segunda-feira, 6 de julho de 2009

Violência da Brigada Militar contra Torcedores do Grêmio

04 de julho de 2009 | N°
EDITORIAIS
EXCESSO INADMISSÍVELOs policiais militares que bateram nos torcedores que tentavam entrar no Estádio Olímpico na última quinta-feira, que usaram cavalos e espadas para dispersar grupos de pessoas sem distinguir baderneiros e cidadãos ordeiros, mancharam o nome da Brigada Militar e reforçaram a imagem de truculência da polícia fardada, registrada recentemente pelo presidente Lula numa cerimônia em Porto Alegre. Os gaúchos sempre tiveram orgulho da Brigada como instituição, por sua história e por sua reconhecida atuação na defesa da segurança pública do Estado. Até por isso, são inadmissíveis os excessos cometidos por soldados mal preparados e mal orientados, que comprometem desta forma a corporação.

Não há justificativa para tanta agressividade. Se apenas um cidadão inocente tivesse sido atingido pela força demasiada, já seria condenável. Mas não foi um caso isolado. Muitas pessoas que se dirigiram ao estádio simplesmente para ver um espetáculo de futebol tiveram que voltar para casa em decorrência da ação desastrada dos policiais, várias delas com ferimentos causados pela repressão generalizada.

Havia arruaceiros, sim, tentando derrubar um dos portões do estádio e até mesmo provocando brigas com outros torcedores. Pois era contra estes que a Brigada tinha que agir. Para isso os soldados recebem – ou deveriam receber – instrução especializada. Se é para bater em todo mundo, ninguém precisa fazer treinamento especial. Também é incompreensível que oficiais preparados para comandar ações antitumulto tenham permitido a pancadaria generalizada.

Houve imprevidência por parte do clube, que teria calculado mal a relação entre sócios com direito a frequentar o estádio e ingressos a serem vendidos para o público. É bem provável que a origem da confusão esteja nesta irregularidade, que precisa ser bem apurada. A verdade é que muitos torcedores ficaram com ingresso na mão, sem poder entrar no estádio. Tanto, que a direção do Grêmio já se prontificou a ressarcir os prejudicados. Esta desorganização do clube, porém, não pode servir de justificativa para as agressões.

Qualquer cidadão sabe que uma ação policial contra infratores exige energia. Ninguém está sugerindo que a polícia tenha que pedir licença para impedir delitos, para conter agressores ou para prender marginais. Só o que não se pode aceitar é que servidores fardados, armados e pagos com os recursos dos contribuintes utilizem estas prerrogativas para bater em cidadãos que não cometeram qualquer transgressão.

O mínimo que se espera é que as responsabilidades por tais atos sejam apuradas, assim como também devem ser aferidas eventuais irregularidades cometidas pelos organizadores do espetáculo esportivo. Todas as partes envolvidas devem prestar contas da participação neste deplorável episódio, que ofendeu a cidadania, magoou pessoas e arranhou a imagem da Brigada Militar.



Fonte: Zero Hora

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