quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Kid Vinil


Por Kid Vinil, colunista do Yahoo! Brasil


Já que estamos no mês da Independência, aproveito para falar um pouco sobre o lado mais independente do rock. Aliás, essa história começa bem longe, lá pelos meados da década de 1950, na explosão do rock and roll, com gravadoras como Chess Records, Imperial, Sun Records (que revelou Elvis Presley, Jerry Lee Lewis e Carl Perkins) e a famosa Motown Records, responsável por Stevie Wonder, Marvin Gaye e o Jackson Five de Michael Jackson.



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A história da maioria dos ícones da música pop começa em gravadoras independentes e, a partir de meados da década de 1960, as bandas começam a criar seus próprios selos. Foi o que aconteceu com os Beatles em 1968, quando fundaram a Apple Records e passaram a gravar nesse selo, distribuído pela EMI Records. Até meados da década de 1970, a Apple Records contratou uma série de artistas, dentre eles James Taylor, Ravi Shankar e a banda Badfinger. Até hoje é um dos selos mais lucrativos da história da música pop, muito graças ao catálogo dos Beatles, pois nenhum de seus contratados foi campeão de vendas.


Seguindo o exemplo dos Beatles, em 1970 veio a Rolling Stones Records, que usava o famoso logo da língua, também símbolo da banda. Nesse caso, a gravadora dos Stones nunca se preocupou em revelar novos artistas, apenas em lançar os discos do grupo, a partir do álbum "Sticky Fingers", de 1971.


Em 1974, foi a vez do Led Zeppelin criar o selo Swan Song. O primeiro lançamento foi o disco "Phisycal Graffiti", já com o belíssimo logo adaptado de uma gravura do obscuro artista norte-americano Steven Willian Rimmer, que desenhou uma criatura como se fosse um Deus Apolo, interpretado por muitos como um anjo Ícaro. A gravadora Swan Song revelou bandas da década de 1970 como Bad Company e gravou veteranos como Dave Edmunds e a banda Pretty Things.


Outros nomes da música pop também seguiram esse exemplo de montar sua própria gravadora. Frank Zappa , Elton John, George Harrison e Deep Purple foram alguns. Na edição da revista Poeira Zine deste mês, você encontra um belo artigo sobre as gravadoras desses famosos (clique aqui para ler).


Desde a década de 1980, tudo que surge de novo na música pop vem dos selos independentes. Foi assim com Smiths, pela gravadora Rough Trade, com Joy Division e New Order, pela Factory Records e com Depeche Mode, pela Mute Records. No final dos anos 80, uma pequena gravadora de Seattle chamada Sub Pop deu ao mundo o movimento "grunge" e sua maior criação: o Nirvana. Até hoje a gravadora é uma referência para a música independente, basta visitar o site deles para saber o que há de novo na cena indie: www.subpop.com.


Na década de 1990, mais gravadoras independentes fizeram história. A inglesa Creation, de Alan McGee, que já existia desde a década anterior, revelou Primal Scream e Oasis, duas das grandes bandas do britpop. Em Nova York, o selo Matador Records fez história no rock independente norte-americano lançando bandas como Pavement, Yo La Tengo e Guided By Voices (este último ganhou até tributo feito por bandas independentes brasileiras, confira aqui).


Hoje, a Matador Records continua com o status de um dos mais importantes selos independentes norte-americanos. Recentemente, o selo assinou com o Sonic Youth e lançou "The Eternal", o mais novo álbum do grupo. Visite o site da Matador e veja todo seu cast e seus lançamentos: www.matadorrecords.com.


Ainda na década de 1990, o ex-Talking Heads David Byrne montou o selo Luaka Bop, mais voltado para a música do mundo (a world music) e mostrou o talento de nosso querido Tom Zé. Vale a pena dar uma conferida no site da gravadora de David Byrne (www.luakabop.com).


A mais nova gravadora da cena indie é o selo de Jack White (White Stripes, Raconteurs, Dead Weather), chamado Third Man Records. O músico Jack White sempre sonhou ter sua própria gravadora e seu estúdio, dentro dos padrões antigos de gravação, sem toda essa pasteurização digital. Foi uma volta às raízes, lançando tudo em vinil e gravando de forma análoga (como se fazia antes da era digital). Dê uma passeada pelo site e conheça os contratados de Jack White, além de sua nova banda The Dead Weather. (www.thirdmanrecords.com).


Tudo que acontece de novo no rock atual vem dos selos independentes, esse ano por exemplo, alguns dos melhores discos estão nessas pequenas gravadoras, como a Domino Records, os selos Warp e XL, além deIn the Red, Wichita, Transgressive, K,4AD, uma lista infinita de jovens empresários que acreditam e apostam em uma nova música.


E no Brasil, como andam os independentes?
Essa cena de selos independentes no Brasil começou a crescer a partir da década de 1970, com a Lira Paulistana , Wop Bop Discos, Baratos e Afins, Punk Rock Discos e Devil Discos (esses quatro últimos eram selos criados a partir de lojas de discos na Galeria do Rock, em São Paulo). Apesar de quase não parecerem na grande mídia, a cena independente brasileira é muito forte ainda hoje com selos como Monstro, Senhor F, Midsummer Madness e Pisces, para citar algumas.

Para finalizar, destaco o selo Discobertas (www.discobertas.com.br), que acaba de lançar três tributos dedicados aos Beatles, com artistas que vão do popular ao indie rock, todos eles inspirados nas canções compostas pelo quarteto em 1969, quando saiu o álbum "Abbey Road". Todas as capas do tributo nacional têm fotos da famosa faixa de pedestres em vários ângulos.




Kid Vinil é músico, jornalista e radialista. Fez parte do grupo Magazine, apresentou e produziu programas de rádio na 89FM e Brasil 2000. Apresentou o programa "Lado B", na MTV. Foi Diretor Artístico Internacional das gravadoras Eldorado e Trama.


Fonte: Yahoo

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