou um tiro dentro de um bar, no bairro Castelo, após um disparo supostamente acidental da arma de um policial, durante uma revista.

A morte ocorreu por volta das 23h, pouco depois que sete policiais entraram no bar Vacaria, na Rua Governador Euclides Triches. Havia cerca de 30 pessoas no local, onde ocorria um jantar com pão e salsichão e show com música ao vivo. Durante a revista a Zenato, a arma de um soldado, uma pistola calibre 40, teria caído no chão com o cano para cima e disparado acidentalmente. A bala entrou pela coxa esquerda e saiu pelo ombro, segundo a ocorrência policial.

O dono do bar, Clodoaldo Antonio Pinto da Silva, 38, o Vacaria, presenciou de perto a morte. Ele confirma que a arma caiu no chão. Mas reclama que a morte poderia ter sido evitada se ação fosse menos violenta.

– Acho que é uma fatalidade, mas poderia não ter ocorrido. Eles (policiais) chegaram gritando, chutando tudo. Não havia necessidade. Estávamos jantando tranquilamente. O Everton não reagiu em nenhum momento, assim como nenhum outro cliente. Essa morte é fruto de despreparo para a operação – afirma.

– Ninguém esboçou reação nenhuma. Essa morte só ocorreu porque houve abuso de autoridade – confirma Luis Talasca Novelli, 32, que ajudava a preparar o jantar.

No sábado, o bar permaneceu fechado. Na entrada do estabelecimento, Silva, que era amigo da vítima, colou dois cartazes com a palavra “luto”. Nada foi apreendido no bar e não houve prisão.

Onze anos de experiência – O soldado envolvido no episódio atua na BM, em Caxias, há 11 anos. Ele não tem registro anterior de má conduta, segundo o tenente-coronel Júlio Cesar Marobin, comandante do 12º Batalhão de Polícia Militar. O nome do policial será preservado até o esclarecimento do caso.

– Ele é um dos bons soldados que temos, inclusive para operações de alto risco. Só com a investigação se saberá, ao certo, o que aconteceu. Era para ser uma operação de rotina, como outras que, este ano, já resultaram na apreensão de 196 armas de fogo, além de drogas – diz Marobin.

A Brigada Militar não entregou a arma à Polícia Civil, segundo Marobin, por se tratar de crime militar, e conduzirá investigação própria sobre a ocorrência por meio da Polícia Judiciária Militar. O Instituto-Geral de Perícias (IGP) fará o laudo técnico sobre o estado da arma. As acusações de truculência, completa Marobin, também serão investigadas pela corporação. Já foi nomeado um oficial para conduzir o Inquérito Policial Militar (IPM).

– Para nós, como a arma caiu, é secundário. O mais importante agora é descobrir por que a pistola disparou. Esse tipo de arma possui um sistema de proteção que inibe disparos acidentais – ressalta Marobin.

Paralelamente à investigação militar, a Polícia Civil tenta desvendar o caso. Na noite do crime, foi feita perícia no local e um inquérito está instaurado, segundo o delegado regional, Paulo Roberto Rosa da Silva.

– Vamos investigar com transparência, base técnica de perícia e depoimentos de pessoas que presenciaram o episódio – garante.

nadia.detoni@pioneiro.com

NÁDIA DE TONI

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